Palestra: De resistente àcontribuinte O caso da CEDAE-RJ

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ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA AGOSTO / 2013

Transcrição:

Seminário Estadual -ES Cobrança pelo Uso da Água A visão do usuário Outubro de 2010 Palestra: De resistente àcontribuinte O caso da CEDAE-RJ Palestrante: Eduardo S. R. Dantas eduardodantas@cedae.com.br

Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro -CEDAE Possui 35 anos e atende 65 dos 92 municípios do Estado RJ Água -13,11 M. hab. (81% do RJ) com atendimento de 93,4% 3,45 M. informal (Favelas + Lot. Clandestinos) Esgoto -10 M. hab. Com atendimento de 55% Faturamento mensal R$ 320 M. (76,5% Hidrom.) Arrecadação R$ 175 M. (evasão -45%); Possui a maior Estação de Tratamento de Água do Mundo -ETA Guandu -43 m³/s e 9 M. hab.

Base Territorial para Gestão: Regiões Hidrográficas / Comitês Instalados Comitê Rio 2 Rios Comitê Piabanha Comitê Médio P. Sul Comitê Baixo P. Sul Comitê Macaé Comitê Guandu Comitê B.Guanabara Comitê LSJ

BASE LEGAL Lei 9.433/97 Lei 3.239/99 Lei 4.247/03 Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos e cria o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos Regulamenta a cobrança pelo uso da água de domínio estadual => impasse setor saneamento Início da Cobrança para usos federais na Bacia do rio Paraíba do Sul em 2003 Inicio da Cobrança para usos estaduais no Rio de Janeiro em 2004 impasse setor saneamento

IMPLEMENTAÇÃO DA COBRANÇA FEDERAL

Implementação da Cobrança federal Primeira experiência de cobrança no Brasil Envolve três Estados SP, MG e RJ Comitê e Agência de Bacia implementados Amplo processo de negociação (2 anos) Critérios e valores definidos pelo Comitê Estudos de impactos financeiros Plano de Bacia e Plano de Investimentos Progressividade nos valores cobrados (18% desconto nos 4 primeiros anos)

A CEDAE e a CobrançaFederal Membro do Comitê CEIVAP desde sua implantação Participou nas discussões dos critérios e valores Vem pagando pelo uso desde a implantação da cobrança em março de 2003 Éo maior usuário de saneamento na bacia (20 municípios) Éo maior valor individual efetivamente arrecadado até2009 6% dos valores cobrados As captações federais no PBS representam cerca de 2% do captado pela Cia

IMPLEMENTAÇÃO DA COBRANÇA ESTADUAL

Como avançar sem recursos? Se o órgão gestor não tem recursos para manter seu custeio? Se os comitês de bacia não têm recursos para Secretaria Executiva? Se os planos de bacia necessitam de recursos de outras fontes? Se o cadastramento necessita, entre outros, de recursos para fiscalização? Se a outorga necessita de capacitação?

A Lei 4247/03 como elemento alavancador do Sistema Surgiu para acender o sistema Estabelece critérios de distribuição de recursos Critério do valor da cobrança étemporário e se baseou na cobrança da Bacia do Paraíba do Sul Dar sustentabilidade ao sistema As prioridades são definidas pelos comitês e referendadas pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (onde houver comitê implantado)

Lei 9433/97 e 3239/99 QUEBRA DE PARADIGMA! Orgão Gestor Operacional Formação dos Comitês de Bacias Sistema de Cadastro Sistema de Outorga Planos de Bacias Definição de critérios e valor pelos comitês Cobrança pelo Órgão Gestor Lei 4247/03 Cobrança pelos critérios do CEIVAP Cobrança pelo órgão gestor Fortalecimento dos comitês de bacias Implantação das Secretarias Executivas Plano de Bacias Definição das ações Definição dos critérios de cobrança Fortalecimento do órgão gestor Autosustentabi lidade Sistema de cadastro Sistema de outorga Fiscalização 11

Cobrança Estadual Teve início em janeiro de 2004 Foi instituida de forma centralizadora através de Lei Sem a apreciação do CERHI-RJ, Comitês de Bacia e Usuários; Critérios e valores implementados sem estudos de viabilidade e impacto finaceiro Implementada em regiões sem Comitês de Bacias (apenas Guandu e Macaé) Implementada sem Agências de Bacia, Planos de Bacia e Planos de Aplicações Concentração de competências no Órgão Gestor (cobra, prioriza e aplica) Cobrança antecedeu às outorgas Cadastro de usuários inconsistentes -diversas bases de dados não integradas (CEUA, GESTIN )e poucos usuários Art 24 Impedindo o repasse dos custos da cobrança aos usuários finais

Declarações 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 Histórico CNARH Abril 2009 8 1 7 1 210 1285 1974 644 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: INEA

120 100 Nº Cobrados por Região 2007 2008 2009 80 60 40 20 0 B.Ilha Grande Guandu Md Pb do Sul Piabanha B. Guanabara Lg São João Dois Rios Macaé e das Ostras Bx Pb do Sul Itabapoana Valores faturados: 25 milhões/ano R$ 1.400.000 1.200.000 Valores pagos por Região 2007 2008 Valores arrecadados (média): 3 milhões/ano 1.000.000 800.000 600.000 400.000 Órgão gestor (10% total) 200.000 - Transposição PDS (15% da Bacia do Guandu) Valores aplicados (média): B.Ilha Grande Guandu Md Pb do Sul Piabanha B. Guanabara Lg São Dois Rios Macaé e Bx Pb do João das Ostras Sul Fonte: INEA Itabapoana 500 mil/ano

Fonte: INEA

PRIMEIRO MOMENTO Grita Geral (CERHI, Comitês e Usuários) Baixa adesão dos usuários Questionamentos e Demandas judiciais (Legalidade e Inconstitucionalidade) Expectativa de rápida supressão do art. 24

SEGUNDO MOMENTO Pouco a pouco os usuários (com exceção do saneamento) foram aderindo ao sistema devido aos baixos impactos (0,006 a 0,7%) Na prática somente o setor de saneamento não conseguiu repassar, pois os preços/tarifas são regulados pelo poder público Setor saneamento fica isolado sendo pressionado pelos demais atores do sistema A supressão do Art. 24 não de mostrou tarefa simples (dependendo de ambiente político favorável)

Quais motivos principais impediram a participação do setor de saneamento? Na composição do custo da água tratada qualquer incremento no custo da água bruta tem impacto significativo no custo final Altos impactos nos custos de produção (1,5 a 7,5%) Impossibilidade de repasse Setor com dificuldades financeiras (maioria das cias. deficitárias)

O problema da viabilidade da cobrança esta relacionada a baixa capacidade de pagamento das empresas de saneamento, portanto o que causa a inadimplência são os altos valores cobrados que causam significativos impactos nos custos de produção e a impossibilidade de repasse.

Qual a situação da CEDAE quando a cobrança estadual foi implementada? Valor Cobrado em 2004 de R$ 45 milhões (inconsistências no cadastro e premissas equivocadas no cálculo dos valores) Adotado no cálculo 95% de consumo na ETA Guandu e 100% de lançamento sem tratamento (desconsiderando as ETE`s e Emissários da Cia.) Empresa deficitária (200 Milhões/ano) Impacto da cobrança sobre os custos de produção acima de 3,5% sem poder repassar Após a consistência e correção dos cálculos dos valores R$ 20,2 milhões/ano e R$ 18,4 milhões/ano após abatimento dos consumidores de Tarifa Social.

Tentativas transitória de solução - alternativa de pagamento A CEDAE propôs ao Comitê Guandu pagar mediante: Desconto nos valores cobrados e aumento gradativo, sendo de 60% dos valores de 2005 e 75% de 2006 (até a definição de novos critérios e valores propostos pelo Plano de Bacia e aprovados pelo Comitê) Sendo parte em estudos, projetos e obras de interesse mútuo Comitê e CEDAE e parte em dinheiro (10% INEA e 15% CEIVAP) Cerca de R$ 403 mil/mês (2005) e R$ 582 mil/mês (2006), frente a cerca de 1,4 milhões/mês

Consequências do impasse do saneamento àcobrança estadual Baixa arrecadação, limitando a capacidade de ação do Órgão Gestor e demais entes do SEGRH, como os comitês de bacia. (Setor representa mais de 90% dos valores cobrados) coloca em risco os avanços jáalcançados na gestão dos RH no Estado -ausência de isonomia onde apenas os demais usuários pagam.

Como o impasse foi solucionado Mobilização dos integrantes do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos para solução negociada com o setor culminou com: (i)aprovação da Lei 5.234/08 (maio), que suprime o Art. 24 e permite o repasse e o reequilíbrio econômico-financeiro advindo dos custos da cobrança; e (ii) Fixação de limite mínimo de aplicação de 70% dos recursos arrecadados com o setor de saneamento em coleta e tratamento de esgotos (iii) Aprovação do Decreto41974/09 (setembro) que regulamenta a forma de repasse

Cuidados para a operacionalização do repasse Tendo em vista o sistema tarifário das empresas de saneamento terem diferentes valores por m³dependendo do tipo de usuário e faixa de consumo (quanto maior o consumo, mais caro fica o m³da água). Caso o repasse fosse realizado por um valor fixo por m³ (R$/m³) causaria impactos muito elevados nos consumidores das faixas de consumo mais baixas (domiciliar com tarifa mínima) e baixo impacto nos consumidores que alcançam as faixas de consumo mais elevado (em especial comercial e industrial). Desta forma a regulamentação adotou um % fixo anual a ser aplicado no valor das contas de água e esgoto, mantendo a isonomia entre os consumidores e sendo de menor valor aos que consomem menos água (incentivando o uso racional). Correta apropriação das perdas de faturamento, inadimplência e encargos tributários que incidem sobre o repasse.

INÍCIO DO PAGAMENTO PELA CEDAE E EVOLUÇÃO DA ARRECADAÇÃO ESTADUAL

Fonte: INEA Início do pagamento pela CEDAE em Nov/09 R$ 1,5 M./mês + R$ 611 mil/mês (não contabilizado no gráfico, referente ao parcelamento de mai/08 a out/09 em 60 meses)

Evolução arrecadação estadual A Lei 5234/08, e posteriormente o Decreto 41.974/09, permitiram a solução de dois problemas: 1) Início do pagamento das empresas de saneamento básico 2) Acerto das dívidas anteriores através do parcelamento dos débitos consolidados 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2004 2005 2006 2007 2008 com CEDAE 2009 com CEDAE 2010 com CEDAE 6.000.000 30.000.000 5.000.000 25.000.000 4.000.000 20.000.000 R$ 3.000.000 R$ 15.000.000 2.000.000 10.000.000 1.000.000 5.000.000 - - Sem Cedae Com Cedae Fonte: INEA

RECOMENDAÇÕES No processo de implementação de cobrança pelo uso RH: Respeito a cronologia e conceitos definidos pela Lei (9.433/97) e resoluções CNRH; Se dê de forma progressiva por bacia hidrográfica e que tenha os respectivos comitês e agências de bacia instituídos; Possua plano de bacia e plano de investimentos aprovado; Seja realizado estudo de alternativas, critérios e valores de cobrança com minucioso estudo de viabilidade e impactos sobre os setores usuários (em especial o saneamento); Considere amplo debate e negociação com os diversos atores no âmbito do comitê de bacia; Que tenha cadastro de usuários consistente; Que possua sistema de outorgas; Considere a progressividade nos valores de cobrança.

CONCLUSÕES Por todo o exposto, conclui-se que o impacto da cobrança pelo uso dos recursos hídricos sobre os custos de produção das empresas de saneamento, é alto para o setor. Portanto, o reequilíbrio econômico e financeiro deve ser garantido, uma vez que o objetivo da implementação do instrumento não é penalizar um setor historicamente carente, e sim incentivar a racionalização do uso e promover ações de recuperação e conservação dos recursos hídricos em nossas bacias hidrográficas.

MUITO OBRIGADO!!! Palestrante: Eduardo S. R. Dantas eduardodantas@cedae.com.br