Violência Doméstica Contra a Mulher

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Transcrição:

SENADO FEDERAL SECRETARIA ESPECIAL DE COMUNICAÇÃO SOCIAL RELATÓRIO DE PESQUISA SEPO 03/2005 Violência Doméstica Contra a Mulher Brasília, março de 2005

RELATÓRIO DE PESQUISA Violência Doméstica Contra a Mulher Brasília, março de 2005 2

As Nações Unidas definem violência contra a mulher como: "Qualquer ato de violência baseado na diferença de gênero, que resulte em sofrimentos e danos físicos, sexuais e psicológicos da mulher; inclusive ameaças de tais atos, coerção e privação da liberdade seja na vida pública ou privada". (Conselho Social e Econômico, Nações Unidas, 1992). 3

RELATÓRIO DE PESQUISA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER APRESENTAÇÃO Dentre todos os tipos de violência contra a mulher, existentes no mundo, aquela praticada no ambiente familiar é uma das mais cruéis e perversas. O lar, identificado como local acolhedor e de conforto passa a ser, nestes casos, um ambiente de perigo contínuo que resulta num estado de medo e ansiedade permanentes. Envolta no emaranhado de emoções e relações afetivas, a violência doméstica contra a mulher se mantém, até hoje, como uma sombra em nossa sociedade. Em busca de novas informações sobre este tema, a presente pesquisa inova ao se voltar exclusivamente para o ambiente doméstico, ao tratar da violência contra a mulher. Dentre seus principais objetivos, pode-se destacar o papel das legislações específicas sobre o assunto e a importância da discussão deste pelo Parlamento brasileiro, em especial o Senado Federal. Procurou-se identificar também qual a percepção das entrevistadas sobre a discriminação 4

feminina na sociedade e a tipificação da violência doméstica cometida contra as mulheres. METODOLOGIA UNIVERSO O universo da pesquisa foi formado por mulheres com 16 anos ou mais residentes nas 27 capitais brasileiras, totalizando 16.433.682 mulheres de acordo com o IBGE Censo 2000 (anexo 1). AMOSTRA E CONFIABILIDADE Do total do universo, a pesquisa telefônica entrevistou 815 mulheres com 16 anos ou mais. A amostragem foi implementada por cotas proporcionais, sendo cada uma das 27 capitais uma cota. A quantidade de entrevistas é proporcional à quantidade de mulheres em cada capital, de modo que as maiores participem com maior quantidade de entrevistas (anexo 1). Os parâmetros utilizados para o cálculo do tamanho da amostra foram: a quantidade de mulheres em cada cota, a margem de erro de 3,5% e o nível de confiança de 5%, o que permite a construção de intervalos de confiança de 95%. A seleção dos números telefônicos obedeceu ao critério de sorteio aleatório em múltiplas etapas. Inicialmente, selecionou-se de forma aleatória os prefixos telefônicos existentes em cada capital, a partir da base de dados fornecida pela ANATEL e, posteriormente, processou-se o sorteio aleatório dos números finais de complemento. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS A pesquisa utilizou questionário estruturado com perguntas fechadas, sendo que 20 questões tratavam especificamente sobre assuntos relativos à violência doméstica contra a mulher e 5 questões traçavam o perfil da entrevistada. 5

FILTRAGEM E FISCALIZAÇÃO 100% dos questionários foram filtrados após a realização das entrevistas. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS A LEGISLAÇÃO E A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Embora 54% das entrevistadas achem que as leis brasileiras existentes já protegem as mulheres, mesmo que seja de forma parcial, a grande maioria das mulheres (95%) considera importante ou muito importante a criação de uma legislação específica para a proteção da mulher em nossa sociedade - algo como um Estatuto da Mulher. 92% das mulheres julgaram, ainda, que o Congresso Nacional tem papel de destaque nesta discussão, avaliando-o como importante ou muito importante. Importância de uma lei específica e do papel do Congresso Nacional na discussão sobre violência doméstica Papel do Congresso Lei Específica Sem importância 1% 2% Pouco Importante Indiferente Importante Muito importante 1% 4% 2% 2% 23% 27% 72% 65% 6

Ao serem informadas sobre a alteração do Código Penal, aprovada pelo Congresso no ano passado, que prevê a pena de prisão para o agressor da mulher no ambiente doméstico, 97% das entrevistadas julgaram esta iniciativa como sendo importante ou muito importante. Estes resultados mostram um grande consenso entre as mulheres brasileiras de que é preciso alguma intervenção do Estado neste assunto. As leis existentes já são algum avanço mas, ainda, é preciso avançar no arcabouço jurídico e consolidar um conjunto de normas que visem a proteção da mulher contra abusos e violências domésticas. A QUESTÃO DO RESPEITO À MULHER NO BRASIL É praticamente um consenso entre as mulheres entrevistadas de que quando se fala de respeito, a mulher não tem o mesmo status que o homem. Quando questionadas sobre o respeito de forma não comparativa, 43% das mulheres avaliam que o tratamento que recebem é de alguma forma respeitoso. No entanto, ao compararem o tratamento que recebem com o tratamento dispensado aos homens, 81% das mulheres afirmam que recebem um tratamento desigual. A senhora acha que, no Brasil, a mulher é tratada com respeito? Sim 66 8% As vezes 287 35% Não 458 56% NS/NR 4 0% 7

A senhora acha que as mulheres recebem o mesmo tratamento que os homens em nosso país? Sim 45 6% As vezes 99 12% Não 662 81% NS/NR 9 1% Num grupo de 100 mulheres, das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, apenas 5 acreditam que recebem o mesmo tratamento que os homens no Brasil; Embora a maioria das entrevistadas ache que as mulheres não são tratadas com respeito, este índice se torna mais acentuado nas mulheres com mais de 50 anos (62%) e nas mulheres de até 19 anos (60%); 62% das mulheres com renda familiar de até 2 salários mínimos afirmam que a mulher no Brasil não é tratada com respeito; 54% das entrevistadas com pós-graduação acham que as mulheres são tratadas com respeito apenas em determinadas situações. Este índice cai para 29% quando se trata de mulheres com nível de ensino fundamental. Em relação ao grupo social ou situações em que a mulher se sente mais respeitada e em quais ela se sente mais desrespeitada, percebe-se uma tendência de opinião mais concentrada na alternativa família como ambiente de respeito, com 53% das respostas. Já a alternativa do ambiente do desrespeito, as opiniões não são convergentes para uma única alternativa: 24% das entrevistadas sentem que a mulher não é respeitada em seu ambiente de trabalho e 23% identificam a família como principal local de desrespeito. 8

Ambientes de respeito e desrespeito à mulher NS/NR Nas instituições públicas Na solicitação de serviços No trabalho Na Justiça Na família 3% 6% 7% 8% 16% 18% 15% 15% 12% 24% 23% 53% Desrespeito Respeito As donas de casa são mais descrentes na Justiça como instituição que respeita a mulher do que as estudantes e as que trabalham fora de casa. Enquanto apenas 8% das donas de casa reconheceram que a Justiça brasileira respeita as mulheres, 17% das estudantes e das que trabalham fora de casa fizeram a mesma avaliação; Somente 3% das mulheres sentem-se respeitadas ao demandar serviços cotidianos, como consertar o carro ou providenciar reparos na casa; No sul do país, as mulheres sentem-se mais respeitadas pela família (60%) do que nos ambientes externos: apenas 6% das mulheres sulistas acham que são respeitadas pelas instituições públicas; 8% pela Justiça e 15% no ambiente de trabalho. O desrespeito na ambiente do trabalho é percebido de forma diferenciada de acordo com o grau de instrução: para 46% das entrevistadas, com pósgraduação, o mundo do trabalho não respeita as mulheres, já para as mulheres com apenas nível fundamental de instrução este índice cai para 23% e cai ainda para 21% para aquelas que possuem nível médio. 9

Apesar do desrespeito ser uma sensação presente em todas as mulheres, regionalmente é possível identificar algumas variações: para 22% das mulheres do Norte, o maior desrespeito está localizado nas instituições públicas; para 24% das mulheres do Centro-Oeste, o desrespeito está associado à solicitação de serviços; e para 26% das mulheres do Sudeste, o local mais indicado é o ambiente de trabalho. TIPIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Um terço das mulheres entrevistadas (33%) afirmaram que a violência sexual é a forma mais grave de violência doméstica, seguida pela violência física (29%). Mas é interessante notar a tipificação para violências mais sutis e que não deixam marcas aparentes como é o caso da violência moral (18%) e psicológica (17%). 10

Tipificação da violência doméstica NS/NR Patrimonial Psicológica Moral Física Sexual 2% 1% 17% 18% 29% 33% Cerca de 40% das entrevistadas afirmaram já ter presenciado algum ato de violência contra outras mulheres, demonstrando que a prática da violência doméstica não é um fenômeno, necessariamente, escondido ou camuflado. Deste total, 80% das violências presenciadas foram violências físicas. A violência contra o patrimônio é percebida de forma mais intensa por mulheres com rendimento até 2 salários mínimos. Cerca de 60% das mulheres que afirmaram ser o abuso contra seus rendimentos uma das formas de violência doméstica encontram-se nesta faixa de renda. A violência física é mais grave para as mulheres que trabalham fora de casa (33%), enquanto que para as donas de casa o mais grave é a violência sexual (32%). Independente da faixa de renda, 4 em cada 10 mulheres já presenciaram ato de violência doméstica contra outra mulher. CARACTERÍSTICAS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 17% das mulheres entrevistadas declararam já ter sofrido algum tipo de violência doméstica em suas vidas. Deste total, mais da metade (55%) afirmaram ter sofrido violência física, seguida pela violência psicológica (24%), violência moral (14%) e, apenas, 7% relataram ter sofrido violência sexual. 11

Os índices obtidos com esta pergunta podem sofrer variação para mais, pois é preciso considerar a gravidade do assunto e o fato da pesquisa ter sido aplicada por telefone, configurando um grau maior de impessoalidade e falta de conforto ao abordar algo tão delicado e sofrido para as mulheres já agredidas. Tipos de violência sofrida no ambiente doméstico Moral 14% Psicológica 24% Sexual 7% Física 55% Em relação à freqüência da violência doméstica, identificou-se que a grande maioria das mulheres agredidas (71%) já foram vítima da violência mais de uma vez, sendo que 50% foram vítima por 4 vezes ou mais. Este diagnóstico caracteriza a violência doméstica como uma prática de repetição, agravando, ainda mais, a situação das mulheres brasileiras. A pesquisa identificou, também, que a exposição da mulher à violência no lar começa muito cedo. 77% das mulheres agredidas sofreram sua primeira violência até aos 29 anos. Com o passar dos anos, o início das agressões domésticas tendem a diminuir, 14% de 30 a 39 anos e 10% acima dos 40 anos. O maior agressor das mulheres no ambiente doméstico é o marido ou companheiro, com 65% das respostas. Em seguida, o namorado passa a ser o potencial agressor, com 9% e o pai, com 6%. 12

Freqüência da violência NS/NR 4 vezes ou mais 1% 50% 3 vezes 2 vezes 11% 10% 1 vez 28% Identificação do agressor Enteado ou outro familiar 7% Pai 6% Namorado 9% Amigo 2% NS/NR 11% Marido ou companheiro 65% Em relação à atitude da mulher após a agressão, 22% das entrevistadas responderam que foram procurar ajuda da família e 53% se dirigiram à delegacia, sendo que deste total, 22% procuraram especificamente a delegacia da mulher. Das mulheres que foram à delegacia, 70% não tinham para onde voltar e, então, retornaram à própria casa. Este dado é preocupante, considerando que elas tiveram que enfrentar novamente o agressor após denunciá-lo à polícia. 13

Mulheres que declararam já ter sofrido algum tipo de violência doméstica: Região Sudeste (40%); Região Nordeste (27%), Região Norte (12%), Região Sul (10%); Região Centro-Oeste (9%). Das mulheres que apontaram o marido como o principal agressor, 39,8% são da região Sudeste e 26,5% são da região Nordeste. Quando perguntadas sobre quantas vezes foram vítimas de violência doméstica, 40% das mulheres da região Sudeste responderam que já haviam sofrido 4 vezes ou mais. PERFIL DA AMOSTRA A faixa etária das mulheres entrevistadas foi de 29% com idade entre 20 e 29 anos; 23% entre 30 e 39 anos; 20% entre 40 e 49 anos; 11% entre 50 e 59 anos; 10% com 60 anos ou mais e 7% entre 16 e 19 anos. Participantes por Faixa Etária 60 anos ou mais 10% 16 a 19 anos 7% 50 a 59 anos 11% 20 a 29 anos 29% 40 a 49 anos 20% 30 a 39 anos 23% Com relação à ocupação, 56% trabalham fora, 33% são donas de casa e 9% são estudantes. 14

Participantes por Ocupação 56% 33% 9% 1% Trabalha fora Dona de casa Estudante NS/NR Relativamente à escolaridade, 42,7% tem o ensino médio, 27,5% o ensino fundamental, 23,9% o ensino superior, 3,9% não alfabetizada e 1,6% com pósgraduação. Participantes por Escolaridade NS/NR Pós-graduação 0,4% 1,6% Ensino superior 23,9% Ensino médio 42,7% Ensino fundamental 27,5% Não alfabetizada 3,9% A renda familiar, em salários mínimos, a amostra distribuiu-se em 33% com até 2, 27% entre 3 e 5, 16% entre 6 e 10, 13% entre 11 e 20 e 4% com mais de 21 salários mínimos. 15

Participantes por Renda Familiar 33% 27% 16% 13% 4% 7% Até 2 salários míninos 3 a 5 salários mí nimos 6 a 10 salários mí nimos 11 a 2 0 salários mí nimos Mais de 21 salários mí nimos NS/NR O gráfico abaixo representa a distribuição da amostra por capital: 16

Participante por capital Palmas Boa Vista Rio Branco Macapá Vitória 0,4% 0,4% 0,6% 0,6% 0,7% Porto Velho Florianópolis Cuiabá Aracaju João Pessoa Campo Grande Terezina Natal Maceió 0,7% 0,9% 1,1% 1,1% 1,5% 1,6% 1,7% 1,7% 2,0% São Luis Goiânia Belém Manaus Recife Porto Alegre Curitiba Brasília Fortaleza 2,1% 2,7% 3,1% 3,2% 3,6% 3,6% 4,0% 5,0% 5,3% Belo Horizonte Salvador Rio de Janeiro São Paulo 5,6% 6,1% 15,1% 25,6% TABELAS GERAIS P1. A senhora acha que, no Brasil, a mulher é tratada com respeito? Sim 66 8% 17

As vezes 287 35% Não 458 56% NS/NR 4 0% P2. A senhora acha que as mulheres recebem o mesmo tratamento que os homens em nosso país? Sim 45 6% As vezes 99 12% Não 662 81% NS/NR 9 1% P3. Em qual grupo social a mulher é mais respeitada, na sua opinião? Na família 436 53% Na Justiça 120 15% No trabalho 119 15% Na solicitação de serviços 24 3% Nas instituições públicas 64 8% NS/NR 52 6% P4. Para a senhora, as leis brasileiras protegem as mulheres contra abusos e violências domésticas? Sim 208 26% Em parte 227 28% Não 368 45% NS/NR 12 1% P5. A senhora considera que a criação de uma lei específica para proteger a mulher é: Muito importante 583 72% 18

Importante 188 23% Indiferente 13 2% Pouco Importante 9 1% Sem importância 19 2% NS/NR 3 0% P6. O Senado aprovou, no ano passado, uma lei que estabelece a pena de prisão para quem praticar violência contra a mulher no ambiente doméstico. Na sua opinião ésta lei é: Muito importante 584 72% Importante 204 25% Indiferente 12 1% Pouco Importante 7 1% Sem importância 3 0% NS/NR 5 1% P7. Qual é o grau de importância desta discussão no Senado Federal? Muito importante 531 65% Importante 221 27% Indiferente 17 2% Pouco Importante 33 4% Sem importância 8 1% NS/NR 5 1% P8. Em que ambiente a senhora considera que a mulher é mais desrespeitada? No trabalho 192 24% Na família 187 23% Na solicitação de serviços 147 18% Nas instituições públicas 133 16% Na Justiça 99 12% NS/NR 57 7% P9. Dos tipos de violência doméstica, qual a senhora considera mais grave? 19

Sexual 268 33% Física 236 29% Moral 148 18% Psicológica 139 17% Patrimonial 8 1% NS/NR 16 2% P10. A senhora já presenciou algum ato de violência doméstica contra alguma mulher? Sim 314 39% Não 499 61% NS/NR 2 0% P11. Qual foi o tipo de violência? Física 251 80% Sexual 8 3% Psicológica 28 9% Moral 24 8% NS/NR 3 1% Total 314 100% P12. A senhora já foi vítima de algum tipo de violência doméstica? Sim 140 17% Não 672 82% Prefere não falar sobre o assunto 3 0% P13. Qual foi o tipo de violência? Física 75 54% Sexual 10 7% Psicológica 33 24% Moral 20 14% NS/NR 2 1% Total 140 100% P14. Quantas vezes a senhora foi vítima de violência? 20

1 vez 39 28% 2 vezes 14 10% 3 vezes 15 11% 4 vezes ou mais 70 50% NS/NR 2 1% Total 140 100% P15. Qual era sua idade na primeira vez em que ocorreu a violência? até 19 anos 53 38% 20 a 29 anos 54 39% 30 a 39 anos 19 14% 40 a 49 anos 11 8% 50 a 59 anos 1 1% 60 anos ou mais 2 1% Total 140 100% P16. Quem foi seu agressor? Marido ou companheiro 92 66% Namorado 12 9% Pai 8 6% Enteado ou outro familiar 10 7% Amigo 3 2% NS/NR 15 11% Total 140 100% P17. Qual foi sua atitude em relação à última agressão? Procurou ajuda da família 31 22% Procurou ajuda de amigos 9 6% Procurou uma delegacia comum 22 16% Procurou uma delegacia da mulher 31 22% Silenciou 26 19% NS/NR 21 15% Total 140 100% P18. Como foi o atendimento recebido na delegacia? Ótimo 11 21% Bom 16 30% Regular 12 23% Ruim 5 9% Péssimo 9 17% Total 53 100% 21

P19. Após o atendimento na delegacia, a senhora: Foi para casa de amigos 2 4% Foi para casa de familiares 12 23% Foi para sua casa 37 70% Instituição de proteção à mulher 2 4% Total 53 100% P20. Como foi o atendimento recebido na instituição para a qual a senhora foi encaminhada? Bom 1 50% Regular 1 50% Total 2 100% P21. Faixa etária: 16 a 19 anos 60 7% 20 a 29 anos 233 29% 30 a 39 anos 189 23% 40 a 49 anos 162 20% 50 a 59 anos 91 11% 60 anos ou mais 80 10% P22. Escolaridade: Não alfabetizada 32 4% Ensino fundamental 224 27% Ensino médio 348 43% Ensino superior 195 24% Pós-graduação 13 2% NS/NR 3 0% P23. Renda familiar: Até 2 salários míninos 266 33% 3 a 5 salários mínimos 218 27% 6 a 10 salários mínimos 133 16% 11 a 20 salários mínimos 107 13% Mais de 21 salários mínimos 32 4% NS/NR 59 7% 22

P24. Ocupação: Trabalha fora 460 56% Dona de casa 272 33% Estudante 73 9% NS/NR 10 1% P25. Cidade: Aracajú 9 1% Belém 25 3% Belo Horizonte 46 6% Boa Vista 3 0% Brasília 41 5% Campo Grande 13 2% Cuiabá 9 1% Curitiba 33 4% Florianópolis 7 1% Fortaleza 43 5% Goiânia 22 3% João Pessoa 12 1% Macapá 5 1% Maceió 16 2% Manaus 26 3% Natal 14 2% Palmas 3 0% Porto Alegre 29 4% Porto Velho 6 1% Recife 29 4% Rio Branco 5 1% Rio de Janeiro 123 15% Salvador 50 6% São Luis 17 2% São Paulo 209 26% Terezina 14 2% Vitória 6 1% 23

Armando sobral Rollemberg Diretor da Secretaria Especial de Comunicação Social Ana Lucia Romero Novelli Diretora da Subsecretaria de Pesquisa e Opinião Pública Responsáveis Técnicos Ana Lucia Romero Novelli Diretora da SSEPOP Cefas Gonçalves de Siqueira Chefe do Serviço de Pesquisa de Opinião 24