HIDROMETALURGIA E ELETROMETALURGIA

Documentos relacionados
Tratamento de licores com resinas trocadoras de íons

QUÍMICA GERAL Ácidos e Bases

Conceito O processo de troca iônica consiste na remoção quase que total dos iôns presentes na água usando resinas seletivas. Consegue-se essa remoção

Q.02 Considere uma solução aquosa diluída de dicromato de potássio, a 25 ºC. Dentre os equilíbrios que estão presentes nessa solução, destacam-se:

2ª SÉRIE roteiro 1 SOLUÇÕES

Curso de Engenharia Química. Prof. Rodolfo Rodrigues

QUI 070 Química Analítica V Análise Instrumental. Aula 11 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)

2005 by Pearson Education. Capítulo 04

HIDROMETALURGIA E ELETROMETALURGIA. Prof. Carlos Falcão Jr.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA NUCLEO DE GEOLOGIA PROPRIEDADES DO SOLO. Profa. Marciléia Silva do Carmo

P1 - PROVA DE QUÍMICA GERAL 09/09/11

Relatório 7 Determinação do produto de solubilidade do AgBrO3

COLÓIDES. Prof. Harley P. Martins filho SISTEMAS COLOIDAIS. Colóide: dispersão de pequenas partículas de um material em outro

Disciplina de Química Geral Profa. Marcia Margarete Meier

QUI 154 Química Analítica V Análise Instrumental. Aula 8 Cromatografia líquida

REAÇÕES QUÍMICAS PRODUZINDO CORRENTE ELÉTRICA CORRENTE ELÉTRICA PRODUZINDO REAÇÃO QUÍMICA PROF. RODRIGO BANDEIRA

Matéria Tem massa e ocupa lugar no espaço; Pode ser sólida, líquida ou gasosa.

METALURGIA EXTRATIVA DOS NÃO FERROSOS

PQI 3103 LISTA DE EXERCÍCIOS II 2018 BALANÇOS MATERIAIS SISTEMAS EM REGIME PERMANENTE SEM REAÇÕES QUÍMICAS

INTRODUÇÃO A MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS

QUI 072 Química Analítica V Análise Instrumental. Aula 9 Introdução Métodos de Separação

Atividade ATIVIDADE = CONCENTRAÇÃO X COEFICIENTE DE ATIVIDADE. - a AB = [AB]. AB - = [B - ]. B. dissociaçã o

BC Transformações Químicas

3. Origem das cargas elétricas no solo

Colégio FAAT Ensino Fundamental e Médio

Frequentemente é necessário separar os componentes de uma mistura em frações individuais.

QUI 154 Química Analítica V Análise Instrumental. Aula 5 Cromatografia (Parte 2)

1. DESCRIÇÃO DO PROCESSO PLANTA PILOTO

QUI 154 Química Analítica V Análise Instrumental. Aula 5 Cromatografia líquida

Reações envolvendo substâncias em solução aquosa: (reações por via úmida) e reações por via seca (substâncias não dissolvidas em solventes)

INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS METALÚRGICOS. Prof. Carlos Falcão Jr.

Química das soluções. Profa. Denise Lowinshon

CARGAS ELÉTRICAS DO SOLO. Atributos físicos e químicos do solo -Aula 12- Prof. Alexandre Paiva da Silva INTRODUÇÃO CARGAS ELÉTRICAS E FOTOSSÍNTESE:

OPERAÇÕES UNITÁRIAS II AULA 9: EVAPORAÇÃO EM SIMPLES EFEITO. Profa. Dra. Milena Martelli Tosi

Reações de identificação dos cátions dos grupos 1 e 2

QUI109 QUÍMICA GERAL (Ciências Biológicas) 4ª aula /

Aula: Processo de Filtração

4. Materiais e métodos

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

INTRODUÇÃO À ELETROQUÍMICA Prof. Dr. Patricio R. Impinnisi Departamento de engenharia elétrica UFPR

Ácidos fracos. Ácidos fracos são apenas parcialmente ionizados em solução. Reagem com o solvente (H 2 O) doando um próton.

Revisão da aula anterior

Físico-Química. Eletroquímica Prof. Jackson Alves

REAÇÕES EM SOLUÇÕES AQUOSAS E ESTEQUIOMETRIA. Prof. Dr. Cristiano Torres Miranda Disciplina: Química Geral QM81A Turmas Q13 e Q14

Respondem à atividade do analito, de forma rápida e reprodutível. Assim... ΔE = função da atividade do analito

RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS PROPOSTOS AULA 28 TURMA ANUAL

3º Trimestre Sala de estudos Química Data: 03/12/18 Ensino Médio 3º ano classe: A_B Profª Danusa Nome: nº

Condutividade Elétrica

1- Reação de auto-ionização da água

Descritivo de produto. Fornecedor.

QUÍMICA QUESTÃO O oxigênio e o enxofre podem ser encontrados como moléculas O 2 QUESTÃO 32

Laboratório de Análise Instrumental

QUI 070 Química Analítica IV Análise Quantitativa. Volumetria de Precipitação

6ª OLIMPÍADA BAIANA DE QUÍMICA EXAME 2011

BALANÇO DE MASSA E ENERGIA EM PROCESSOS QUÍMICOS LISTA DE EXERCÍCIOS CORRESPONDENTES ÀS AULAS 2 E 3

Capítulo by Pearson Education

Os sais são neutros, ácidos ou básicos? Íons como Ácidos e Bases

HIDROMETALURGIA E ELETROMETALURGIA. Prof. Carlos Falcão Jr.

, para vários sais, assinale a opção correta. CrO 4. (aq) em concentrações iguais, haverá precipitação, em primeiro lugar, do sal PbSO 4

8ª LISTA - EXERCÍCIOS DE PROVAS Equilíbrio de Solubilidade

Profº André Montillo

RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS PROPOSTOS AULA 09 TURMA FMJ

REAÇÕES EM SOLUÇÕES AQUOSAS E ESTEQUIOMETRIA. Prof. Dr. Cristiano Torres Miranda Disciplina: Química Geral I QM81B Turmas Q13 e Q14

Introdução aos métodos titulométricos volumétricos. Prof a Alessandra Smaniotto QMC Química Analítica - Farmácia Turmas 02102A e 02102B

Cromatografia Iônica. Alexandre Martins Fernandes Orientador: Prof. Jefferson Mortatti. Novembro 2006.

Ácidos e Bases. a) Produto iônico da água

I - 4 Au (s) + O 2(g) + 2 H 2 O (l) + 8 CN - -

QUÍMICA Exercícios de revisão resolvidos

QUÍMICA. 10 Ca 2+ (aq) + 6 PO 4

Definições. Dissociação iônica Considerando um composto iônico sólido hipotético: A a B b Em uma solução: A a B b (s) aa b+ (aq) + bb a- (aq)

Definições. Dissociação iônica Considerando um composto iônico sólido hipotético: A a B b Em uma solução: A a B b (s) aa b+ (aq) + bb a- (aq)

Purificação de Proteínas

Laboratório de Análise Instrumental

Reações em Soluções Aquosas

PHA 3418 Tecnologia de Separação por Membranas para Tratamento de Água e Efluentes

PROFESSORA: Núbia de Andrade. DISCIPLINA: Química SÉRIE: 3º. ALUNO(a): Ba 0 / Ba 2+ // Cu + / Cu 0

QUÍMICA PRIMEIRA ETAPA

Minicurso: Medição de ph e Íons por Potenciometria

OXIDAÇÃO DE METAIS INTRODUÇÃO

FÍSICO QUÍMICA AULA 5 - ELETRÓLISE

Equilíbrio de Precipitação

02/10/2017 ELETRÓLISE AQUOSA

Purificação de Proteínas

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO DE APOIO À ESCOLA TÉCNICA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL REPÚBLICA

Química Geral e Inorgânica. QGI0001 Eng a. de Produção e Sistemas Prof a. Dr a. Carla Dalmolin. Eletroquímica

ANÁLISE DE MANGANÊS NA PIROLUSITA

Purificação de Proteínas

TIPOS DE MÉTODOS ELETROANALÍTICOS

Operações Unitárias Experimental II Filtração. Professora: Simone de Fátima Medeiros

Química Geral I. Química - Licenciatura Prof. Udo Eckard Sinks

Equilíbrio Químico. Estágio da reação química em que não existe mais tendência a mudar a composição da mistura de uma reação

Concentração de soluções

Membranas de Eletrodiálise: Síntese e Caracterização. Prof. Dr. Marco Antônio Siqueira Rodrigues

ARTIGO CIENTÍFICO. Sistemas de Obtenção de Água para Aplicações Farmacêuticas. Skid com OR e EDI

FELIPE TEIXEIRA PALMA HOMERO OLIVEIRA GAETA JOÃO VICTOR FERRAZ LOPES RAMOS LUCAS MATEUS SOARES SABRINA LEMOS SOARES

10/22/2013. Segunda Avaliação (20/11): Precipitações Fracionadas. - Precipitações Fracionadas. - Auto-Ionização da Água

LCE0182 Química Analítica Quantitativa. Informações Gerais. Wanessa Melchert Mattos.

Purificação de Proteínas

Disciplina: Química Geral Docente Responsável: Prof a. Dr a. Luciana Maria Saran. Assunto: Ácidos e Bases de Lewis/ Óxidos/ Sais: classificação

EVAPORAÇÃO. Profa. Marianne Ayumi Shirai EVAPORAÇÃO

Transcrição:

A melhoria das propriedades das resinas orgânicas incentivou a aplicação para o processo de troca iônica devido a sua estabilidade e elevada capacidade. As primeiras tentativas para aplicação da troca iônica para recuperação de metais estavam relacionadas com a recuperação de cobre e cromo contido em efluentes industriais e de prata de filmes fotográficos.

O urânio foi o primeiro metal a ser recuperado em grande escala a partir de soluções lixiviadas, empregando resinas de troca iônica. A grande quantidade de estudos científicos realizados nesse campo abriu as portas para o largo emprego da resina de troca iônica para recuperação de outros metais a partir de soluções lixiviadas.

O processo de troca iônica é utilizado especialmente no tratamento de soluções muito diluídas com concentração do íon metálico na ordem de 10mg/L ou menor. Esse processo não é eficaz em soluções com concentração do íon metálico superior a 1%.

Os contra-íons são livres para se movimentarem dentro da estrutura. Já os íons fixos, lógico, não se movimentam. Troca iônica Princípios gerais Um trocador iônico é uma estrutura ou matriz que carreia uma carga elétrica positiva ou negativa, que é neutralizada por íons de sinais opostos denominados contra-íons. Os íons de mesmo sinal da matriz são chamados de co-íons.

Princípios gerais Quando a matriz está carregada positivamente, o trocador é chamado de aniônico, então os ânions são trocados com os contra-íons. Similarmente, um trocador catiônico é capaz de trocar cátions com os contra-íons. As reações de troca iônica são: Aniônica: R + X - + A - R + A - + X - Catiônica: R - Y + + B + R - B + + Y +

Princípios gerais Se os íons trocados possuem valências diferentes, os balanços de massa e de carga devem ser preservados. Exemplo: Se A 2- é trocado por X - e B 2+ por Y +, as equações podem ser descritas assim: 2X - (r) + A2- (aq) A2- (r) + 2X- (aq) 2Y + (r) + B2+ (aq) B2+ (r) + 2Y+ (aq)

A fim de preservar a neutralidade elétrica da esponja, um número estequiométrico de outros íons da solução entra nos poros. Troca iônica Princípios gerais Os trocadores iônicos podem ser comparados a uma esponja com os contra-íons flutuando nos seus poros. Quando a esponja é imersa em uma solução, os contra-íons podem deixar os poros e ir para a solução.

Princípios gerais Os eletrólitos dissolvidos podem ser completamente removidos da solução aquosa pela troca de todos os cátions por H + e todos os ânions por OH -. Isto pode ser obtido em colunas de 2 estágios: uma catiônica e outra aniônica ou uma coluna simples contendo uma mistura de partículas trocadoras, catiônica e aniônica.

Métodos e equipamentos O processo de troca iônica pode ser realizado em colunas em regime de batelada, semicontínuo num sistema de resina em polpa ou continuamente em sistema elaborado de colunas.

Colunas Uma vez que a troca iônica é uma operação de equilíbrio, o grau de separação das duas espécies, que pode ser alcançado em uma simples operação de batelada, está limitado pelo valor do coeficiente de distribuição. Repetidas operações em batelada são tediosas e consomem espaços consideráveis.

dimensão da coluna Troca iônica Colunas Dessa forma, as operações são conduzidas em colunas que podem ser consideradas como um grande número de processos em batelada com equilíbrio entre a solução e a resina. Operações eficientes em coluna dependem de: fluxo de solução tamanho da partícula da resina

Colunas As colunas mais utilizadas possuem: diâmetro = 2m altura = 4m A resina deve ter partículas do mesmo tamanho para que se previna a formação de caminhos preferenciais no leito. Também deixa-se espaço no topo do leito para prevenir a expansão da resina durante o processo de troca.

Resina em polpa Este processo é aplicado quando, para alguns minérios, as suspensões lixiviadas são viscosas e de difícil filtração e a produção de licores lixiviados clarificados é cara e demorada. É um processo semi-contínuo chamado de método de resina em polpa (RIP resin in polp ).

Resina em polpa Neste método, suspensões lixiviadas de difícil filtração são alimentadas em tanques contendo cestas de aço inoxidável com telas de aberturas de 0,6mm contendo pedaços grosseiros de resina (0,84 a 2,00mm). Tais suspensões são movidas continuamente para cima e para baixo por um mecanismo alternativo.

Resina em polpa Dessa forma, o leito da resina é expandido quando movimentado para cima através da polpa e comprimido quando movimentado para baixo. Os tamanhos das cestas variam de 40 x 40 x 40 cm a 180 x 180 x 180 cm do topo à base do aparato.

Sistema contínuo Este opera em contra-corrente e pode ser utilizado tanto para suspensões quanto para soluções clarificadas. É composto de 3 torres: coluna de adsorção câmara de medição coluna de eluição

Sistema contínuo A coluna de adsorção é composta de um número de câmaras separadas por placas de orifício em cada estágio que contem um volume específico de resina. A solução lixiviada entra pelo fundo da coluna e flui em sentido ascendente através da resina e sai pelo topo.

Sistema contínuo A resina no interior da câmara é fluidizada pelo fluxo ascendente da solução, porém o fluxo é regulado para não carrear a resina para a câmara localizada acima. Do mesmo modo, a velocidade descendente não deve permitir que a resina seja conduzida para a câmara inferior.

aniônicos fortemente básicos Troca iônica Tipos de trocadores iônicos Há 4 tipos de trocadores iônicos: catiônicos fracamente ácidos contendo -COOH catiônicos fortemente ácidos contendo grupos -SO 3 H aniônicos fracamente básicos contendo grupos amino

Tipos de trocadores iônicos A força da base na resina pode ser aumentada pelo uso de aminas substituídas. Uma resina importante e usada amplamente em metalurgia extrativa é a Amberlite IRA 400.

Resinas específicas Atualmente tem sido preparadas resinas que apresentam afinidade específica a um certo íon metálico. Exemplo: resina baseada em nitrato e poliestireno reduzido tem estrutura similar à dicrilamina, que possui enorme afinidade ao íon potássio, podendo ser aplicada na recuperação de potássio da água do mar.