ESTUDOS SOBRE PERDAS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA CIDADE DE MACEIÓ



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Transcrição:

ESTUDOS SOBRE PERDAS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA CIDADE DE MACEIÓ Fernando Silva de Carvalho 1 ; Guilherme Rocha Peplau 2 ; Gustavo Silva de Carvalho 3 & Valmir de Albuquerque Pedrosa 4 RESUMO A água potável é essencial à vida humana e um bem cada vez mais escasso. Sendo o abastecimento humano prioritário, as concessionárias regionais e municipais tem por obrigação uma boa administração de perdas e um conseqüente melhor aproveitamento dos recursos hídricos. A cidade escolhida para estudo de caso foi à cidade de Maceió cuja concessionária é a CASAL. Atualmente a situação da empresa apresenta-se com altos índices de perdas, o que pode explicar em parte o déficit financeiro da empresa. O trabalho realizado proporciona discussões para um futuro próximo de escassez de água. ABSTRACT The drinking waters are essential to the life human being and a good each scarcer time. Being the with priority human supplying, the regional and municipal concessionaires have for obligation a good administration of losses and a consequence better exploitation of the water resources. The city chosen for case study was to the city of Maceió concessionaire is the CASAL. Currently the situation of the company is presented with high indices of losses, what it can explain in part the financial deficit of the company. The carried through work provides quarrels for a future next to water scarcity. 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul IPH/UFRGS; Avenida Cauduro, nº 166, aptº 202, Bom Fim, 90035-110, Porto Alegre/RS; (51)3268-8644;(51)9673-4696; fernandoscarvalho@hotmail.com 2 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Pernambuco; Conj. Climério Sarmento, Bl. 03, 404, Jatiúca, 57036-310; gpeplau@hotmail.com 3 DOMUS Engenharia e Arquitetura, Consultoria em Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos, R. Teonilo Gama, 103. Sala 01, Trapiche, 57010-320, Maceió/AL; (082) 241-4835, gsc@fapeal.br 4 Professor do Departamento de Águas e Energia da Universidade Federal de Alagoas DAE/ CTEC / UFAL, Campus A. C. Simões, Tabuleiro dos Martins, 57072-970, Maceió/AL; (082) 214-1291, valmirpedrosa@aol.com.br VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 1

Palavras-Chave: Perdas, Tarifas, Eficiência, Maceió. APRESENTAÇÃO Apesar de ser reconhecida como o paraíso das águas, Maceió, capital de Alagoas, sofre problemas de abastecimento de água não só por pertencer à região nordeste, a menos rica em potencialidade hidráulica de água potável do país, mas entre tantos outros motivos, também pelas grandes perdas físicas e econômicas ocorridas entre a captação de água e os hidrômetros dos logradouros. Tal fato se torna relevante, visto que os impactos sócio-econômicos e ambientais são quase todos negativos e significativos. Em Maceió, como na maioria das cidades de Alagoas (cerca de 80% do Estado), o órgão responsável pelo abastecimento de água é a Companhia de Abastecimento de Água e Saneamento de Alagoas CASAL. Os índices de perdas são elevados, em determinados pontos, a valores acima de 54%. O caso da eficiência da CASAL influi diretamente na vida do maceioense que tem que pagar pela não pouca água que se esvaiu no caminho de casa. A complexidade de um sistema de abastecimento d água é alta em termos de possibilidade de perda de rendimento e faturamento, reduzir as perdas a zero seria supostamente impossível e demasiadamente dispendioso (STEPHENS, 2002). Em todo o mundo acontece o não aproveitamento e/ou não faturamento pelo uso do recurso devido à ineficiência do sistema. Em alguns lugares a situação é calamitosa devido ao contexto em que se insere a questão do abastecimento de água com relação à escassez dos recursos hídricos e sustentabilidade financeira da empresa responsável. Carteado(2002), afirma que em cidades asiáticas como Jacarta, no ano de 2000, tiveram índice de perdas chegando a 70%, o mesmo de Manila, capital das Filipinas, em 2002. No Brasil a situação não é diferente. A maioria de nossas cidades sofre problemas graves de redes de distribuição em estado precário de funcionamento causando perdas físicas. Além destas existem também perdas econômicas que somadas e sobrepostas às anteriores, contribuem decisivamente para o desempenho negativo das empresas de saneamento. Os números das próprias agências comprovam este fato. Para se ter uma idéia, o índice de perdas de faturamento (IPF) de capitais nordestinas, onde o problema de escassez é mais latente, segue no quadro1: VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 2

Quadro1 - Índices IPF das capitais nordestinas Capital IPF Maceió/AL 57,8% Salvador/BA 52,9% Fortaleza/CE 35,5% São Luis/MA 63,0% João Pessoa/PB 46,7% Recife/PE 53,9% Natal/RN 46,6% Fonte: Serviço Nacional de Informações sobre Saneamento SNIS (2000) As causas dos fatores dessas perdas econômicas e físicas variam muito de um local para outro. Os dados da SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), apresentados pelo vice-presidente de distribuição na região metropolitana de São Paulo, Francisco Paracampos (2001), servem como exemplo: Vazamentos: 48%; Micromedição: 20%; Gestão comercial: 12%; Macromedição: 11%; Favelas: 9% das perdas. Cada setor de abastecimento possui características diferentes uns dos outros e, portanto, índices diferentes. O problema das perdas é mais abrangente do que aparenta ser à população em geral, pois estão envolvidas nuances ambientais, sociais e econômicas bastante delicadas. METODOLOGIA Caracterização das perdas As perdas possuem diferentes fontes de causas, os quais trataremos neste tópico, para esclarecer, os termos técnicos e o que isso representa na prática em termos de perdas num sistema de abastecimento d água. A IWA (International Water Association) propõe uma forma de caracterizar as perdas no serviço de abastecimento de água para fins de obtenção de parâmetros, através de definições envolvendo perdas no sentido físico e no sentido econômico, visualizadas num quadro que é chamado de Balanço de Água, mostrado a seguir. VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 3

Consumo Autorizado Volume de entrada no sistema Perda de Água Fonte: IWA (2000) Quadro 2 - Balanço de Água Consumo Medido faturado (incluindo água Consumo Autorizado Faturado importada) Consumo Estimado Faturado Consumo Autorizado Não Consumo Medido Não Faturado Faturado Consumo Estimado Não Faturado Perdas Aparentes (Não Consumo Não Autorizado Físicas) Erro de Medição Vazamentos e Extravasamentos em Reservatórios Perdas Reais (Físicas) Vazamentos em Adutoras e Redes Vazamentos em Ramais até o ponto de medição do cliente Água Faturada Água Não Faturada (ANF) Volume de Entrada no Sistema: É a entrada do volume para aquela parte do sistema de abastecimento de água ao qual os cálculos para o balanço de água estão relacionados. Consumo Autorizado: É o volume de água medido e/ou não medido tomado por clientes registrados, fornecedor de água e outros implícita ou explicitamente autorizados a assim procederem, para finalidades residenciais, comerciais e industriais. Isso inclui água exportada. Perdas de água: É a diferença entre o volume de entrada no sistema e o consumo autorizado. Consiste de perdas aparentes (perdas não físicas) e perdas reais (perdas físicas). Perdas Aparentes (Não Físicas): Consiste do consumo não autorizado, caracterizados por fraudes e falhas de cadastro, e de todos os tipos de imprecisões ligadas à medição, tanto na macro como na micromedição. Perdas Reais (Físicas): São vazamentos nas adutoras de água bruta, estações de tratamento de água (se aplicável), nas tubulações principais, reservatórios e conexões de serviços, até o ponto de medição do cliente. O volume perdido através de todos os tipos de vazamentos, estouros e transbordamentos dependem de suas freqüências individuais, coeficientes de vazão e duração. Água Não Faturada (ANF): É a diferença entre o Volume de Entrada no Sistema e o Consumo Faturado Autorizado. Segue a seguir, um exemplo de balanço hídrico (SABESP, 2001), onde as perdas no abastecimento são descritas e mensuradas por causas com seus parâmetros de volume e de respectiva porcentagem em relação ao volume total de entrada anual. VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 4

Quadro 3 - Balanço Hídrico da SABESP em 2001 Consumo Autorizado Faturado 1.222.837.496 m3 63% Consumo Medido faturado (cons. final) 901.411.548 m3 46,5% Consumo Estimado Faturado (atacado) 321.425.948 m3 16,5% Água Faturada 1.222.837.496 m3 63% Volume de entrada no sistema Consumo Autorizado 1.343.096.827 m3 69% Consumo Autorizado Não Faturado 120.259.331 m3 Consumo Medido Não Faturado (Usos Operacionais e emergenciais) 9.707.801 m3 0,5% 6% Consumo Estimado Não Faturado (usos sociais) 106.781.302 m3 5,5% 1.941.478.226 m3 100% Perda de Água 598.381.399 m3 31% Perdas Aparentes (Não Físicas) 330.051.298 m3 17% Consumo Não Autorizado (gestão comercial) 135.903.475 m3 7% Erro de Medição (Macro e Micro) 194.147.822 m3 10% Vazamentos e Extravasamentos em Reservatórios 0 m3 Perdas Reais (Físicas) 0% 271.806.951 m3 14% Vazamentos em Adutoras e Redes e em Ramais até o ponto de medição do cliente 271.806.951 m3 14% Água Não Faturada (ANF) 71.834.694 m3 37% Fonte: SABESP(2000)! Perdas Reais(Físicas) A B C Figura 1 - Tipos de vazamentos em uma rede de distribuição (fonte: SABESP) A Vazamentos não visíveis, baixa vazão, não aflorantes, não detectáveis por métodos acústicos de pesquisa. Representam cerca de 25% dos volumes perdidos. Ações corretivas: Redução de pressão e Qualidade dos materiais e da mão de obra. VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 5

B Vazamentos não visíveis não aflorantes, detectáveis por métodos acústicos de pesquisa. Representam aproximadamente 30% dos volumes perdidos. Ações corretivas: Redução de pressão, pesquisa de vazamentos. C Vazamentos visíveis aflorantes ou ocorrentes nos cavaletes. Representam 45% dos volumes perdidos. Ações corretivas: Redução de pressão, redução do tempo de reparo. Ainda segundo a SABESP (2001), na RMSP, 90% dos vazamentos da rede ocorrem nos ramais prediais. A distribuição neste caso é: 40% no tubo do ramal; 20% nos adaptadores e 40% no cavalete.! Perdas aparentes (Não Físicas) O roubo de água é um tipo de fraude é bastante comum em ligações residenciais e industriais, consiste em adulterar a ligação realizada pela concessionária, através de meios que impeçam total ou parcialmente a micromedição do logradouro. Dividem-se basicamente em três casos: (i) Derivação de ramal; (ii) By-Pass ; (iii) Ligação Clandestina. " Derivação de ramal O fraudador faz uma ligação usando uma conexão antes da passagem pelo hidrômetro, fazendo com que a água que passaria totalmente pelo mesmo possa derivar também por essa conexão, abastecendo parte da rede de alimentação da propriedade sem medição (Figura 2). Figura 2 - Roubo de água tipo Derivação de ramal. Fonte: EMBASA(2001) " By-pass O fraudador faz uma ligação usando uma conexão antes da passagem pelo hidrômetro e ligando-a ao seu ramal predial, fazendo com que a água que passaria totalmente pela micromedição, derive para essa conexão, abastecendo a rede de alimentação da propriedade, totalmente sem medição (Figura 3). VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 6

Figura 3 - Roubo de água tipo By-Pass. Fonte: EMBASA(2001) " Ligação clandestina O fraudador faz uma ligação direta da rede de distribuição da concessionária local, sem qualquer tipo de permissão e cadastro, roubando assim a água sem qualquer registro e, portanto sem qualquer cobrança pelo seu uso (Figura 4). Figura 4 - Roubo de água tipo Ligação Clandestina. Fonte: EMBASA(2001) CÁLCULO DE ÍNDICES DE PERDAS E SUA UTILIZAÇÃO Para fins de mensuração de eficiência são utilizadas mundialmente ferramentas matemáticas, a fim de quantificar as perdas de acordo com seu tipo. Existem vários índices indicadores de eficiência, sendo que dependendo da finalidade a que se propõe analisar essa eficiência, alguns índices são particularmente mais importantes. O Índice de Perdas na Distribuição (IPD) é importante, principalmente, quando se quer determinar quantitativamente as perdas físicas. A SANASA em Campinas/SP, leva em consideração o volume de entrada no sistema e o volume utilizado, sendo este último à soma dos VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 7

fatores: Volume micromedido (i); Volume recuperado marcado (ii); Volume operacional (iii) e Volume especial (iv). Volume Micromedido: Volume obtido através das leituras dos hidrômetros; Volume Recuperado Marcado: Volume recuperado obtido através de denúncias confirmadas de água + Volume obtido através das regularizações de ligações de água; Volume Operacional: Volume dos Testes Hidrostáticos em redes e adutoras fornecidos pelo setor de Pitometria e Macromedição + Volume utilizado para desinfecção, fornecido pelo setor de Análise e Controle + Volume utilizado para Limpeza de Reservatórios e Sub Adutoras Novas. Volume Especial: Volume de áreas SANASA e carregamento de Caminhões Pipa + Volume Especial Micromedido obtido por estimativa de consumo de ligações clandestinas de invasões + Volume utilizado pelo Corpo de Bombeiros em testes de hidrantes, treinamentos, manutenções de equipamentos e combate a incêndios.+ Volume Especial Estimado de Rompimentos de redes / ramais por terceiros. Vol. Utiliz = Vol Mic. + Vol rec. marc. + Vol Oper. + Vol Esp. (1) IPD = {Vol Prod. Vol. Utiliz} x 100 / Vol. Prod. (2) Outro indicador importante, e muito utilizado, é o Índice de Perdas de Faturamento (IPF), pois este índice é um balanço econômico que baliza as perdas pelo seu potencial retorno em capital. IPF = {Vol Prod. Vol. Fatur.} x 100 / Vol. Prod. (3) O índice conhecido por Água Não Contabilizada (ANC), assemelha-se ao IPF, sendo que separa o termo faturado em volume medido e volume estimado, proporcionando um melhor entendimento da influência da eficiência do sistema de micromedição (sem contar os erros nos medidores), no montante de perdas. ANC = {Vol Prod. (Vol. Med + Vol. Est.) } x 100 / Vol. Prod.} (4) Outros indicadores de perdas reais (físicas) ainda são bastante usados, mas se mostraram inviáveis tecnicamente. O índice de perdas reais por ligação, segundo Liemberger (2002), tem de ter sua utilização abolida, uma vez que o usuário tem pouco ou nada a ver com o vazamento. Quanto ao índice por km de tubulação por dia, é um índice injusto, uma vez que as perdas físicas em sua maior parte, acontecem nas conexões de serviço e não na tubulação principal. Um bom índice ainda VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 8

é o de conexão de serviço por dia em sistemas pressurizados, contudo ocorre a desvantagem de não levar em consideração o valor da pressão de operação da rede. O ILI (Índice de Vazamento de Infra-estrutura) é um indicador de desempenho técnico, usado no Reino Unido e aconselhado seu uso por parte de técnicos e especialistas, como parâmetro de comparação de desempenho aceito internacionalmente, pois permite comparar sistemas de características muito diferentes (abastecimento intermitente com ininterrupto, de baixa com de alta pressão, de diferentes níveis de consumo e assim por diante) (LIEMBERGER, 2002). Esse índice surgiu devido a comparações de resultados em termos de porcentagem em relação à entrada do sistema de redes de abastecimento reconhecidamente eficientes com outras deficientes, mas de diferentes tempos de funcionamento do abastecimento por dia. O ILI, consiste num coeficiente adimensional resultado da relação Volume Corrente Anual de Perdas Reais (CARL) x Perdas Reais Anuais Irrecuperáveis (UARL). ILI = CARL / UARL (5) Para calcular o UARL (equação 6), fazem-se necessárias informações sobre quatro nuances específicas: (i) Extensão das tubulações principais; (ii) Quantidade de conexões de serviço; (iii) Local do medidor do cliente na conexão ao serviço (em relação às fronteiras da propriedade) (iv) Pressão média de operação. UARL (L/dia) = (18 x Lm + 0,8 x Nc + 25 x Lp) x P (6) Onde: Lm: extensão das tubulações principais em km; Nc: quantidade de conexões de serviço; Lp: comprimento das tubulações do serviço privado da fronteira da propriedade para o medidor em km e; P: pressão média de operação. Existe um índice considerado como sendo um indicador bastante promissor em sua eficiência e aceitação tanto pelo corpo técnico-econômico quanto pela mídia, políticos e povo em geral, chamado ENE (Eficiência Econômica de Redes). Para encontrar esse indicador, faz-se necessário um cálculo similar ao do ILI, substituindo-se o termo UARL, para um equivalente econômico denominado EARL (Perdas Reais Anuais Econômicas), achando um Índice Econômico de Vazamento ELI, o qual transformado em porcentagem, torna-se o ELI (LIEMBERGER, 2002). VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 9

ELI= CARL / EARL (7) ENE(%) = 1 / ELI (8)! O serviço de distribuição de água em Maceió De acordo com o relatório realizado pela empresa VBA Consultoria, em seu capítulo sobre o diagnóstico do serviço de água em Alagoas, e dados do SNIS 2002, Maceió contava com cerca de 1.235 km de tubulação com diâmetros de 20 a 600 mm, possuindo cerca de 143.787 ligações. Na época eram atendidas 700.128 da sua população total, isso significa 72,8% da população. Segundo a CASAL os sistemas estão divididos em três macro-zonas de abastecimento, são elas: Zona alta! Abrange desde a Cidade Universitária, ao norte, até uma linha imaginária transversal entre o Cemitério Parque das Flores e o bairro de Chã de Bebedouro. Zona média! Atende desde a linha citada anteriormente até as Avenidas Comendador Gustavo Paiva, Comendador Calaça e Rua Barão de Atalaia; Zona Baixa! Abrange toda a área baixa. A Figura 5 representa a situação da distribuição de água na cidade de Maceió, desde a sua captação, reservação, tratamento e sua distribuição. VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 10

Figura 5 Situação do abastecimento de água de Maceió Fonte CASAL VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 11

! Abastecimento de água e demanda pelo serviço De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 1997) número de economias de água é o número médio anual de todas as unidades cadastradas para fins de pagamento pelo serviço de abastecimento d água ; e para o número de ligações de água a definição é a seguinte: número de ligações ativas de água na rede pública, providas ou não de hidrômetros. Na cidade de Maceió os grandes consumidores são os consumidores residenciais, que totalizavam, dados do PMSS (1998), 92%, ficando o restante entre os consumidores comerciais, industriais e a administração pública. Tabela 1 Número de ligações de água em Maceió Ano Ligações Residencial Comercial Industrial Pública Total 1996 122.417 7.852 1.223 695 132.264 1997 124.823 8.129 1.307 688 135.028 1998 127.104 8.304 1.357 707 137.531 Fonte: PMSS(1998) Nota-se um crescimento médio em 2 anos, de 0,39% no número de ligações em relação ao total em 1996. Tabela 2 Número de economias de água em Maceió Ano Economias Residencial Comercial Industrial Pública Total 1996 150.177 15.293 1.294 2.729 169.596 1997 153.291 16.046 1.375 2.847 173.679 1998 156.052 15.805 1.43 3.101 176.571 Fonte: PMSS(1998) No número de economias, houve entre 1996 e 1998, um incremento na ordem de 0,41%, o que era esperado pelo indicativo do número de ligações. Dados mais atualizados, expostos na tabela a seguir, sobre a situação da relação entre ligações e economias, mostra o aumento dos números de ligação e de economias e a alta perda na medição e, proporcionalmente, a uma perda de faturamento. VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 12

Tabela 3 Número de Ligações em 2000 LIGAÇÕES ATIVAS INATIVAS Total de Com Sem Com Sem Total Total Ligações Hidrômetros Hidrômetros Hidrômetros Hidrômetros 2000 83,161 19,159 102,32 24,404 15,279 39,683 142,003 2002 114.446 10.081 124.547 24.258 21.425 45.683 170.230 Fonte: Anuário Estatístico (2000 e 2003) A Tabela 3 mostra que aproximadamente 40.000 ligações apresentavam em situação inativa, que de certa forma significa uma perda de faturamento mensal. E em relação ao número de economias, como já era previsto, um valor total maior que o das ligações. Tabela 4 Número de Economias em 2000 e 2002 LIGAÇÕES ATIVAS INATIVAS Total de Com Sem Com Sem Total Total Ligações Hidrômetros Hidrômetros Hidrômetros Hidrômetros 2000 111,823 19,646 131,469 32,508 17,178 49,686 181,155 2002 146.607 10.604 157.211 29.572 22.860 52.432 209.643 Fonte: Anuário Estatístico (2000 e 2003) Nestas situações pode-se notar que cerca de 15% das economias ativas não possuem hidrômetros, ou seja, a fatura por estes 15% é feito por estimativa, por uma média mensal e em muitas vezes apenas é cobrada apenas a taxa mínima. Um outro fato a ser observado seria o de que cerca de 30% das economias estão inativas (potenciais faturas mensais). Um outro fator muito importante e discutido para a busca da eficiência do sistema é a diferença entre o volume produzido e o volume faturado. O SNIS (2000) define volume de água produzido como volume médio de água disponível para consumo, produzido exclusivamente pelo operador, medido diretamente na saída da ETA, estimada mediante pitometria ou registradores temporários de vazão e o volume faturado volume médio de água, debitado ao total das economias medidas e não medidas, para fins de faturamento. Na cidade de Maceió segundo dados do SNIS(2000) o Índice de Perdas de Faturamento (IPF) chega a 57,8 % o que vem a ser um índice muito alto e que deixa Maceió como a segunda em perdas a nível estadual, ficando atrás apenas da cidade de Delmiro Gouveia que chega a 67.7%. VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 13

Para os valores do índice de evasão de receitas (IER) que indica as perdas não-físicas, tem-se registrados valores de até 68.39% no mês de maio de 1998 (PEDROSA, 2001). A Tabela 5 apresenta os valores para os volumes de água produzidos, Tratado, Micro e Macromedidos, consumidos e faturados. Nota-se a ineficiência do sistema quando na comparação entre os volumes produzidos, consumidos e faturados. Em média o volume faturado é muito menor que os valores dos volumes produzidos, porém, é preciso notificar uma queda na arrecadação do serviço, pois, em 1995 perdiam-se 40% dos volumes produzidos e no ano de 1998 as perdas chegaram a 60%. ANO PRODUZIDO TRATADO EM ETA's Tabela 5 Volumes de Água TRATADO DESINF. VOLUMES DE ÁGUA MACROMEDIDO CONSUMIDO MICROMEDIDO FATURADO 1000m³/dia 1000m³/dia 1000m³/dia 1000m³/dia 1000m³/dia 1000m³/dia 1000m³/dia 1995 198,00 198,00 16,00-72,00 50,00 118,00 1996 246,20 221,80 23,30-124,00 59,00 132,00 1997 286,40 145,10 141,30-124,00 71,20 132,10 1998* 339,61 125,00 24,00-187,74 75,74 138,25 2002 603.746 - - - 262.867 197.982 288707 Fonte: dados de 1995 a 1997 e 2001 - SNIS; dados de 1998 fornecidos pelo setor comercial da CASAL. Segundo dados do SNIS (2001) do volume de 55.268 mil metros cúbicos produzidos anualmente, sendo 27.523 tratado na ETA e o restante tratado apenas com desinfecção, apenas 24.154 (1.000 m3/ano) são faturados, ou seja, 56.2% do volume produzido pela concessionária é perdido entre as perdas físicas e não físicas. Numa comparação pertinente a este trabalho são apresentados na Tabela 6 os cálculos dos seguintes índices de perdas! Índice de Perdas de Faturamento (IPF);! Índice de Perdas na Distribuição (IPD);! ILI (Índice de Vazamento de Infra-estrutura); Tabela 6 IPF(%) 53.28 IPD(%) 57.27 CARL(L/dia) 59500 UARL(L/dia) 1586.21 ILI 37.90 VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 14

Para o desenvolvimento destes cálculos foram obtidos junto ao SNIS (2002) e portanto considerados 1523 Km de extensão da rede de abastecimento, 170.230 ligações, 8.2m entre a rede e o hidrômetro(valor médio) e Pressão média de 10 m.c.a, pois poderia ser considerado um valor plausível para o abastecimento na cidade de Maceió. Estes resultados são considerados como esperados para o trabalho desenvolvido por Maceió se tratar de uma cidade com a sua rede de distribuição precária em relação aos estudos realizados em países desenvolvidos. Na literatura são encontrados valores próximos de 1 para o ILI (Índice de Vazamento de Infra-estrutura) em países desenvolvidos. Isto representa que as perdas físicas estão próximas as perdas inerentes. Ou seja, estes valores representam que a rede de distribuição é bem gerenciada (mantida, reparada, reabilitada) para que sejam controladas as perdas reais. É público e notório que a cidade de Maceió não se enquadra nesta classificação, ficando claro no cálculo do ILI, guardadas a devidas considerações devido as aproximações realizadas no cálculo, principalmente no que diz respeito a a pressão média da rede. CONCLUSÕES A questão da escassez hídrica mundial bastaria para qualquer mobilização no sentido de minimizar perdas. Mesmo em países com o recurso natural água em abundância, como é o caso do Brasil, não se deve descuidar um só momento do aproveitamento racional e planejado de água para os diversos fins a que se faz útil, principalmente ao abastecimento humano. Manter e melhorar se preciso a qualidade da água dos mananciais, é hoje, mais que uma boa política ambiental, uma questão de sobrevivência. Desperdiçar água boa para o consumo é de fato muito grave. A sempre crescente demanda pelo bem é um fato que se reproduz em todos os continentes, principalmente nas grandes cidades. É claro que boa parte das perdas físicas em vazamentos de tubulações tem o destino dos próprios aqüíferos e rios de superfície, mas o tempo de recarga dos aqüíferos e a qualidade das águas de superfície tende a piorar, elevando assim os custos com o tratamento. Desta feita, podem-se obter explicações um pouco mais plausíveis para o alto índice de inadimplência e de fraudes em Maceió. Um exemplo simples: caso o usuário pague a tarifa pela consumação mínima de 10 m 3, esta valerá R$ 9,80 e para aproximadamente 30% da população maceioense, que recebe menos de 1 salário mínimo, isso representaria mais de 4,9% do total da receita mensal. Esse valor está bem acima do que a OMS garante como máximo (3% da despesa), e só lembrando que a situação em Maceió parece estar pior que no censo de 91 e que o percentual de população ativa e sua distribuição de classes já deva estar ultrapassado. Vale salientar que foi VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 15

tratado de consumo mínimo e tarifa mínima, sendo que incrementos de consumo levam obviamente a aumentos de tarifas. Previsões podem ser feitas, estimativas efetuadas, mas sempre os resultados alcançados em algum empreendimento prático, é que podem melhor balizar futuras ações no sentido de implantação do proposto, portanto experiências são primordiais para avaliar a viabilidade de investir em algo semelhante. Neste trabalho foram citadas várias experiências nacionais e internacionais sobre o tema perdas e suas conseqüências financeiras e ambientais. Nas fontes pesquisadas não se noticiou fatos decepcionantes. Daí entende-se as razões que levou o governo brasileiro nos últimos anos, procurar desenvolver ações no intuito de desenvolver e modernizar o setor de saneamento com o PMSS, através da SEDU. O meio ambiente é um dos maiores beneficiários dessa iniciativa, poupada através do controle do desperdício, a água em seu local de extração recebe uma explotação menor e daí pode ser usada, no caso de águas superficiais para outros fins, inclusive para servir ao ecossistema a que pertence, uma maior abundância de condições de vida aos seres dependentes do rio ou riacho em questão; e quanto as águas subterrâneas uma preservação de condições melhores para equilíbrio com a recarga, fazendo com que seu tempo útil seja aumentado substancialmente. Socialmente haveria, no caso de uma adoção de política de minimização de perdas, uma aceitação por parte da sociedade que entende, mesmo que de maneira instintiva a importância da questão. A CASAL transpareceria com essa ação, ser uma empresa a fim de melhorar de situação do abastecimento em Maceió, e quem sabe contar com o apoio prático da população. A diminuição da tarifa também seria uma conseqüência social prática da recuperação das perdas. Gradativamente haveria um melhor controle através de ações de melhoria no sistema de micromedição e outras iniciativas, no intuito de minimizar as perdas físicas e não físicas, buscando otimizar a arrecadação e os volumes necessários ao abastecimento diminuindo ao longo do tempo o preço da água, pois o que se paga hoje, além de um dos serviços mais caros é a ineficiência da empresa. A realização de ações ao combate as perdas é de incontestável importância e isso já foi exaustivamente enfocado neste trabalho. A questão que se faz pertinente no momento é: A CASAL vai em curto prazo realizar ações concretas para minimizar perdas, diante do quadro atual de escassez hídrica, de outorga e cobrança e de regulação dos serviços? A resposta não é nem de longe simples. Será que a privatização é a única solução? Na Inglaterra, onde ocorreu o caso de privatização mais radical do setor de saneamento, ainda se discute o fato de vender o patrimônio público ter sido ou não a melhor solução, sendo que um dos fatos ocorridos foi que houvereajustes na tarifa da ordem de 5% acima da inflação, o que acaba penalizando a população de menor renda. VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 16

A redução de perdas será num futuro não muito distante, uma realidade, visto que a CASAL tem feito se representar nos encontros técnicos realizados no Brasil, assumindo a condição de conhecedor das técnicas e da importância de se implantar um programa de redução para alcançar as vantagens financeiras e ambientais dessa iniciativa, caminho percorrido com êxito por várias empresas públicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ALAGOAS. Governo do Estado de Alagoas.Secretaria de Planejamento. Diretoria de Estudos e Projetos. Anuário Estatístico de Alagoas 2000. [2] ALAGOAS. Governo do Estado de Alagoas.Secretaria de Planejamento. Diretoria de Estudos e Projetos. Anuário Estatístico de Alagoas 2003. [3] CARTEADO, F. Redução e Controle de Perdas na Ásia: A experiência de Macau. In. SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE PROGRAMAS DE REDUÇÃO E CONTROLE DE PERDAS EM SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA, 2002, Recife-PE. Proceedings. Recife/PE. 19p. [4] DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA DAEE/SP. Termos de Referência para Elaboração do Relatório de Avaliação de Eficiência do Uso de Recursos Hídricos. Disponível em < www.daee.sp.gov.br/servicos/anexo2.doc > Acesso em: 13/02/2003. [5] EMBASA Empresa Baiana de Água e Saneamento(2001) [6] LIEMBERGER, R. & FANNER, P. Gerenciamento Integral de Perdas de Água através da Terceirização Via Contratos de Risco na Malásia. In. SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE PROGRAMAS DE REDUÇÃO E CONTROLE DE PERDAS EM SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA, 2002, Recife-PE. Proceedings. Recife/PE. 8p. [7] LIEMBERGER, R. Você sabe até que ponto o uso de Indicadores Incorretos de desempenho pode ser enganoso?. In. SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE PROGRAMAS DE REDUÇÃO E CONTROLE DE PERDAS EM SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA, 2002, Recife-PE. Proceedings. Recife/PE. 20p. [8] PARACAMPOS, F. J. F. A Gestão Integrada no Controle de Perdas: Os Instrumentos da Terceirização, Contratos Turn-Key e Contratos de Risco. In. SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE PROGRAMAS DE REDUÇÃO E CONTROLE DE PERDAS EM SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA, 2002, Recife-PE. Proceedings. Recife/PE. 18p. VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 17

[9] PARACAMPOS, F. J. F. Indicadores de Perdas na Região Metropolitana de São Paulo: A Aplicação da Proposta da IWA. In: SEDU/PR-PMSS & BANCO MUNDIAL. Anais do Encontro Técnico Sobre Redução e Controle de Perdas de Água em Sistemas de Abastecimento de Água. Salvador/BA: TIPOD LTDA, Fevereiro/Março de 2002. CD-ROM. [10] PEDROSA, V.A. Tarifas nas empresas de saneamento. Porto Alegre: UFRGS, 2001.151 f. Tese (Doutorado em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental) Programa de Pós Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001 [11] PMSS Programa de Modernização no Setor de Saneamento(1998) [12] SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo(2001) [13] STEPHENS, I. Níveis Econômicos de Perdas. In. SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE PROGRAMAS DE REDUÇÃO E CONTROLE DE PERDAS EM SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA, 2002, Recife-PE. Proceedings. Recife/PE. 16p. [14] SNIS. Sistema Nacional de Informações do Saneamento, 1997. Governo Federal. Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano. Brasília [15] SNIS. Sistema Nacional de Informações do Saneamento, 2000. Governo Federal. Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano. Brasília [16] SNIS. Sistema Nacional de Informações do Saneamento, 2002. Governo Federal. Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano. Brasília VII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 18