A Interdisciplinaridade e o Vestibular: Análise da Prática de Ensino Desenvolvida Durante o 3º ano do Ensino Médio do Colégio de Aplicação Universitário da UFV no ano de 2005 João Henrique Ferreira de Castro 1-Introdução O ensino de História no Brasil é constantemente discutido nas academias. Qual a melhor forma de ensinar a História aos alunos, qual a melhor maneira de torna-lo um cidadão crítico, papel importante da disciplina, e como retirar a idéia de que a História é pronta e feita de datas e nomes que precisam ser decorados são algumas dessas questões que serão discutidas nesse trabalho. Estas questões serão discutidas dentro da análise de uma prática de ensino interdisciplinar desenvolvida no 3º ano do Ensino Médio do Colégio de Aplicação Universitário da Universidade Federal de Viçosa no ano de 2005. Tentar analisar de que maneira esta prática de ensino respondeu a estas questões é o principal objetivo deste trabalho. 2- Análise da Prática de Ensino de História e Literatura no 3º Ano do Ensino Médio do COLUNI (Colégio de Aplicação Universitário da UFV) no ano de 2005. Esta análise é fruto de uma atividade de pesquisa que desenvolvi como estagiário no Colégio de Aplicação Universitário da UFV (COLUNI). Tal atividade consistia em acompanhar uma prática de ensino interdisciplinar em História e Literatura idealizada pelos professores Duarte Magalhães Barbalho (História), Silvana Marchesani (Português e Literatura) e colocada em prática nas quatro turmas de 3º série do Ensino Médio. Uma das questões que moveram o estudo era saber se a utilização de uma prática de ensino diferente da simples utilização do conhecimento propedêutico beneficiaria os alunos no vestibular ou os atrapalharia. Todavia, ao longo do processo questões relacionadas à formação crítica dos alunos e da integração social que este tipo de prática pode oferecer foram surgindo e sendo colocados. Torna-se necessário antes de começar a descrever a prática em si, tentar definir um perfil do COLUNI, o que com certeza é um dos fatores essenciais para a realização de práticas de ensino como a que será discutida. Uma das características do colégio é a excelência dos alunos. O COLUNI é um colégio que tem apenas as três séries do Ensino Médio. Os alunos ingressam no colégio através de um exame de seleção que em todos os anos é disputado por entre 10 a 15 candidatos para cada vaga. Os alunos que chegam ao COLUNI costumam ter uma base de formação no Ensino Fundamental boa, o que os possibilita sucesso no exame de seleção. Os alunos que realizam este exame em sua grande maioria visam estudar em um colégio de qualidade reconhecida para terem sucesso no vestibular. Muitos dos alunos já cursaram uma ou, até mesmo, mais séries do Ensino Médio, mas resolvem voltar para a 1ª série do Ensino Médio para terem a oportunidade de realizar o segundo grau no colégio. Portanto, os alunos do COLUNI geralmente são alunos interessados em uma formação de qualidade. O colégio, integrado a Universidade Federal de Viçosa, oferece bolsas de iniciação científica, muito disputadas, e os alunos vivem diariamente o contato 1
com a Universidade. As dependências do colégio encontram-se dentro do Campus Universitário. Mas não são somente os alunos que se encontram integrados a Universidade. Os professores, que são no mínimo graduados na disciplina que ministram convivem com os professores da Universidade também e estão, portanto, mais pertos dos debates acadêmicos do que a maioria dos professores de outros colégios mais distantes da Universidade. Os alunos do COLUNI costumam se dedicar bastante aos estudos, pois a exigência dos professores e a dificuldade das provas são grandes. Os alunos dedicam bastante parte do seu tempo fazendo exercícios de disciplinas como Matemática e Química. Este trabalho notadamente é benéfico para os alunos que costumam ir muito bem em Olimpíadas de Física e Matemática conseguindo classificação para competições de nível internacional e apresentar trabalhos de pesquisa em simpósios de pesquisa nas mais variadas áreas, principalmente Biologia. As ciências humanas necessitam, portanto, legitimar o seu espaço. Se as outras áreas têm uma excelência de ensino reconhecida, disciplinas como a História, a Literatura e a Geografia buscam, cada qual em seu campo, serem reconhecidas também. Os professores dessas áreas costumam, portanto, criar práticas de ensino que consigam auxiliar os alunos no aprendizado e a fazer com que estes dediquem mais tempo aos estudos das suas disciplinas. Atividades das mais diversas são elaboradas e, muitas vezes, atendem a mais de uma disciplina, ou seja, criam práticas de ensino interdisciplinares que visam levar o aluno a compreender melhor cada disciplina. No início de cada ano letivo acontece uma reunião dos professores de todas as disciplinas de cada série para definir o calendário e as atividades extraclasse que serão desenvolvidas. É justamente nessa reunião que ocorre o planejamento das atividades interdisciplinares, bastante freqüentes no colégio. Durante o ano de 2005, os professores Duarte Magalhães Barbalho (História), Silvana Marchesani (Português e Literatura), além da professora Rita (Artes) da 3ª Série, aliados a professores das demais séries apresentaram o projeto de realizar uma Feira Cultural Temática que envolveria as três séries, cada uma com uma temática específica. O projeto foi aprovado na reunião de planejamento do início do ano e tiveram início as atividades. A análise que será feita a partir de agora é do acompanhamento de como esta prática de ensino foi desenvolvida apenas na 3ª série. Em primeiro lugar é importante ressaltar que para os alunos da 3ª série, este tipo de atividade já não é mais novidade, pois são práticas características do colégio e já trabalhadas com estes durante as duas primeiras séries. Os alunos, ao longo das três séries, fizeram uso de diversas fontes em aula como filmes, músicas, leram obras literárias, apresentaram seminários e desenvolveram atividades extraclasse também. O trabalho desenvolvido por eles na 3ª série, mostra apenas o que foi desenvolvido por eles em um ano, um exemplo do que foi marcante na formação destes alunos ao longo de todo Ensino Médio. Indo para o trabalho em si, a temática que seria trabalhada pelos alunos da 3ª série seria a influência do estado getulista na produção literária (e artística como um todo) nacional. Os alunos ficaram cientes dessa atividade logo nas primeiras aulas em fevereiro. A Feira Cultural só aconteceria em agosto, mas seria a apresentação final do trabalho desenvolvido por eles ao longo de todo ano. Outros trabalhos seriam desenvolvidos antes e por isso o contato com a temática que seria trabalhada se deu imediatamente. 2
O primeiro passo a ser dado pelos alunos era a escolha da obra literária que eles iriam querer trabalhar. É interessante notar que os alunos escolheram, em sua maioria, obras que seriam cobradas no vestibular. O pensamento dos alunos era de que já que teriam que ler um livro que fosse um que eles sabiam que teriam que ler de qualquer jeito (tabela 1). Tabela 1: Lista dos livros selecionados pelos alunos e instituições em que seriam cobrados. Livro Autor Número de Instituição Grupos Um Certo Capitão Rodrigo Érico Veríssimo 9 UFMG São Bernardo Graciliano Ramos 9 UFV Vidas Secas Graciliano Ramos 3 UFJF A Hora e a Vez de Augusto Guimarães Rosa 2 UFJF Matraga Incidente em Antares 1ª Érico Veríssimo 2 UFJF parte Terras do Sem Fim Jorge Amado 2 A Bagaceira José Américo de 2 Almeida Manuelzão e Miguelim Guimarães Rosa 1 O Quinze Rachel de Queiroz 1 Menino do Engenho José Lins do Rego 1 Esta escolha influenciada pelo vestibular faz com que diminuam o número de obras que podem ser trabalhadas, pois os alunos têm a liberdade de escolher qual obra querem ler, desde que ela atenda a temática cobrada. Em um total de 32 grupos, 25 escolheram obras que iriam ser cobradas nos vestibulares mais próximos, todavia os demais livros seriam cobrados em instituições mais distantes como O Quinze de Rachel de Queiroz na UNICAMP. Após a escolha da obra os alunos, além de preparar um seminário que discutisse a obra para ser apresentado em sala de aula, teriam que produzir um trabalho escrito que respondesse as seguintes questões: A importância da obra no período literário a que pertence; A influência do meio sobre os personagens; O enfoque dado pelo autor ao tema da obra; Se o autor ao abordar o tema, revela ou não um posicionamento; Se o autor é crítico perante a estrutura econômica, política e social do país; O tipo de linguagem adotada pelo autor; A trajetória do autor. Ao analisar estas questões, vemos que o aluno iria pesquisar e procurar entender o estado getulista e a sua produção literária em diversos aspectos, como o posicionamento político dos autores, suas satisfações e insatisfações com o regime político, a estrutura econômica, política e social do país entre outros aspectos que são muito pouco abordados em livros didáticos e que consumiriam um tempo de aula que o professor não tem disponível, pois tem que discutir todo o conteúdo que é exigido para uma série de 3º ano, além de apresentar outras fontes como músicas e vídeo aos alunos. Após a confecção dos textos e a apresentação dos seminários, os alunos da 3ª série tinham como próxima etapa dessa prática de ensino a Feira Cultural, assim como as duas outras séries. 3
É interessante aqui colocar as temáticas desenvolvidas pelos alunos de cada série para mostrar também um pouco de como esse trabalho se deu nas demais séries. (tabela 2). Tabela 2: Temáticas principais dos trabalhos de cada série. Série Temática Principal 1ª Folclore Nacional 2ª Romantismo 3ª Modernismo Dentro de cada série as temáticas principais foram divididas entre as turmas. Cada turma escolheria uma obra base e mostraria uma parte do movimento principal que caracterizava cada série (tabela 3). Tabela 3: Temáticas secundárias dos trabalhos de cada turma. Turma Temática Secundária 1ª A Negrinho do Pastoreio 1ª B Curupira 1ª C Boto-Rosa 1ª D Cobra Norato 2ª A Iracema, José de Alencar 2ª B Inocência, Visconde de Taunay 2ª C Festival de Parintins 2ª D O Gaúcho, José de Alencar 3ª A D. Flor e Seus Dois Maridos e Gabriela, Cravo e Canela, Jorge Amado 3ª B Mineiridade no Modernismo 3ª C Um Certo Capitão Rodrigo, Érico Veríssimo 3ª D A Bagaceira, José Américo de Almeida Após a escolha da temática secundária, cada turma procurou organizar uma apresentação teatral que fosse capaz de mostrar o trabalho que havia sido desenvolvido ao longo do ano. Essa apresentação seria a Feira Cultural, uma competição entre as salas que deveriam buscar de uma maneira divertida e engraçada o conteúdo do que havia sido estudado. A turma vencedora foi a 3ª D, com A Bagaceira de José Américo de Almeida. Após a Feira Cultural os alunos iriam ter a oportunidade de avaliar o trabalho desenvolvido ao longo do ano, mas uma semana depois as aulas do colégio foram suspensas devido à greve das Universidades Federais. As aulas foram suspensas na última semana de Agosto e só retornaram em Janeiro. Muitos alunos haviam pedido transferência e o questionário para avaliação só pode ser respondido por 45 alunos dos 159 que haviam no colégio antes da greve. Este questionário lançava ao aluno questões como o benefício dessa prática de ensino na sua formação, na integração dos alunos e na assimilação do conteúdo estudado. Se por um lado a greve fez com que muitos alunos não pudessem responder o questionário, por outro fez com que os que responderam o fizessem após os exames vestibulares, já tendo uma opinião mais concreta sobre como esta prática de ensino havia os beneficiado ou atrapalhado na realização das provas. Segue o questionário com suas respostas: 4
Questionário para os alunos do Coluni sobre a Feira Cultural. Histórico dos Alunos 1) Você cursou os 4 primeiros anos do Ensino Fundamental (1ª à 4ª série) em: a) Escola Pública. (24) (53,33%) b) Escola Particular. (16) (35,55%) c) Escola Pública e Particular. (5) (11,11%) 2) Durante esse período você desenvolveu alguma atividade extraclasse parecida com a Feira Cultural? a) Sim. Nas mesmas disciplinas que a Feira Cultural (História, Literatura, etc). (2) (4,44%) b) Sim. Mas em disciplinas diferentes (Matemática, Ciências, etc). (16) (35,55%) c) Sim. Em todas disciplinas. (12) (26,66%) d) Não. (15) (33,33%) 3) (Caso tenha respondido alternativa c na questão 1 e não tenha respondido d na questão 2.) Você participou desse tipo de atividade extraclasse em: a) Escola Pública. (0) b) Escola Particular. (2) (66,66%) c) Em ambas. (1) (33,33%) 4) Você cursou os 4 últimos anos do Ensino Fundamental (5ª à 8ª série) em: a) Escola Pública. (17) (37,77%) b) Escola Particular (23) (51,11%) c) Escola Pública e Particular. (5) (11,11%) 5) Durante esse período você desenvolveu alguma atividade extraclasse parecida com a Feira Cultural? a) Sim. Nas mesmas disciplinas que a Feira Cultural (História, Literatura, etc). (6) (13,33%) b) Sim. Mas em disciplinas diferentes (Matemática, Ciências, etc). (14) (31,11%) c) Sim. Em todas disciplinas. (20) (44,44%) d) Não. (5) (11,11%) 6) (Caso tenha respondido alternativa c na questão 4 e não tenha respondido d na questão 5.) Você participou desse tipo de atividade extraclasse em: a) Escola Pública. (2) (50%) b) Escola Particular. (0) c) Em ambas. (2) (50%) 7) Você cursou os 3 anos do Ensino Médio (1º à 3º ano) em: a) Escola Pública, sendo todos no Coluni. (39) (86,66%) b) Escola pública, sendo ao menos um ano em outro colégio sem ser o Coluni. (3) (6,66%) c) Escola Pública e Particular, sendo apenas o Coluni público. (3) (6,66%) d) Escola Pública e Particular, sendo ao menos um ano em outro colégio público sem ser o Coluni. (0) 8) (Caso não tenha respondido alternativa a na questão anterior) Durante esse período você desenvolveu alguma atividade extraclasse parecida com a Feira Cultural em outro colégio? a) Sim. Nas mesmas disciplinas que a Feira Cultural (História, Literatura, etc). (0) 5
b) Sim. Mas em disciplinas diferentes (Matemática, Ciências, etc). (2) (33,33%) c) Sim. Em todas disciplinas. (2) (33,33%) d) Não. (2) (33,33%) 9) (Caso tenha respondido alternativa d na questão 7 e não tenha respondido d na questão anterior). Você participou desse tipo de atividade, além do Coluni, em: a) Escola Pública. (0) b) Escola Particular.(0) c) Escola Pública ou Particular.(0) 10) Você prestou exame vestibular no fim do último ano? a) Sim. Para uma instituição de ensino superior. (8) (17,77%) b) Sim. Para duas instituições de ensino superior. (12) (26,66%) c) Sim. Para três ou mais instituições de ensino superior. (25) (55,55%) d) Não. (0) AVALIAÇÃO DA FEIRA CULTURAL 11) A elaboração dos trabalhos auxilia na assimilação do conteúdo da obra literária indicada? a) Sim. Muito. (19) (42,22%) b) Sim. Razoavelmente. (20) (44,44%) c) Sim. Pouco. (6) (13,33%) d) Não auxilia. (0) 12) Assistir a apresentação dos outros trabalhos auxilia na assimilação do conteúdo da obra literária apresentada? a) Sim. Muito. (10) (22,22%) b) Sim. Razoavelmente. (22) (48,88%) c) Sim. Pouco. (12) (26,66%) d) Não auxilia. (1) (2,22%) 13) A elaboração dos trabalhos auxilia na assimilação do conteúdo histórico correspondente à obra literária indicada? a) Sim. Muito. (17) (37,77%) b) Sim. Razoavelmente. (21) (46,66%) c) Sim. Pouco. (6) (13,33%) d) Não auxilia. (1) (2,22%) 14) Os trabalhos auxiliaram-no em sua formação crítica? a) Sim. Muito. (17) (37,77%) b) Sim. Razoavelmente. (16) (35,55%) c) Sim. Pouco. (10) (22,22%) d) Não auxiliou. (2) (4,44%) 15) Os trabalhos auxiliaram-no na integração dos alunos? a) Sim. Muito. (29) (64,44%) b) Sim. Razoavelmente. (13) (28,88%) c) Sim. Pouco. (3) (6,66%) d) Não auxiliou. (0) 16) Os trabalhos auxiliaram-no a esquecer a pressão do Vestibular? a) Sim. Muito. (7) (15,55%) b) Sim. Razoavelmente. (6) (13,33%) c) Sim. Pouco. (18) (40%) d) Não auxiliou. (14) (31,11%) 6
17) Os trabalhos, aliados a apresentação de seminários sobre as obras literárias em sala de aula, alem de vídeos, músicas e outras formas de mídia, instrumentos nãoconvencionais de ensino ao longo do tempo que você estudou no colégio: a) Auxiliaram muito na minha preparação para o Vestibular. (19) (42,22%) b) Auxiliaram razoavelmente na minha preparação para o Vestibular. (18) (40%) c) Auxiliaram pouco na minha preparação para o Vestibular. (8) (17,77%) d) Atrapalharam a preparação para o Vestibular. (0) 18) Os professores deram a ajuda necessária para a confecção e apresentação dos trabalhos? a) Sim. Muito. (26) (57,77%) b) Sim. Razoavelmente. (15) (33,33%) c) Sim. Pouco. (2) (4,44%) d) Não ajudaram. (2) (4,44%) 19) Você gostou de ter desenvolvido esse tipo de atividade durante o tempo que estudou no Coluni? a) Sim. Sempre. (29) (64,44%) b) Sim, mas só nos dois primeiros anos do Ensino Médio. Em ano de Vestibular atrapalha. (13) (28,88%) c) Não gostei. (2) (4,44%) 1 aluno não respondeu (2,22%) 20) Esse tipo de atividade para você: (Pode ser respondido com mais de uma alternativa, caso acredite que apesar de não auxiliar no aprendizado, este tipo de trabalho acrescente em mais de um fator). a) Auxilia no aprendizado de obras literárias e no aprendizado do conteúdo histórico. (38) (84,44%) b) Auxilia no aprendizado de obras literárias, porém não acrescenta no aprendizado do conteúdo histórico. (1) (2,22%) c) Auxilia no aprendizado do conteúdo histórico, porém não acrescenta no aprendizado das obras literárias.(3) (6,66%) d) Apesar de não auxiliar no aprendizado, esse tipo de atividade acrescenta na formação crítica dos alunos. (3) (6,66%) e) Apesar de não auxiliar no aprendizado, esse tipo de atividade acrescenta na integração dos alunos. (2) (4,44%) f) Apesar de não auxiliar no aprendizado, esse tipo de atividade acrescenta por ser uma forma de descontração no ano do Vestibular. (1) (2,22%) g) Não auxilia no aprendizado, nem acrescenta nada. (0) 21) Qual a avaliação síntese que você faz da utilização desse tipo de atividade pelos professores para a sua formação. a) Ótima. (6) (13,33%) b) Muito boa. (21) (46,66%) c) Boa. (14) (31,11%) d) Razoável. (3) (6,66%) e) Ruim. (1) (2,22%) f) Muito Ruim. (0) g) Nula.(0) 22) Se você fosse professor de História ou Literatura: a) Usaria os seminários, vídeos e outras formas de mídia e atividades como a Feira Cultural para ensinar os alunos. (31) (68,88%) 7
b) Usaria os seminários, vídeos e outras formas de mídia, mas não usaria atividades como a Feira Cultural para ensinar os alunos. (6) (13,33%) c) Usaria os seminários, atividades como a Feira Cultural, mas não usaria vídeos e outras formas de mídia para ensinar os alunos. (1) (2,22%) d) Usaria os vídeos e outras formas de mídia, atividades como a Feira Cultural, mas não usaria os seminários para ensinar os alunos. (7) (15,55%) e) Usaria apenas os seminários desses métodos. (0) f) Usaria apenas vídeos e outras formas de mídia desses métodos. (0) g) Usaria apenas atividades como a Feira Cultural desses métodos. (0) h) Não usaria nenhum desses métodos. (0) 23) Você realizou um cursinho pré-vestibular? a) Sim. (31) (68,88%) b) Não (13) (28,88%) 1 aluno não respondeu (2,22%) Fazendo uma rápida análise das respostas dos alunos vemos que estes aprovam de maneira considerável a utilização de práticas de ensino alternativas à simples aula expositiva. Cada vez que foram consultados sobre uma prática específica os alunos responderam concordando com a utilização desta em um número sempre variável de 70 a 80%. Mesmo quando perguntados sobre se seria prejudicial ao aluno dedicar-se a esse tipo de atividade em ano de vestibular os alunos consideraram em sua maioria que não dizendo que sempre gostaram de desenvolver estas atividades no colégio (questão 19) e que essas atividades os ajudaram muito ou razoavelmente na preparação para o vestibular (questão 17). Outro resultado interessante é o reconhecimento de que estas atividades auxiliam na formação de um cidadão crítico (questão 14) e na integração dos alunos (questão 15), não sendo para os alunos apenas uma maneira de aprender o conteúdo, mas sim uma prática que contribui para a sua socialização, dever importantíssimo de uma escola. Finalizando a análise do questionário, observemos que os alunos reconhecem tão positivamente as práticas de ensino relacionadas com as novas tendências no ensino de História que 68,88% dos alunos admitem que se fossem professores de História e/ou Literatura, usariam de TODOS os métodos que foram ministrados em suas aulas (filmes, músicas, teatro, seminários, leituras de obras literárias...) e NENHUM aluno respondeu que não usaria nenhum destes métodos. Conclui-se que após o desenvolvimento de atividades ligadas as novas tendências os alunos tendem a reconhecer que estas o ajudaram em sua formação como estudante e como cidadão. As práticas são sim alvos de críticas e tem seus defeitos, mas em geral, mostram-se benéficas aos alunos e gratificantes para os professores que têm a oportunidade de fornecer este tipo de prática de ensino. Quanto às críticas que apareciam de que o vestibular é só conteúdo e que isto atrapalharia os alunos no vestibular, estes alunos, formados com uma prática de ensino ligada às novas tendências dão a resposta. O vestibular realmente mudou, as questões nas provas de História e Literatura buscam que o aluno seja capaz de interpretar e formar o conhecimento, não apenas reproduzi-lo. Vestibulares de instituições como a UFV, a UFMG, a UFOP, a UFJF entre outros são adeptos das novas tendências e o sucesso dos alunos do COLUNI nos seus exames de seleção mostra que eles saem do colégio preparados para enfrentar estes desafios. Esta turma estudada teve um índice de aprovação de 69,18% dos alunos no vestibular (110 no total) até o dia oito de março de 2006 (as Universidades ainda estavam chamando alunos para ocupar vagas não preenchidas) e o COLUNI teve a oitava melhor média nacional no ENEM (segundo o 8
INEP), a maior do estado de Minas Gerais e a maior fora do eixo Rio-São Paulo. Fica difícil pensar que se não ajudasse no vestibular, este tipo de atividade ainda atrapalhasse o aluno no vestibular. 3-Conclusão A História caminha por novos caminhos, em muito ainda desconhecidos. As novas tendências precisam ainda ser aprimoradas, mas já se mostram como uma forma de ensino melhor, nos mais variados aspectos, do que a simples exposição do conhecimento ao aluno. A História adquire com a realização deste tipo de prática de ensino o status que lhe é de direito. A disciplina responsável pela formação crítica de um cidadão consciente do seu papel, dos seus direitos e dos seus deveres na sociedade. O papel de alguém que cotidianamente toma decisões nos campos mais variados e é capaz de ter um posicionamento diante destas decisões e das decisões dos outros cidadãos também. O aluno não só produz o conhecimento histórico, é agente histórico também e diante das suas escolhas é capaz de construir a sua própria história. A História crítica lhe oferece os subsídios para que isto seja feito da melhor maneira possível. 9