Civil 2 - Aula 10 - Modalidades de Pagamentos das Obrigações I. Por Marcelo Câmara

Documentos relacionados
DIREITO CIVIL. Aula 11. Obrigações II. Prof. Wander Garcia

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Do objeto do pagamento e sua prova. Código Civil art. 313 e seguintes

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL.

Direito das obrigações Aula III 03/03/17 1) Natureza 2) Objeto 3) Competência ação proposta no local de cumprimento da obrigação (quérable domicílio

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSO CIVIL. Reitera-se que os títulos executivos estão previstos no art. 784

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.

Teoria Geral das Obrigações

Adimplemento e Extinção das Obrigações

FACEMG - DIREITO CIVIL Breve revisão e exercícios sobre Consignação em pagamento (extrajudicial). PROFESSOR LEANDRO EUSTAQUIO

Direito Civil. Extinção das Obrigações II. Prof. Marcio Pereira

*Eu comprometo a comprar um carro, no meio do pagamento eu me mudo para Florianópolis. Pelo acréscimo, responde o credor.

Pratica Civil I 7º Semestre. AULA 07 Ação de Consignação em pagamento

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Fábio Cáceres. (Aula 06/06/2018) Extinção indireta.

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL. Extinção das obrigações.

PONTO 1: PAGAMENTO. PONTO 3: b) CONSIGNATÓRIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.

PÓS - GRADUAÇÃO LEGALE

Introdução. Espécies. Cessão de crédito. Assista ao curso completo sobre Transmissão das Obrigações

Direito Civil. Da Transmissão e Extinção das Obrigações I. Prof. Marcio Pereira

Direito Civil. Do Pagamento. Professora Tatiana Marcello.

Direito Civil. Curso Intensivo para Promotor de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA PAGAMENTO DIRETO. Curso de Pós-Graduação em Direito Civil e Processo Civil Direito das Obrigações

Direito das Obrigações I ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

DIREITO DO TRABALHO. Ações Especiais no Processo do Trabalho. Ação de consignação em pagamento. Prof. Cláudio Freitas

Classificação do Pagamento

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA ESPÉCIES DAS OBRIGAÇÕES

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

FACEMG - DIREITO CIVIL Pagamento em sub-rogação, imputação do pagamento e dação em pagamento PROFESSOR LEANDRO EUSTAQUIO

Nulidade Relativo Absoluto Legitimidade Parte e interessado Qualquer interessado - MP. Não convalesce decadencial Confirmação Sim Não

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL.

Prof. Anderson Nogueira

CURSO ESCOLA DE DEFENSORIA PÚBLICA Nº 62

Direito e legislação. Tópico III Direito das obrigações Contratos

Aula 17 TEORIA DO ADIMPLEMENTO

Prática Civil 2ª Fase OAB Junho/2013 QUESTÃO:

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. Artigos 539 a 549 do CPC Artigos 334 a 345 do CC

FACEMG - DIREITO CIVIL Consignação (judicial) em pagamento PROFESSOR LEANDRO EUSTAQUIO

Direito Civil III Contratos

Anderson Nogueira Oliveira Material de Aula Direito Civil IV Obrigações II Aula 2 e 3 (Cessão de Crédito e Débito)

DIREITO CIVIL. Contratos emespécie. Trocaou Permuta, Contrato Estimatório edoação. Prof. Vinicius Marques

Obrigações. Líquidas e ilíquidas;

Aula Introdução às Obrigações Solidárias: Por Marcelo Câmara

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO DA CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.

Direito das Coisas. VI - Direitos Reais em Coisa alheia

Prática Jurídica II Aula 07. Foed Saliba Smaka Jr. Curso de Direito ISEPE Guaratuba 2015/2

Institutos de Direito Aula - Garantias

Aula nº PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO (ARTS. 346 A 351).

Direito do Trabalho e Processo do Trabalho

NOTAS INTRODUTÓRIAS AO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES. RELAÇÃO JURíDICA OBRIGAClONAL

Bibliografia Carlos Roberto Gonçalves, Caio Mario, Orlando Gomes.

MODOS DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Direito Civil. Doação. Professor Fidel Ribeiro.

A CLÁUSULA PENAL possui limites em lei, desta forma não pode superar a 2%, previsão no art. 52, 1º do C.D.C.

PONTO 1: Obrigações Solidárias PONTO 2: Pagamento. 1. Obrigações solidárias

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.

Prof. MARCELO JESUS PARTE GERAL DOS CONTRATOS CONTRATOS EM ESPÉCIE

É o conjunto de regras reguladoras das relações jurídicas entre as pessoas e os bens materiais.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Está prevista no art. 473, parágrafo único do C.C.

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Fábio Cáceres (Aula 09/05/2018)

Direito Civil. Obrigação Solidária. Professora Tatiana Marcello.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL.

Pagamento em consignação, Pagamento com sub-rogação, Imputação do Pagamento, Dação em Pagamento, Novação, Compensação, Confusão, Remissão da dívida

Ação de Consignação em Pagamento e o novo CPC

DELEGADO DIREITO EMPRESARIAL

DIREITO CIVIL. Contratos emespécie. Depósito, Mandato, Comissão, Agência e Distribuição. Prof. Vinicius Marques

AULA 7. Procedimentos Especiais: Consignação em pagamento. Cabimento. É possível verificar as hipóteses de cabimento nos seguintes diplomas:

Direito Civil. Disposições Gerais do Penhor, Hipoteca e Anticrese. Professora Tatiana Marcello.

Código Civil - CC - L Parte Especial. Livro I Do Direito das Obrigações. Título III Do Adimplemento e Extinção das Obrigações

LEI Nº 8.245, DE 18 DE OUTUBRO DE 1991

SEFAZ DIREITO Empresarial Pré-prova Prof. Fidel Ribeiro

Ações judiciais na locação de imóveis urbanos

Pratica Civil I 7º Semestre. AULA 07 Ação de Consignação em pagamento

Aula 07 4) OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS

SEFAZ DIREITO empresarial Prof. Fidel Ribeiro

Transmissão das obrigações

Direito Civil. Empréstimo. Professora Tatiana Marcello.

Aula 03 TEMPO LOCAL MODO

DIREITO CIVIL VI AULA 3: Aceitação da Herança e Herança Vacante

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Civil. CERT Regular 6ª Fase

Direito Civil IV Aula 26. Foed Saliba Smaka Jr. Curso de Direito ISEPE Guaratuba 2015/2

160715B21 Direito Civil. Parte Geral Obrigações Contratos

CONTRATOS DE COMPRA E VENDA

DIREITO CIVIL. Contratos em Espécie. Corretagem, Transporte, Seguro, Constituição de Renda, J ogo e Aposta e Fiança. Prof.

Institutos de Direito Aula - Garantias

DA NOVAÇÃO. Acadêmica do curso de Direito, Faculdades Santa Cruz. Turma 9SA, Noturno,

Sumário. Palavras Prévias 12ª edição Prefácio Apresentação As Obrigações em Leitura Civil-constitucional... 25

PALAVRAS PRÉVIAS 8ª EDIÇÃO PREFÁCIO APRESENTAÇÃO

Sumário. Palavras Prévias 13ª edição Prefácio Apresentação As Obrigações em Leitura Civil-constitucional... 25

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Civil. Obrigações. Magistratura Estadual 11ª fase. Período

Sumário. Palavras Prévias 6ª edição Prefácio Apresentação... 23

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL.

Aula 02 CONTRATO DE COMPRA E VENDA

Transcrição:

Civil 2 - Aula 10 - Modalidades de Pagamentos das Obrigações I Por Marcelo Câmara

Sumário:

1. Pagamento em Consignação 1.1. Conceito: 1.2. Pressupostos: 1.3. Modalidades: 1.3.1. Depósito bancário: 1.3.2. Depósito judicial: 1.4. Efeitos jurídicos: 2. Pagamento com Sub-Rogação 2.1. Conceito: 2.2. Pressupostos: 2.3. Modalidades: sub-rogação legal e sub-rogação convencional: 2.4. Efeitos jurídicos:

3. Dação em Pagamento: 3.1. Conceito: 3.2. Pressupostos: 3.3. Efeitos jurídicos: 4. Remissão 4.1. Conceito: 4.2. Pressupostos: 4.3. Espécies: 4.4. Efeitos jurídicos:

Desenvolvimento:

1. Pagamento em Consignação: Lei 10.406 de 2002: Capítulo II - Do pagamento em consignação: Arts. 334 a 345. Lei 13.105 de 2015: Capítulo I - Da ação de consignação em pagamento: Arts. 539 a 549.

1.1. Conceito: Nesse sentido, afirma Washington de Barros Monteiro (p. 269) que: A consignação é simultaneamente instituto de direito civil e de processo. A substância e os seus efeitos são de direito privado, mas a forma constitui matéria de direito adjetivo.

1.1. Conceito: Atualmente, no Direito brasileiro, o pagamento em consignação é tido como meio indireto de cumprimento da obrigação, sendo um instituto uno que se forma a partir de regras de Direito material e de Direito processual conforme se depreende, principalmente, nos arts. 334 do CC.

1.1. Conceito: CC - Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

1.1. Conceito: NCPC - Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

1.2. Pressupostos: O pagamento em consignação deve ser considerado meio excepcional de cumprimento da obrigação e pode ser realizado nas hipóteses enumeradas no art. 335, CC: Saliente-se, no entanto, que não cabe consignação em face de credor incapaz ou antes do vencimento da dívida.

1.2. Pressupostos: - dificuldade ou resistência (expressa ou tácita) injusta do credor (inc. I); - omissão do credor em dívida querable (inc. II); - incapacidade do credor para receber, não possuindo representante legal (inc. III);

1.2. Pressupostos: - credor desconhecido (ex.: títulos ao portador) ou ausente; residência do credor em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil quando se tratar de dívida portável (inc. III); -dúvida sobre a identidade do credor (inc. IV); - litígio sobre o crédito da obrigação (trata-se de litígio sobre a res debita ) (inc. V).

1.2. Pressupostos: Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

1.2. Pressupostos: Art. 335. (...): III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

1.3. Modalidades: O pagamento em consignação constitui caracterização da mora accipiendi e pode ocorrer em duas modalidades, conforme o art. 334 do CC: Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.

1.3.1. Depósito bancário: O art. 334, CC, autoriza que o devedor ou terceiro realizem o depósito em estabelecimento bancário oficial. a. Bancos oficiais são os bancos múltiplos com carteira comercial e os bancos comerciais federais e estaduais e a Caixa Econômica Federal, conforme Resolução n. 2.814/01, BACEN.

1.3.1. Depósito bancário: b. Nas localidades onde não houver estabelecimento oficial o depósito pode ser realizado em instituições bancárias privadas. c. O depósito deve ser realizado na localidade designada como lugar do pagamento (art. 337, CC).

1.3.1. Depósito bancário: d. Por meio de carta com aviso de recebimento a instituição bancária cientificará o credor, concedendo-lhe dez dias para a declaração de recusa. Na forma do Art.539, 1º, do NCPC:

1.3.1. Depósito bancário: Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.

1.3.1. Depósito bancário: d.1.não se manifestando, presume-se que aceitou. Recusando o depósito o consignante deverá propor a respectiva ação no prazo de trinta dias, instruindo-a com o comprovante do depósito e com a recusa do credor. d.2. Caso a ação não seja proposta, o depósito fica sem efeito e o consignante poderá levantá-lo.

1.3.2. Depósito judicial: O art. 334, CC, também autoriza o depósito judicial que se fará por meio da ação de consignação que deve ser ajuizada no lugar do pagamento. a. A ação de consignação em pagamento tem natureza declaratória.

1.3.2. Depósito judicial: b. Se não houve depósito bancário prévio, o consignante deverá depositar o objeto do pagamento no prazo de cinco dias contados do deferimento. Art. 543 do NCPC:

1.3.2. Depósito judicial: Art. 543. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito.

1.3.2. Depósito judicial: c. Tratando-se de coisa incerta, sendo do credor a escolha, antes de proceder o depósito o devedor deve dar oportunidade para o credor realizar a concentração. Art. 342, CC:

1.3.2. Depósito judicial: Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente.

1.3.2. Depósito judicial: d. O devedor poderá fazer o levantamento do depósito realizado se a ação for julgada improcedente ou se o credor não declarar que a aceita ou não contestar o pedido, caracterizando desistência da ação. Art. 338, CC:

1.3.2. Depósito judicial: d. O devedor poderá fazer o levantamento do depósito realizado se a ação for julgada improcedente ou se o credor não declarar que a aceita ou não contestar o pedido, caracterizando desistência da ação. Art. 338, CC:

1.3.2. Depósito judicial: Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito.

1.3.2. Depósito judicial: e. Após a aceitação ou contestação do pedido o devedor só poderá fazer o levantamento com anuência expressa do credor, o que configuraria novação. Art. 340, CC:

1.3.2. Depósito judicial: Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os codevedores e fiadores que não tenham anuído.

1.3.2. Depósito judicial: f. Os credores do credor só poderão realizar o levantamento do depósito se tiverem expressa autorização deste.

1.4. Efeitos jurídicos: 1. O depósito por si não constitui pagamento, nem tem efeito de liberar o devedor e extinguir a obrigação. 2. O depósito não provoca a transferência de domínio. Esta apenas ocorrerá quando o credor fizer o seu levantamento ou houver trânsito em julgado da procedência da ação de consignação.

1.4. Efeitos jurídicos: 3. Com o depósito cessam as garantias pessoais e reais (art. 337, CC) que só subsistirão no caso de improcedência da ação de consignação. Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente.

1.4. Efeitos jurídicos: 4. Para que a consignação tenha força de pagamento é preciso que seja realizada observando as pessoas, o objeto, o modo e o tempo ajustados para o pagamento da obrigação (art. 336, CC). Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.

2. Pagamento com Sub-Rogação: Capítulo III - Do pagamento com sub-rogação Lei 10.406 de 2002 Arts. 346 a 351 Lei 13.105 de 2015 Arts. 725, II; 778, 1, IV; 857, 1 e 2.

2.1. Conceito: Temos o fenômeno da sub-rogação quando na relação jurídica se verifica a substituição de uma pessoa por outra, ou de um objeto por outro. A função primordial da sub-rogação é de índole substitutiva, pelo fato de conceder a um terceiro a possibilidade de substituir o credor, podendo ser ressarcido pelo devedor em momento ulterior. Secundariamente, há uma função de garantia, eis que o credor terá a segurança de recebimento do pagamento.

2.2. Pressupostos: 1. Existência do vínculo obrigacional. 2. Res debita representada por obrigação de dar ou de fazer fungível. 3. Pagamento por iniciativa de terceiro. 4. Substituição do credor primitivo pelo terceiro. 5. A lei não exige forma especial. No entanto, tratando-se de sub-rogação convencional a doutrina manifesta-se pela necessidade de se impor forma solene.

2.3.1 Sub-rogação legal: Ocorre automaticamente quando verificadas as hipóteses do art. 346, CC (taxativo). Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: (...) Assim, são hipóteses de sub-rogação legal:

Art. 346. (...) 2.3.1 Sub-rogação legal: I - do credor que paga a dívida do devedor comum; II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.

2.3.2 Sub-rogação convencional: Decorre de acordo expresso de vontade entre terceiro não interessado e credor ou entre terceiro e devedor (art. 347, CC), mas a avença só produzirá efeitos perante terceiros com o registro do contrato no Cartório de Títulos e Documentos (art. 129, Lei de Registros Públicos).

2.3.2 Sub-rogação convencional: Art. 347. A sub-rogação é convencional: I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

2.4. Efeitos jurídicos: 1. A sub-rogação constitui efeito do pagamento seu principal efeito consiste na substituição do credor primitivo pelo terceiro que efetuou o pagamento. 2. Se o pagamento for parcial, a sub-rogação também será parcial. Neste caso, o credor originário deverá ter preferência sobre o sub-rogado (art. 351, CC).

2.4. Efeitos jurídicos: Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.

2.4. Efeitos jurídicos: 3. A sub-rogação pessoal também tem como efeito a continuidade da relação obrigacional. Altera-se apenas o credor originário. 4. A sub-rogação pessoal tem efeito liberatório porque exonera o devedor em face do credor originário; e translativo quando permite a transmissão de atos com seus acessórios (art. 349, CC).

2.4. Efeitos jurídicos: Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores.

2.4. Efeitos jurídicos: 5. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até a soma que tiver desembolsado (art. 350, CC). 6. Sendo a sub-rogação convencional, deverão lhe ser aplicadas as regras da cessão de crédito.

2.4. Efeitos jurídicos: 7. O devedor poderá opor ao sub-rogado as defesas que possuía em face do credor originário. 8. A sub-rogação legitima o sub-rogado a promover a execução ou a continuá-la.

3. Dação em Pagamento: Capítulo V - da dação em pagamento arts. 356 a 359:

3.1. Conceito: Trata-se, desta forma, de exceção à regra geral de pagamento prevista no art. 313, CC, configurando-se negócio jurídico bilateral e oneroso de alienação. CC - Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

3.1. Conceito: Conceitua Paula Nader (2010, p. 351) é negócio jurídico bilateral [e liberatório] pelo qual o debitor cumpre a obrigação com prestação diversa da devida originalmente. O adimplemento se faz com objeto diferente do estabelecido no ato negocial, mas com a concordância do creditor.

3.2. Pressupostos: 1. Existência de vínculo obrigacional. 2. Cumprimento da obrigação. Não basta acordo visando a troca da coisa devida, é necessário que haja animus solvendi. O ato tem caráter translatício, conforme a natureza dos bens dados em substituição (art. 307, CC) e, portanto, exige capacidade para entrega e capacidade para aceitação.

3.2. Pressupostos: Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele consistiu. Parágrafo único. Se se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.

3.2. Pressupostos: 3. Diversidade da prestação oferecida. Pressupõe a disponibilidade da coisa. 4. Consentimento do credor (exige capacidade para anuir). a. Não há possibilidade de realizar ação judicial para obrigar o credor a receber coisa diversa. b. O consentimento pode ser expresso ou tácito.

3.2. Pressupostos: 5. A dação pode ser realizada em obrigações em que há solidariedade passiva, sem a necessidade do consentimento de todos os devedores. No entanto, havendo solidariedade ativa, entende-se ser necessário o consentimento de todos os credores.

3.2. Pressupostos: 6. Veda-se a dação em pagamento: a. No caso de venda de ascendente a descendente sem a concordância dos demais descendentes (art. 496, CC). b. Quando não se fizer reserva de bens ou renda necessária à subsistência (art. 548, CC). c. Em vendas decorrentes de autorização judicial, salvo anuência expressa.

3.2. Pressupostos: Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.

3.2. Pressupostos: Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.

3.3. Efeitos jurídicos: 1. Admite-se qualquer tipo de substituição da res debita (art. 356, CC): CC - Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.

3.3. Efeitos jurídicos: 2. Se a dação constituir em pagamento com bem móvel ou imóvel, a fixação de seu preço deverá obedecer as regras da compra e venda (art. 357, CC): CC - Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.

3.3. Efeitos jurídicos: 3. Se a dação se dá por substituição da coisa por título de crédito, aplicar-se-ão as regras das cessões de crédito (art. 358, CC): CC - Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão.

3.3. Efeitos jurídicos: 4. Aplicam-se à dação as regras da evicção (art. 359, CC): Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros.

3.3. Efeitos jurídicos: 5. A dação em pagamento também impõe ao devedor a responsabilidade pelos vícios redibitórios (art. 441, CC): CC - Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.

4. Remissão: Capítulo IX - Da remissão das dívidas arts. 385 a 388:

4.1. Conceito: Dá-se a remissão da dívida quando o titular do crédito, sem prejuízo de terceiro, espontaneamente libera o devedor da obrigação, sem pagamento, e este a aceita.

4.1. Conceito: Na linguagem comum, é ato de renúncia, sob o aspecto jurídico, o ato de remitir não se confunde com o de renunciar, pois enquanto aquele é negócio jurídico bilateral, este é unilateral. A remissão, portanto, é declaração receptícia de vontade.

4.1. Conceito: Diferencia-se dos demais modos indiretos de pagamento porque o dever de prestar a cargo do devedor, extinguese, sem que o direito de crédito chegue a funcionar e sem que haja, por conseguinte, uma qualquer satisfação, nem sequer potencial ou indireta, do interesse do credor.

4.2. Pressupostos: Temos que analisar, inicialmente, o art. 386 do CC: Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.

4.2. Pressupostos: 1. Intenção de perdoar: 2. Capacidade para o ato (deve ser aferida no momento que se efetivou) e livre disposição dos bens (legitimação). 3. Aceitação do devedor (pode ser expressa ou tácita). 4. Não prejuízo de terceiro.

4.2. Pressupostos: 5. Forma livre (arts. 386 e 387, CC). 6. A remissão pode estar sujeita a termo ou a condição. 7. Pode abranger dívidas futuras, uma vez que irrelevante o vencimento da dívida. 8. Pode ter origem em ato inter vivos ou causa mortis.

4.3. Espécies: 1. Total: alcança a integralidade da prestação. 2. Parcial: alcança parte da prestação (percentagem, juros,...). 3. Expressa: decorre de declaração de vontade expressa do credor e aceitação do devedor.

4.3. Espécies: 4. Tácita: ocorre quando a dívida é representada por instrumento particular e o credor o entrega voluntariamente ao devedor, criando uma presunção de pagamento (art. 324, CC) e provando a desoneração do devedor (art. 386, CC).

4.3. Espécies: Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento. Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.

4.3. Espécies: Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.

4.4. Efeitos jurídicos: 1. Os efeitos da remissão se operam a partir do momento em que o devedor aceita a liberalidade. 2. Estando a dívida garantida por bem penhorado, a entrega deste bem ao seu dono representa apenas remissão quanto à garantia e não quanto à dívida (art. 387, CC).

4.4. Efeitos jurídicos: Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida.

4.4. Efeitos jurídicos: 3. Se o credor libera da obrigação um dos codevedores os demais continuam coobrigados, descontada a quota remitida (arts. 277 e 388, CC).

4.4. Efeitos jurídicos: Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.

4.4. Efeitos jurídicos: Art. 388. A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.

Conclusão:

Que a Força esteja com Todos! Vida Longa e Próspera: