fls. 522 ACÓRDÃO Registr o: 2016.0000764511 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1059827-28.2014.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante VALDENIR SOARES DE OLIVEIRA e é apelada ACE SEGURADORA S/A. ACORDAM, em 28ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores DIMAS RUBENS FONSECA (Presidente) e CESAR LACERDA. São Paulo, 18 de outubro de 2016. Celso Pimentel REL ATOR Assinatura Eletrônica
fls. 523 Voto nº 34.749 Apelação nº 1059827-28.2014.8.26.0100 38ª Vara Cível do Foro Central da Capital Apelante: Valdenir Soares de Oliveira Apelada: ACE Seguradora S/A 28ª Câmara da Seção de Direito Privado Porque quando da reclamação, quer dizer, do ajuizamento da ação pelas empresas tomadoras, já não mais havia cobertura, mantém-se o decreto de improcedência da demanda declaratória promovida pelo segurado contra a seguradora. Autor apela da respeitável sentença que lhe rejeitou demanda ajuizada contra seguradora. Insiste na pretensão, a declaração de que é injusta a recusa à prometida cobertura pelo seguro D&O do sinistro, a propositura de ação de responsabilidade por empresas do grupo do qual foi administrador. Afirma-se segurado, atribui às empresas a condição de tomadoras e invoca a boa-fé contratual. Argumenta com a apólice vigente à época e com a impertinência de posteriores alterações. Acrescenta que ao prazo complementar e mínimo de doze meses cede o de usual extensão de trinta e seis meses, sem se exigir novo contrato de adesão, o que pressuporia disposição clara e direta, com interpretação favorável ao aderente. Defende a tempestividade da reclamação e a irrelevância da recuperação judicial das tomadoras, que antecede a apólice, sem exclusão prevista, e com a qual o sinistro não guarda relação direta. Lembra que seu nome não constou do endosso da primeira apólice, porque então não fazia Apelação nº 1059827-28.2014.8.26.0100 - Cr 25916e 2
fls. 524 parte do quadro diretivo, e que, no segundo, havia deixado o cargo há três meses. Relação apontada tem natureza exemplificativa, prossegue, não exclui outros administradores que nela não foram citados, como se deu na nova apólice, e arremata que assumiu a função em substituição a administrador nominado e destituído, sem provocar desequilíbrio no ajuste. Vieram preparo e resposta. É o relatório. A pretensão consiste na declaração da relação entre a ré, seguradora, e o autor, que se afirma segurado, que a ele gere direito à cobertura de apontado sinistro, a indenização buscada em demanda judicial das tomadoras do seguro (fls. 90/138), empresas que ele dirigiu. A causa de pedir reside no seguro D&O Directors and Officers, objeto de apólice identificada, que, segundo a inicial, cobre custos de defesa em ação de responsabilidade civil, mesmo das tomadoras (fl. 4). Ao contestar (fls. 285/296), a seguradora apresentou recusa à cobertura fundada a) na falta de condição do autor de segurado, b) no fim da vigência da apólice antes da reclamação com notificação em 28 de janeiro de 2013, c) na exclusão de atos e fatos relacionados à recuperação judicial das tomadoras e d) na exclusão, prevista na segunda apólice, de reclamações movidas por elas em face do segurado. A dupla fundamentação da recusa Apelação nº 1059827-28.2014.8.26.0100 - Cr 25916e 3
fls. 525 administrativa da seguradora (fls. 53/55) não a inibia de ampliá-la, como a ampliou, na defesa em Juízo. A apólice, a de nº 17.10.001511.28, a primeira e a única que interessa, com vigência entre 1º de dezembro de 2009 e 1º de dezembro de 2010 (fl. 16/52), dispunha que segurados eram todos que tenham ocupado, ocupassem ou viessem a ocupar cargo ou função que implique tomada de decisões ou responsabilização pessoal pelas omissões e por atos praticados no exercício da função da administração das empresas tomadoras (fls. 23/24). Eleito em 7 de abril de 2010 em substituição a antecessor nominado (fls. 59/60), o autor se tornou administrador e, portanto e pouco importa que seu nome não se tenha compreendido entre os indicados, era segurado. A propósito e para tal fim, o que constou da segunda apólice, a de nº 17.10.0002173.28 (fls. 200/238), era e é irrelevante, está visto, porque sua vigência sucede ao momento em que, cinco meses depois da admissão, o autor deixou o cargo em 30 de setembro de 2010 (fls. 83/89). Assim e não porque houve mera afirmativa, a legitimidade ativa fica reconhecida. Apesar disso e porque se tratava, não de apólice à base de ocorrência, mas de apólice à base de reclamações com notificação (fl. 17), a cobertura pressupunha, além do vínculo dos fatos ao tempo em que o autor atuou como Apelação nº 1059827-28.2014.8.26.0100 - Cr 25916e 4
fls. 526 administrador, o que está presente, reclamação na sua vigência ou no prazo complementar de um ano. Contado tal prazo da cessação das funções, chegar-se-ia a 30 de setembro de 2011. Contado, como o contou a respeitável sentença, do termo final da vigência da segunda apólice, em face da renovação, o prazo se exauriu em 1º de dezembro de 2012. Daí que, quando da reclamação, quer dizer, do ajuizamento da ação pelas tomadoras contra o autor, em 28 de janeiro de 2013 (fls. 90/138 e 330), já não mais havia cobertura. Relação de consumo, que se admitisse, e natureza de adesão do contrato não alteram a conclusão, porque, sem obscuridade, o prazo complementar de trinta e seis meses, não de doze, dependia de fixação deu. improcedência da demanda. ao apelo. podendo ser fixado, que não se Mantém-se, pois, o decreto de Pelas razões expostas, nega-se provimento Celso Pimentel relator Apelação nº 1059827-28.2014.8.26.0100 - Cr 25916e 5