INFLUÊNCIA DO CULTIVO ORGÂNICO COBERTO SOBRE O CONTEÚDO DE ANTOCIANINAS EM ALFACE ROXA J.L Cruz 1, L.M. Martins 2, K.G. Oliveira 3, E.C. Silva 4, L.A. Carlos 5 1- Departamento de Engenharia de Alimentos Universidade Federal de São João del-rei, Campus Sete Lagoas, C. Postal 56, CEP: 35701-970 Sete Lagoas MG Brasil, Telefone: (31)3697-2003 e-mail: (jessicalorena.c@hotmail.com). 2- Programa de Pós Graduação em Ciências Agrárias Universidade Federal de São João del Rei, Campus de Sete Lagoas, MG CEP: 35702-031, Telefone: (031)3697-2003 e-mail: (lumamartins31@yahoo.com.br). 3- Departamento de Ciências Agrárias Universidade Federal de São João del-rei, Campus Sete Lagoas, C. Postal 56, CEP: 35701-970 Sete Lagoas MG Brasil, Telefone: (31)3697-2003 e-mail: (clarete@ufsj.edu.br). 4- Departamento de Ciências Agrárias Universidade Federal de São João del-rei, Campus Sete Lagoas, C. Postal 56, CEP: 35701-970 Sete Lagoas MG Brasil, Telefone: (31)3697-2003 e-mail: (keniagrasielle@hotmail.com). 5- Departamento de Engenharia de Alimentos Universidade Federal de São João del-rei, Campus SeteLagoas, C. Postal 56, CEP: 35701-970 Sete Lagoas MG Brasil, Telefone: (31)3697-2003 e-mail: (lanamar@ufsj.edu.br). RESUMO A alface roxa Lactuca sativa L. possui uma grande quantidade de antocianinas em sua composição oferecendo benefícios a saúde, podendo assim estar incluída entre os alimentos funcionais. Este trabalho objetivou avaliar a influência de dois sistemas de cultivo orgânico (com cobertura plástica e em céu aberto) sobre o conteúdo de antocianinas em alface roxa mimosa. O experimento foi conduzido na Fazenda Vista Alegre em Capim Branco-MG, o delineamento experimental foi blocos casualisados com 2 tratamentos e 3 repetições. O conteúdo de antocianinas totais foi avaliado pelo método do ph diferencial. Verificou-se que o sistema de plantio não influenciou no conteúdo de antocianinas das alfaces orgânicas. PALAVRAS- CHAVE: Lactuca sativa l., alimentos funcionais, compostos bioativos. ABSTRACT The purple lettuce Lactuca sativa l. has a large quantity of anthocyanins in your composition offering benefits to health, therefore it can be included among the functional food. This paper aimed evaluates the influence of two organic cultivation systems (with plastic cover and open sky) over the anthocyanins content in purple mimosa lettuce. The experiment was conducted in Vista Alegre farm, located in Capim Branco-MG, the experimental design was randomized blocks with 2 treatments and 3 repetitions. The anthocyanins total content was valued by ph differential method. It was found that the planting system did not influence in anthocyanins content of organic lettuce. KEYWORDS: Lactuca sativa l., functional food, bioactive compounds.
1. INTRODUÇÃO O cultivo de hortaliças representa uma parcela importante na agricultura. (Bezerra Neto, 2005). E estas hortaliças, em geral, possuem grandes concentrações de compostos bioativos que têm a função de nos proteger de estresses oxidativos, dentre eles podemos citar os carotenóides, flavonóides, compostos fenólicos, dentre outros (Souza, 2012). Os flavonoides vêm despertando um grande interesse devido a estudos epidemiológicos que mostram que uma dieta rica nestes compostos está associada ao baixo risco de doenças cardiovasculares e algumas formas de câncer (Huber, Rodriguez-Amaya, 2008). A alface é a hortaliça folhosa mais comercializada no Brasil e entre estas hortaliças folhosas a Lactuca sativa l. é considerada como o componente básico das saladas dos domicílios domésticos e comerciais. É um dos alimentos com maiores teores de água, cerca de 94, 4%, além de fornecer vitaminas A, B1, B2 C e sais minerai como ferro e cálcio. Dentre as variedades de hortaliças encontradas no mercado, algumas apresentam coloração roxa devido à presença do pigmento antocianina, como por exemplo, a alface Mimosa (Sousa, 2012). A alface roxa em comparação com a alface verde traz mais benefícios à saúde, em função da presença de compostos fenólicos fibras e vitamina C, além de possuir maior capacidade antioxidante, podendo ser considerada como alimento funcional (Cecatto, 2012). Nos últimos anos o mercado de produtos orgânicos e sistemas sustentáveis vêm aumentando, sistemas que devem satisfazer as necessidades humanas, melhorar a qualidade ambiental, de maneira que produza mudança nos hábitos de consumo com ênfase na saúde e aspectos nutritivos do alimento (Keske, 2004). A agricultura orgânica é definida como a produção de alimentos de origem vegetal e animal sem a utilização de agrotóxicos e adubo químico sintético ou outros agentes (Melloet al., 2003). Este tipo de plantio pode ser encontrado de duas formas, campo coberto e em céu aberto, sendo que no primeiro a proteção pode ser de telados, estufas, cobertura de palha ou tela plástica, como polipropileno e polietileno (Costaet al, 2011). As telas de sombreamento podem diminuir a incidência de raios solares, proporcionando temperaturas mais amenas. A radiação proveniente de regiões que possuem temperatura e luminosidade elevadas pode afetar a produção de mudas de alface diminuindo sua qualidade e as telas de polipropileno podem contribuir para a diminuição dos efeitos maléficos dessa radiação, conduzindo as hortaliças dentro de uma luminosidade ótima (Costa et al, 2011). Aumentando assim a qualidade das folhas para o consumo (Bezerra Neto et al, 2005). O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de dois sistemas de cultivo orgânico, sendo um em céu aberto e o outro sob cobertura plástica de polipropileno, sobre o conteúdo de antocianinas em alface roxa mimosa cultivada em Sete Lagoas, Minas Gerais. 2. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Fazenda Vista Alegre no município de Capim Branco-MG (colocar as coordenadas), que possui certificação de produção orgânica. O experimento foi realizado nos
meses de outubro a dezembro de 2014 desenvolvido em dois sistemas de cultivo, o primeiro denominado ambiente a céu aberto e o outro sob cobertura plástica. O experimento foi conduzido sob sistema orgânico de produção, sendo parte ao ar livre e outra parte sob cobertura com lona plástica posicionada a 3 metros do canteiro. As mudas de alface roxa (variedade roxa mimosa) foram produzidas em bandejas plásticas com 128 células utilizando húmus como substrato em casa de vegetação. Após 30 dias de semeadura, foram transplantadas em canteiros seguindo o delineamento em blocos casualisados com 3 repetições. Em cada parcela foram utilizadas 9 plantas de alface centrais colhidas 35 dias após o transplantio. Os tratamentos foram constituídos de dois sistemas de plantio: sob cobertura plástica, e ao ar livre, ambos em sistema orgânico. As plantas foram irrigadas todos os dias durante o período da manhã e da tarde. As colheitas foram realizadas pela manhã e as alfaces transportadas sob refrigeração imediatamente para o Laboratório de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFSJ Campus Sete Lagoas, onde foram lavadas e preparadas para as análises de antocianinas totais. A determinação do conteúdo de antocianinas totais foi feita segundo o método do ph diferencial (Giusti e Wrolstad, 2001). A absorbância foi lida em espectrofotômetro FENTO a 510 e 700 nm.os resultados foram expressos em mg de cianidina-3-glicosídio/ 100g de matéria fresca. As análises foram realizadas em triplicata. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F, e as médias comparadas pelo teste de Tukey com 5 % de probabilidade utilizando-se o programa estatístico Sisvar, v. 5.3. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As alfaces foram plantadas a céu aberto e em estrutura com cobertura parcial, apenas superior, que de alguma forma impedia, parcialmente, a passagem de luz e a interferência de fatores ambientais. No entanto, o resultado da análise de variância dos dados obtidos para alface roxa mostrou não haver diferenças significativas (P 0,05) entre os dois sistemas de cultivo para o conteúdo de antocianinas totais. As alfaces cultivadas ao ar livre apresentaram teor de antocianinas totais, em média, de 1,98 mg de cianidina-3-glicosídio/100 g base fresca, que foram estatisticamente semelhantes às plantas sob cobertura de plástico (1,57 mg de cianidina-3-glicosídio/100g base fresca). De acordo com Mota et al. (2009), os porta-enxertos, que são criações de mudas através de implantações de um broto de uma planta na base de outra, baseiam-se na melhor adaptação que as uvas possuem às condições ambientais e à compatibilidade da copa, sendo de fundamental importância na escolha e formação da muda. Esse observou resultados semelhantes aos aqui obtidos, ao avaliar a influência de diferentes porta-enxertos sobre as características da uva Bordô cultivada em Caldas, MG, sob adubação convencional. A partir dos seus resultados, ele verificou que as uvas cultivadas sobre o porta-enxerto IAC-766 não diferiu das cultivadas sobre RipáriadoTraviú em acúmulo de antocianinas de uvas Bordô. Contudo foi observado visualmente que a coloração arroxeada das plantas, conferida pelas antocianinas, no cultivo a céu aberto foi mais pronunciada quando comparada com as plantas sob cobertura de plástico. Portanto, ao contrário dos resultados aqui observados, Detoni et al (2007) verificaram que não houve diferença na coloração das uvas sob cobertura de plástico, apesar de terem sido detectadas menores quantidades de antocianinas. Calvete e colaboradores (2008)
também observaram que morangos cultivados em ambiente protegido apresentaram maior concentração de flavonóides em relação aos de campo aberto. 4. CONCLUSÕES O teor de antocianinas totais em alface roxa do cultivar mimosa produzida em sistema orgânico não foi influenciado pela cobertura de plástico. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio da Universidade Federal de São João del-rei, à FAPEMIG e ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) - CVT Guayi, pelo apoio financeiro ao projeto. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEZERRA-NETO, F.; ROCHA, R.H.C.; de NEGREIROS, M.Z.; LEITÃO, M.M.V.B.R.; NUNES, G.H.S.; SOBRINHO, J.E.;QUEIROGA, R.C.F.; Sombreamento para Produção de Mudas de Alface em Alta Temperatura e Ampla Luminosidade; Hortic. Bras. v.23,n.1, p.133-137, Brasília Janeiro/Março, 2005. CALVETE, W. O.; WESP, C.L.; NIENOW, A. A.; CASTILHOS, T.; CECCHETTI, D.; Fenologia, Produção e Teor de Antocianinas de Cultivares de Morangueiro em Ambiente Protegido; Rev. Bras. de Frut., Jaboticabal/São Paulo Junho, 2008. CECATTO, A. P.; Sistemas de Cultivo do Morangueiro, Figueira e alface sob Consórcio e Monocultivo em Ambiente Protegido; Univ. Fed. de Passo Fundo, Dissertação de Mestrado; Rio Grande do Sul Fevereiro, 2012. COSTA, C. M. F.; JÚNIOR, S. S.; ARRUDA, G. R.;SOUZA, S. B. S.; Desempenho de Cultivares de Rúcula sob Tela de Sombreamento e Campo Aberto; Semin. de Ciênc. Agrár., Londrina/Paraná - Janeiro/Março, 2011. DETONI, A. M.; CLEMENTE, E.; FORNARI, C. Produtividade e Qualidade das Uvas Carbenet Salvignon Produzida sob Cobertura de Plástico em Cultivo Orgânico; Rev. Bras. de Frutic., Jaboticabal/São Paulo Dezembro, 2007. GIUSTI M. M.; WROLSTAD, R. E. Anthocyanins: characterization and measurement with UVvisible spectroscopy. In: WROLSTAD, RE. (Ed.).Current protocols in food analytical chemistry. New York: John Wiley & Sons, (unit. F1.2) 1-13.2001.
HUBER, L. S.; RODRIGUEZ AMAYA, D. B.; Flavonóides e Flavonas: Fontes Brasileiras Que Influenciam a Composição em Alimentos; Revista Alim. Nutr.; Araraquara/São Paulo Janeiro/Março, 2008. KESKE, C.; Controle fitossanitário e qualidade de frutos em ameixeira e pessegueiro sob sistema orgânico no Alto Vale do Itajaí, SC Florianópolis; Dissertação de Mestrado, Florianópolis/Santa Catarina; 2004. MOTA, R. V.; de SOUZA, C. R.; FAVERO, A. C.; SILVA, C. P. C.; do CARMO, E. L.; FONSECA, A. R.; DE ALBUQUERQUE REGINA, M. Produtividade e composição físico-química de bagas de cultivares de uva em distintos porta-enxertos. Pesq. agropec. bras., Brasília, 2009. SOUZA, A. L. G.; Efeito dos Sistemas de Produção Orgânico e Convencional na Qualidade Nutricional de Alface do Grupo Lisa, Fresca e Americana; Pós-Graduação em Agroecossistemas; Sergipe, 2012.