AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE TEMPERATURA E UMIDADE PARA VACAS LEITEIRAS DA RAÇA HOLANDESA EM RIO DO SUL, SC.

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE TEMPERATURA E UMIDADE PARA VACAS LEITEIRAS DA RAÇA HOLANDESA EM RIO DO SUL, SC Leonardo de Oliveira NEVES 1, Evandro Chaves de OLIVEIRA 2, Katiani ELI 3, Sabrina Rohdt da Rosa 4 1 Professor, Instituto Federal Catarinense, Campus Rio do Sul - ds_neves@hotmail.com 2 Meteorologista, Professor Instituto Federal do Espirito Santo - Campus Colatina tche_chaves@hotmail.com 3 Acadêmica do curso de Engenharia Agronômica do Instituto Federal Catarinense Câmpus Rio do Sul e Bolsistas do PET Agroecologia - katiani.eli@gmail.com 4 Professora, Instituto Federal Catarinense, Campus Rio do Sul - srohdt@hotmail.com RESUMO: Este trabalho teve o objetivo de avaliar a existência de estresse térmico em vacas leiteiras da raça holandesa na região do Alto Vale do Itajaí, no município de Rio do Sul, durante o período de outubro de 2010 a junho de 2011. Para tal, avaliaram-se os fatores climáticos de temperatura do ar (TA) e umidade relativa do ar (UR), os quais foram utilizados para cálculo do índice de temperatura e umidade (ITU), em intervalos mensais. Os resultados mostraram que não somente no período do dia, mas também durante o ano, os animais estão sujeitos a condições de desconforto ambiental, principalmente, quando se avalia os valores de temperatura ambiente (TA), umidade relativa (UR) e índice de temperatura e umidade (ITU). A avaliação do ITU poderá se constituir uma ferramenta eficiente para identificação da susceptibilidade dos rebanhos ao estresse térmico. ABSTRACT: This work aimed to evaluate the existence of thermal stress in Holstein dairy cows in the Alto Vale do Itajaí, in Rio do Sul, during the period October 2010 to June 2011. To do so, evaluated the environmental factors of air temperature (TA) and relative humidity (RH), which were used to calculate the temperature and humidity index (THI) at monthly intervals. We conclude that not only during the day but also during the year, animals are subject to environmental conditions of discomfort, especially when evaluating the values of temperature (T), relative humidity (RH) and temperature index and humidity (ITU). The evaluation of the ITU could constitute an efficient tool for identifying the susceptibility of cattle to thermal stress. The evaluation of the ITU could constitute an efficient tool for identifying the susceptibility of cattle to thermal stress. 1- INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, houve um aumento de preocupação com relação à produção de bovinos leiteiros, sendo assim, aumentou consecutivamente, o ramo das pesquisas relacionadas a este tema. Segundo estimativas do IBGE (2011) o Brasil obtém uma produção anual de mais de 32,3 bilhões de litros de leite por ano, sendo a produtividade brasileira considerada baixa com apenas 1.374 litros/vaca/ano, o que ainda não suprias necessidades do mercado consumidor brasileiro. Atualmente, o melhoramento genético e a criação de novas técnicas, visam fornecer um melhor rendimento na produção dos bovinos leiteiros, juntamente com a redução de seus custos. Para a criação destas técnicas e seus aprimoramentos devemos observar vários fatores, como expõe Baccari Jr. (1989), onde as vacas de raças leiteiras em lactação são particularmente sensíveis ao estresse térmico devido à sua função produtiva mais especializada e à sua alta eficiência na utilização dos alimentos. Assim, a produção de leite sofre interferências, associadas ao próprio animal e fatores ambientais, como: temperatura ambiente, radiação solar e umidade relativa do ar, e quando submetidos juntamente ao calor metabólico de manutenção do animal e de seus processos produtivos, ocasiona interferências, originando um estresse térmico. De acordo com Azevedo (2005), a associação da umidade relativa do ar e a temperatura do ar, propícia um excelente indicador de conforto térmico, chamado Índice de Temperatura e Umidade (ITU). O estudo e análise deste índice são de extrema importância nas regiões produtoras de leite, pois auxilia na indicação de conforto e desconforto térmico em que os animais estão submetidos, podendo auxiliar os produtores na escolha de meios mais propícios para o acondicionamento térmico dos bovinos. O objetivo deste trabalho foi determinar os valores do Índice de Temperatura e Umidade (ITU) para a localidade de Rio do Sul - SC, e avaliar suas variações nos diferentes meses de experimento, correlacionando-o com os fatores climáticos de temperatura do ar e umidade relativa do ar. 2 - MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido, no período de nove meses, referente ao período de setembro de 2010 a junho de 2011, no Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul, localizado na cidade de Rio do Sul (27º 12' 51" S; 49º38'35" W, altitude de 339,88 m), na Unidade de Ensino e Pesquisa (UEP) ZOO III. Foram utilizadas duas fêmeas em estado de lactação da raça Holandesa, com idade média de quatro anos, pelagem malhada, de preto com branco, tendo predominância a cor negra. Estes animais foram mantidos em sistema de criação semintensivo, a dieta dos mesmos foi composta em partes por volumosos, Capim Elefante, entre outros, variando suas disponibilidades, com suas existências no Instituto, e outra porção, concentrada a base de milho e farelo de soja, entre outros. Sendo que os animais durante todo o período de experimento tiveram livre acesso à água.

Os dados meteorológicos de temperatura do ar e umidade relativa do ar, foram obtidos diretamente no local do experimento, provenientes de um psicrômetro não aspirado. O Índice de Temperatura e Umidade (ITU) foi calculado para o período das 18h00min, a partir do modelo imposto por THOM (1959), conforme descrito na equação abaixo. ITU = (0,8 x TA + (UR/100) x (TA- 14,4) + 46,4) Em que; T = temperatura do ar ºC; UR = umidade relativa do ar (%). Para avaliação do ITU foi utilizada a classificação proposta por ROSENBERG et al. (1983) que considera: entre 75 e 78 como alerta aos produtores (providências são necessárias para evitar perdas); o ITU na amplitude de 79 a 83 significa perigo (principalmente para os rebanhos confinados e medidas de segurança devem ser empreendidas para evitar perdas desastrosas); ITU igual ou superior a 84 caracteriza emergência (providências urgentes devem ser tomadas). 3 - RESULTADOS A Tabela 1 apresenta os dados de temperatura do ar e umidade relativa do ar para o período experimental, referente aos meses de setembro de 2010 a junho de 2011. Observa-se que os valores da temperatura do ar para o período experimental variaram de 18,38 o C a 24,85 o C, com média de 22,92±2,06 o C. Os valores da umidade relativa do ar para o período experimental variaram de 73,75% a 91,41%, com média de 80,07±2,06 %. Esta condição ambiental de elevada umidade relativa do ar é prejudicial ao animal no tocante à perda de calor para o ambiente, especificamente nos mecanismos não evaporativos (condução, convecção e irradiação) que se tornam ineficientes (PEREIRA, 2005; SILVA, 2000). Tabela 1. Temperatura do ar ( 0 C) e Umidade Relativa do ar (%) mensal resultado de medições diárias, no período de setembro de 2010 a junho 2011, em Rio do Sul - SC. MESES t ar Desvio UR ( o C) Padrão (%) OUT 21,80 ± 3,17 82,13 ± 10,73 NOV 23,50 ± 3,12 82,73 ± 10,07 DEZ 22,65 ± 3,50 83,43 ± 9,21 JAN 23,95 ± 1,79 75,53 ± 4,70 FEV 24,85 ± 1,95 74,75 ± 5,14 MAR 24,52 ± 2,15 73,75 ± 4,64 ABR 24,71 ± 2,53 77,18 ± 6,34 MAI 21,90 ± 3,39 79,73 ± 11,45 JUN 18,38 ± 1,47 91,41 ± 3,62 Desvio Padrão

Na Figura 1 ilustra a variação da temperatura do ar e da umidade relativa para o período experimental. Pode-se observar que os dados médios da umidade relativa do ar apresentam um curso inverso ao da temperatura do ar, sendo elevada nos meses de inverno, e baixa nos meses de verão. Em contrapartida, pode apresentar-se em condições elevadas em momentos do dia em que a temperatura ambiente também está elevada. Figura 1. Variação da temperatura do ar e da umidade relativa para o período experimental. A Tabela 2 ilustra a variação média diária do Índice de Temperatura e Umidade para o período experimental. Resultados mostraram que os valores de ITU variaram entre 64 e 74, nos nove meses de estudo, chegando a alcançar picos de ITU de 78 para abril, considerado alerta para vacas holandesas, de acordo com Baeta e Souza (1997), os quais publicaram que valores para o índice de temperatura e umidade de 74 a 78 exigem cuidados, alerta. Segundo Machado (1998), um fato relevante é que o valor de ITU igual a 72 pode ser alcançado com temperaturas no patamar de 23 o C, quando a umidade relativa for superior a 95%, ou, quando a temperatura for de 25 o C, com umidade de 50%. Vale ressaltar, que MAUST et al. (1972) e JOHNSON (1982), observaram que o estresse pelo calor aumenta a temperatura corporal, que deprime a ingestão de alimentos no mesmo dia e reduz a produção de leite poucos dias depois. Tabela 2. Índice de temperatura e umidade (ITU) mensal resultado de medições diárias, no período de setembro de 2010 a junho 2011, em Rio do Sul - SC. MESES OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN ITU 69,66 72,57 71,18 72,74 74,04 73,43 74 69,53 64,36 Desvio Padrão 4,73 4,67 5,44 2,82 3,01 3,34 3,69 4,56 2,57 4 - CONCLUSÃO Conclui-se que não somente no período do dia, mas também durante o ano, os animais estão sujeitos a condições de desconforto ambiental, principalmente, quando se avalia os valores de temperatura ambiente (TA), umidade relativa (UR) e índice de temperatura e umidade (ITU). A

avaliação do ITU poderá se constituir uma ferramenta eficiente para identificação de estresse térmico em nível de rebanhos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, M. de et al., 2005. Estimativa de níveis críticos superiores do índice de temperatura e umidade para vacas leiteiras 1/2, 3/4 e 7/8 Holandês-Zebu em lactação. R. Bras. Zootec., vol.34, n.6. BACCARI JR., F., 1989. Manejo ambiental na produção de leite nos trópicos. In: CICLO INTERNACIONAL DE PALESTRAS SOBRE BIOCLIMATOLOGIA ANIMAL, 1., 1986, Botucatu. Anais. Jabuticabal: FUNEP, p. 45-53. BAÊTA, F.C.; SOUZA, C.F. Ambiência em edificações rurais - conforto animal. Viçosa: Editora UFV, p. 246, 1997. IBGE, 2006. Produção Pecuária Municipal. Brasil: vol 34. JOHNSON, H.D. Role of physiology in cattle production in the tropics. New York: Prager Scientific, 1982. 212p. MACHADO, P.F. Efeitos da alta temperatura sobre a produção, reprodução sanidade de bovinos leiteiros. In: SILVA, I.J.O. Ambiência na produção de leite em clima quente. Piracicaba: FEALQ. Cap. 4, p. 179-188, 1998. MAUST, L.E.; McDOWELL, R.E.; HOOVEN, N.W. Effect of Summer weather on performance of Holstein cows in three stages of locatinon. Journal of Dairy Science, v.55, p.1133-1139, 1972. PEREIRA, C.C.J., 2005. Fundamentos de Bioclimatologia Aplicados à Produção Animal. Belo Horizonte: FEPMVZ. SILVA, G.R., 2000. Introdução à Bioclimatologia Animal. São Paulo - Ed.:Nobel. THOM, E.C., 1959. The discomfort index Weatherwise. 60:12-57.