INTERFERÊNCIA DO DIABETES MELLITUS NA QUALIDADE DE VIDA DE USUÁRIOS DA ATENÇÃO BÁSICA EM BLUMENAU - SC



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Transcrição:

INTERFERÊNCIA DO DIABETES MELLITUS NA QUALIDADE DE VIDA DE USUÁRIOS DA ATENÇÃO BÁSICA EM BLUMENAU - SC Autores: Eduardo José Cecchin(1), Luiza Pinto de Macedo Soares(1), José Augusto Bach Neto(1), João Luiz Gurgel Calvet da Silveira(1), Karla Ferreira Rodrigues(1) & Carlos Roberto de Oliveira Nunes(1). Instituição: (1) Universidade Regional de Blumenau. Email: edu_cecchin@hotmail.com Tema: Vida saudável e qualidade de vida Palavras-Chave: Diabetes Mellitus; Qualidade de Vida; Atenção Básica. RESUMO Este estudo foi realizado pelo grupo PRÓPET-Saúde, da Universidade Regional de Blumenau (FURB), com o objetivo de avaliar a qualidade de vida de usuários portadores de diabetes mellitus de quatro unidades de atenção básica de Blumenau SC, através do questionário validado WHOQOL-bref (World Health Organization Quality of Life Bref). A amostra foi de 196 participantes, retirada de uma população de 244 usuários, cujas 48 perdas se deveram a não localização dos usuários e a recusa de participação. Foram adotados os níveis de significância de p 0,05 e de confiança de 95%. O inventário WHOQOL bref levanta diferentes dimensões de avaliação de qualidade de vida, expressas nos domínios: físico, psicológico, relações sociais, meio ambiente e avaliação geral da qualidade de vida. Dentre as dimensões avaliadas, a mais comprometida foi o domínio físico (3,39 ± 0,79). Foi identificado que 26% dos usuários obtiveram pontuação menor que três nesse quesito, classificando-se como precisam de melhorias na escala do WHOQOL-bref. As pessoas sob insulinoterapia apresentaram níveis mais baixos de qualidade de vida em relação aos demais nos domínios psicológico e de avaliação global. Os homens avaliaram melhor a sua qualidade de vida em relação às mulheres. Tabagismo, morar sozinho, não ter parceiro afetivo, tempo de diagnóstico de DM e maior tempo de uso de insulina não afetaram os níveis autoavaliados de saúde e de qualidade de vida de forma significante (p>0,05). Esse resultado se faz importante para orientar as práticas de promoção em saúde e cuidado na atenção básica, reforçando a necessidade de considerar os diferentes grupos de diabéticos e suas especificidades.

INTRODUÇÃO A Diabetes Mellitus (DM) é uma condição crônica de etiologia diversificada, caracterizada por hiperglicemia relacionada à deficiência de insulina, elevando os riscos de danos micro e macro vasculares nos portadores e causando redução da expectativa e da qualidade de vida. (BRASIL, 2013) A prevalência de DM nos países da América Central e Sul foi estimada em 26,4 milhões de pessoas e projetada para 40 milhões, em 2030. Só no Brasil, dados de 2011 relatam que 12,4 milhões de pessoas tinham a doença, sendo que o esperado para 2030 é de que o país atinja a marca de 19,6 milhões de pessoas portadoras da doença. (INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2012; SANTOS E TORRES, 2012) Qualidade de vida (QV), segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é definida como percepção do indivíduo de sua posição no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele está inserido, em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. (NOVATO, 2008). Está relacionada também ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social, ambiental e à própria estética existencial. (MIRANZI, 2008) A utilização de instrumentos de avaliação da QV permite uma análise mais objetiva e clara do impacto global da doença crônica, como a DM, na vida dos pacientes que frequentam as unidades de saúde. Dessa maneira, entender a correlação entre QV e DM pode resultar em melhorias nas intervenções feitas na atenção básica, melhorando assim o tratamento e a resolubilidade do trabalho em relação à doença. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida autorreferida de usuários portadores de DM de quatro unidades de atenção básica do município de Blumenau - SC. MÉTODOS O presente estudo trata-se de uma análise quantitativa e transversal de usuários portadores de diabetes de Blumenau-SC, com o objetivo de avaliar a QV utilizando o questionário WHOQOL-bref (World Health Organization Quality of Life bref).

O instrumento WHOQOL-bref traz uma perspectiva transcultural e multidimensional, contemplando a saúde física e psicológica, nível de independência, relações sociais, crenças pessoais e das suas relações com características salientes do respectivo meio na avaliação subjetiva da qualidade de vida individual. O questionário contém 26 questões divididas em cinco domínios: físico, psicológico, relações sociais, meio ambiente e avaliação geral da qualidade de vida. A primeira e a segunda questão compõem o domínio avaliação geral, sendo que a primeira se refere à qualidade de vida e a segunda à satisfação com a própria saúde. As demais são responsáveis pela formação dos outros domínios. A escala Likert do WHOQOL-bref é categorizada em quatro níveis, sendo que quando os valores apresentados estão entre 1 e 2,9 há necessidade de melhora, quando estão entre 3 e 3,9 são considerados regulares, quando entre 4 e 4,9 são bons e quando atingem 5 são muito bons. (FLECK, 2000). O cálculo dos escores dos domínios também foi realizado conforme o procedimento indicado por Pedroso et al (2010). Em seguida, os domínios foram relacionados às categorias: sexo, tabagismo, tempo de diagnóstico da diabetes, se usa insulina e há quanto tempo, se tem parceiro afetivo e se mora sozinho. Os critérios de inclusão dos usuários foram: diagnóstico de DM confirmado em exames laboratoriais anteriores, possuir idade superior a 18 anos e concordância em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A população do estudo abrangeu 244 usuários portadores de DM I ou II, de quatro unidades básicas de saúde (UBS) localizadas em Blumenau/SC. As quatro UBS s foram selecionadas para o estudo por já participarem da linha de pesquisa Adultos em Condições Crônicas do PRÓPET-Saúde como cenários de pesquisa e extensão. Cada UBS tem uma lista de cadastro de usuários diabéticos, a partir das quais todos foram contatados via telefone em até três tentativas. Após aceite, foram submetidos a entrevista em seu domicílio. Participaram efetivamente 196 usuários, 16 recusaram e 32 não foram encontrados. A coleta de dados foi realizada por quinze bolsistas do programa PRÓPET-Saúde entre novembro de 2013 a março de 2014. Levando em conta que alguns usuários eram analfabetos ou possuíam acuidade visual diminuída, os questionários foram lidos em voz alta pelos entrevistadores que foram devidamente capacitados para não induzir respostas.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional de Blumenau em 24 de outubro de 2013 sob o parecer 435.159. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos entrevistados, 58,2% (n=114) eram do sexo feminino, e 41,8% (n=82) do sexo masculino. A idade média dos participantes foi de 61,61 anos (EPM=0,94). Entre os 196 participantes, 72,9% informaram possuir parceiro afetivo, 11,7% moram sozinhos e 12,2% referiram ser tabagistas. Em relação a DM, o tempo médio de diagnóstico da doença foi de 10,99 anos, com desvio padrão de 13,49 anos. Ao analisar os usuários sob insulinoterapia, 26% faziam uso desse meio de tratamento, com a média de 5,79 anos de uso, com desvio padrão de 4,98 anos. As análises comparativas a partir do WHOQOL-bref (p<0,001) revelaram que o domínio físico foi o mais comprometido (3,39 ± 0,79) e o das relações sociais foi o mais bem avaliado (3,78 ± 0,71), resultado semelhante a estudos como o de Santos (2014) que envolveu 996 participantes e Jain (2014) com 70. Foi identificado que 26% dos usuários responderam com médias inferiores a 3 pontos na escala do WHOQOL-bref para o fator domínio físico, ou seja, necessitam de melhora no quesito segundo o instrumento. Na avaliação de todos os domínios, ou avaliação total, 12,2% dos usuários apresentaram médias inferiores a 3 pontos. A Tabela 1 mostra que os participantes sob insulinoterapia apresentaram níveis mais baixos de qualidade de vida nos domínios psicológico e de avaliação global de qualidade de vida, semelhante ao estudo de Fal (2011) que também encontrou escores baixos para o domínio psicológico. Tabela 1: Comparação dos domínios do WHOQOL em relação ao uso de insulina. Não Insulinodependentes Insulinodependentes Teste estatístico Domínio Psicológico 3,51 + 0,72 3,76 + 0,63 p= 0,039 Avaliação Global 3,35 + 0,72 3,59 + 0,70 p= 0,026

Os homens autoavaliaram melhor sua qualidade de vida em relação às mulheres nos domínios 1, 2, 4, 5 e total, isto é, físico (p=0,002), psicológico (p=0,001), meio ambiente (p=0,036), avaliações global (p=0,034) e total (p=0,002) de qualidade de vida. Tabagismo, morar sozinho, não ter parceiro afetivo, tempo de diagnóstico de DM e ser usuário de insulina por maior tempo não afetaram os níveis autoavaliados de saúde e de qualidade de vida de forma significante (p>0,05). CONCLUSÕES O padrão de resultados sugere que a amostra de usuários apresenta nível regular de autoavaliação de qualidade de vida e saúde. O domínio físico foi o mais comprometido, sendo que mais de um quarto dos usuários obtiveram índices muito baixos nesse quesito e, portanto, deve haver um maior esforço interventivo no sentido de melhorar esse indicador. Além disso, o uso de insulina se associou a menores níveis de qualidade de vida, especialmente nos domínios psicológico e de avaliação global, o que sugere a necessidade de uma maior atenção psicológica aos usuários sob insulinoterapia. Entende-se, também, que a questão do gênero deve ser investigada mais a fundo, uma vez que os homens, apesar de se autoavaliarem com melhores níveis de saúde e qualidade de vida, apresentam menor longevidade. Esse resultado se faz importante para orientar as práticas de promoção em saúde e cuidado na atenção básica, reforçando a necessidade de considerar os diferentes grupos de diabéticos e suas especificidades.

REFERÊNCIAS 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus/ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 2. FAL, A. M; JANKOWSKA, B; UCHMANOWICZ, I; SEM, M; PANASZEK, B; POLANSKI J. Type 2 diabetes quality of life patients treated with insulin and oral hypoglycemic medication. Acta Diabetologica, v. 48, n. 3, p. 237-242, 2011. 3. FLECK, M.P.A; LOUZADA, S; XAVIER, M; CHACHAMOVICH, E; VIEIRA, G; SANTO, L; PINZON, V; Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida WHOQOL-bref. Rev. de Saúde Pública, USP, Vol.34, Num. 2, p. 178-83. São Paulo, Abril de 2000. 4. INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION. Diabetes atlas update 2012: Regional & Country Facctsheets. Disponível em: <http://www.idf.org/diabetes-atlasupdate-2012-regional-country-factsheets> Acesso em: 15 out. 2014. 5. JAIN, V; SHIVKUMAR, S; GUPTA, O. Health-related quality of life (Hr-Qol) in patients with type 2 diabetes mellitus. North American journal of medical sciences, v. 6, n. 2, p. 96, 2014. 6. MIRANZI, S. de S. C; FERREIRA, F. S; IWAMOTO, H. H; PEREIRA G. de A; MIRANZI, M. A. S, Qualidade de vida de indivíduos com diabetes mellitus e hipertensão acompanhados por uma equipe de saúde da família. Texto & Contexto - Enfermagem, Florianópolis, v. 17, n. 4, Dez. 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0104-0707200800040 0007&lng= en&nrm=isso > Acesso em: 17 Out. 2014. 7. NOVATO, T. S; GROSSI, S. A. A; KIMURA, M. Qualidade de vida e auto-estima de adolescentes com diabetes mellitus. Acta Paul. Enferm. São Paulo, v.21, p. 562-567, 2008. 8. PEDROSO, B; PILATTI, L. A; GUTIERREZ, G. L; PICININ, C. T; Cálculo dos escores e estatística descritiva do WHOQOL-bref através do Microsoft Excel-DOI: 10.3895/S2175-08582010000100004. Revista Brasileira de Qualidade de Vida, v. 2, n. 1, 2010. 9. SANTOS, L.; TORRES, H. C; Práticas educativas em diabetes mellitus: compreendendo as competências dos profissionais da saúde. Texto & Contexto Enfermagem. Santa Catarina, vol.21, n.3, pp. 574-580, 2012.

10. SANTOS, M. B. dos; CERETTA, L. B; REUS, G. Z; ABELAIRA, H. M; JORNADA, L. K; SCHWALM, M. T; NEOTTI, M. V; TOMAZZI, C. D; GULBIS, K. G; CERETTA, R. A; QUEVEDO, J; Anxiety disorders are associated with quality of life impairment in patients with insulin-dependent type 2 diabetes: a case-control study. Rev. Bras. Psiquiatr. São Paulo, 2014. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php? script=s ci_arttext&pid=s1516-44462014005031230 &lng=e n&nrm=iso> Acesso em: 17 Out. 2014