Terceirização de serviços na construção civil em Goiânia



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Transcrição:

1 Roberto Éder Machado robertoeder@gmail.com MBA em Gestão de Projetos para Engenharias e Arquitetura Instituto de Pós-Graduação - IPOG Goiânia, GO, 08 de janeiro de 2014. Resumo Com o propósito de ressaltar as vantagens e desvantagens da terceirização de serviços na construção civil, o presente estudo procurou conhecer os principais itens apontados por amostragem em construtoras e incorporadoras na cidade de Goiânia, no Estado de Goiás. Como as construtoras e incorporadoras comumente respondem como responsáveis solidárias nos processos trabalhistas de empresas terceirizadas, buscou-se analisar o cumprimento e a abrangência da legislação vigente. A hipótese levantada foi a de que com a redução da contratação de funcionários próprios, diminui-se a rotatividade de funcionários e consequentemente diminuem-se também os custos com encargos trabalhistas. O objetivo deste trabalho foi verificar os possíveis benefícios de se utilizar da terceirização de serviços, bem como analisar a legalidade das contratações. Iiniciou-se o trabalho com uma pesquisa a respeito da legislação vigente sobre a terceirização de serviços. Em seguida foi elaborado um questionário quantitativo e enviado via e-mail a vinte profissionais de diferentes construtoras e incorporadoras da cidade de Goiânia, que de alguma forma estão ligados a execuções de serviços que podem ser terceirizados ou executados com funcionários próprios. Os resultados obtidos indicam que atualmente a terceirização de serviços é amplamente utilizada pelas construtoras e incorporadoras, no entanto, por falta de conhecimento, má interpretação ou negligência em relação à legislação, existem contratações ilícitas de serviços terceirizados. Concluiu-se então que, apesar da grande utilização da terceirização de serviços na construção civil, a legislação não é devidamente seguida, fazendo com que as construtoras e incorporadoras em sua grande maioria arquem com passivos trabalhistas de funcionários terceirizados. Palavras-chave: Terceirização. Construção. Legislação. 1. Introdução A construção civil é um setor da economia que demanda grande quantidade de mão de obra e, portanto, é responsável pela geração de grande quantidade de empregos diretos e indiretos no país. Devido à demanda por mão de obra qualificada, prazos de execução das construções cada vez mais curtos e orçamentos enxutos, dentre outros fatores, muitas vezes as construtoras e incorporadoras utilizam-se da terceirização de serviços para obtenção da quantidade de operários qualificados necessários para execução de diversas atividades. Ocorre que muitas das empresas que são contratadas para execução de serviços terceirizados, comumente conhecidos como empreiteiros, acabam utilizando da informalidade nas contratações de empregados por desconhecimento da legislação vigente ou para baratear seus custos operacionais e assim ganhar as concorrências em que participam, porém essa ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

2 informalidade tem causado um elevado número de ações trabalhistas que em alguns casos são resolvidas através de acordos trabalhistas e em outros são julgadas para se definir as penalidades a serem impostas e as responsabilidades a serem assumidas, sendo que em muitos casos as construtoras e incorporadoras que contratam os empreiteiros acabam tendo que arcar com os custos impostos pelas sentenças. 1.1. Problema da pesquisa Como a terceirização de serviços busca a utilização de mão de obra capacitada e o barateamento dos custos de construção aumentando a competitividade entre as empresas, dentre outros possíveis benefícios, vale a pena correr o risco de sofrer ações trabalhistas e ter que arcar com custos de funcionários de terceiros? 1.2. Hipótese Elaborou-se a hipótese de que o objetivo principal das empresas de construção civil na contratação de mão de obra terceirizada é a redução na rotatividade de contratação e dispensa de funcionparios próprios, visando com isso uma possível redução de custos com encargos trabalhistas que incidem sobre as folhas de pagamentos. 1.3. Objetivos 1.3.1. Objetivo geral O presente trabalho tem como objetivo geral identificar os benefícios da terceirização de mão de obra apontados pelas empresas de construção civil e os parâmetros legais para utilização deste tipo de contratação. 1.3.2. Objetivos Específicos Verificar numa amostragem de profissionais o percentual de utilização de mão de obra terceirizada em diversas empresas de construção civil na cidade de Goiânia; Informar a legalidade da terceirização de mão de obra de acordo com a legislação vigente; 1.4. Justificativas É comum encontrar empresas de construção civil sendo intimadas a comparecer em audiências de ex-funcionários de empreiteiros que lhes prestam ou prestaram serviços para responderem como responsáveis solidários por possíveis desvios de conduta perante a contratação e/ou pagamentos de funcionários. Acredita-se que uma pesquisa mostrando os pontos positivos e negativos da terceirização possa oferecer esclarecimentos aos profissionais da construção civil responsáveis por contratações de mão de obra a respeito da legislação vigente e com isso esclarecer os pontos a serem observados no momento de se efetuar as contratações de empreiteiros, diminuindo-se assim a incidência de passivos trabalhistas das construtoras e incorporadoras. ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

3 2. Revisão bibliográfica De acordo com a Súmula nº 256 do TST- Res. 4/1986, DJ 30.09.1986 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS LEGALIDADE (cancelada): Salvo os casos de trabalho temporário e de serviço de vigilância, previstos nas Leis nºs 6.019, de 03.01.1974, e 7.102, de 20.06.1983, é ilegal a contratação de trabalhadores por empresa interposta, formando-se o vínculo empregatício diretamente com o tomador dos serviços. A Súmula nº 256 foi cancelada e substituída pela Súmula nº 331 do TST - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE - REVISÃO DO ENUNCIADO Nº 256.: I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. VI A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. Conforme consta no inciso III da Súmula 331 do TST, somente podem ser terceirizados os serviços de vigilância e de conservação e limpeza, bem como os serviços especializados ligados às atividades-meio do tomador dos serviços. Os serviços referentes às atividades-fim das empresas não podem ser terceirizados, no entanto não fica claro o que são consideradas atividades-meio e atividades-fim, visto que não há um conceito objetivo distinguindo uma da outra, fazendo com que se gerem diferentes interpretações sobre o que é legal e o que é ilegal. Pela leitura do inciso IV da Súmula 331 do TST conclui-se que a terceirização autorizada é somente a de serviços e não a de empregados. A intermediação de empregados terceirizados só é autorizada por contratação temporária, prevista no inciso I da Súmula 331 do TST. ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

4 Verifica-se, assim, que a terceirização de serviços é realidade que vem crescendo à margem da legislação, que pouco regulamentou a matéria, tendo a doutrina e a jurisprudência o encargo de tratar a questão, de forma que o trabalhador terceirizado tenha garantidos os direitos trabalhistas, inclusive com efetividade da tutela judicial, pois é muito comum empresas serem criadas, para prestação de serviços a outra, com o objetivo de lucro fácil, sem qualquer responsabilidade social e que, da mesma forma como aparecem, desaparecem, sem deixar rastros (PINTO, 2004:125). Por se tratar de um assunto muito abrangente que dispõe de pouca regulamentação, dando margens a diferentes interpretações, ocasionando a existência de contratações lícitas bem como de contratações ilícitas, foi proposto pelo Deputado Sandro Mabel um projeto de lei específico para tratar sobre a terceirização de serviços no país. O PL (Projeto de Lei) 4330/2004, dispõe sobre o contrato de prestação de serviço a terceiros e as relações de trabalho dele decorrentes. Abaixo está transcrito na íntegra o que propõe o PL 4330/2004: Art. 1º Esta Lei regula o contrato de prestação de serviço e as relações de trabalho dele decorrentes, quando o prestador for sociedade empresária que contrate empregados ou subcontrate outra empresa para a execução do serviço. Parágrafo único. Aplica-se subsidiariamente ao contrato de que trata esta Lei o disposto no Código Civil, em especial os arts. 421 a 480 e 593 a 609. Art. 2º Empresa prestadora de serviços a terceiros é a sociedade empresária destinada a prestar à contratante serviços determinados e específicos. 1º A empresa prestadora de serviços contrata e remunera o trabalho realizado por seus empregados, ou subcontrata outra empresa para realização desses serviços. 2º Não se configura vínculo empregatício entre a empresa contratante e os trabalhadores ou sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu ramo. Art. 3º São requisitos para o funcionamento da empresa de prestação de serviços a terceiros: I prova de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ); II registro na Junta Comercial; III capital social compatível com o número de empregados, observando-se os seguintes parâmetros: a) empresas com até dez empregados: capital mínimo de R$ 10.000,00 (dez mil reais); b) empresas com mais de dez e até vinte empregados: capital mínimo de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais); c) empresas com mais de vinte e até cinquenta empregados: capital mínimo de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais); d) empresas com mais de cinquenta e até cem empregados: capital mínimo de R$ 100.000,00 (cem mil reais); e e) empresas com mais de cem empregados: capital mínimo de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais). 1º Convenção ou acordo coletivo de trabalho podem exigir a imobilização do capital social em até cinquenta por cento dos valores previstos no inciso III deste artigo. 2º O valor do capital social de que trata o inciso III deste artigo será reajustado: I no mês de publicação desta lei, pela variação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verificada de novembro de 2004, inclusive, ao mês imediatamente anterior ao do início de vigência desta lei; ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

5 II anualmente, a partir do ano subsequente ao do reajuste mencionado no inciso anterior, no mês correspondente ao da publicação desta lei, pela variação acumulada do INPC nos doze meses imediatamente anteriores. Art. 4º Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato de prestação de serviços determinados e específicos com empresa prestadora de serviços a terceiros. 1º É vedada à contratante a utilização dos trabalhadores em atividades distintas daquelas que foram objeto do contrato com a empresa prestadora de serviços. 2º O contrato de prestação de serviços pode versar sobre o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares à atividade econômica da contratante. Art. 5º São permitidas sucessivas contratações do trabalhador por diferentes empresas prestadoras de serviços a terceiros, que prestem serviços à mesma contratante de forma consecutiva. Art. 6º Os serviços contratados podem ser executados no estabelecimento da empresa contratante ou em outro local, de comum acordo entre as partes. Art. 7º É responsabilidade da contratante garantir as condições de segurança e saúde dos trabalhadores, enquanto estes estiverem a seu serviço e em suas dependências, ou em local por ela designado. Art. 8º Quando o empregado for encarregado de serviço para o qual seja necessário treinamento específico, a contratante deverá: I exigir da empresa prestadora de serviços a terceiros certificado de capacitação do trabalhador para a execução do serviço; ou II fornecer o treinamento adequado, somente após o qual poderá ser o trabalhador colocado em serviço. Art. 9º A contratante pode estender ao trabalhador da empresa de prestação de serviços a terceiros benefícios oferecidos aos seus empregados, tais como atendimento médico, ambulatorial e de refeição destinado aos seus empregados, existentes nas dependências da contratante ou local por ela designado. Art. 10. A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, ficandolhe ressalvada ação regressiva contra a devedora. Parágrafo único. Na ação regressiva de que trata o caput, além do ressarcimento do valor pago ao trabalhador e das despesas processuais, acrescidos de juros e correção monetária, é devida indenização em valor equivalente à importância paga ao trabalhador. Art. 11. A empresa prestadora de serviços a terceiros, que subcontratar outra empresa para a execução do serviço, é solidariamente responsável pelas obrigações trabalhistas assumidas pela empresa subcontratada. Art. 12. Nos contratos de prestação de serviços a terceiros em que a contratante for a Administração Pública, a responsabilidade pelos encargos trabalhistas é regulada pelo art. 71 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Art. 13. O recolhimento das contribuições previdenciárias relativas aos trabalhadores contratados para a prestação de serviços a terceiros observa o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Art. 14. O contrato de prestação de serviços a terceiros deve conter, além das cláusulas inerentes a qualquer contrato: I a especificação do serviço a ser prestado; II o prazo para realização do serviço, quando for o caso; III a obrigatoriedade de apresentação periódica, pela empresa prestadora de serviços a terceiros, dos comprovantes de cumprimento das obrigações trabalhistas pelas quais a contratante é subsidiariamente responsável. Art. 15. O recolhimento da contribuição sindical prevista nos arts. 578 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) deve ser feito ao sindicato representante ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

6 da categoria profissional correspondente à atividade exercida pelo trabalhador na empresa contratante. 1º A contribuição sindical devida pelo trabalhador de empresa de prestação de serviços a terceiros, contratado para o cumprimento do contrato de que trata esta Lei, é proporcional ao período em que foi colocado à disposição da empresa contratante e consiste na importância correspondente a um doze avos da remuneração de um dia de trabalho por mês de serviço ou fração superior a quatorze dias. 2º Não é devida a contribuição pelo trabalhador se este já houver pago, no mesmo ano, a título de contribuição sindical, importância correspondente à remuneração de um dia de trabalho, nos termos do art. 582 da CLT. Art. 16. O disposto nesta Lei não se aplica: I à prestação de serviços de natureza doméstica, assim entendida aquela fornecida à pessoa física ou à família no âmbito residencial destas; II às empresas de vigilância e transporte de valores, permanecendo as respectivas relações de trabalho reguladas por legislação especial. Art. 17. O descumprimento do disposto nesta Lei sujeita a empresa infratora ao pagamento de multa administrativa de R$ 500,00 (quinhentos reais) por trabalhador prejudicado, salvo se já houver previsão legal de multa específica para a infração verificada. 1º A fiscalização, a autuação e o processo de imposição de multas reger-se-ão pelo Título VII da CLT. 2º As partes ficam anistiadas das penalidades não compatíveis com esta Lei, impostas com base na legislação anterior. Art. 18. Os contratos em vigência serão adequados aos termos desta Lei no prazo de cento e vinte dias a partir da vigência. Art. 19. Esta Lei entra em vigor trinta dias após a publicação. Caso este projeto venha a se tornar lei, os limites da terceirização além de se tornarem mais abrangentes permitindo a terceirização de serviços em quaisquer atividades (não se restringindo apenas às atividades-meio e serviços de limpeza e vigilância), trará maior facilidade na interpretação do que é legal e do que é ilegal, facilitando assim a elaboração de contratos de serviços terceirizados. 2.1. Método adotado Para a elaboração do presente trabalho, foi adotada a pesquisa quantitativa para levantamento dos dados a serem analisados. Para agilizar o trabalho e não haver interferência nas respostas, foram enviados por e-mail questionários para 20 profissionais da construção civil de diferentes empresas que tenham alguma influência na contratação de mão de obra de funcionários de empresas de construção civil da cidade de Goiânia no estado de Goiás. A pesquisa foi feita com a utilização de um questionário de 6 perguntas objetivas, sendo que para as perguntas 2, 3 e 4 poderiam ser escolhidos mais de um item, além de que para as questões 3 e 4 foi permitido incluir outro item que o pesquisado julgasse relevante a respeito do assunto tratado. O questionário enviado foi o seguinte: Questionário: utilização de mão de obra terceirizada na construção civil 1 - Sua empresa utiliza mão de obra terceirizada? Sim ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

7 Não 2 - Caso utilize terceirização, quais tipos serviços sua empresa terceiriza? Serviços de apoio (limpeza, preparação de alimentos para funcionários, vigilância, etc.) Serviços diretos (execução de fundações, estrutura, obra bruta, acabamento, etc.) 3 - Quais as vantagens esperadas com a prática da terceirização? Redução nos custos de produção Redução nos custos com encargos trabalhistas Mão de obra qualificada Agilidade na substituição de funcionários Outros (favor descrever) 4 - Quais as desvantagens observadas com a prática da terceirização? Alta rotatividade de funcionários terceirizados Necessidade da gestão em contratos de terceiros Estrutura precária em grande parte das terceirizadas Elevado número de retrabalhos Outros (favor descrever) 5 - Sua empresa já foi acionada judicialmente por funcionários de empresas terceirizadas? Sim Não 6 - Sua empresa já precisou arcar com custos referentes a ações movidas por funcionários de empresas terceirizadas? Sim Não 2.2. Resultados Os dados obtidos através do questionário acima foram tabulados e analisados. Os resultados estão apresentados abaixo. Em relação às construtoras e incorporadoras que terceirizam algum tipo de atividade em seu processo construtivo, foram levantados os seguintes percentuais: ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

8 Figura 1 Percentual de empresas pesquisadas que terceirizam ou não serviços em Goiânia. Fonte: O autor (2013) Conforme cita Pinto (2004:124) a implementação da terceirização de serviços, inicialmente, decorreu da tentativa de se promover a descentralização administrativa, objetivando melhor qualidade e produtividade das empresas, através da parceria empresarial. Pelo gráfico acima observa-se que a prática da terceirização de serviços na construção civil em Goiânia já é uma prática comum às empresas, sendo que para as empresas pesquisadas, todas terceirizam algum tipo de atividade. O segundo questionamento feito foi em relação ao tipo de atividades que são terceirizadas. A primeira opção é referente ao que está de acordo com a legislação e a segunda opção é referente ao que a legislação não permite terceirizar: Figura 2 Percentual de serviços terceirizados por tipo nas empresas pesquisadas em Goiânia. Fonte: O autor (2013) Os serviços de apoio informados na pergunta enviada aos pesquisados são referentes ao que a ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

9 legislação permite terceirizar, ou seja, serviços de vigilância e de conservação e limpeza, bem como os serviços especializados ligados às atividades-meio dos contratantes, enquanto que os serviços diretos são referentes às atividades-fim das empresas de construção civil. As atividades-fim, por lei, não podem ser terceirizadas, no entanto a prática da terceirização dessas atividades é comum entre as empresas de construção civil de Goiânia. Conforme pode ser observado nos resultados apresentados no gráfico acima, a prática de terceirização de atividades-fim, que são ilegais, são superiores à terceirização abrangida por lei. A terceira pergunta do questionário teve como objetivo identificar as vantagens esperadas pelas construtoras e incorporadoras ao buscar a terceirização de serviços. Abaixo está o resultado das respostas obtidas: Figura 3 Vantagens esperadas com a terceirização de serviços nas empresas pesquisadas em Goiânia. Fonte: O autor (2013) Analisando o gráfico acima, observa-se que a hipótese levantada de que o objetivo principal das empresas de construção civil na contratação de mão de obra terceirizada é a redução de custos com encargos trabalhistas que incidem sobre as folhas de pagamentos não se confirmou. De acordo com os resultados obtidos, o principal motivo pelo qual as empresas se utilizam da terceirização de serviços na construção civil é a obtenção de mão de obra qualificada. Tal fato pode ser observado nas construções devido ao fato de que em geral são contratados empreiteiros específicos para cada serviço e não um único empreiteiro para execução de todos os serviços. Além dos quatro itens citados na figura acima, essa questão permitiu aos pesquisados citar outras vantagens esperadas com a prática da terceirização de serviços na construção civil. As demais vantagens apontadas foram as seguintes: Agilidade em processos específicos (Exemplos: fundação, parte elétrica, incêndio, gesso, operação de maquinário, entre outros); Possível redução no prazo de execução e trabalhar com várias frentes de serviços simultâneas; ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

10 Perante os objetivos da empresa e a atual carga de atividades desenvolvidas a demanda de serviços terceirizados são variáveis ou irregulares durante longos períodos de tempo (muitas vezes contratados para duração de poucos meses ou semanas), não justificando custos e dispensas para a estruturação e contratação de equipe própria, até o momento; Se o terceirizado em questão apresenta um bom nível de parceria, consegue-se maior eficiência na administração de um cronograma, por exemplo, as despesas de descontinuidade são minimizadas por ele ao se direcionar a entrada de uma frente grande de funcionários em períodos descontínuos, prejuízo que seria certo se a mão de obra fosse própria. O que se observa nas respostas espontâneas sobre as vantagens da terceirização de serviços na construção civil é que, além terceirizar atividades que por lei não são permitidas, existe também a terceirização de empregados, que também é uma prática ilegal, de acordo com a legislação vigente. A quarta pergunta do questionário foi em relação às desvantagens obervadas com a prática da terceirização de serviços. Embora a terceirização seja uma prática comum, a mesma também apresenta desvantagens: Figura 4 Desvantagens observadas com a terceirização de serviços nas empresas pesquisadas em Goiânia. Fonte: O autor (2013) De acordo com os dados da figura acima, nota-se que as principais desvantagens apontadas pelos pesquisados sobre a terceirização de serviços na construção civil são estrutura precária em grande parte das terceirizadas e a necessidade de gestão em contratos de terceiros. Por esse resultado nota-se a falta de preparo dos empreiteiros quanto às suas próprias empresas, visto que há pouco conhecimento a respeito da legislação que rege a terceirização de serviços, além de que não há por parte de todos os empreiteiros o conhecimento necessário sobre as atividades a serem executadas e os custos operacionais das mesmas, o que eventualmente leva ao não pagamento de todos os encargos trabalhistas de seus funcionários e em casos extremos ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

11 à falência de empreiteiros, motivos pelos quais as contratantes são constantemente obrigadas a arcar com penas judiciais mesmo após terem quitado suas obrigações contratuais junto aos empreiteiros. Para essa questão, também foi permitido aos pesquisados descrever outras desvantagens a respeito da terceirização de serviços na construção civil. Abaixo estão os motivos apontados: Problemas de descumprimento dos prazos; Número elevado de passivo trabalhista; Dependendo do serviço, cobram valores abusivos, fora do preço de mercado; Alterações de cronogramas e atrasos; Deixar de formar mestres de obras completos; O custo de uma terceirização é maior que o de uma equipe própria bem administrada; O que se conclui a respeito das respostas espontâneas é que os empreiteiros que são contratados para execução de serviços terceirizados não tem o comprometimento necessário com os prazos estipulados, o que pode acarretar em atrasos a todo o cronograma, caso as atividades sejam interdependentes entre si para conclusão das obras como um todo. Também nota-se que a terceirização de serviços na construção civil pode vir a ser mais cara do que a execução de serviços através da utilização de mão de obra própria, tanto pelo fato de que os empreiteiros necessitam lucrar sobre os serviços executados, quanto pelo fato de que as empresas contratantes acabam tendo que arcar com custos referentes a passivos trabalhistas. Aqui observa-se uma contradição a respeito da terceirização de serviços, visto que a mesma em alguns casos é vista como um diferencial competitivo de mercado, porém nos casos em que se torna o produto final mais caro, diminui a competitividade em relação aos preços praticados no mercado. Alguns serviços específicos, que não possuem grande concorrência de mercado acabam tendo seus preços elevados devido à falta de opções de concorrentes, fazendo com que os empreiteiros aumentem suas margens de lucro em função da grande procura para execução dos serviços de sua especialidade. Um item apontado e que em geral é pouco lembrado é em relação à formação dos mestres de obras, pois para essa formação é necessário que o futuro profissional acompanhe e adquira conhecimentos em todas as etapas da construção civil, e com o elevado número de empreiteiros o que se observa é diminuição de mestres de obras nos canteiros e o aumento de encarregados de obras, que são profissionais focados em atividades pontuais e não nas obras com um todo. Finalmente, para as perguntas 5 e 6 do questionamento, o objetivo era de se verificar o percentual de empresas que já responderam judicialmente e que arcaram com custos referentes às contratações de terceirizações julgadas irregulares. Abaixo estão os percentuais de empresas que já foram e que não foram acionadas judicialmente por funcionários de empresas terceirizadas: ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

12 Figura 5 Percentuais de empresas pesquisadas que já foram e que não foram acionadas judicialmente em Goiânia. Fonte: O autor (2013) Conforme pode ser observado no gráfico acima, a maior parte das empresas que se utilizam da terceirização de serviços já sofreu algum acionamento judicial para responder como responsáveis solidárias em processos movidos por funcionários de empresas prestadoras de serviços. A terceirização é tratada pela legislação trabalhista de forma bastante incipiente, sendo certo que a CLT, pelo seu art. 455, trata da empreitada e subempreitada, que são formas de subcontratação de mão-de-obra, sendo apresentadas pela jurista Rusinete Dantas de Lima como figuras afins da terceirização. Referido dispositivo prevê a possibilidade de reclamação direta do empregado em face do empreiteiro principal, em caso de inadimplemento das obrigações pelo subempreiteiro, sendo certo que a Orientação Jurisprudencial n. 191 da SDI do Col. TST excluiu qualquer forma de responsabilização para o dono da obra, salvo quando se tratar de empresa construtora ou incorporadora (PINTO, 2004:126). E finalmente o percentual de empresas que tiveram e que não tiveram que arcar com custos referentes às ações trabalhistas movidas por funcionários de empresas terceirizadas: ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

13 Figura 6 Percentuais de empresas pesquisadas que já arcaram e que não arcaram financeiramente com custos de ações de empresas terceirizadas em Goiânia. Fonte: O autor (2013) Conforme pode ser observado nas figuras acima, para as perguntas 5 e 6 os resultados foram idênticos, ou seja, pela análise dos dados, sempre que alguma construtora ou incorporadora é acionada como responsável solidária em processos trabalhistas de funcionários de empreiteiros, é penalizada a arcar com algum tipo de custo referente ao processo. A empreitada e a subempreitada constituem as únicas modalidades de subcontratação de mão-de-obra previstas na CLT, pelo art. 455, constituindo a matriz, ou a primeira figura jurídica identificável na legislação trabalhista, da terceirização de serviços. Na empreitada, o contrato firmado tem por objeto a execução de uma obra ou serviço, claramente identificado, sendo o pagamento efetuado em função desta obra ou serviço. Não há subordinação do empreiteiro ao dono da obra, sendo aquele um empregador em potencial, pois assume os riscos da própria atividade produtiva, nos termos do art. 2º da CLT, podendo, inclusive, contratar empregados para a execução da obra pactuada. O empreiteiro pode, também, contratar um subempreiteiro para executar parte da obra ou serviço, ou todo ele. Nessa hipótese, é do subempreiteiro a responsabilidade pelas obrigações trabalhistas derivadas de contratos por ele celebrados, mas, inadimplidas tais obrigações, pode o empregado reclamar diretamente contra o empreiteiro principal, como previsto no caput do art. 455 da CLT. Ao empreiteiro fica ressalvada a possibilidade de ingressar com ação regressiva em face do subempreiteiro, sendo-lhe assegurado também o direito de retenção de importâncias a ele devidas, para a garantia das obrigações, nos termos constantes do parágrafo único do art. 455 da CLT. No que diz respeito à responsabilização do dono da obra, o dispositivo legal em comento parece excluí-la, sendo que a jurisprudência vem evoluindo em sentido diverso, pois a Orientação Jurisprudencial n. 191 da SDI do Col. TST afastou qualquer forma de responsabilização para o dono da obra, salvo quando se tratar de empresa construtora ou incorporadora, que responde de forma subsidiária, nos termos previstos pelo Enunciado 331 do TST, por eventual inadimplemento do ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

14 3. Conclusão empreiteiro em face dos trabalhadores que a beneficiaram com seus serviços (PINTO, 2004:127 e 128). O trabalho realizado permitiu concluir que a terceirização de serviços na construção civil em Goiânia é bastante utilizada, extrapolando inclusive os limites legais. Na pesquisa sobre a legislação que rege a terceirização ficou evidente que os motivos que levam às empresas contratantes a terem que arcar com os custos de ações trabalhistas de empregados de empresas terceirizadas não é unicamente o fato de que as empresas terceirizadas deixam de arcar com as suas obrigações trabalhistas, mas também o fato de que as contratações frequentemente são feitas em desacordo com o que é legalmente permitido. A hipótese de que o objetivo principal das empresas contratantes era o diminuir seus custos com encargos trabalhistas sobre suas folhas de pagamentos não foi confirmada, visto que de acordo com os resultados obtidos na pesquisa, o principal motivo para a terceirização de serviços na construção civil em Goiânia é a utilização de mão de obra qualificada para execução dos serviços. Em contrapartida, os principais motivos apontados como desvantagens da terceirização foram as estruturas precárias em grande parte das empresas terceirizadas e a necessidade de gestão em contrato de terceiros, o que mostra que ainda falta maior profissionalização por parte das empresas prestadoras de serviços disponíveis no mercado de Goiânia. Diante da importância do tema dentro do cenário econômico atual da construção civil, se faz necessária a existência de uma legislação específica sobre este assunto, que regulamente as relações de trabalhos terceirizados, visto que a ausência desta legislação específica é prejudicial à construção civil, dando margens a diferentes interpretações à legislação atual e gerando dúvidas quanto ao que é permitido e ao que é proibido, causando inclusive prejuízos financeiros tanto para as empresas quanto para os próprios empregados. A aprovação do Projeto de Lei 4330/2004, além de regulamentar a terceirização de serviços, hoje regulamentada pela Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), visa normatizar as relações trabalhistas presentes no dia a dia das contratações terceirizadas, trazendo equilíbrio entre empregadores e empregados, permitindo assim a criação de empresas mais competitivas e, consequentemente, melhores prestações de serviços, aumentando com isso a competitividade entre as empresas e trazendo mais benefícios à construção civil como um todo. Referências PINTO, Maria Cecília Alves, TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS - RESPONSABILIDADE DO TOMADOR - Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Belo Horizonte, v.39, n.69, p.123-146, jan./jun.2004. TST - Súmula nº 256 do TST- Res. 4/1986, DJ 30.09.1986 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS LEGALIDADE (cancelada) ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014

15 TST - Súmula nº 331 do TST - CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 PL 4330/2004 - Dispõe sobre o contrato de prestação de serviço a terceiros e as relações de trabalho dele decorrentes. ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014