APRESENTAÇÃO... 4 1. IDENTIFICAÇÃO DO CURSO... 6 2. HISTÓRICO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS... 7



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Transcrição:

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO... 4 1. IDENTIFICAÇÃO DO CURSO... 6 2. HISTÓRICO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS... 7 3. HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS... 11 4. HISTÓRICO DO CAMPO DE CONHECIMENTO E DA PROFISSIONALIZAÇÃO DA NUTRIÇÃO NO BRASIL 13 5. PROPÓSITOS E OBJETIVOS DA FCA E DO CURSO DE NUTRIÇÃO... 15 5.1. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS DA FCA 16 5.2. OBJETIVOS DO CURSO DE NUTRIÇÃO DA FCA 16 6. IDENTIDADE DO CURSO DE NUTRIÇÃO DA FCA... 17 6.1. NÚCLEO BÁSICO GERAL COMUM - NBGC 18 6.2. NÚCLEO COMUM DA ÁREA DE SAÚDE 20 6.3. NÚCLEO DE FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM NUTRIÇÃO 21 7. PERFIL PROFISSIONAL DO EGRESSO... 22 8. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES... 23 8.1. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES GERAIS 24 8.2. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES ESPECÍFICAS 25 9. ESTRATÉGIA DE ENSINO... 26 9.1. PRINCÍPIOS E PRÁTICAS 26 9.2. INFRAESTRUTURA DE ENSINO 28 9.3. FERRAMENTAS INFORMATIZADAS 31 9.4. PROGRAMAS DE ESTÁGIO DOCENTE E DE APOIO DIDÁTICO 32 10. SISTEMA DE AVALIAÇÃO... 32 10.1. AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZADO 35 10.2. AVALIAÇÃO DE DISCIPLINAS 37 10.3. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DE CURSOS 39 2

11. ESTÁGIOS... 40 11.1. ESTÁGIOS CURRICULARES 41 11.2. ESTÁGIOS EXTRACURRICULARES 42 12. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO... 43 13. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR... 45 14. INTERNACIONALIZAÇÃO... 47 15. INTEGRAÇÃO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO... 48 16. OUTROS ASPECTOS RELEVANTES... 50 16.1. ATENÇÃO AO DISCENTE 50 16.2. ACESSIBILIDADE 51 16.3. DIVERSIDADE E INCLUSÃO SOCIAL 52 16.4. ACOMPANHAMENTO DE EGRESSOS 53 REFERÊNCIAS... 55 ANEXO I: RELAÇÃO DE DOCENTES... 56 ANEXO II: EMENTAS E OBJETIVOS DAS DISCIPLINAS... 65 3

APRESENTAÇÃO Este documento apresenta a concepção, finalidade e organização curricular do Curso de Graduação em Nutrição da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O Curso de Graduação em Nutrição está inserido no contexto geral da FCA (que contempla ainda os cursos de Engenharia de Produção, Engenharia de Manufatura, Gestão de empresas, Gestão de Agronegócios, Gestão de Políticas Públicas, Gestão de Comércio Internacional e Ciências do Esporte) e da própria Unicamp, sendo aderente aos pressupostos institucionais desta Universidade. Tal inserção é particularmente importante por indicar as inter-relações entre as diferentes áreas do conhecimento que embasam o projeto pedagógico da FCA, assim como a relações dinâmicas que se estabelecem entre as atividades de ensino de graduação e pósgraduação, pesquisa e extensão na Unicamp. Em linhas gerais, os projetos pedagógicos dos cursos de graduação da FCA são reflexo de um esforço institucional de compreensão das exigências de conhecimento da sociedade moderna, assim como dos novos formatos de disseminação e apreensão deste conhecimento, com vistas à promoção de uma formação integral, com base nos princípios de ética, do exercício da cidadania e da liberdade, e estimuladoras da criatividade, iniciativa e empreendedorismo. A FCA estabelece alguns parâmetros orientadores para sua prática educativa levando-se em consideração as questões legais definidas pelas diretrizes curriculares do MEC e as possibilidades institucionais de implantação de projetos de cursos superiores inovadores. Tais parâmetros, brevemente descritos a seguir, serão desenvolvidos com detalhes ao longo do presente documento. Formação básica e geral dos alunos através de disciplinas das ciências sociais e humanas (representadas pelo Núcleo Básico Geral Comum) e sua articulação com o núcleo de disciplinas das áreas específicas; Inovações metodológicas que superem a fragmentação original do conhecimento, assim como a simples reprodução do conhecimento, por meio da perspectiva da interdisciplinaridade; Integração entre ensino, pesquisa e extensão; Cursos norteados por perfis profissionais de excelência; Atualização sistemática de currículo e de práticas pedagógicas; Estágios e trabalhos de conclusão de curso que articulem teoria e prática; Ênfase no processo de internacionalização de estudantes e docentes; Emprego de sistemas permanentes de avaliação de cursos e disciplinas; 4

Criação, manutenção e atualização permanente de laboratórios de ensino, biblioteca, salas de aula, áreas de convivência. A organização desse documento deve pauta-se no fundamento de que o Projeto Pedagógico do Curso é fruto de um esforço coletivo e institucional, uma vez que decorre do envolvimento de todo o quadro docente da FCA na discussão de seus princípios e de suas práticas pedagógicas. Do ponto de vista metodológico, sua construção partiu do documento orientador da criação da FCA, complementando-se com boas práticas identificadas em instituições de ensino e pesquisa congêneres no Brasil e no exterior (benchmarking) e com aspectos gerais que derivam da história e identidade da Unicamp. 5

1. IDENTIFICAÇÃO DO CURSO NOME DO CURSO: Nutrição TÍTULO CONFERIDO: Bacharel em Nutrição PORTARIA DE RECONHECIMENTO: (a definir) TURNO: Integral Manhã: Das 08h00 às 12h00 horas, de segunda a sábado. Tarde: Das 14h00 às 18h00 horas, de segunda a sexta CARGA HORÁRIA: 3600 horas DURAÇÃO: Mínima: 8 semestres; Máxima: 12 semestres VAGAS: 60 FORMA DE INGRESSO: Vestibular Nacional CAMPO DE ATUAÇÃO: hospitais públicos e particulares, clínicas; restaurantes em empresas, indústrias e universidades ou serviços públicos; alimentação escolar; unidades básicas de saúde; agremiações esportivas; vigilância sanitária; SPA; marketing; pesquisa e ensino RELAÇÃO CANDIDATO VAGA: Vestibular Nacional Vagas Candidatos Relação C/V 2009 60 616 10,3 2010 60 719 12,2 2011 60 696 11,6 2012 60 604 10,1 EQUIPE DE ELABORAÇÃO: Prof a Adriane Elisabete Antunes de Moraes Prof a Ana Paula Badan Ribeiro Prof a Caroline Dario Capitani Prof Dennys Esper Correa Cintra Prof a Julicristie Machado de Oliveira Prof a Marciane Milansky Ferreira Prof a Mayra Mayumi Kamiji Prof a Patrícia de Oliveira Prada Prof í Rosangela Maria Neves Bezerra SITE INSTITUCIONAL: Universidade Estadual de Campinas http://www.unicamp.br Faculdade de Ciências Aplicadas http://www.fca.unicamp.br 6

2. HISTÓRICO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Jovem, mas com tradição A Unicamp foi oficialmente fundada em 5 de outubro de 1966, dia do lançamento de sua pedra fundamental. Mesmo num contexto universitário recente, em que a universidade brasileira mais antiga tem pouco mais de sete décadas, a Unicamp pode ser considerada uma instituição jovem que já conquistou forte tradição no ensino, na pesquisa e nas relações com a sociedade. O projeto de instalação da Unicamp veio responder à crescente demanda por pessoal qualificado numa região do País, o Estado de São Paulo, que já na década de 60 detinha 40% da capacidade industrial brasileira e 24% de sua população economicamente ativa. Uma característica da Unicamp foi ter escapado à tradição brasileira da criação de universidades pela simples acumulação de cursos e unidades. Ao contrário da maioria das instituições, ela foi criada a partir de uma ideia que englobava todo o seu conjunto atual. Basta dizer que, antes mesmo de instalada, a Unicamp já havia atraído para seus quadros mais de 200 professores estrangeiros das diferentes áreas do conhecimento e cerca de 180 vindos das melhores universidades brasileiras. A Unicamp tem três campi em Campinas, Piracicaba e Limeira e compreende 22 unidades de ensino e pesquisa. Possui também um vasto complexo de saúde (com duas grandes unidades hospitalares no campus de Campinas), além de 23 núcleos e centros interdisciplinares, dois colégios técnicos e uma série de unidades de apoio num universo onde convivem cerca de 50 mil pessoas e se desenvolvem milhares de projetos de pesquisa. O ensino conjugado à pesquisa A Unicamp tem uma graduação forte com um grande leque de cursos nas áreas de ciências exatas, tecnológicas, biomédicas, humanidades e artes. Por outro lado, é a Universidade brasileira com maior índice de alunos na pós-graduação 48% de seu corpo discente e responde por aproximadamente 12% da totalidade de teses de mestrado e doutorado em desenvolvimento no País. A qualidade da formação oferecida pela Unicamp tem tudo a ver com a relação que historicamente mantém entre ensino e pesquisa. Tem a ver também com o fato de que 86% de seus professores atuam em regime de dedicação exclusiva e 97% têm titulação mínima de doutor. Isso faz com que os docentes que ministram as aulas sejam os mesmos que, em seus laboratórios, desenvolvem as pesquisas que tornaram a Unicamp conhecida e respeitada. E permite que o conhecimento novo gerado a partir das pesquisas seja repassado aos alunos, 7

muitos dos quais frequentemente delas participam como é o caso dos estudantes de pósgraduação, de um grande número de bolsas de iniciação científica para os alunos de graduação ou das atividades extracurriculares propiciadas pelas empresas juniores existentes em praticamente todas as unidades. Levantamento por amostragem realizado recentemente mostrou que, dos aproximadamente 40 mil ex-alunos de graduação da Unicamp, cerca de 90% estavam empregados, sendo que a metade ocupava cargos de direção em empresas ou instituições públicas. 15% da pesquisa universitária brasileira Ao dar ênfase à investigação científica, a Unicamp parte do princípio de que a pesquisa, servindo prioritariamente à qualidade do ensino, pode ser também uma atividade econômica. Daí a naturalidade de suas relações com a indústria, seu fácil diálogo com as agências de fomento e sua rápida inserção no processo produtivo. Tal inserção começou já na década de 70, com o desenvolvimento de pesquisas de alta aplicabilidade social, muita das quais logo foram difundidas e incorporadas à rotina da população. Exemplos: a digitalização da telefonia, o desenvolvimento da fibra óptica e suas aplicações nas comunicações e na medicina, os vários tipos de lasers hoje existentes no Brasil e os diversos programas de controle biológico de pragas agrícolas, entre outros. Deve-se acrescentar a estas e às centenas de outras pesquisas em andamento um número notável de estudos e projetos no campo das ciências sociais e políticas, da economia, da educação, da história, das letras e das artes. A maioria dessas pesquisas não somente está voltada para o exame da realidade brasileira como, muitas vezes, tem-se convertido em benefício social imediato. No seu conjunto, elas representam em torno de 15% de toda a pesquisa universitária brasileira. Fortes relações com a sociedade A tradição da Unicamp na pesquisa científica e no desenvolvimento de tecnologias deu-lhe a condição de Universidade brasileira que maiores vínculos mantêm com os setores de produção de bens e serviços. A instituição mantém várias centenas de contratos para repasse de tecnologia ou prestação de serviços tecnológicos a indústrias da região de Campinas, cidade onde fica seu campus central. Localizada a 90 quilômetros de São Paulo e com uma população de 1 milhão de habitantes, Campinas é um dos principais centros econômicos e tecnológicos do país. 8

Para facilitar essa interação, a Unicamp conta, desde 2003, com uma Agência de Inovação, serviço que é hoje a porta de entrada para os empresários que necessitam modernizar seus processos industriais, atualizar seus recursos humanos ou incorporar a suas linhas de produção os frutos da pesquisa da Universidade. Nas últimas décadas, o papel da Unicamp, como instituição geradora de conhecimento científico e formadora de mão de obra qualificada, atraiu para seu entorno um complexo de outros centros de pesquisa vinculados ao Governo Federal ou Estadual, além de um importante parque empresarial nas áreas de telecomunicações, de tecnologia da informação e de biotecnologia. Muitas dessas empresas quase uma centena somente na região de Campinas nasceram da própria Unicamp e da capacidade empreendedora de seus ex-alunos e professores. São as chamadas filhas da Unicamp, quase todas atuando nas áreas de tecnologia de ponta. Além disso, a Unicamp tem se caracterizado por manter fortes ligações com a sociedade através de suas atividades de extensão e, em particular, de sua vasta área de saúde. Quatro grandes unidades hospitalares, situadas em seu campus de Campinas e fora dele, fazem da Unicamp o maior centro de atendimento médico e hospitalar do interior do Estado de São Paulo, cobrindo uma população de cinco milhões de pessoas numa região de quase uma centena de municípios. Estrutura de ensino, pesquisa e apoio técnico Unidades de ensino e pesquisa Instituto de Artes Instituto de Biologia Instituto de Computação Instituto de Economia Instituto de Estudos da Linguagem Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Instituto de Física Gleb Wataghin Instituto de Geociências Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica Instituto de Química Faculdade de Ciências Médicas Faculdade de Ciências Aplicadas Faculdade de Educação Faculdade de Educação Física 9

Faculdade de Engenharia Agrícola Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Faculdade de Engenharia de Alimentos Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação Faculdade de Engenharia Mecânica Faculdade de Engenharia Química Faculdade de Odontologia de Piracicaba Faculdade de Tecnologia Outras Unidades de Ensino Colégio Técnico de Campinas Colégio Técnico de Limeira Centros e Núcleos Interdisciplinares Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética Centro de Componentes Semicondutores Centro de Documentação de Música Contemporânea Centro de Engenharia Biomédica Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura Centro de Estudos de Opinião Pública Centro de Estudo do Petróleo Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência Centro de Memória Unicamp Centro Multidisciplinar para Investigação Biológica Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade Núcleo de Estudos da População Núcleo de Estudos de Gênero Pagu Núcleo de Estudos de Políticas Públicas Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação Núcleo de Estudos Estratégicos Núcleo de Integração e Difusão Cultural Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora Núcleo de Informática Aplicada à Educação 10

Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético Unidades de Serviços voltadas à Sociedade Hospital das Clínicas Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher Hospital Estadual de Sumaré Centro de Diagnóstico de Doenças do Aparelho Digestivo Centro de Hematologia e Hemoterapia Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação Gabriel Porto Centro de Integração em Pediatria Centro de Tecnologia Editora da Unicamp Escola de Extensão da Unicamp Agência de Inovação 3. HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO DA FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS No início dos anos 2000 a Unicamp vinha vivenciado um processo de discussão sobre o futuro da instituição e sobre a possibilidade de ampliação de vagas oferecidas à sociedade, especialmente para os cursos de graduação. Neste contexto, o Conselho Universitário da Unicamp (CONSU) criou, em setembro de 2003, um Grupo de Trabalho para estudar a viabilidade de criar um novo campus em uma área de aproximadamente 500 mil m 2 de propriedade da universidade desde os anos 1970, na cidade vizinha de Limeira. Esse Grupo de Trabalho apresentou formalmente, em 20 de dezembro de 2005, a proposta de criação do novo campus ao Conselho Universitário. A deliberação do CONSU aprovou a criação do campus, que foi denominado Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), assim como os princípios, regras e orientações gerais para sua implantação. No novo campus, em consonância com as diretrizes gerais da Universidade, o ensino, a pesquisa e a extensão deveriam ser os eixos fundamentais de ação. A vocação da FCA foi originalmente ancorada na perspectiva da gestão e em seus desdobramentos e aplicações para aspectos relacionados ao meio ambiente, produção, negócios e saúde. Os princípios metodológicos fundamentais para a construção do projeto pedagógico da nova unidade seriam a interdisciplinaridade e a integração das áreas de conhecimento. Dentre as diversas possibilidades analisadas à época, oito cursos foram propostos e aprovados: Nutrição e Ciências do Esporte na 11

área de saúde; Gestão do Agronegócio, Gestão de Comércio Internacional, Gestão de Empresas e Gestão de Políticas Públicas na área de Gestão; Engenharia de Manufatura e Engenharia de Produção na área das engenharias. Nesta proposta, os cursos da FCA foram concebidos a partir de 3 núcleos distintos de disciplinas: O Núcleo Básico Geral Comum (NBGC), composto por disciplinas que são ministradas para os oito cursos de graduação; Os Núcleos Comuns das Áreas, sendo que o núcleo de saúde oferece disciplinas comuns aos cursos de Nutrição e Ciências do Esporte, o núcleo de engenharia oferece disciplinas comuns aos cursos de Engenharia de Manufatura e Engenharia de Produção e o núcleo da gestão, que oferece disciplinas comuns aos cursos de Gestão do Agronegócio, Gestão de Comércio Internacional, Gestão de Empresas e Gestão de Políticas Públicas; Os Núcleos de Formação Específica, compostos de disciplinas características de cada um dos 8 cursos de graduação. A originalidade da proposta da FCA e do campus está associada à sua perspectiva pedagógica de cunho interdisciplinar, à sua estrutura organizada por áreas (e não por departamentos) e ao seu padrão arquitetônico e tecnológico inovador. Este conceito exige também um modelo gerencial adequado, que está sendo construído a partir da institucionalização do novo campus e de um planejamento sistemático. A FCA foi inaugurada em 2009 e recebeu o primeiro grupo de 480 alunos (60 ingressantes em cada um dos cursos) com ingresso pelo vestibular nacional da Unicamp. Os cursos de Gestão passaram a funcionar no período noturno e os demais no período integral. Em 2010, foram realizados os primeiros ajustes na grade curricular dos cursos de graduação da FCA, buscando adequar e equilibrar conteúdos e distribuir e encadear melhor as disciplinas. Desde então, as discussão entre o corpo docente e discente sobre a identidade e a organização dos cursos, assim como sobre práticas pedagógicas adequadas para a proposta da FCA tem sido permanentes, com a perspectiva de atualização sistemática dos currículos em direção a uma formação de excelência. Hoje a FCA conta com 20 mil m 2 construídos, além de mais 10 mil m 2 em construção 1. Possui 73 docentes (parte deles em processo de contratação), 40 funcionários e cerca de 2000 alunos. Todos os docentes foram ou estão sendo contratados no regime de dedicação integral à docência e pesquisa, no nível MS3, e ingressaram por concurso público. Além deste corpo de 1 É particularmente importante ressaltar, no contexto do presente projeto pedagógico, que a FCA é uma Unidade em implantação. As implicações disto são especialmente relacionadas com a infraestrutura física do campus (em fase de finalização) e com a gradual consolidação do corpo docente, das atividades de pósgraduação, pesquisa e extensão. 12

jovens professores, a Unidade conta com 4 docentes experientes, dois Livre-docentes e dois Titulares vindos de outras Unidades da Unicamp para apoiar o processo de implantação. A FCA deverá admitir ainda em 2012 mais quatro docentes por conta de vagas não preenchidas ao longo dos processos realizados, além de três professores titulares, cujas vagas já foram garantidas pelo Conselho Universitário da Unicamp. O Anexo I apresenta a relação de docentes envolvidos com os Cursos de Nutrição da FCA. Em relação à Pós-Graduação, há dois programas em andamento: o curso de mestrado de Ciências da Nutrição, Esporte e Metabolismo (CNEM), iniciado em 2011 e a associação com o Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica, do Instituto de Geociências da Unicamp, por meio de credenciamento de docentes e de oferta de disciplinas pela FCA. Houve ainda em 2011 a proposição de um novo programa de Pesquisa Operacional e Gestão, em conjunto pelas áreas de Engenharia e Gestão, com uma proposta inovadora de formação e pesquisa em áreas de apoio à decisão e otimização de processos; esta proposta, aprovada nas instâncias da Unicamp, está em análise pela CAPES. Sobre as atividades de pesquisa foram aprovados, ao longo do triênio 2009/2011, 72 projetos de pesquisa pelos docentes da FCA, com valores que somam quase 7,5 milhões de reais (dos quais 2,8 são projetos financiados pela FAPESP). Como primeiro resultado, podemos indicar a publicação de uma média de 1,6 artigos em periódicos por docente por ano. Só no ano de 2011, foram 60 bolsas de iniciação científica financiadas pelo Programa PIBIC do CNPq, o que indica a intensa participação dos alunos de graduação na pesquisa desenvolvida na Unidade. Em relação às atividades de extensão, cabe citar a aprovação de 8 cursos de extensão (alguns deles já com turmas oferecidas), sendo 4 na área de gestão (Especialização em Gestão Executiva, Especialização em Controladoria e Finanças, Estado e Gestão Estratégica Pública e Desenvolvimento Pessoal), 3 na área de engenharia (Metalurgia aplicada à indústria de joias e semi joias, Matemática Multimídia e Geometria na sala de aula) e um na área de Saúde (Obesidade e Diabetes). Há também um conjunto significativo de contratos de prestação de serviços e atividades comunitárias. 4. HISTÓRICO DO CAMPO DE CONHECIMENTO E DA PROFISSIONALIZAÇÃO DA NUTRIÇÃO NO BRASIL Registros históricos descrevem o início da nutrição como profissão no Canadá em 1670, por meio das ações em uma ordem religiosa, o Centro de Classificação e Ocupações Técnicas das Irmãs da Ordem de Ursulinas. Durante a guerra da Criméia, em 1854, destaca-se o trabalho da enfermeira Florence Nightingale no cuidado de feridos e na instalação de cozinhas funcionais, 13

como forma de melhorar a recuperação dos soldados. Em 1867, foi criado o Curso de Ensino de Economia Doméstica em Ontário, e em 1902, surge o Curso Universitário de formação de Dietistas. Apesar de registros relativamente remotos, o surgimento da Nutrição, como ciência ou profissão, é um fenômeno relativamente recente, característico do século XX. No entanto, as condições históricas para a constituição deste campo científico foram estimuladas a partir da revolução industrial europeia no século XVIII e durante a Primeira Guerra Mundial entre 1914 e 1918. A Primeira Guerra marcou a necessidade de profissionais dietistas para o racionamento alimentar e provisão dos exércitos. No período entre as duas guerras mundiais, são criados, em alguns países da Europa, Estados Unidos, Canadá, e posteriormente no Brasil e Argentina, os primeiros centros de estudos e pesquisas, os primeiros cursos para formação de profissionais especialistas e, as primeiras agências responsáveis por medidas de intervenção em nutrição (Vasconcelos, 2002). Na América Latina, os primeiros estudos em nutrição foram fortemente influenciados pelo médico argentino Pedro Escudero, criador do Instituto Nacional de Nutrição em 1926, da Escola Nacional de Dietistas em 1933 e do curso de médicos dietólogos na Universidade de Buenos Aires. Entre os primeiros brasileiros a realizarem estágios ou cursos promovidos por Pedro Escudero, estavam Firmina Sant Anna e Lieselotte Hoeschl (Associação Brasileira de Nutrição, 1991). Essas duas pesquisadoras foram incentivadoras de outros trabalhos que marcaram a formação da nutrição no Brasil, como pesquisas sobre doenças carenciais relacionadas à alimentação e aos hábitos alimentares da população brasileira, à publicação do livro Higiene Alimentar por Eduardo Magalhães, e estudos desenvolvidos por Álvaro Osório de Almeida no campo da Fisiologia da Alimentação (Vasconcelos, 2002). Como consequência das transformações ocorridas no Brasil na primeira metade do século XX, particularmente com o processo de industrialização, há sensíveis mudanças na divisão técnica do trabalho em saúde, surgindo novos profissionais na área, dentre eles, o nutricionista, cujos primeiros passos giraram em torno do desenvolvimento da prática hospitalar de assistência ao paciente (Costa, 1999). No Brasil, o início da Nutrição como Ciência está associado à disciplina Higiene Alimentar, área de estudo constituída a partir de meados do século XIX nas faculdades de medicina e que, na década de 1930, possibilitaria a institucionalização acadêmica deste novo campo científico. A partir dessa época, duas vertentes principais de conhecimento confluíram para a conformação do campo científico da nutrição (L Abbate, 1988). A primeira, vertente biológica, congregava cientistas preocupados com aspectos clínicos, fisiológicos e individuais relacionados ao consumo e à utilização biológica dos nutrientes. Essa corrente deu origem, na década de 1940, à Nutrição Clínica e à Nutrição Básica e Experimental, sendo essa última, voltada ao 14

desenvolvimento de pesquisas básicas de caráter experimental e laboratorial. A segunda vertente, a social, reunia ações voltadas aos aspectos econômico-sociais e populacionais relacionados à produção, distribuição e consumo de alimentos. Essa corrente, a partir da década de 40, deu origem à Alimentação Institucional (Alimentação Coletiva), enquanto nos anos 1950-1960 deu-se início aos estudos na área de Nutrição em Saúde Pública. O crescimento da Nutrição como profissão foi marcado pela criação dos primeiros cursos para a formação de profissionais nutricionistas. O primeiro curso foi criado em 1939, no Instituto de Higiene de São Paulo, atual Curso de Graduação em Nutrição do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Em 1940, tiveram início os cursos técnicos do Serviço Central de Alimentação do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI) os quais deram origem, em 1943, ao Curso de Nutricionistas do Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), atual Curso de Graduação em Nutrição da Universidade do Rio de Janeiro - UNI-RIO. Em 1944, foi criado o Curso de Nutricionistas da Escola Técnica de Assistência Social Cecy Dodsworth, atual Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ. E a partir de 1948 teve início o Curso de Dietistas da Universidade do Brasil, atual Curso de Graduação em Nutrição do Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Entre os veículos de difusão das ideias e dos processos de organização da classe profissional, destacam-se os Arquivos Brasileiros de Nutrição, idealizado por Josué de Castro, os livros Alimentação Brasileira à Luz da Geografia Humana (1937) e o clássico Geografia da fome (1946), publicado por Josué Castro. A Sociedade Brasileira de Nutrição (SBN), entidade de caráter técnico-científico e cultural, fundada em 1940, e a Associação Brasileira de Nutricionistas (ABN), fundada em 31 de agosto de 1949 (Vasconcelos, 2011) são duas iniciativas que consolidam a profissão e o ensino de Nutrição no Brasil. Nas décadas de 1990 e 2000 multiplicaram-se os cursos de Nutrição pelo país. Hoje são 385 cursos espalhados por todo o território nacional. No campo da pós-graduação há bem menos cursos. São 20 cursos recomendados pela CAPES, sendo um deles o de Ciências da Nutrição, Metabolismo e Esportes da FCA. Dentre estes 20, há 9 cursos de doutorado. 5. PROPÓSITOS E OBJETIVOS DA FCA E DO CURSO DE NUTRIÇÃO A Unicamp é uma Autarquia Especial do Governo do Estado de São Paulo, autônoma em política educacional e subordinada ao Governo Estadual no que se refere a subsídios para a sua operação. Assim, os recursos financeiros são obtidos principalmente de dotação proveniente do principal imposto estadual, o ICMS, além, é claro, de instituições nacionais e internacionais de 15

fomento. Dessa forma, a visão institucional propicia a orientação de uma missão institucional de ensino, pesquisa e extensão pública que perpassa todas as dimensões e todas suas ações, em cada unidade e em cada projeto. A seguir são destacados os objetivos gerais e específicos da FCA e do Curso de Nutrição desta Unidade. 5.1. Objetivos Gerais e Específicos da FCA Objetivos Gerais: Desenvolver a educação com qualidade, autonomia do conhecimento e promoção da cidadania; Desenvolver conhecimento por meio da pesquisa e integrá-lo ao ensino; Consolidar e desenvolver a extensão universitária e a cultura. Objetivos Específicos: Educar através de um projeto pedagógico integral que tem como base a interdisciplinaridade dos diversos campos do saber; Formar profissionais com qualidade humanista, técnica e científica e com capacidade de reflexão crítica e de responsabilidade social e ambiental; Promover, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, todas as formas de conhecimento, com abertura às variadas concepções pedagógicas, sempre privilegiando a interdisciplinaridade e a ciência aplicada; Desenvolver atividades educativas, culturais, humanistas, técnicas e científicas que beneficiem efetivamente a comunidade onde se insere a FCA; Promover o intercâmbio e a interação com outras instituições de educação, ciência, cultura e arte. 5.2. Objetivos do Curso de Nutrição da FCA Propiciar ao aluno domínio dos conceitos, teorias e práticas da nutrição nas diferentes áreas de atuação do profissional; Dotar o aluno de conhecimentos a respeito da constituição, propriedades e modificações que ocorrem nos alimentos in natura e durante o processamento, transporte, preparação, e distribuição; Dotar no aluno a capacidade de utilizar todos os recursos disponíveis de diagnóstico e tratamento nutricionais ao seu alcance, em favor dos indivíduos e coletividade sob sua responsabilidade profissional. 16

Dotar o aluno de uma visão global e abrangente da ciência da nutrição e sua aplicação na atenção a instituições públicas e privadas, com consciência das implicações sociais e ambientais das decisões do profissional do mundo contemporâneo; Desenvolver no aluno a capacidade de planejar, organizar, gerenciar e avaliar serviços de alimentação e nutrição, bem como de programas de saúde visando à segurança alimentar e nutricional de populações; Desenvolver no aluno a capacidade de interpretação da realidade, aplicando seus conhecimentos técnicos de forma a adequar a melhor conduta para assegurar a preservação da saúde e prevenção de doenças; Desenvolver no aluno visão crítica da sociedade, das suas organizações e da profissão do nutricionista; Desenvolver no aluno as habilidades necessárias para a comunicação e para relacionamentos interpessoais de forma a que ele possa atuar em equipes multiprofissionais destinadas a atender a indivíduos ou populações; Desenvolver no aluno o espírito crítico e o discernimento diante de situação de conflito de interesse; Estimular o senso crítico e propiciar o desenvolvimento do espírito investigativo e científico, habilitando a emitir juízo crítico e autocrítico através do desenvolvimento de pesquisa, participação em congressos, seminários, colóquios e outros eventos científicos; Estimular a capacidade de criação de conhecimento novo nos campos de atuação da Nutrição; Estimular o aluno a desempenhar sua profissão, com consciência da necessidade da qualidade e das implicações éticas em seu trabalho; Orientar o aluno a planejar sua carreira profissional e seu desenvolvimento pessoal, com autonomia e responsabilidade. 6. IDENTIDADE DO CURSO DE NUTRIÇÃO DA FCA O juramento da profissão representa o compromisso ético e moral do profissional ao assumir o início de sua atuação. "Prometo que, ao exercer a profissão de nutricionista, o farei com dignidade e eficiência, valendo-me da ciência da nutrição, em benefício da saúde da pessoa, sem discriminação de qualquer natureza. Prometo, ainda, que serei fiel aos princípios da moral e da ética. Ao cumprir este juramento com dedicação, desejo ser merecedor dos louros que a profissão 17

proporciona." (Juramento Oficial do Nutricionista - Resolução CFN nº 382/2006) O Curso de Graduação em Nutrição da FCA está orientado para a formação de pessoas com habilidades e competências para exercício profissional em todos os campos de atuação do nutricionista, em especial nas áreas de Alimentação Coletiva (Administração de Unidades de Alimentação e Nutrição), Nutrição Clínica, Saúde Coletiva, Indústria de Alimentos, Nutrição em Esportes, Marketing de Alimentos e Nutrição e também para a prática docente. A ideia é a de formação de profissionais capacitados para atuação em um amplo espectro de instituições e organizações públicas e privadas, com criatividade, iniciativa, responsabilidade social e ambiental, a fim de preservar, promover e recuperar a saúde de grupos populacionais e contribuir com a formação de cidadãos. Entende-se, desta forma, que a proposta pedagógica do curso de Graduação em Nutrição estabelece-se de forma condizente com as exigências da atualidade, pois além da interface com os fundamentos das Ciências Humanas e Sociais estimulando a reflexão crítica sobre a realidade social e econômica em que o profissional está inserido o curso oferece disciplinas que estão em consonância com as principais discussões científicas no campo da Nutrição, quais sejam Nutrigenômica, Alimentos Funcionais e Segurança Alimentar. Nesta perspectiva pedagógica, o processo de formação oferecido no curso de Nutrição da FCA estrutura a sua identidade a partir de 3 núcleos distintos de disciplinas: (I) o Núcleo Básico Geral Comum (NBGC); (II) o Núcleo Comum da Área de Saúde; e (III) o Núcleo de Formação Específica. 6.1. Núcleo Básico Geral Comum - NBGC Os progressos das ciências nos últimos trinta anos derrubaram as barreiras que separavam as ciências básicas e demonstraram que matemática, física, química, biologia e ciências humanas são interdependentes e devem trabalhar em contínuo entrosamento. (Vaz, 1963) O chamado Ciclo Básico foi pensado pelo professor Zeferino Vaz, criador da Unicamp na década de 1960, para ser o lugar no qual as ciências básicas experimentariam no ensino e na aprendizagem a dissolução de suas fronteiras. Zeferino acrescenta: Chamei o arquiteto e disse: [...] você vai fazer qualquer coisa, contanto que haja uma grande praça central de 300m de diâmetro e todas as grandes unidades construídas 18

perifericamente, todas convergindo para ela. [...] Eu quero uma universidade em que os professores de Arte, de Estética, que integram o Centro de Epistemologia, se relacionem com o químico, o matemático, o biólogo, o físico, para que se percam essas limitações de visão angular. No entanto, como lamentou o professor Fausto Castilho no fórum Sabedoria Universitária: a Unicamp Ouve seus Professores Eméritos, ocorrido no final de 2009, esta vocação da Unicamp foi sendo colocada em segundo plano ao longo de sua história. A proposta inicial para a Unicamp foi de uma universidade moderna, com um único ingresso que passaria pelos estudos gerais. Segundo Castilho, o aluno só poderia optar por uma graduação depois de dois anos; antes, deveria estudar matemática, latim, artes e tomar conhecimento das tecnologias. A função da universidade pública é formar um homem de ciência; médicos, advogados e engenheiros podem ser formados por qualquer faculdade isolada. O projeto pedagógico da FCA retoma o tom dado no passado pelo prof. Zeferino: formar um cidadão/profissional, com visão humanística, consciente de sua responsabilidade social, com competência técnico-científica voltada para a sociedade nas suas respectivas áreas, tanto do ponto de vista ambiental, como tecnológico e socioeconômico. A diferença é que hoje enfrentamos problemas que apenas se esboçavam na década de sessenta do século passado. O século XXI inicia-se com uma questão urgente: trata-se, nas palavras do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro (2007), da infinitude subjetiva do homem - seus desejos insaciáveis - em insolúvel contradição com a finitude objetiva do ambiente. Há na complexidade das questões fundamentais do mundo contemporâneo uma exigência de se pensar epistemologicamente sobre o descompasso entre a aceleração dos conhecimentos técnicos e científicos e as questões éticas, ambientais, políticas, sociais, jurídicas e econômicas por eles suscitados. O Núcleo Básico Geral Comum da FCA surge como resposta às questões do nosso tempo. Isso não é pouco. O NBGC traz o caráter essencial da FCA, com o objetivo de buscar uma formação humanística para criar um profissional capaz de lidar com as múltiplas e rápidas transformações da realidade, consciente do seu papel social e apto a intervir na sociedade para transformá-la de acordo com as necessidades do nosso tempo. Assim, o NBGC tem um papel central para a identidade dos cursos da FCA, por contribuir para a construção do conhecimento através da contextualização, do saber longitudinal, e da interdisciplinaridade, princípios caros à construção desta unidade. Constitui-se, portanto, como elemento estratégico do princípio de interdisciplinaridade que norteia o projeto pedagógico da FCA É composto por disciplinas contextualizadoras, de formação geral e instrumental, obrigatórias a todos os cursos da faculdade. O NBGC é composto por oito disciplinas que totalizam 28 créditos oferecidos nos seis primeiros semestres de todos os cursos da FCA. Tais disciplinas são divididas em quatro grandes 19

linhas, organizadas no intuito de encadear da melhor forma possível seus conteúdos, assim como a sua inserção nos cursos. A seguir são descritas (na ordem de encadeamento) as disciplinas que compõem o NBGC em suas quatro vertentes 2 : 1. Língua, Linguagem e Discurso; 2. Sociedade e Cultura no Mundo Contemporâneo, Sociedade e Ambiente e Ética e Cidadania; 3. Epistemologia e Filosofia da Ciência e Lógica; 4. Noções de Administração e Gestão e Práticas Sociais nas Organizações. A Figura 1 abaixo ilustra a distribuição destas disciplinas ao longo dos 6 primeiros semestres do Curso de Nutrição. A descrição das ementas encontra-se na parte final do presente documento (Anexo II). Área Nutrição Disciplinas do NBGC Semestres 1o 2o 3o 4o 5o 6o Língua, Linguagem e Discurso 1 Sociedade e Cultura no Mundo Contemporâneo 2 Sociedade e Ambiente 2 Ética e Cidadania 2 Epistemologia e Filosofia da Ciência 3 Lógica 3 Noções de Administração e Gestão 4 Práticas Sociais nas Organizações 4 Figura 1: Distribuição das disciplinas do NBGC no Curso de Nutrição. Um ponto interessante a ser destacado é que as disciplinas do NBGC são disciplinas fundamentais e obrigatórias dentro dos requisitos propostos como conteúdo curricular estabelecido dentro das diretrizes curriculares nacionais do MEC para os cursos de Nutrição no Brasil. Este fato indica que a existência do NBGC vem atender a uma necessidade geral dos diferentes cursos para a formação do profissional com visão integrada de mundo e com responsabilidade social e ambiental. 6.2. Núcleo Comum da Área de Saúde As disciplinas do Núcleo da Saúde englobam as áreas de biológicas e de saúde coletiva, fundamentando a formação específica dos Cursos de Nutrição e de Ciências do Esporte. O conjunto de disciplinas das áreas oferecem conceitos, abordagens e instrumentos que preparam 2 A descrição das ementas encontra-se na parte final do presente documento. 20

os estudantes para a atuação profissional e que são desenvolvidos de forma a integrar os estudantes dos dois cursos, promovendo o exercício da interdisciplinaridade. A área de biológicas proporciona o embasamento especialmente em bioquímica e morfofisiologia necessário para a construção de conhecimentos específicos da Nutrição e de Ciências do Esporte, focando sua relação com os estados de saúde e a doença. A área da Saúde Coletiva, por sua vez, dá ênfase à promoção e prevenção da saúde de grupos populacionais e sua contribuição no desenvolvimento da cidadania. Engloba: os processos históricos e determinantes sociais do processo saúde-doença; políticas públicas; modelos assistenciais e sistemas de saúde; trabalho e gestão em saúde, educação e comunicação em saúde; integralidade no cuidado; trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar; epidemiologia e bioestatística; bioética e metodologias de intervenção e produção do conhecimento em saúde. A seguir apresenta-se a relação das doze disciplinas do NAS: I. Ciências Biológicas 1. A Célula 1 o Semestre 2. Bioquímica I 1 o Semestre 3. Bioquímica II 2 o Semestre 4. Morfofisiologia Humana I 1 o Semestre 5. Morfofisiologia Humana II 2 o Semestre 6. Parasitologia 2 o Semestre II. Saúde Coletiva 7. Saúde e Sociedade 1 o Semestre 8. Saúde Coletiva 2 o Semestre 9. Estatística e Bioestatística 3 o Semestre 10. Educação e Comunicação em Saúde 4 o Semestre 11. Epidemiologia 5 o Semestre 12. Bioética 6o Semestre 6.3. Núcleo de Formação Específica em Nutrição Para complementar o NBGC e o NCS, ao longo do curso, do 1 o ao 8 o semestre, porém de forma mais intensa a partir do 3 o semestre, há oferecimento de disciplinas específicas do campo da Nutrição. O objetivo desse conjunto de disciplinas é possibilitar a formação de profissionais 21

com habilidades e competências para atuação em diferentes áreas que compõem o campo. O Núcleo de Formação Específica em Nutrição contempla as seguintes disciplinas: 1. Nutrição Ciência e Profissão 1 o Semestre 2. Nutrição Educacional 2 o Semestre 3. Interação Fármaco-Nutriente 3 o Semestre 4. Psicologia da Nutrição 3 o Semestre 5. Genética e Metabolismo 3 o Semestre 6. Bromatologia e Tecnologia dos Alimentos 3 o Semestre 7. Geografia da Fome e Segurança Alimentar 3 o Semestre 8. Nutrição Normal e Dietética 4 o Semestre 9. Patologia da Nutrição 4 o Semestre 10. Técnica Dietética 4 o Semestre 11. Higiene dos Alimentos 4 o Semestre 12. Avaliação do Estado Nutricional 4 o Semestre 13. Nutrição Aplicada aos Esportes 5 o Semestre 14. Alimentos Funcionais: Modo de Ação 5 o Semestre 15. Administração de Serviços de Alimentação 5 o Semestre 16. Microbiologia dos Alimentos 5 o Semestre 17. Avaliação do Consumo Alimentar 5 o Semestre 18. Nutrição Materno-Infantil 6 o Semestre 19. Dietoterapia 6 o Semestre 20. Nutrição em Saúde Pública 6 o Semestre 21. Nutrigenômica - 7 o Semestre 22. Introdução a Prática de Ciências - 7 o Semestre 23. Estágio Supervisionado em Nutrição Clínica 7 o e 8 o Semestres 24. Estágio Supervisionado em Serviços de Alimentação e Nutrição 7 o e 8 o Semestres 25. Estágio Supervisionado em Nutrição e Saúde Coletiva 7 o e 8 o Semestres 7. PERFIL PROFISSIONAL DO EGRESSO A construção do perfil profissional dos egressos do curso de Nutrição da FCA se baseia na Resolução do Conselho Nacional de Educação / Câmara de Ensino Superior (CNE/CES) n 05, de 07 de novembro de 2001 do Ministério da Educação (DOU de 09 de novembro de 2001 seção I) que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Nutrição (DCNCN) no país. No artigo 3 das DCNCN foram definidos os conceitos gerais do perfil do egresso/profissional graduado em nutrição como sendo: Um profissional com formação 22

generalista, humanista e crítica, capacitado a atuar visando à segurança alimentar e à atenção dietética, em todas as áreas de conhecimento em que a alimentação e a nutrição se apresentem fundamentais na promoção, manutenção e recuperação da saúde, e para a prevenção de doenças de indivíduos ou grupos populacionais, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, pautado em princípios éticos, com reflexão sobre a realidade econômica, política, social e cultural. O egresso do curso de Nutrição da FCA/UNICAMP, por sua formação interdisciplinar nas áreas de humanas, saúde, ciências dos alimentos e administração, é um profissional com uma visão ampla de atuação dentro de um determinado contexto social, o que permite a ele entender a ciência como um instrumento construtor de uma ação social promotora de mudanças na qualidade de vida do indivíduo ou de grupos populacionais, sempre pautado nos princípios da ética profissional. Para tal, deverá utilizar de ferramentas de avaliação crítica, sempre apoiados nos conceitos e princípios da ciência da nutrição, gerando diagnósticos fidedignos do seu problema de estudo ou de sua atuação profissional, propondo medidas efetivas de curto, médio e longo prazo. Um ponto interessante na sua formação é o estímulo à atualização constante no contexto das funções, modificações e melhor utilização dos alimentos nas diferentes áreas de atuação, sempre visando à promoção e/ou recuperação da saúde, prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida do indivíduo ou da coletividade, garantindo a segurança alimentar e nutricional. Somado a isto, deverá ser um profissional capaz de tomar decisões e assumir lideranças, de forma articulada com outros profissionais ou comunidades, e com espírito empreendedor na busca de novas áreas de atuação do profissional nutricionista. 8. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES O nutricionista da FCA é capacitado para desenvolver atividades em diversas áreas. Seu campo de atuação é abrangente, diversificado e está em plena expansão, o que exige desses profissionais uma melhor capacitação e constante atualização do conhecimento. Dentre as áreas de atuação do nutricionista, podemos citar: Alimentação Coletiva, Nutrição Clínica, Saúde Coletiva, Indústria de Alimentos, Nutrição em Esportes e Marketing na área de Alimentação e Nutrição, além da área de pesquisa e docência. Atualmente, várias são as equipes multidisciplinares e programas de atendimento nos quais os nutricionistas podem atuar segundo legislações específicas, como: Terapia nutricional enteral (Resolução RDC ANVISA nº. 63, de 06 de julho de 2000.), Serviços de Diálise (Resolução RDC ANVISA nº. 154, de 15 de junho de 2004), Instituições para idosos (Resolução RDC ANVISA nº. 283, de 26 de setembro de 2005 e Portaria MS nº. 2414, de 23 de março de 1998), Bancos de 23

leite humano (Portaria MS nº. 698, de 09 de abril de 200 e Resolução RDC ANVISA nº. 171, de 04 de Setembro de 2006.), Hospital dia (Portaria MS nº. 44, de 10 de janeiro de 2001.), Hospital Psiquiátrico (Portaria MS nº. 251, de 31 de janeiro de 2002.), Programa Nacional de Triagem Neonatal (Portaria MS nº. 822, de 06 de junho de 2001.), Assistência à Pessoa Portadora de Deficiência Física (Portaria MS nº. 818, de 05 de junho de 2001.), Terapia de Nutrição Parenteral (Portaria ANVISA nº. 272, de 08 de abril de 1998.), Transplante de Células-Tronco (Portaria MS nº. 931, de 02 de maio de 2006.), Centros de estudos sobre Biodisponibilidade/Bioequivalência (Resolução RDC ANVISA nº. 103, de 08 de maio de 2003.), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Portaria nº. 154, de 24 de janeiro de 2008.), Programa Nacional de Alimentação do Escolar (Resolução FNDE nº. 32 de 10 de agosto de 2006.), Programa de Alimentação do Trabalhador (Portaria interministerial nº 66, de 25 de Agosto de 2006.), Acompanhamento de paciente Portador de Obesidade Grave (Portaria nº. 390, de 06 de Julho de 2005), Acompanhamento de recémnascido de baixo peso (Portaria nº.072 de Março de 2000.), Vigilância Alimentar e Nutricional (Portaria nº. 2.246, de 18 de Outubro de 2004). 8.1. Competências e Habilidades Gerais Ao final do curso o aluno deverá estar capacitado para: a) Identificar os problemas da sociedade onde está inserido, procurando soluções de forma integrada com os demais profissionais; b) Ter senso crítico para avaliar e solucionar problemas relativos sua área de inserção profissional, sempre fundamentado pelo rigor científico, técnico, ético e coletivo; c) Ter capacidade de gerar, por meio de metodologia científica, conhecimento novo nos campos da Nutrição; d) Avaliar, sistematizar e decidir ações nas áreas de nutrição, baseadas em evidências científicas, com eficácia e custo-efetividade, considerando a equipe de trabalho, de alimentos, equipamentos, procedimentos e práticas; e) Buscar atualização constante na profissão em todas as áreas de conhecimento de nutrição. f) Estar apto a realizar treinamento de futuras gerações de profissionais; g) Estar apto a assumir posição de liderança, com compromisso, responsabilidade, visando o bem estar da comunidade. 24

8.2. Competências e habilidades específicas O profissional nutricionista será munido com conhecimentos requeridos para o desenvolvimento de competências e habilidades específicas, de maneira que seja capaz de: a) Promover, manter e/ou recuperar o estado nutricional de indivíduos e grupos populacionais, aplicando os conhecimentos relativos à avaliação nutricional, composição, propriedades e transformações dos alimentos e seu aproveitamento pelo organismo humano; b) Planejar, prescrever, analisar, supervisionar, avaliar e acompanhar dietas e suplementos dietéticos para indivíduos e/ou coletividades sadias, enfermas em todos os ciclos da vida, considerando a influência sócio-cultural e econômica que determina a disponibilidade e consumo de alimentos, garantindo a integralidade da assistência em todos os níveis de complexidade do sistema; c) Atuar nas áreas de Saúde Coletiva, identificando e solucionando problemas de saúde associados a alterações nutricionais e doenças crônicas. Ainda nesta área, diagnosticar alterações de saúde e nutrição para o desenvolvimento de ações em programas e políticas públicas; d) Criar ações preventivas, divulgando conhecimentos sobre aspectos nutricionais e de higiene na manipulação de alimentos para pacientes ou comunidade, visando à promoção de saúde, por meio de programas e políticas de educação, segurança e vigilância nutricional, alimentar e sanitária. e) Atuar em equipes multiprofissionais destinadas a planejar, coordenar, supervisionar, executar e avaliar atividades na área de nutrição e de saúde; f) Aplicar, desenvolver e aperfeiçoar métodos e técnicas de ensino, integrando grupos de pesquisa na área de alimentação e nutrição; g) Administrar serviços de alimentação e nutrição, com ênfase em ações de controle higiênico e sanitário de refeições produzidas por estes serviços, assim como gerenciando a produção, distribuição e controle de refeições em instituições e também atuando no planejamento físicofuncional; h) Desenvolver atividades de auditoria, assessoria, consultoria na área de alimentação e nutrição, podendo atuar em marketing de alimentação; i) Desenvolver novas fórmulas e/ou produtos alimentares destinados a melhoria da qualidade de vida da população, sempre respeitando os conceitos éticos e de compromisso profissional. 25