Como Funciona a União Europeia



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Transcrição:

Como Funciona a União Europeia Guia das instituições da União Europeia União Europeia

A presente brochura está igualmente disponível na Internet, juntamente com outras explicações claras e sucintas sobre a União Europeia, em: europa.eu/comm/publications Comissão Europeia Direcção-Geral da Imprensa e da Comunicação Publicações B-1049 Bruxelles Manuscrito concluído em Junho de 2005 Capa: Parlamento Europeu Os dados de catalogação encontram-se no final da presente publicação Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2006 ISBN 92-79-02237-7 Comunidades Europeias, 2006 Reprodução autorizada Printed in Germany IMPRESSO EM PAPEL BRANQUEADO SEM CLORO

Como Funciona a União Europeia Guia das instituições da União Europeia

Índice Introdução à União Europeia Os tratados Processo de tomada de decisões da União Europeia O Parlamento Europeu: a voz do povo O Conselho da União Europeia: a voz dos Estados-Membros A Comissão Europeia: velar pelo interesse comum O Tribunal de Justiça: garantir o respeito da legislação O Tribunal de Contas Europeu: fiscalizar as contas da União Europeia O Comité Económico e Social Europeu: a voz da sociedade civil O Comité das Regiões: a voz do poder local e regional O Banco Europeu de Investimento: financiar projectos da UE O Banco Central Europeu: gerir o euro O Provedor de Justiça Europeu: investigar as queixas dos cidadãos A Autoridade Europeia para a Protecção de Dados: salvaguardar a privacidade dos cidadãos As Agências Uma perspectiva para o futuro 3 5 7 10 14 20 25 28 30 32 34 36 38 40 41 50

Introdução à União Europeia AUnião Europeia (UE) é uma família de países europeus democráticos que trabalham em conjunto para melhorar a vida dos seus cidadãos e construir um mundo melhor. São as «querelas de família» e as crises ocasionais que fazem notícia nas primeiras páginas dos jornais mas, longe das câmaras, a UE é, de facto, um êxito notável. Em pouco mais de meio século, garantiu a paz e a prosperidade na Europa, criou uma moeda única europeia (o euro) e um «mercado único» sem fronteiras onde as pessoas, os bens, os serviços e os capitais circulam livremente. Tornou-se uma potência comercial de primeira grandeza e lidera, a nível mundial, a evolução dos acontecimentos em áreas como a protecção do ambiente e a ajuda ao desenvolvimento. Não admira, portanto, que tenha passado de 6 a 25 membros e que mais países aguardem a sua vez de aderir. O êxito da União Europeia deve-se, em larga medida, ao seu modo de funcionamento pouco comum, já que a UE não é uma federação como os Estados Unidos da América, nem é uma mera organização de cooperação intergovernamental como as Nações Unidas. Possui, de facto, um carácter único. Os países que pertencem à UE (os «Estados-Membros») continuam a ser nações soberanas e independentes, mas congregaram as suas soberanias para ganharem uma força e uma influência no mundo que nunca poderiam ter individualmente. Congregação de soberanias significa, na prática, que os Estados-Membros delegam alguns dos seus poderes em instituições comuns que criaram, de modo a assegurar que os assuntos de interesse comum possam ser decididos democraticamente ao nível europeu. Desafios como a prevenção das alterações climáticas e a protecção do ambiente apenas podem ser enfrentados através da cooperação internacional. A UE encontra-se na vanguarda destas acções. domeldunksen 3

Como Funciona a União Europeia As três principais instituições com poder de decisão são: o Parlamento Europeu (PE), directamente eleito, que representa os cidadãos da UE; o Conselho da União Europeia, que representa os Estados-Membros; a Comissão Europeia, que tem por missão defender os interesses de toda a União. Este «triângulo institucional» está na origem das políticas e da legislação que se aplicam em toda a UE. Em princípio, é a Comissão que propõe a nova legislação, mas são o Parlamento e o Conselho que a adoptam. O Tribunal de Justiça assegura o cumprimento da legislação europeia e o Tribunal de Contas fiscaliza o financiamento das actividades da União. Existem diversos outros órgãos que desempenham um papel fundamental no funcionamento da UE: o Comité Económico e Social Europeu representa a sociedade civil, os empregadores e os trabalhadores; o Comité das Regiões representa as autoridades regionais e locais; o Banco Europeu de Investimento financia projectos de investimento da UE e ajuda as pequenas empresas através do Fundo Europeu de Investimento; o Banco Central Europeu é responsável pela política monetária europeia; o Provedor de Justiça investiga as queixas relativas a casos de má administração por parte das instituições ou dos organismos da UE; a Autoridade Europeia para a Protecção de Dados salvaguarda a privacidade dos dados pessoais dos cidadãos. Há ainda uma série de agências especializadas, que foram criadas para assumirem certas missões técnicas, científicas ou de gestão. Os poderes e responsabilidades das instituições da UE e as regras e procedimentos que devem seguir estão consagrados nos Tratados em que se baseia a União Europeia. Os tratados são aprovados pelos presidentes e primeiros-ministros de todos os Estados-Membros e ratificados pelos parlamentos nacionais. Os capítulos que se seguem descrevem os tratados e as instituições europeias, explicando o que cada instituição faz e como se relacionam entre si. Apresenta igualmente uma panorâmica geral das agências e outros organismos que participam no funcionamento da UE. O nosso objectivo consiste em apresentar uma imagem clara do funcionamento da União Europeia. 4

Os tratados A UE assenta em quatro tratados: o Tratado que institui a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), que foi assinado em 18 de Abril de 1951, em Paris, entrou em vigor em 23 de Julho de 1952 e a sua vigência terminou em 23 de Julho de 2002; o Tratado que institui a Comunidade Económica Europeia (CEE), que foi assinado em 25 de Março de 1957, em Roma e entrou em vigor em 1 de Janeiro de 1958. É frequentemente designado por «Tratado de Roma»; o Tratado que institui a Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom), que foi assinado em Roma conjuntamente com o Tratado CEE; o Tratado da União Europeia (UE), que foi assinado em Maastricht, em 7 de Fevereiro de 1992 e entrou em vigor em 1 de Novembro de 1993. Com os três primeiros tratados foram instituídas as três «Comunidades Europeias», isto é, o sistema de tomada de decisões conjuntas nos domínios do carvão, do aço, da energia nuclear e outros grandes sectores das economias dos Estados-Membros. As instituições comunitárias criadas para gerir o sistema foram fundidas em 1967, sendo assim instituídos um Conselho único e uma Comissão única. nas áreas da política externa e da segurança e da «Justiça e Assuntos Internos». Ao acrescentar esta cooperação intergovernamental ao sistema comunitário vigente, o Tratado de Maastricht criou uma nova estrutura com três «pilares», que é tanto política como económica. Trata-se da União Europeia (UE). A CEE, para além das suas competências em matéria económica, abarcou gradualmente uma vasta gama de responsabilidades, nomeadamente nas áreas das políticas social, ambiental e regional. Uma vez que foi deixando de ser uma comunidade unicamente económica, o quarto tratado (Maastricht) atribuiu-lhe um novo nome, passando a ser simplesmente «a Comunidade Europeia» (CE). Em Maastricht, os governos dos Estados-Membros concordaram igualmente em trabalhar em conjunto Domínio comunitário (a maior parte das áreas em que existem políticas comuns) UNIÃO EUROPEIA Política Externa e de Segurança Comum OS TRATADOS Cooperação policial e judicial em matéria penal A União Europeia assenta nos seus tratados. Os três «pilares» representam diferentes áreas políticas, com sistemas diferentes de tomada de decisões. 5

Como Funciona a União Europeia EC Foi no dia 9 de Maio de 1950 que o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Robert Schuman, apresentou pela primeira vez publicamente as ideias que conduziram à União Europeia. Por essa razão, o dia 9 de Maio é celebrado como o aniversário da UE. Os Tratados constituem a base para tudo o que a União Europeia faz. Tiveram de ser alterados sempre que se registou a adesão de novos Estados-Membros. Ocasionalmente, os Tratados também são alterados para atribuir à União Europeia novos domínios de responsabilidade e introduzir reformas nas suas instituições. Estas alterações são sempre efectuadas numa conferência especial dos governos nacionais da União Europeia («Conferência Intergovernamental» ou CIG), o que aconteceu em quatro ocasiões nos últimos 20 anos, com os seguintes resultados: O Acto Único Europeu (AUE) foi assinado em Fevereiro de 1986 e entrou em vigor em 1 de Julho de 1987. Alterou o Tratado CEE e preparou o terreno para a realização do mercado único. O Tratado de Amesterdão foi assinado em 2 de Outubro de 1997 e entrou em vigor em 1 de Maio de 1999. Alterou o Tratado CE e o Tratado da UE, passando este último a enumerar os respectivos artigos (em vez de serem indicados por letras). O Tratado de Nice foi assinado em 26 de Fevereiro de 2001 e entrou em vigor em 1 de Fevereiro de 2003. Voltou a alterar os anteriores tratados, racionalizando o sistema de tomada de decisões da UE, de modo a permitir um funcionamento eficaz após o grande alargamento de 2004. O projecto de Tratado Constitucional foi assinado em Junho de 2004. Tem como objectivo simplificar a União Europeia, através da substituição dos actuais tratados por uma Constituição única, estabelecendo claramente o que é a UE, como são tomadas as suas decisões e definindo o nível de responsabilidades. Contudo, não pode entrar em vigor até ser ratificado por todos os parlamentos nacionais da UE e, em alguns países, ser aprovado através de um referendo. Nos referendos realizados em Maio de 2005, as cidadãos de França e dos Países Baixos rejeitaram a Constituição proposta. Por conseguinte, não é possível prever quando poderá entrar em vigor. O Conselho Europeu está actualmente a reflectir sobre as implicações deste facto para a futura direcção da UE. Para mais informações sobre a Constituição, consultar: http://europa.eu.int/constitution/ 6

Processo de tomada de decisões da União Europeia O processo de tomada de decisões na União Europeia envolve várias instituições europeias, em especial: a Comissão Europeia; o Parlamento Europeu (PE); o Conselho da União Europeia. Em princípio, é a Comissão Europeia que propõe a nova legislação da UE, mas são o Parlamento e o Conselho que a adoptam. As restantes instituições e órgãos têm também um papel a desempenhar. As regras e procedimentos para a tomada de decisões na UE estão consagrados nos tratados. Todas as propostas de nova legislação europeia devem basear-se num artigo específico do Tratado, que é designado a «base jurídica» da proposta e que determina o procedimento legislativo a seguir. Os três processos principais são a «consulta», o «parecer favorável» e a «co-decisão». 1. Consulta No processo de consulta, o Conselho consulta o Parlamento, o Comité Económico e Social Europeu (CESE) e o Comité das Regiões (CR). Três «conselhos»: quem é quem? Não é de estranhar que exista alguma confusão acerca dos diversos órgão europeus, principalmente porque têm designações semelhantes, nomeadamente os três «conselhos». Conselho Europeu Trata-se da reunião dos chefes de Estado e de Governo de todos os países da UE (isto é, presidentes e/ou primeiros-ministros), na qual também participa o presidente da Comissão Europeia. O Conselho Europeu reúne-se, em princípio, quatro vezes por ano, para aprovar a política global da UE e analisar os progressos realizados. É o órgão de decisão política de mais alto nível na União Europeia e, por essa razão, as suas reuniões são também conhecidas por «cimeiras». Conselho da União Europeia Esta instituição, que era anteriormente designada por Conselho de Ministros, reúne os ministros de todos os países da UE. O Conselho reúne-se periodicamente para adoptar decisões específicas e para aprovar a legislação europeia. As actividades do Conselho serão descritas mais pormenorizadamente na presente publicação. Conselho da Europa O Conselho da Europa não é uma instituição da União Europeia. Trata-se duma organização intergovernamental que se destina, nomeadamente, a proteger os direitos humanos, a promover a diversidade cultural da Europa e a lutar contra determinados problemas sociais como os preconceitos e as intolerâncias raciais. Foi criado em 1949 e uma das suas primeiras realizações foi a elaboração da Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem. Os cidadãos podem exercer os seus direitos ao abrigo desta Convenção, dado que, para o efeito, foi instituído o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. O Conselho da Europa conta actualmente com 46 Estados membros, incluindo os 25 países da União Europeia, e a sua sede situa-se no Palais de l Europe, em Estrasburgo (França). 7

Como Funciona a União Europeia O Parlamento pode: aprovar a proposta da Comissão; rejeitá-la; ou solicitar a introdução de alterações. Se o Parlamento solicitar a introdução de alterações, a Comissão analisa todas as alterações propostas pelo Parlamento. As que aceitar serão introduzidas numa proposta alterada que volta a ser transmitida ao Conselho. O Conselho examina a proposta alterada e adopta-a nos termos propostos ou volta a introduzir alterações. Neste processo, tal como em todos os outros, o Conselho só pode introduzir alterações numa proposta da Comissão deliberando por unanimidade. 2. Parecer favorável O processo de parecer favorável implica que o Conselho tem de obter obrigatoriamente um parecer favorável do Parlamento Europeu antes de poder adoptar certos tipos de decisões importantes. Este processo é idêntico ao de consulta, exceptuando o facto de o Parlamento não poder introduzir alterações: tem de aceitar ou rejeitar o projecto, tal como lhe é apresentado. O parecer favorável exige uma aprovação no Parlamento por maioria absoluta dos votos expressos. 3. Co-decisão Trata-se do processo que é actualmente utilizado para a maioria da legislação da UE. No processo de co-decisão, o Parlamento não se limita a emitir um parecer: partilha os poderes legislativos com o Conselho, de forma equitativa. Caso o Conselho e o Parlamento não consigam chegar a acordo sobre um texto legislativo proposto, este é levado a um Comité de Conciliação, composto por igual número de representantes do Conselho e do Parlamento. Quando o Comité chega a acordo sobre um texto, este é então transmitido ao Parlamento e ao Conselho, para que possam finalmente adoptá-lo enquanto acto legislativo. O diagrama que se segue apresenta este processo com mais pormenor. Para mais informações: http://europa.eu.int/comm/ codecision/index_en.htm Quem trabalha nas instituições da UE? Os funcionários que trabalham nas instituições da UE provêm de todos os Estados- -Membros e de outros países. Desempenham um amplo leque de actividades e têm competências variadas, desde responsáveis pela concepção das políticas e gestores, até economistas, juristas, linguistas, secretários e pessoal de assistência técnica. Devem ser capazes e ter vontade de trabalhar num contexto multicultural e multilingue, normalmente bastante afastados do seu país de origem. Para ser funcionário da UE é necessário passar um concurso de selecção rigoroso. Desde Janeiro de 2003, as provas são organizadas centralmente pelo Serviço Europeu de Selecção de Pessoal (EPSO). Mais informações em: europa.eu.int/epso. 8

Processo de co-decisão 1A. Parecer do CESE, parecer do CR 1. Proposta da Comissão 2. Primeira leitura pelo PE: parecer 4. Primeira leitura pelo Conselho 3. Proposta alterada da Comissão 5. O Conselho aprova todas as alterações do PE 7. O PE adoptou a proposta sem alterações 9. Posição comum do Conselho 10. Comunicação da Comissão relativa à posição comum 6. O Conselho adopta o acto com alterações 8. Conselho pode adoptar o acto 11. Segunda leitura pelo PE 12. O PE aprova a posição comum ou não apresenta observações 13. O acto é considerado adoptado 14. O PE rejeita a posição comum 15. O acto é considerado não adoptado 16. O PE propõe alterações à posição comum 17. Posição da Comissão sobre as alterações do Parlamento 18. Segunda leitura pelo Conselho 19. O Conselho aprova a posição comum alterada a) por maioria qualificada se b) por unanimidade se a a Comissão tiver emitido um Comissão tiver emitido um parecer favorável parecer desfavorável 20. O acto é adoptado tal como alterado 21. O Conselho não aprova as alterações à posição comum 22. É convocado o Comité de Conciliação 23. Processo de conciliação 24. O Comité de Conciliação chega a acordo sobre um texto comum 29. O Comité de Conciliação não chega a acordo sobre um texto comum 25. O Parlamento e o Conselho adoptam o acto de acordo com o texto comum 27. O Parlamento e o Conselho não aprovam o texto comum 30. O acto não é adoptado 26. O acto é adoptado 28. O acto não é adoptado 9

Como Funciona a União Europeia O Parlamento Europeu: a voz do povo Factos essenciais Função: Ramo legislativo da UE, directamente eleito Próximas eleições: Junho de 2009 Reuniões: Sessões plenárias mensais em Estrasburgo, reuniões de comissões e sessões adicionais em Bruxelas Endereço: Plateau du Kirchberg, BP 1601 L-2929 Luxembourg Tel.: (352) 43 00-1 Internet: www.europarl.eu.int O Parlamento Europeu (PE) é eleito pelos cidadãos da União Europeia para representar os seus interesses. As suas origens remontam aos anos 50 e aos tratados fundadores e, desde 1979, os seus deputados são eleitos directamente pelos cidadãos que representam. As eleições para o Parlamento Europeu realizam-se de cinco em cinco anos. Têm direito a voto todos os cidadãos da UE que estejam recenseados enquanto eleitores. O Parlamento exprime, portanto, a vontade democrática dos cidadãos da União (mais de 455 milhões de pessoas) e representa os seus interesses nas discussões com as outras instituições da UE. O actual Parlamento, eleito em Junho de 2004, conta com 732 deputados dos 25 países da UE. Cerca de um terço dos deputados são mulheres. Os deputados do Parlamento Europeu não estão organizados em blocos nacionais, mas sim em sete grupos políticos europeus. No seu conjunto representam todos os quadrantes de opinião sobre a integração da Europa, desde o fortemente pró-federalista até ao abertamente «eurocéptico». European Parliament 10 Os representantes directamente eleitos dos cidadãos da UE reúnem- -se em Estrasburgo para debater e votar legislação que se aplica em toda a Europa.

Número de mandatos por país (por ordem alfabética do nome de cada país, na respectiva língua oficial) Bélgica 24 República Checa 24 Dinamarca 14 Alemanha 99 Estónia 6 Grécia 24 Espanha 54 França 78 Irlanda 13 Itália 78 Chipre 6 Letónia 9 Lituânia 13 Luxemburgo 6 Hungria 24 Malta 5 Países Baixos 27 Áustria 18 Polónia 54 Portugal 24 Eslovénia 7 Eslováquia 14 Finlândia 14 Suécia 19 Reino Unido 78 Total 732 Onde é a sede do Parlamento? O Parlamento Europeu tem três locais de trabalho: Bruxelas (Bélgica), Luxemburgo e Estrasburgo (França). No Luxemburgo estão sedeados os serviços administrativos (o «Secretariado-Geral»). As reuniões de todo o Parlamento, designadas «sessões plenárias», realizam-se em Estrasburgo e por vezes em Bruxelas. As reuniões das Comissões realizam-se igualmente em Bruxelas. O que faz o Parlamento? O Parlamento tem três funções principais: 1. Adoptar a legislação europeia (juntamente com o Conselho, em muitos domínios políticos). O facto de o PE ser uma instituição directamente eleita pelos cidadãos garante a legitimidade democrática da legislação europeia. 2. O Parlamento exerce um controlo democrático sobre todas as instituições da UE, especialmente da Comissão. Tem poderes para aprovar ou rejeitar as nomeações dos membros da Comissão e tem o direito de adoptar uma moção de censura em relação a toda a Comissão. Número de mandatos por grupo político, em 2 de Junho de 2005 Grupo socialista PES 201 Verdes/Aliança Livre Europeia Greens/EFA 42 Independência/ Democracia IND/DEM 36 Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa ALDE 88 Partido Popular Europeu (Democrata-Cristão) e Democratas Europeus EPP-ED 268 Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde GUE/NGL 41 União para Europa das Nações UEN 27 Independentes NI 29 11

Como Funciona a União Europeia 3. O poder orçamental. Partilha com o Conselho a autoridade sobre o orçamento da UE, o que significa que pode influenciar as despesas da União. No final do processo orçamental, incumbe-lhe adoptar ou rejeitar a totalidade do orçamento. Estas três funções são seguidamente descritas com mais pormenor. 1. Adopção da legislação europeia O processo mais usual para a adopção da legislação da UE é o de «co-decisão» (ver acima: processo de tomada de decisões da UE). Este processo coloca o Parlamento Europeu e o Conselho em pé de igualdade e aplica-se à legislação num amplo leque de domínios. Nalgumas áreas (por exemplo, agricultura, política económica, vistos e imigração), só o Conselho tem poderes legislativos, mas é obrigado a consultar o Parlamento. Além disso, é necessário o parecer favorável do Parlamento no que se refere a determinadas decisões importantes, por exemplo a adesão de novos países à UE. O Parlamento contribui ainda para a elaboração de nova legislação, dado que tem de examinar o programa de trabalho anual da Comissão, determinando quais os novos actos legislativos que são necessários e solicitando à Comissão que apresente propostas. 2. O controlo democrático O Parlamento exerce um controlo democrático sobre as outras instituições europeias. Fá-lo de diversas formas. Quando é indigitada uma nova Comissão, os seus membros são designados pelos governos dos Estados-Membros da UE, mas não podem ser nomeados sem a aprovação do Parlamento. O Parlamento realiza audiências com cada membro individualmente, incluindo com o presidente da Comissão indigitado e submete à votação a aprovação do conjunto da Comissão. Durante todo o seu mandato, a Comissão permanece politicamente responsável perante o Parlamento, que pode aprovar uma «moção de censura» que implica a demissão de toda a Comissão. Em termos mais gerais, o Parlamento exerce o seu controlo através da análise periódica de relatórios enviados pela Comissão (Relatório Geral anual, relatórios sobre a execução do orçamento, etc.). Além disso, os deputados do PE endereçam regularmente perguntas orais e escritas à Comissão, a que os membros da Comissão são, por lei, obrigados a responder. O Parlamento também acompanha os trabalhos do Conselho: os deputados do PE endereçam regularmente perguntas orais e escritas ao Conselho e o presidente do Conselho participa nas sessões plenárias do Parlamento e nos debates mais importantes. O Parlamento pode também exercer o seu controlo democrático através da análise das petições apresentadas por cidadãos e da instituição de comissões de inquérito. Por último, o Parlamento contribui para todas as cimeiras da UE (as reuniões do Conselho Europeu). No início de cada cimeira, o presidente do Parlamento é convidado a exprimir os pontos de vista e preocupações do Parlamento sobre assuntos importantes e sobre as questões que figuram na agenda do Conselho Europeu. 3. O poder orçamental O orçamento anual da UE é aprovado conjuntamente pelo Parlamento e pelo Conselho. O debate no Parlamento realiza-se em duas leituras sucessivas. O orçamento só entra em vigor após ser assinado pelo presidente do Parlamento. A Comissão do Controlo Orçamental (COCOBU) do Parlamento controla a execução do orçamento. Todos os anos, o Parlamento tem de decidir se aprova a forma como a Comissão executou o orçamento do exercício 12

Josep Borrell Fontelles foi eleito presidente do Parlamento Europeu em 2004. European Parliament financeiro precedente. Este processo de aprovação tem a designação técnica de «quitação». Como está organizado o Parlamento? Os trabalhos do Parlamento estão repartidos por duas fases principais: A preparação da sessão plenária. Esta preparação é feita pelos deputados das Comissões Parlamentares especializadas nas diversas áreas de actividade da UE. As questões a debater são também discutidas nos grupos políticos. A própria sessão plenária. As sessões plenárias realizam-se normalmente em Estrasburgo (uma semana por mês) e ocasionalmente em Bruxelas (apenas dois dias). Nestas sessões, o Parlamento examina as propostas de legislação e vota as alterações que pretende introduzir antes de chegar a uma decisão sobre a totalidade do acto jurídico. Na ordem de trabalhos podem ainda estar incluídas «comunicações» do Conselho ou da Comissão ou temas relacionados com questões de actualidade na União Europeia e em todo o mundo. 13

Como Funciona a União Europeia O Conselho da União Europeia: a voz dos Estados-Membros Factos essenciais Função: Ramo legislativo (nalguns casos executivo) da UE; que representa os Estados-Membros Membros: Um ministro por cada país da UE Presidência: Rotativa de seis em seis meses Reuniões: Em Bruxelas (Bélgica), excepto em Abril, Junho e Outubro, meses em que as reuniões se realizam no Luxemburgo Endereço: 175 Rue de la Loi/Wetstraat, B-1048 Bruxelles Tel.: (32-2) 285 61 11 Internet: ue.eu.int O Conselho é o principal órgão de tomada de decisões da UE. Tal como o Parlamento Europeu, o Conselho foi instituído pelos tratados fundadores na década de cinquenta. Representa os Estados-Membros e nas suas reuniões participa um ministro do governo de cada um dos países da UE. O ministro que tem de participar depende do tema a tratar. Se, por exemplo, o Conselho se destina a tratar assuntos ambientais, participam na respectiva reunião os ministros do Ambiente de todos os países da UE. Trata-se então do Conselho «Ambiente». As relações da UE com o resto do mundo são tratadas no Conselho «Assuntos Gerais e Relações Externas». No entanto, o Conselho, neste tipo de configuração, tem também uma responsabilidade política mais genérica e, por esse motivo, nas suas reuniões podem participar outros ministros e secretários de Estado, consoante seja decidido pelos respectivos governos. Existem nove diferentes configurações do Conselho: Assuntos Gerais e Relações Externas Assuntos Económicos e Financeiros (Ecofin) Justiça e Assuntos Internos (JAI) Emprego, Política Social, Saúde e Defesa do Consumidor Competitividade Transportes, Telecomunicações e Energia Agricultura e Pesca Ambiente Educação, Cultura e Juventude Cada ministro que participa num Conselho tem competência para vincular o seu governo. Por outras palavras, a assinatura do ministro obriga todo o seu governo. Além disso, cada ministro que participa no Conselho é responsável perante o seu Parlamento nacional e perante os cidadãos que esse Parlamento representa. Está assim assegurada a legitimidade democrática das decisões do Conselho. Em princípio quatro vezes por ano, os presidentes e/ou primeiros-ministros dos Estados- -Membros e o presidente da Comissão Europeia reúnem-se no Conselho Europeu. Estas «cimeiras» determinam as grandes políticas da UE e resolvem questões que não puderam ser decididas a um nível inferior (ou seja, pelos ministros nas reuniões normais do Conselho). Dada a importância dos trabalhos do Conselho Europeu, muitas vezes prosseguem até de madrugada e atraem a atenção de muitos meios de comunicação social. ad 14

O que faz o Conselho? O Conselho tem seis responsabilidades essenciais: 1. Adoptar a legislação europeia (juntamente com o Parlamento Europeu, em muitos domínios políticos). 2. Coordenar, em linhas gerais, as políticas económicas dos Estados-Membros. 3. Celebrar acordos internacionais entre a UE e outros países ou organizações internacionais. 4. Aprovar, conjuntamente com o Parlamento Europeu, o orçamento da UE. 5. Desenvolver a Política Externa e de Segurança Comum (PESC) da UE, com base em directrizes fixadas pelo Conselho Europeu (para mais informações, ver infra). 6. Coordenar a cooperação entre os tribunais e as forças policiais nacionais em matéria penal (ver adiante o capítulo sobre «Liberdade, segurança e justiça»). A maior parte destas responsabilidades estão relacionadas com os domínios de actuação «comunitários» isto é, os domínios de actuação em que os Estados-Membros decidiram congregar as respectivas soberanias e delegar os poderes de decisão nas instituições da UE. Trata-se do «primeiro pilar» da União Europeia. No entanto, as duas últimas destas responsabilidades estão em larga medida relacionadas com domínios de actuação em que os Estados-Membros não delegaram os seus poderes, limitando-se a cooperar. Trata-se da chamada «cooperação intergovernamental» e abrange o segundo e terceiro «pilares» da União Europeia. Os trabalhos do Conselho são descritos mais pormenorizadamente nos capítulos seguintes. 1. Legislação Grande parte da legislação da UE é adoptada conjuntamente pelo Conselho e pelo Parlamento (ver, atrás, «Processo de tomada de decisões da União Europeia»). Regra geral, o Conselho só actua sob proposta da Comissão, e a Comissão tem nor- The Council of the European Union Os ministros de todos os países da UE reúnem-se no Conselho para adoptar decisões comuns acerca das políticas e da legislação da UE. 15

Como Funciona a União Europeia malmente a responsabilidade de assegurar que a legislação da UE, após ser adoptada, é correctamente aplicada. 2. Coordenação das políticas dos Estados- -Membros Os países da UE decidiram que querem ter uma política económica geral baseada numa estreita coordenação entre as respectivas políticas económicas nacionais. Esta coordenação é realizada pelos ministros da Economia e Finanças, que constituem colectivamente o Conselho dos Assuntos Económicos e Financeiros («Ecofin»). Pretendem igualmente criar mais postos de trabalho e melhorar a educação, a saúde e os sistemas de segurança social. Embora cada país da UE seja responsável pela sua própria política nestas áreas, podem chegar a acordo sobre objectivos comuns e utilizar as experiências positivas uns dos outros. Este processo é denominado o «método aberto de coordenação» e tem lugar no Conselho. 3. Celebração de acordos internacionais Todos os anos o Conselho «celebra» (isto é, assina oficialmente) vários acordos entre a União Europeia e países não pertencentes à UE, bem como com organizações internacionais. Estes acordos cobrem grandes áreas, como o comércio, a cooperação e o desenvolvimento, ou tratam de domínios específicos como os têxteis, as pescas, a ciência e a tecnologia, os transportes, etc. Além disso, o Conselho pode celebrar convenções entre os Estados-Membros da UE em domínios como a fiscalidade, o direito das sociedades ou a protecção consular. As convenções podem igualmente incidir sobre questões relacionadas com a «liberdade, a segurança e a justiça» (ver adiante). 5. Política Externa e de Segurança Comum Os Estados-Membros desenvolvem esforços no sentido de desenvolver uma Política Externa e de Segurança Comum (PESC). No entanto, áreas como a política externa, a segurança e a defesa são matérias em que os governos nacionais mantêm um controlo independente. Nestas áreas não houve congregação das soberanias nacionais e, por isso, o Parlamento e a Comissão Europeia têm papéis bastante limitados. No entanto, os países da UE têm muito a ganhar se trabalharem conjuntamente nestas áreas e o Conselho é a principal instância em que se concretiza esta «cooperação intergovernamental». Para que possa responder de forma mais eficaz às crises internacionais a União Europeia criou uma «Força de Reacção Rápida». Não se trata de um exército europeu: os efectivos continuam a pertencer às respectivas forças armadas nacionais e a permanecer sob o comando nacional, e a sua missão está limitada a assegurar a ajuda humanitária, o salvamento, a manutenção da paz e outras tarefas de gestão de crises. Em 2003, por exemplo, a UE dirigiu uma operação militar (nome de código «Ártemis») na República Democrática do Congo e em 2004 iniciou uma operação de manutenção da paz (nome de código «Althea») na Bósnia e Herzegovina. Nestas operações, o Conselho conta com a colaboração das seguintes entidades: Comité Político e de Segurança (PCS); Comité Militar da União Europeia (CMUE); e Estado-Maior da União Europeia (EMUE), composto por peritos militares destacados pelos Estados-Membros para o Secretariado-Geral do Conselho. 4. Aprovação do orçamento da UE O orçamento anual da UE é aprovado conjuntamente pelo Conselho e pelo Parlamento Europeu. 16

Ed Bock/Corbis/Van Parys Media Os litígios sobre a guarda das crianças não deviam destruir as famílias. A UE garante que as decisões dos tribunais dum Estado-Membro são respeitadas em todos os outros Estados-Membros. 6. Liberdade, segurança e justiça Os cidadãos da UE podem viver e trabalhar em qualquer país da UE à sua escolha e, por essa razão, deviam poder beneficiar de igualdade de acesso à justiça civil em qualquer local da União Europeia. Por conseguinte, os tribunais nacionais necessitam de trabalhar em conjunto para garantir, por exemplo, que uma sentença proferida por um tribunal num determinado Estado-Membro num processo de divórcio ou de guarda de uma criança é reconhecida em todos os outros países da UE. A liberdade de circulação na UE proporciona grandes benefícios aos cidadãos respeitadores da lei, mas é também explorada por criminosos e terroristas internacionais. No combate à criminalidade transfronteiras é fundamental a cooperação entre os tribunais nacionais, as forças policiais, os funcionários aduaneiros e os serviços de imigração de todos os países da UE. É necessário assegurar, por exemplo: que as fronteiras externas da UE sejam eficazmente policiadas; que os funcionários aduaneiros e policiais troquem informações acerca da movimentação das pessoas suspeitas de tráfico de droga e de seres humanos; que os requerentes de asilo sejam avaliados e tratados da mesma forma em toda a UE, de modo a evitar que procurem os países que oferecem as melhores condições. Este tipo de questões é tratado pelo Conselho «Justiça e Assuntos Internos» ou seja, os ministros da Justiça e da Administração Interna. O objectivo é criar um «espaço de liberdade, segurança e justiça» único dentro das fronteiras da UE. 17

Como Funciona a União Europeia Como está organizado o Conselho? Coreper Em Bruxelas, cada Estado-Membro da UE tem uma equipa permanente («representação»), que representa esse país e defende os seus interesses nacionais junto da UE. O chefe da representação permanente é, de facto, o embaixador do seu país junto da UE. Estes embaixadores (conhecidos por «representantes permanentes») reúnem-se semanalmente no Comité dos Representantes Permanentes (Coreper). O papel deste Comité consiste em preparar os trabalhos do Conselho, com excepção da maior parte das questões agrícolas, que são preparadas por um Comité Especial da Agricultura. O Coreper é assistido por vários grupos de trabalho compostos por funcionários das administrações nacionais. A Presidência do Conselho A Presidência do Conselho é objecto de rotação de seis em seis meses. Por outras palavras, cada país da UE dirige a agenda do Conselho por períodos sucessivos de seis meses, assegurando a presidência das respectivas reuniões, promovendo a tomada de decisões legislativas e políticas e negociando os compromissos necessários entre os diversos Estados-Membros. Se, por exemplo, o Conselho «Ambiente» estiver programado para a segunda metade de 2006, já se sabe que será presidido pelo mi- Council of the European Union Javier Solana, enquanto responsável pela política externa da UE, actua em nome da Europa ao nível internacional. 18

nistro do Ambiente finlandês, dado que a Finlândia assegurará a Presidência do Conselho nesse período. O Secretariado-Geral A Presidência é assistida pelo Secretariado- -Geral, que prepara e assegura o correcto funcionamento dos trabalhos do Conselho a todos os níveis. Em 2004, Javier Solana foi nomeado secretário-geral do Conselho e, simultaneamente, alto-representante para a Política Externa e de Segurança Comum (PESC). Nessa capacidade, ajuda a coordenar a acção da UE na cena mundial. Nos termos do novo Tratado Constitucional, o alto-representante será substituído pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da UE. O secretário-geral é assistido por um secretário-geral adjunto, responsável pela gestão do Secretariado-Geral do Conselho. Quantos votos tem cada país? As decisões do Conselho são adoptadas por votação. Quanto maior for a população do Estado-Membro, de mais votos disporá, mas os números são ponderados de modo a favorecer os países menos populosos. A votação por maioria qualificada No entanto, nalgumas áreas particularmente sensíveis, tais como a Política Externa e de Segurança Comum, a fiscalidade e a política em matéria de asilo e imigração, as decisões do Conselho só podem ser adoptadas por unanimidade. Por outras palavras, qualquer Estado-Membro tem nestas áreas direito de veto. Contudo, na maior parte das questões, o Conselho decide por «maioria qualificada». Para existir maioria qualificada é necessário: a aprovação da maioria dos Estados- -Membros (nalguns casos, uma maioria de dois terços); e um mínimo de 232 votos a favor, o que representa 72,3% do total. Além disso, qualquer Estado-Membro poderá exigir que seja confirmado que os votos a favor representam, pelo menos, 62% do total da população da União. Caso tal não aconteça, a decisão em causa não será adoptada. Alemanha, França, Itália e Reino Unido 29 Espanha e Polónia 27 Países Baixos 13 Bélgica, República Checa, Grécia, Hungria e Portugal 12 Áustria e Suécia 10 Dinamarca, Irlanda, Lituânia, Eslováquia e Finlândia 7 Chipre, Estónia, Letónia, Luxemburgo e Eslovénia 4 Malta 3 Total 321 19

Como Funciona a União Europeia A Comissão Europeia: velar pelo interesse comum Factos essenciais Função: Ramo executivo da UE; direito de iniciativa no domínio legislativo Membros: 25, um por cada Estado-Membro Mandato: Cinco anos (2004-2009) Endereço: 200 Rue de la Loi/Wetstraat B-1049 Bruxelles Tel.: (32-2) 299 11 11 Internet: europa.eu.int/comm A Comissão é independente dos governos nacionais. Cabe-lhe representar e salvaguardar os interesses da UE no seu todo. Elabora propostas de nova legislação europeia, que apresenta ao Parlamento Europeu e ao Conselho. É também o ramo executivo da UE (por outras palavras, é responsável pela execução das decisões do Parlamento e do Conselho). Tal significa assegurar a gestão corrente da União Europeia: executar as políticas, gerir os programas e utilizar os fundos. Tal como o Parlamento e o Conselho, a Comissão Europeia foi criada nos anos cinquenta ao abrigo dos tratados fundadores da UE. O que é a Comissão? O termo «Comissão» é usado em dois sentidos. Em primeiro lugar, refere-se à equipa de homens e mulheres (um por cada país da UE) designados para gerir a instituição e tomar as decisões da sua competência. Em segundo lugar, diz respeito à instituição em si e aos seus funcionários. Informalmente, os membros da Comissão são conhecidos por «comissários». Todos eles desempenharam cargos políticos nos seus países de origem, muitos ao nível ministerial. Contudo, enquanto membros da Comissão, estão obrigados a velar pelos interesses da União no seu conjunto, não recebendo instruções dos governos nacionais. De cinco em cinco anos, seis meses antes das eleições para o Parlamento Europeu, é nomeada uma nova Comissão. Eis o processo: os governos dos Estados-Membros designam por comum acordo o novo presidente da Comissão; o presidente indigitado da Comissão é seguidamente aprovado pelo Parlamento; o presidente indigitado da Comissão, após discussão com os governos dos Estados- -Membros, escolhe os restantes membros da Comissão; o novo Parlamento realiza audiências com cada membro e dá o seu parecer sobre a composição de toda a equipa. Após a aprovação, a nova Comissão pode assumir oficialmente as suas funções. 20

O actual mandato da Comissão termina em 31 de Outubro de 2009. O presidente é José Manuel Barroso, de Portugal. A Comissão responde politicamente perante o Parlamento, que tem poderes para a demitir, no seu conjunto, mediante a adopção de uma moção de censura. Os membros da Comissão devem apresentar a demissão se tal lhes for solicitado pelo presidente, desde que os restantes comissários aprovem esta decisão. A Comissão participa em todas as sessões do Parlamento, durante as quais tem de explicar e justificar as políticas que segue. Responde também regularmente às perguntas orais e escritas que lhe são endereçadas pelos deputados. O trabalho corrente da Comissão é realizado pelos seus administradores, peritos, tradutores, intérpretes e pessoal de secretariado, num total de cerca de 25 000 funcionários europeus. Este número pode parecer muito elevado, mas na realidade é inferior ao número de funcionários de qualquer das autarquias de dimensão média da Europa. Onde está sedeada a Comissão? A «sede» da Comissão situa-se em Bruxelas (Bélgica). No entanto, a Comissão tem também serviços no Luxemburgo, representações em todos os países da UE e delegações em muitas capitais de todo o mundo. O que faz a Comissão? A Comissão Europeia tem quatro funções principais: 1. Apresentar propostas legislativas ao Parlamento e ao Conselho. 2. Gerir e executar as políticas e o orçamento da EU. 3. Garantir a aplicação do direito comunitário (em conjunto com o Tribunal de Justiça). 4. Representar a União Europeia ao nível internacional, incumbindo-lhe, por exemplo, negociar acordos entre a UE e países terceiros. EC Existe um membro da Comissão Europeia por cada país da UE, mas actuam em total independência dos seus governos nacionais. Reúnem-se todas as quartas-feiras para discutir as políticas da UE e apresentar propostas de nova legislação europeia. 21

Como Funciona a União Europeia 1. Apresentar propostas legislativas A Comissão tem o «direito de iniciativa». Por outras palavras, só a Comissão pode apresentar as propostas de nova legislação europeia, que transmite ao Parlamento e ao Conselho. Estas propostas devem ter em conta a defesa dos interesses da União e dos seus cidadãos e não interesses específicos de países ou sectores. Antes de apresentar uma proposta, a Comissão tem de ter conhecimento das novas situações e problemas existentes na Europa e determinar se a legislação da UE constitui a melhor solução para os resolver. Por essa razão, a Comissão está em contacto permanente com uma vasta gama de grupos de interesses, bem como com dois órgãos consultivos o Comité Económico e Social Europeu e o Comité das Regiões. A Comissão também consulta os parlamentos e os governos nacionais. A Comissão apenas propõe medidas ao nível da UE se considerar que um determinado problema não pode ser solucionado de forma mais eficaz ao nível nacional, regional ou local. A este princípio, que consiste em resolver os problemas ao nível mais baixo possível, dá- -se o nome de «princípio da subsidiariedade». Se, contudo, a Comissão concluir que é necessária legislação da UE, elabora uma proposta que, no seu entender, aborda o problema de forma adequada e satisfaz o leque mais diversificado possível de interesses. Para as questões técnicas, a Comissão consulta peritos que se reúnem em comités e grupos de trabalho. 2. Executar as políticas e o orçamento da UE Na sua qualidade de órgão executivo da União Europeia, a Comissão é responsável pela gestão e execução do orçamento da UE. As despesas são, na sua maior parte, efectuadas pelas autoridades nacionais e locais, mas a Comissão é responsável pelo seu controlo sob o olhar atento do Tribunal de Contas. As duas instituições procuram assegurar uma correcta gestão financeira. O Parlamento Europeu só dá quitação do orçamento à Comissão se considerar satisfatório o relatório anual do Tribunal de Contas. A Comissão tem igualmente que gerir as políticas adoptadas pelo Parlamento e pelo Conselho, tal como a política agrícola comum. Um outro exemplo é a política de concorrência, no âmbito da qual a Comissão tem poderes para autorizar ou proibir concentrações de empresas. A Comissão deve igualmente certificar-se de que os países da UE não subsidiam as suas empresas de forma a provocar distorções da concorrência. Os programas da UE geridos pela Comissão vão desde programas como, por exemplo, o «Interreg» e o «URBAN» (respectivamente, criação de parcerias transfronteiras entre regiões e apoio a zonas urbanas degradadas) ou o «Erasmus», um programa de intercâmbio de estudantes em toda a Europa. 3. Garantir a aplicação do direito comunitário A Comissão é a «guardiã dos Tratados». Tal significa que, juntamente com o Tribunal de Justiça, a Comissão vela pela correcta aplicação da legislação da UE em todos os Estados- -Membros. Se concluir que um determinado país da UE não está a aplicar correctamente uma lei europeia, não cumprindo, por conseguinte, as obrigações jurídicas que lhe competem, a Comissão tomará as medidas adequadas para corrigir a situação. Começa por instaurar um procedimento jurídico denominado «procedimento por infracção», que consiste em enviar ao governo do país em causa uma carta oficial explicando as razões por que considera que esse país está a infringir a legislação da UE. Na mesma carta, a Comissão indica um prazo para que lhe seja enviada uma resposta circunstanciada. 22

EC José Manuel Durão Barroso foi nomeado presidente da Comissão Europeia em 2004. Se este procedimento não for suficiente para resolver o problema, a Comissão é obrigada a remeter o caso para o Tribunal de Justiça, que tem poderes para aplicar sanções. Os acórdãos do Tribunal são vinculativos para os Estados-Membros e as instituições da UE. 4. Representar a UE ao nível internacional A Comissão Europeia é um importante porta- -voz da União Europeia na cena internacional, o que permite aos Estados-Membros falar «a uma só voz» em instâncias internacionais tais como a Organização Mundial do Comércio. Incumbe igualmente à Comissão negociar acordos internacionais em nome da UE. É o caso, por exemplo, do Acordo de Cotonou, que institui uma vasta parceria de comércio e ajuda entre a UE e os países em desenvolvimento de África, Caraíbas e Pacífico. Como está organizada a Comissão? Incumbe ao presidente da Comissão decidir quais os pelouros a atribuir a cada Comissário e, se necessário, proceder a remodelações em qualquer momento do mandato da Comissão. A Comissão reúne uma vez por semana, normalmente às quartas-feiras, em Bruxelas. Cada ponto da ordem de trabalhos é apresentado pelo Comissário responsável pelo pelouro em causa e a equipa toma uma decisão colectiva sobre a matéria. Os funcionários da Comissão estão repartidos por departamentos, denominados «direcções-gerais» (DG) e «serviços» (tais como o Serviço Jurídico). Cada DG é responsável por uma área política específica, sendo chefiada por um director-geral que responde perante o comissário competente. A coordenação geral é assegurada pelo Secretariado-Geral, que organiza igualmente as reuniões semanais da 23

Como Funciona a União Europeia Comissão. É chefiado pelo secretário-geral, que responde directamente perante o presidente. Na prática, compete às DG conceber e elaborar as propostas legislativas da Comissão, as quais só são consideradas oficiais uma vez «adoptadas» pela Comissão na sua reunião semanal. O procedimento é em termos gerais o seguinte: Imagine-se, por exemplo, que a Comissão considera que é necessário adoptar legislação da UE para prevenir a poluição dos rios na Europa. A Direcção-Geral do Ambiente elabora uma proposta, com base em consultas prévias alargadas junto de representantes da indústria e dos agricultores, bem como dos ministérios do Ambiente dos Estados- -Membros e as organizações ambientais. O projecto é igualmente objecto de discussão noutros departamentos da Comissão e verificado pelo Serviço Jurídico e pelo Secretariado- -Geral. Quando a proposta está concluída é incluída na ordem de trabalhos da reunião seguinte da Comissão. Se a proposta for aprovada por, pelo menos, 13 dos 25 comissários, considera-se «adoptada» pela Comissão e contará com o apoio incondicional de toda a equipa. O documento é seguidamente enviado ao Conselho e ao Parlamento Europeu para apreciação. Limitar o tamanho da Comissão Uma Comissão com um número demasiado elevado de membros não pode funcionar eficazmente. Existe actualmente um comissário por cada país da UE. Depois da adesão da Bulgária e da Roménia, a União Europeia passará a ter 27 Estados-Membros. Nessa altura, o Conselho (deliberando por unanimidade) estabelecerá o número máximo de comissários. O número deve ser inferior a 27 e as nacionalidades serão definidas de acordo com um sistema de rotação absolutamente equitativo para todos os países. EC/Echo ECHO, o serviço de ajuda humanitária da UE, presta ajuda de emergência a vítimas de calamidades em todo o mundo. Funciona sob responsabilidade da Comissão Europeia. 24

O Tribunal de Justiça: garantir o respeito da legislação Factos essenciais Função: proferir acórdãos nos processos que são submetidos à sua apreciação Tribunal de Justiça: um juiz por cada país da UE; oito advogados-gerais Tribunal de Primeira Instância: pelo menos um juiz por cada país da UE; Mandato: os membros dos dois tribunais são designados por períodos renováveis de seis anos Endereço: 100 Boulevard Konrad Adenauer, L-2925 Luxembourg Tel.: (352) 43 03-1 Internet: curia.eu.int O Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias, frequentemente designado por «O Tribunal») foi criado pelo Tratado CECA em 1952. Está sedeado no Luxemburgo. A sua missão é garantir a interpretação e aplicação uniformes da legislação da UE em todos os Estados-Membros para que a lei seja a mesma para todos. Garante, por exemplo, que os tribunais nacionais não decidem de forma diferente sobre a mesma questão. O Tribunal garante igualmente que os Estados-Membros e as instituições da UE cumpram a legislação. O Tribunal é competente para se pronunciar sobre os litígios entre os Estados-Membros, as instituições da UE, bem como as pessoas singulares e colectivas. O Tribunal é composto por um juiz de cada Estado-Membro, por forma a que os 25 sistemas jurídicos da UE estejam representados. Contudo, a fim de assegurar a eficácia da instituição, é raro o Tribunal reunir-se com a totalidade dos seus membros. Reúne normalmente em «Grande Secção», composta apenas por 13 juízes, ou em secções de três ou cinco juízes. O Tribunal é assistido por oito «advogados- -gerais», aos quais incumbe apresentar, publicamente e com imparcialidade, conclusões fundamentadas nos processos submetidos ao Tribunal. Os juízes e os advogados-gerais oferecem todas as garantias de imparcialidade. Possuem as qualificações ou as competências necessárias para exercerem as mais altas funções jurisdicionais nos seus países de origem. São nomeados para o Tribunal de Justiça de comum acordo pelos governos dos Estados- -Membros da UE. São nomeados por um período de seis anos e o respectivo mandato pode ser renovado. A fim de ajudar o Tribunal de Justiça a fazer face ao elevado número de processos que lhe são submetidos e de proporcionar aos cidadãos uma protecção jurídica mais eficaz, foi criado em 1989 um Tribunal de Primeira Instância. Este tribunal (que está associado ao Tribunal de Justiça) tem competência para proferir acórdãos em certas categorias de processos, em especial acções instauradas por particulares, empresas e algumas organizações ou relacionadas com o direito da concorrência. 25