A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA BACIA DO RIO PASSA VACA (Salvador BA)

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Transcrição:

A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA BACIA DO RIO PASSA VACA (Salvador BA) Ricardo Acácio de Almeida (ricardo.almeida@inga.ba.gov.br) Licenciado em geografia (Ufba), estagiário do setor de geoprocessamento (Cotic/INGÁ). RESUMO Atualmente, diversos ambientes no meio rural ou urbano são afetados pela degradação sob diferentes formas e finalidades. Tal intervenção prejudica os setores considerados essenciais à manutenção e à preservação do sistema ambiental no qual o local está inserido. A bacia do Rio Passa Vaca, como muitos outros sistemas, está sofrendo intervenções, como a construção de prédios, condomínios e clubes em locais onde deveria haver matas ciliares. Palavras-chave: Área de preservação permanente, bacia hidrográfica, conservação do sistema ambiental. ABSTRACT Currently, different environments in urban or rural areas are affected by degradation under different shapes and purposes. Such interventions affect the sectors considered essential maintenance and preservation of the environmental system in which the local inserted. The Passa Vaca watershed, as many other systems, is suffering interventions such as construction of buildings, condominiums and clubs in places which should be the riparian zones. Keywords: Field permanent preservation, watershed, environmental system.

Introdução A legislação brasileira apresenta diversos parâmetros no uso dos recursos naturais de modo sustentável a fim de possibilitar uma harmonia entre o crescimento urbano, sob a forma de construções de prédios, casas, asfalto e calçamentos das ruas, como também o uso e ocupação do meio chamado de rural, através de plantações e criação de animais. As áreas de entorno das águas superficiais estão inseridas numa unidade de planejamento ou plano ambiental de conservação (bacia hidrográfica) e amparadas pela legislação federal e estadual, como a Lei Federal 4.771/65, que institui o Código Florestal; a Resolução Conama 302, que dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de área de preservação permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno; a Resolução Conama 303, sobre parâmetros, definições e limites de áreas de preservação permanente. No caso da bacia hidrográfica em estudo, foram analisadas as áreas que estariam sob a proteção da legislação ambiental e, no entanto, é permitida a alteração do meio natural por meio de licenças ambientais emitidas com base na Resolução Conama 237, a Lei Estadual 7.799/01, que institui a Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais e dá outras providências, por exemplo. Esses locais, atualmente, estão sendo ocupados por condomínios, escolas e clubes, impedindo qualquer pretensão para o desenvolvimento sustentável na unidade de planejamento deste estudo, a bacia hidrográfica. Objetivos - Espacializar as áreas de preservação permanente que margeiam o Rio Passa Vaca e alguns de seus afluentes; - Analisar algumas características geoambientais por meio do perfil longitudinal do rio principal; - Comentar o uso e a ocupação em áreas de preservação permanente, correspondentes às matas ciliares do rio, à luz das legislações federal e estadual que amparam a sua conservação;

Área de estudo A Bacia do rio Passa Vaca pertence à bacia do Rio Jaguaribe, segundo os estudos ambientais para o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e a Secretaria de Planejamento (Seplan), valendo ressaltar que sua inclusão à bacia do Rio Jaguaribe é para fins de planejamento, já que a mesma é uma bacia distinta. Está localizada entre as coordenadas S 12o 58 e 12o 56, W 38o 24 e 38o 25, possuindo uma área de 3,76 quilômetros quadrados (Figura 1). O curso principal nasce em Canabrava, próximo à sede da Chesf, tendo afluentes até quarta ordem, segundo a classificação de Strahler (1952), havendo alternância de canais intermitentes e perenes para seus afluentes numa composição subparalela dendrítica de forte controle estrutural. Possui uma forma alongada em um relevo mamelonado, coberto pelos remanescentes de floresta ombrofila densa encontrados na cidade. Caracteriza-se por topos planos, com áreas, como as nascentes da bacia, chegando a 63 metros de altura. Está sobre o alto da falha de Salvador, numa região denominada Cinturão Granulítico Atlântico (CGA), que compõe o embasamento regional constituído de migmatitos, gnaisses kinzigiticos, gnaisses, quartzo-feldspaticos, granitos e anfibolitos oriundos do Arqueano e Paleoproterozóico, além da presença de falhas, fraturas e foliações. No seu alto e médio cursos, está inserido no planalto costeiro. O baixo curso é marcado pela planície litorânea, que se compõe de areias quaternárias litorâneas selecionadas com conchas marinhas, tendo a presença de resquícios de manguezal com algumas espécies da Rhizophora Mangle e espécies alóctones delimitado entre os condomínios. Tal limite de estudo, nos dias atuais, possui modificações fisiográficas oriundas de inúmeras alterações que ocorrem na região metropolitana de grandes cidades. Modificações na paisagem que têm, a cada dia, sido responsáveis pela redução da área de captação da bacia, alteração do canal, volume hídrico, desmatamento das encostas e modificações nas formas de relevo, alterando, enfim, o estado morfológico da sub-bacia.

Figura 1 Área de Preservação Permanente do Rio Passa Vaca (Salvador BA) 2007 Elaboração: ALMEIDA, Ricardo A.

Estratégia Metodológica A partir do software Arc Gis 9.2, foi realizada a espacialização correspondente à área de preservação permanente do curso principal e afluentes do Rio Passa Vaca, na qual, segundo a Resolução Conama 303, designa o rio principal uma largura de trinta metros para fins de conservação. Também foi traçado o perfil longitudinal do rio integrado, com o auxílio das cartas topográficas da Conder na escala de 1:8.000, e associado a outras características geoambientais da área de estudo. Análise da área de preservação permanente do Rio Passa Vaca A bacia hidrográfica do Rio Passa Vaca, para um melhor estudo, foi dividida em três partes, a partir do perfil longitudinal do curso principal do rio em alto, médio e baixo cursos, na qual todas as áreas estão inseridas na mesma classificação quanto à legislação relativa à área de preservação permanente, com ressalvas ao manguezal e às suas nascentes, que devem ser delimitados e georreferenciados para a contemplação do estudo. No alto curso, o rio principal apresenta em suas encostas, com ângulos entre 28 o e 29º. No médio curso, encontram-se encostas de ângulos entre 11 o e 12 o, aproximadamente. O baixo curso, uma área mais plana, com ângulos abaixo de 10 o. Esta inserida na planície litorânea de 0 a 10 metros de altitude (Figura 2).

Figura 2 Perfil Morfofitogeológico do Rio Passa Vaca Elaboração: Almeida, R. A. O Rio Passa Vaca, a jusante, apresenta uma largura entre 8 a 9 metros, que, segundo a Resolução Conama 303, designa como área de preservação permanente a faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal, uma largura mínima de trinta metros para os cursos d água com menos de dez metros de largura. Atualmente, o gabarito de verticalização da orla marítima de Salvador está sendo discutido, no entanto, pode-se observar construção de prédios com mais de trinta e um metros (Figura 3). Tais obras civis, muitas vezes, estão inseridas em áreas de preservação permanente, que antes eram locais de mata ciliar do rio, cuja importância é fundamental na prevenção da erosão das encostas, na preservação dos recursos hídricos, na estabilidade geológica, fluxo gênico da fauna e flora e o assoreamento.

A ocupação da bacia Figura 3- Prédio no baixo curso do Rio Passa Vaca A bacia do Rio Passa Vaca está numa região onde há um grande crescimento e valorização imobiliária. Em 2002, mais de dezoito por cento (18,6%) de sua área estava ocupada por casas, clubes e escolas, verificando-se lugares que serão áreas estratégicas de infiltração (Figura 4). Porém, um dos principais impactos ambientais negativos verificados consiste na construção de empreendimentos em áreas de preservação permanente do curso principal do Rio Passa Vaca, que vem causando uma degradação ambiental significativa. Tais ocupações são resultado, muitas vezes, da liberação do licenciamento ambiental estabelecido pela Resolução Conama 237, que afirma, em seu Artigo 2º, que localização, construção, instalação, ampliação, dentre outros fatores considerados efetivamente poluidores, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, e, no caso dos empreendimentos da bacia, enquadram-se no anexo de obras civis. Este argumento, também está presente na Lei Estadual 7.799/01, no Artigo 38. Tendo em vista tal reflexão, as ocupações na bacia são potencialmente degradantes do meio ambiente (Lei 7.799/01) e, conseqüentemente, causam danos aos recursos ambientais.

Resultados Figura 4 Canteiro para infiltração da bacia Verifica-se que o grande crescimento de imóveis no bairro de Patamares, especificamente, na área correspondente à bacia do Rio Passa Vaca, tem contribuído para a impermeabilização, desmatamento dos resquícios de mata atlântica existentes na cidade de Salvador e matas ciliares do curso principal e afluentes do Rio Passa Vaca. Discussão e conclusões A degradação ambiental para fins de ampliação do espaço urbano é algo comum no País. Na medida em que a cidade se urbaniza, ocorre o aumento da capacidade de escoamento e aumento da produção de sedimentos, devido à falta de proteção das superfícies, à produção de resíduos sólidos (lixo) e à deteriorização da qualidade da água. Infelizmente, um consenso dentre várias metrópoles do Brasil. A grande questão concentra-se nas teorias sistêmicas que enxergam o meio natural como um sistema interligado e na nova visão ambientalista, nos dias atuais, que propõe um uso mais adequado do meio natural rumo ao chamado desenvolvimento sustentável, que, mesmo sendo umas das palavras mais comentadas na atualidade, não impede que ainda existam projetos

para a construção de empreendimentos sem uma concepção adequada para a conservação do sistema natural existente antes da construção dos imóveis, como é o caso da ocupação da bacia do Rio Passa Vaca. Ao mesmo tempo em que existe uma legislação que ampara a preservação de algumas áreas fundamentais para a manutenção dos recursos ambientais, como a Lei Federal 4.771/65, as resoluções Conama 302 e 303 e lei estadual 7.799/01, como também projetos da Prefeitura Municipal de Salvador, através de uma iniciativa de gestão integrada, cria-se um paradoxo frente ao uso indiscriminado das licenças ambientais concedidas, que permitem a ocupação em locais essenciais à manutenção do sistema de bacia hidrográfica. Referências Almeida & Puentes (2007). Estudos preliminares da sub-bacia do rio passa vaca (salvador-ba). I Simpósio de Geografia Física do Nordeste: Ambiente e Ordenamento Territorial no Nordeste Brasileiro. Crato (CE). Disponível em : http:// www.urca.br/main. Acessado em: 10/06/07. Barbosa et al (2004). Mapa Geológico de Salvador na escala de 1:8.000. CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS, (2002). Licenciamento ambiental passo a passo no estado da Bahia: normas e procedimentos. Cadernos de Referência Ambiental v.10, Salvador (p.13). Lei Federal 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Atualizada em 06.01.2001). Institui o novo Código Florestal. Lei Estadual 7.799, de 07 de fevereiro de 2001. Institui a Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais e dá outras providências. Diário Oficial do Estado da Bahia, Salvador, BA, 08 fev. 2001. Seção 1, v.85, n.17612, p.11. Resolução Conama 302, de 20 de março de 2002. Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente, de reservatórios artificiais e o regime do uso do entorno. Resolução Conama 303, de 20 de março de 2002. Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. Strahler (1952). Hypsometric analyis of erosional topography. Geol. Soc. American Bulletin, p.1117-1114. SALVADOR (BAHIA), (2006), Bacias Hidrográficas no Município de Salvador:

Iniciativas de Gestão Integrada, Superintendência do Meio Ambiente. V & S Engenharia Consultores S/C (2000). Alphaville e Urbanismo L.T.D.A. Diagnóstico Ambiental da área do empreendimento. RIMA 0040/047:504.3