Código Florestal - Lei /2012
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- Jónatas Mangueira Stachinski
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1 CURSO Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará Nº 06 DATA 25/08/2016 DISCIPLINA Direito Ambiental PROFESSOR Romeu Thomé MONITOR Thaís da Mata AULA 06 - A Legislação Brasileira Florestal Código Florestal - Lei /2012 O novo Código Florestal de 2012 revogou expressamente o Código Florestal anterior, que era de Esse novo código vem sendo muito criticado em decorrência de uma suposta diminuição da proteção ambiental em seus artigos, a qual fere a CF/88 e o princípio do retrocesso ambiental, que dá a ideia de que devamos manter ou aumentar a proteção ambiental, mas nunca diminuí-la. Em breve o STF deve se posicionar acerca do tema. Destacaremos alguns artigos importantes da presente lei. Art. 2º - Limitações ao Exercício da Propriedade (A.P.P. - A.R.L.) Art. 2 o As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. (grifo nosso). O Código Florestal estabelece expressamente limitações ao exercício do direito de propriedade ao instituir áreas ambientalmente protegidas. Assim, o Código Florestal não trata apenas de proteção ambiental, mas também do uso racional dos recursos florestais ao trazer as áreas ambientalmente protegidas, como a área de preservação permanente (A.P.P.) e a área de reserva legal (R.L.), as quais limitam a exploração da propriedade privada. Exemplo de A.P.P.: manutenção da vegetação nativa protegida nos 50 metros de raio que contornam a nascente de um rio. Essa área é considerada uma área de preservação permanente, em que, na parte da nascente, há uma limitação ao uso da propriedade privada. Assim, é nesse sentido que o Código Florestal coloca limitações ao exercício da propriedade privada, baseado na função sócio ambiental da propriedade.
2 A.P.P. - Área de Preservação Permanente: O conceito está no art. 3º, II, do Código Florestal. II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; Nesse conceito de A.P.P. fica bem clara a função de proteção ambiental, como a proteção da estabilidade geológica e a preservação dos recursos hídricos. É a limitação ao uso da propriedade nessas áreas. A princípio, é vedado o uso econômico direto dos recursos naturais das A.P.P.s. Ademais, a A.P.P. deve ser protegida em ÁREA URBANA ou em ÁREA RURAL, conforme constante no caput do art. 4º. Art. 4 o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:... Há dois modos de criação de uma A.P.P.. A A.P.P. pode ser criada ex vi legis, isso é, quando a própria lei define o que é uma A.P.P., conforme consta no art. 4º, e quando o poder público cria uma A.P.P., conforme consta no art. 6º. Art. 4 o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso d água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;
3 b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as áreas no entorno dos reservatórios d água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento; (Incluído pela Lei nº , de 2012). IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Lei nº , de 2012). V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; VII - os manguezais, em toda a sua extensão; VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; X - as áreas em altitude superior a (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. Art. 6 o Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; II - proteger as restingas ou veredas; III - proteger várzeas; IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
4 VII - assegurar condições de bem-estar público; VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares. Pode ocorrer a Supressão de Vegetação de A.P.P., e suas hipóteses estão tratadas no art. 8º do Código Florestal. O Código Florestal autoriza a supressão de vegetação de A.P.P. em algumas situações específicas, são elas as situações de utilidade pública (art. 3º, VIII), ou de interesse social (art. 3º, IX) ou de baixo impacto ambiental (art. 3º, X). Nesses casos, o órgão ambiental competente poderá autorizar a supressão de vegetação em A.P.P.. Art. 8 o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei. (grifo nosso). 1 o A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública. 2 o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente de que tratam os incisos VI e VII do caput do art. 4 o poderá ser autorizada, excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do manguezal esteja comprometida, para execução de obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda. 3 o É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas. 4 o Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções ou supressões de vegetação nativa, além das previstas nesta Lei. Art. 3 o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: VIII - utilidade pública: a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; c) atividades e obras de defesa civil;
5 d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais referidas no inciso II deste artigo; e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; IX - interesse social: a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas; b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área; c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei; d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei n o , de 7 de julho de 2009; e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade; f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente; g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental: a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso d água, ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável; b) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber; c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo;
6 d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro; e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores; f) construção e manutenção de cercas na propriedade; g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos na legislação aplicável; h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos; i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área; j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área; k) outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente; (grifo nosso). Uma polêmica no novo código é a manutenção da extração de atividades minerais como sendo uma situação de utilidade pública em que o órgão ambiental pode autorizar a supressão de vegetação nativa em A.P.P. para a exploração de minério. Os casos de supressão de vegetação de A.P.P. devem ser casos excepcionais, e, quando a lei traz exceções, esses casos devem ser pontuais e expressos. O novo Código Florestal elenca, além das hipóteses constantes nos incisos VIII, IX, e X, a expressão e outras atividades similares..., isso é, ele deixa a lista de hipóteses de supressão de vegetação aberta, ainda que essa devesse ser uma lista de exceções fechada. Essa é uma crítica ao Código. R.L. - Área de Reserva Legal: A R.L. é baseada na ideia de limitação ao uso da propriedade, mas é outro tipo de área protegida. A R.L. não está tão relacionada a uma área de reserva específica como a A.P.P., pois a sua localização dentro de uma propriedade pode variar, e a R.L. não precisa estar ao redor de uma nascente ou na margem de um rio. O órgão ambiental irá aprovar a área mais rica ambientalmente falando para definir a área de reserva legal.
7 Tanto a A.P.P. quanto a R.L. se encaixam no conceito do art. 225, parágrafo primeiro, inciso III da CF, o qual diz que o poder público deve criar espaços ambientalmente protegidos. Esses espaços podem ser a A.P.P. e a R.L. do Código Florestal. As três áreas mais cobradas em prova são as A.P.P. e a R.L. do Código Florestal, e as Unidades de Conservação da Lei 9.985/95. Contatos do professor: Prof. Romeu Thomé romeuprof@hotmail.com Bibliografia: THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental, editora Juspodim.
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