MONITORAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA ÁREA DO RIO QUEBRA ANZOL NO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA DE NOVA PONTE MG
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- Martim Lacerda Barata
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1 MONITORAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA ÁREA DO RIO QUEBRA ANZOL NO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA DE NOVA PONTE MG Marcos Augusto Macedo Araújo Vilela Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Civil Programa de Pós Graduação em Engenharia Urbana Alexandre Luiz Alves Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Geografia, Programa de Pós Graduação em Geografia Gessilaine de Almeida Bessa Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Geografia, Programa de Pós Graduação em Geografia Palavras Chave: Geoprocessamento; Monitoramento; Área de Preservação Permanente Introdução Com o desenvolvimento tecnológico que ocorreu durante o século XX, a sociedade passou por uma verdadeira transformação do modo de vida e dos modos de produção, onde todos tiveram que se adaptar. No Brasil e no mundo a crescente demanda por energia durante o século passado e no inicio do século XXI, exigiu dos governos incentivarem diversas formas de pesquisas energéticas e cada país foi obrigado a se adaptar de acordo com suas características de clima, relevo e de poder econômico a uma ou mais maneiras de produção de energia elétrica. A energia hidrelétrica hoje responde por 17% da energia produzida no mundo e no Brasil responde por cerca de 83% da energia gerada, segundo o balanço energético de 2003 da ANEEL. Mesmo com a tendência de aumento de outras fontes energéticas, devido a questões ambientais, o Brasil continuará aumentando seu potencial hidrelétrico, porem expandido para novas regiões como a bacia amazônica e investindo na criação de pequenas centrais hidrelétricas que causam menos impactos ao meio ambiente e podem abastecer pequenos municípios.
2 Pouco menos de 60% da capacidade hidrelétrica instalada no Brasil está na Bacia do Rio Paraná. Outras bacias importantes são a do São Francisco e a do Tocantins, com 16% e 12%, respectivamente, da capacidade instalada no País. As bacias com menor potência instalada são as do Atlântico Norte/Nordeste e Amazonas, que somam apenas 1,5% da capacidade instalada no Brasil. Na Bacia do Paraná, destacam-se as sub-bacias Rio Paranaíba, Grande, Paranapanema e Iguaçu, com índices que variam de 10,1% a 13,2% da capacidade instalada no País. A construção de uma usina hidrelétrica é um processo caro e demanda tempo, tem que ser feito todo um planejamento de longo prazo para não se ter problemas com falta de energia, pois uma usina não pode ser construída da noite para o dia. A legislação ambiental vigente no país também influi muito neste processo, pois estipula inúmeros parâmetros para o licenciamento de grandes empreendimentos, para a sua construção e para a operação. No caso da legislação especifica de construção de usinas tem de ser feito um estudo detalhado de impactos ambientais e sociais, chamado de EIA RIMA, alem de licenças chamadas de LP (licença previa), LI (licença de implantação), LO (licença de operação) esta ultima que diz respeito a operação da usina deve ser revista de acordo com um tempo estipulado pelos órgãos ambientais competentes de cada estado, no que diz respeito aos reservatórios há uma serie de exigências segundo o código florestal brasileiro em relação a áreas de preservação permanente que devem ser respeitadas em toda a extensão do lago. A resolução Conama 302 de 2002 dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de áreas de preservação permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno. De Acordo com essa resolução área de preservação permanente é a área marginal ao redor do reservatório artificial e suas ilhas, constituindo a área com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a partir do nível máximo normal de cem metros. Um grande problema que ocorre em reservatórios de usinas são os constantes processos de sedimentação e assoreamento que interferem na produção de energia, um estudo do Banco Mundial (Mahmood, 1987) mostrou que a vida útil média dos reservatórios existentes em todos os países no Mundo decresceu de 100 para 22 anos, tendo sido avaliado em 6 bilhões de dólares anuais o custo para promover a remoção dos volumes que vão sendo assoreados.
3 O manejo de um reservatório deve ser realizado seguindo normas como a resolução 302, mantendo as APP s e realizando o uso racional do entorno evitando processos de degradação como erosão e sedimentação das encostas, visando alcançar as expectativas iniciais do empreendimento. Os sedimentos que se acumulam no fundo do reservatório são responsáveis pela diminuição da vida útil da usina o que gera grandes prejuízos para o estado e para a sociedade em geral, sendo completamente incompreensível o estado gastar bilhões na construção de usinas de produção energética, causando desequilíbrio ecológico em toda uma bacia hidrográfica, e não investir em pesquisas e rever a legislação de uso e ocupação do solo o que poderia diminuir a sedimentação do solo, e aumentar a vida útil das usinas existentes. A usina Hidrelétrica de Nova Ponte é a segunda usina na América Latina a receber a certificação ambiental ISO no mês de março de 2000, por seu trabalho na preservação ambiental em todas as áreas de trabalho. Os trabalhos nessa área tiveram início juntamente com a construção da usina, em A usina está localizada no rio Araguari, no Triângulo Mineiro, e tem capacidade de 510 megawatts de potência, começou a operar em 1994 e é, hoje, modelo para todo o setor energético nacional. A resolução Conama 302 de 2002 entrou em vigor após a usina receber a certificação ISO , a preservação das APP s é de responsabilidade dos proprietários das chácaras e fazendas no entorno do reservatório, e é dos órgãos fiscalizadores como o IEF a responsabilidade de fiscalizar se estes proprietários estão cumprindo a legislação, porém é de interesse da Cemig a preservação destas áreas para a qualidade da operação do reservatório e o prolongamento de sua vida útil. O monitoramento de APP s por imagens de satélite é uma opção para os órgãos fiscalizadores identificarem áreas que estão irregulares e são prejudiciais a qualidade ambiental de rios e reservatórios. O objetivo deste trabalho á comparar a situação da APP do reservatório da usina de Nova Ponte no ano de sua inundação em 1994 e atualmente em 2008 e concluir se as certificações ambientais e a resolução Conama interferiram no cumprimento da legislação. Para isto se delimitou o trecho inundado do Rio Quebra Anzol que junto com o Rio Araguari formam o reservatório.
4 Metodologia Para realizar uma análise multi-temporal primeiramente é necessário delimitar a área de estudo, neste caso foi escolhido o trecho do Rio Quebra Anzol no reservatório de Nova Ponte como mostra a figura 1, para confeccionar o mapa de localização utilizou-se o software ARCGIS 9.2. Inicialmente no banco de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) fez-se o download das bases de estados e municípios do Brasil, e no software utilizando quatro bases de layers (Data Frame) foi feita a estruturação do layout contendo a localização do estado de Minas Gerais no Brasil, da região do Triangulo Mineiro e Alto Paranaíba no estado, do Município na Região, do Reservatório no Munícipio e por fim do Trecho analisado no reservatório. Figura 1: Localização da Área de Estudo Para realizar a análise multi-temporal foi feito o Download de duas imagens do satélite LANDSAT-5 na página da internet do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), uma imagem do ano 1993 antes do inicio da inundação da área, e outra do ano de 2008, estas imagens foram escolhidas por ambas datarem do mês de maio, e estarem sem interferência de nuvens. Utilizando o software ENVI foi feita a
5 composição colorida nas bandas RGB 564 para ambas imagens, e logo em seguida o Georreferenciamento das duas imagens. Na figura 2 vemos a carta-imagem da área em questão. Na imagem de 1993 vemos a calha original do Rio Quebra Anzol com a delimitação da área inundada feita com efeito de transparência no ARCGIS 9.2, já na imagem de 2008 tem-se o reservatório em operação. Figura 2: Carta-imagem da área de estudo Após delimitada a área de análise iniciou o processo de digitalização do lago, utilizando a ferramenta de edição do ARCGIS, criou-se um shapefile de polígono com três classificações, mata ciliar para as áreas com vegetação na margem do reservatório, cultura para as áreas que estão sendo utilizadas para agricultura, pecuária e reflorestamento, e solo exposto para áreas sem cobertura de vegetação, como o objetivo é identificar áreas onde não está sendo cumprida a legislação que define as APP s não se dividiu a categoria cultura entre pastagens, cultura perene, reflorestamento, soja, milho, etc., pois é necessário apenas saber onde há e onde não há mata ciliar na extensão do reservatório.
6 Primeiramente fez-se um polígono em torno de todo lago e depois utilizando a ferramenta buffer, para uma distância de 100 metros delimitou-se a área de preservação permanente, como mostra a figura 3. Figura 3: Delimitação da APP Após delimitada a APP do reservatório realizou-se a classificação do uso do solo na mesma. Dentro do mesmo shape-file foi feita a delimitação das três categorias de uso tanto na imagem de 1993 quanto na imagem de 2008 para fins de comparação. Na tabela de atributos do shape-file se classificou em mata ciliar 93, mata ciliar 2008, cultura 1993, cultura 2008, solo exposto 1993 e solo exposto 2008, além de uma coluna indicando a área de cada polígono. Como mostra na figura 4 com as duas imagens lado a lado percebe-se a alteração dos usos do solo, durante este período.
7 Figura 4: Uso do solo na APP Resultados: O sensoriamento remoto como análise espacial já se comprovou eficaz desde sua fundamentação, o uso para o monitoramento de lavouras de queimadas e outras análises é essencial e no caso de fiscalização de irregularidades ambientais não é diferente, se torna uma ferramenta imprescindível para os órgãos reguladores. Como mostrado nesta análise pode-se pontuar os locais irregulares e direcionar a fiscalização, se tornando um monitoramento de baixo custo, onde os agentes reguladores podem ir diretamente ao local irregular. No caso da área e do período de estudo, observa-se intensa modificação no uso do solo, e mesmo após a resolução Conama 302 que impõe um espaço de 100 metros para preservação, existem inúmeras áreas irregulares às margens de um reservatório que é referência quanto a qualidade ambiental. O trecho analisado do reservatório possui uma área total de 6.451,39 há sendo há de superfície do lago e 1.703,39 de Área de Preservação Permanente. Estes 1.703,39 há estão distribuídos da seguinte forma:
8 Gráfico 1: Usos na APP no ano de 1993 Gráfico 2: Usos na APP no ano de 2008 Constata-se que após o enchimento do reservatório e a delimitação da APP, ocorreu um aumento da área de vegetação e mata ciliar, diminuindo a área agricultável, isto se deve a revisão da legislação, a fiscalização e a conscientização dos proprietários com relação a preservação ambiental. O sensoriamento remoto e geoprocessamento se mostram um método essencial como ferramenta de análise espacial, com baixo custo, podendo ocorrer um monitoramento constante, e com resultados em curto prazo. Referências: Agencia Nacional de Energia Elétrica; Guia de Avaliação de Assoreamento de Reservatórios; Brasília DF Agencia Nacional de Energia Elétrica; Guia de Práticas Sedimentométricas; Brasília DF Agencia Nacional de Energia Elétrica; Guia de Energia Hidráulica; Brasília DF Garcia, Gilberto J. Sensoriamento Remoto Princípios e Interpretação de Imagens; Ed. Nobel, Rio Claro, SP, Moreira, Mauricio Alves. Fundamentos do Sensoriamento Remoto e Metodologias de Aplicação; 2 ed. Viçosa: UFV,2003. Resolução Conama Nº302 de 20 de março de 2002; Conselho Nacional de Meio Ambiente; Publicada no Diário Oficial da União em 13 de maio de 2002.
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