ANÁLISE DE CONTEÚDO O QUE É A ANÁLISE DE CONTEÚDO QUANDO USAR A ANÁLISE DE CONTEÚDO COMO FAZER ANÁLISE DE CONTEÚDO

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Transcrição:

ANÁLISE DE CONTEÚDO SUMÁRIO O QUE É A ANÁLISE DE CONTEÚDO QUANDO USAR A ANÁLISE DE CONTEÚDO COMO FAZER ANÁLISE DE CONTEÚDO CUIDADOS A TER NA ANÁLISE DE CONTEÚDO

O QU É A ANÁLISE DE CONTEÚDO É uma das técnicas mais comuns na investigação empírica (análise de dados) das ciências sociais e humanas. É uma técnica de tratamento da informação e não um método. Técnica de investigação que permite a descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação (Berelson, 1952) e de todo o comportamento simbólico (Cartwrigt, 1953) Preocupação com a descrição e a classificação Técnica de investigação que permite fazer inferências, válidas e replicáveis, dos dados para o seu contexto (Krippendorf, 1980) Preocupação com a inferência Será que a análise de conteúdo se deve preocupar apenas com a descrição? Bardin (1979) diz que não, que é a inferência que permite a passagem da descrição à interpretação. Só existe investigação quando há interpretação

Vala (1986) diz que a análise de conteúdo permite fazer inferências sobre: a) A fonte b) A situação em que esta produziu o material objecto de análise c) E mesmo o receptor ou destinatário das mensagens O mesmo autor diz que a finalidade da análise de conteúdo é efectuar inferências, com base numa lógica explicitada, sobre as mensagens cujas características foram inventariadas e sistematizadas Trata-se da desmontagem de um discurso e da produção de um novo discurso a analisar e as condições de produção da análise CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DO DISCURSO CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DA ANÁLISE DISCURSO SUJEITO À ANÁLISE MODELO DE ANÁLISE Figura 1 (fonte: Vala, 1986, p. 105) R E S U L T A D O

QUANDO USAR A ANÁLISE DE CONTEÚDO É uma técnica e não um método de investigação Como técnica pode ser usada em qualquer dos grandes tipos de procedimentos lógicos da investigação: Experimental De medida extensiva De casos intensiva E servir igualmente os diferentes níveis de investigação empírica: Descrever fenómenos (ex: histórias de vida) Correlacionar fenómenos (ex: relacionar diferentes características do material recolhido) Descobrir relações de causa-efeito entre fenómenos (ex: manipular as condições de produção do material) A análise de conteúdo pode ser usada em qualquer tipo de investigação empírica, sendo, em muitos casos, uma técnica não obstrutiva. Estudo de atitudes, opiniões, percepções e representações e mesmo sobre práticas

Material não estruturado: cartas, entrevistas de vários tipos, mensagens da comunicação social, etc. Análise das questões abertas dos questionários e na fase de elaboração do questionário Entrevistas pós-experimentais, no método experimental

COMO FAZER ANÁLISE DE CONTEÚDO Qualquer que seja o material a analisar primeiro devemos descrever as condições da sua produção Depois colocar um conjunto de questões: a) Com que frequência ocorrem determinados objectos (o que acontece e o que é importante) quantificação simples, análise de frequências dos temas ou categorias, etc. Análise de ocorrências b) Quais as características ou atributos que são associados aos diferentes objectos (o que é avaliado e como) avaliação do que é referido, atitudes favoráveis ou desfavoráveis, sistema de valores. Análise avaliativa c) Qual a associação ou dissociação entre os objectos (estrutura de relações entre os objectos) encontrar a estrutura subjacente ao discurso, sistema de pensamento do(s) informante(s). Análise associativa Decisão: em que direcção vou orientar a minha pesquisa? Qualquer que seja a decisão, a análise de conteúdo pressupõe sempre: a) Delimitação dos objectivos e definição de um quadro de referência teórico orientador da pesquisa (delimitar os conceitos analíticos); b) Constituição de um corpus (podem ser vários, mas tem que se explicitar os critérios da sua constituição, podendo recorre-se a critérios de amostragem);

c) Definição de categorias (o que é uma categoria? O que há de comum entre uma ave e um peixe? A construção de um sistema de categorias pode ser feita a priori ou a posteriori ou ambas; garantir a exaustividade e exclusividade validade interna); d) Definição de unidades de análise; e) E ainda quantificação (nem sempre, mas muitas vezes) Conjunto de procedimentos que permitam garantir a fidelidade e validade da análise Referências Bardin, L. (1979). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70 Vala, J. (1986). A análise de conteúdo. In A. S. Silva e J. M. Pinto (orgs). Metodologia das ciências sociais (pp. 101-128). Porto: Edições Afrontamento