Análise de situações de desigualdade e vulnerabilidade socioambiental na Metrópole de São Paulo no contexto das mudanças climáticas

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Transcrição:

Análise de situações de desigualdade e vulnerabilidade socioambiental na Metrópole de São Paulo no contexto das mudanças climáticas Resumo: Desenvolvimento de metodologias / análise de dados (Desarrollo en metodologías y producción / análisis de datos) GT 15: Meio ambiente, sociedade e desenvolvimento sustentável Humberto Prates da Fonseca Alves O objetivo geral do presente artigo é operacionalizar empiricamente o conceito de vulnerabilidade socioambiental, através da construção de indicadores socioambientais, com integração de dados socioeconômicos e demográficos do Censo 2010 do IBGE e de dados que representem áreas de risco ambiental, para análise de situações de vulnerabilidade socioambiental em escala intraurbana no conjunto de 21 municípios que constituem a mancha urbana conurbada da Metrópole de São Paulo. Os resultados revelam a existência de intensa concentração e sobreposição espacial de situações de suscetibilidade/pobreza e de exposição a risco ambiental em determinadas áreas da região. Portanto, o trabalho pretende contribuir com o desenvolvimento de metodologias e indicadores para análise da vulnerabilidade às mudanças climáticas nas áreas urbanas e metropolitanas da América Latina. Palavras-chave: vulnerabilidade socioambiental; indicadores sociais; mudanças climáticas; risco ambiental; Metrópole de São Paulo. 1. Introdução O objetivo geral do presente trabalho é operacionalizar empiricamente o conceito de vulnerabilidade socioambiental, através da construção de indicadores socioambientais, com integração de dados socioeconômicos e demográficos do Censo 2010 do IBGE e de dados que representem áreas de risco ambiental, para análise de situações de vulnerabilidade socioambiental em escala intraurbana no conjunto de 21 municípios que constituem a mancha urbana conurbada da Metrópole de São Paulo (Mapa 1) 1. Mapa 1: Localização dos 21 municípios que constituem a mancha urbana conurbada da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professor Adjunto da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Campus Guarulhos. Email: humbiro@gmail.com 1 Esses 21 municípios são os mais importantes da Região Metropolitana de São Paulo, incluindo São Paulo (no centro) Guarulhos (a Nordeste), o ABC (a Sudeste) e Osasco (a Oeste), e correspondem a cerca de 90% da população total da região, que atingiu quase 20 milhões de habitantes em 2010, segundo o Censo 2010 do IBGE. Oficialmente, a Região Metropolitana de São Paulo abrange 39 municípios.

2 Fonte: Elaboração própria a partir de: IBGE, Malha digital dos municípios brasileiros, 2010. Vamos operacionalizar o conceito de vulnerabilidade socioambiental, utilizando uma definição que a descreve como a coexistência, cumulatividade ou sobreposição espacial de situações de pobreza e privação social e de situações de exposição a risco ambiental (ALVES, 2006). Para isso, vamos construir e analisar um índice de vulnerabilidade socioambiental, através da operacionalização de duas dimensões da vulnerabilidade suscetibilidade e exposição ao risco ambiental, combinando um indicador de renda domiciliar per capita com um indicador de exposição ao risco ambiental, tendo o setor censitário do Censo 2010 do IBGE como unidade de análise. Portanto, os resultados do trabalho possibilitarão a construção de uma análise atualizada sobre a Metrópole de São Paulo em escala intraurbana, e poderão fornecer subsídios para o planejamento de políticas públicas de mitigação e adaptação a situações de vulnerabilidade social e ambiental na região. Deste modo, o presente trabalho pretende contribuir com o desenvolvimento de metodologias de integração de dados sociodemográficos e ambientais, através do uso de métodos de geoprocessamento e análise espacial de cartografias digitais, para análise de situações de vulnerabilidade socioambiental em escala intraurbana, em áreas urbanas e metropolitanas do Brasil e da América Latina, no contexto das mudanças climáticas. 2. Expansão urbana, desigualdade e vulnerabilidade às mudanças climáticas na Metrópole de São Paulo: uma breve revisão da literatura A segunda metade do século XX marcou a aceleração do processo de urbanização no Brasil. Entre as consequências deste processo, pode-se destacar: a formação de regiões metropolitanas; a 2

verticalização e adensamento das áreas já urbanizadas; e a expansão urbana para áreas periféricas (REIS; TANAKA, 2007). Uma parte significativa da literatura sobre a questão urbana no Brasil mostra que esta expansão urbana para as áreas periféricas está relacionada à procura por habitação em áreas com baixo preço da terra, o que provoca um aumento das ocupações precárias como favelas e loteamentos irregulares, em áreas sem infraestrutura e expostas a risco e degradação ambiental. Assim, esta dinâmica de urbanização nas regiões periféricas, através da ocupação ilegal e predatória de terra urbana, faz com que grande parte das áreas urbanas de risco e proteção ambiental, tais como as margens dos cursos d água, estejam ameaçadas pelas ocupações precárias de uso habitacional de baixa renda, por absoluta falta de alternativas habitacionais, seja via mercado privado, seja via políticas públicas sociais (BONDUKI; ROLNIK, 1982; SMOLKA, 1993; MARICATO, 1996; 2003). Na Região Metropolitana de São Paulo, desde a década de 1970, tem havido um forte processo de expansão urbana para as áreas periféricas, com a incorporação de uma vasta área à mancha urbana da metrópole. Nesse sentido, o expressivo crescimento demográfico e a expansão horizontal das áreas periféricas mais distantes da Metrópole de São Paulo têm contribuído para o aumento da heterogeneidade das periferias e para o aumento da pobreza, vulnerabilidade e desigualdade social e ambiental. De fato, o nível dos problemas sociais e ambientais de determinadas áreas é impressionante, superpondo, em termos espaciais (e sociais), os piores indicadores socioeconômicos com riscos de enchentes e deslizamentos de terra, um ambiente intensamente poluído e serviços públicos extremamente ineficientes. Assim, em alguns espaços da periferia, verifica-se intensa concentração de indicadores negativos, que sugerem a presença de pontos críticos de vulnerabilidade social (e ambiental), revelando a existência de uma espécie de periferia da periferia (MARCONDES, 1999; TORRES; ALVES; OLIVEIRA, 2007; TORRES; MARQUES, 2001). Assim, estes grandes processos de transformação por que têm passado as áreas periféricas da Metrópole de São Paulo têm explicitado um crescente entrelaçamento e sobreposição entre problemas sociais e ambientais. Esta sobreposição ou cumulatividade de riscos e problemas socioeconômicos e ambientais representa um desafio para as políticas públicas que, na maioria das vezes, são compartimentalizadas segundo áreas de intervenção setorial. Portanto, o grande número de situações de sobreposição de péssimas condições sociais e sanitárias a riscos e conflitos ambientais torna necessárias abordagens que contemplem as relações e interações entre as dimensões sociais e ambientais da urbanização (ALVES; TORRES, 2006). Nesse sentido, um conceito que pode ser usado para analisar estas questões é o de vulnerabilidade socioambiental, que pode ser definido como a coexistência, cumulatividade ou sobreposição espacial de situações de pobreza/privação social e de situações de exposição a risco e/ou degradação ambiental (ALVES, 2006; 2009). O termo vulnerabilidade social tem sido utilizado com frequência por grupos acadêmicos e entidades governamentais da América Latina. Parte da visibilidade dos estudos sobre vulnerabilidade social se deve a certa insatisfação com os enfoques tradicionais sobre pobreza e com seus métodos de mensuração, baseados exclusivamente no nível de renda monetária e em medidas fixas, como a linha de pobreza (KAZTMAN et al., 1999). Uma outra linha de análise sobre vulnerabilidade tem origem nos estudos sobre desastres naturais (natural hazards) e avaliação de risco (risk assessment). Nesta perspectiva, a vulnerabilidade pode ser vista como a interação entre o risco existente em um determinado lugar (hazard of place) e as características e o grau de exposição da população lá residente (CUTTER, 1994; 1996). A vulnerabilidade também tem se tornado, nos últimos anos, um conceito central para as comunidades científicas de mudanças ambientais globais (IPCC, IGBP, IHDP) e uma categoria analítica importante 3 3

para instituições internacionais, como algumas agências das Nações Unidas (PNUD, PNUMA, FAO) e o Banco Mundial (KASPERSON; KASPERSON, 2001; ALVES, 2006) 2. É importante destacar que o conceito de vulnerabilidade não trata simplesmente da exposição aos riscos e perturbações, mas também da capacidade das pessoas de lidar com estes riscos e de se adaptar às novas circunstâncias. Nisto reside a importância e a inseparabilidade das dimensões social e ambiental da vulnerabilidade (PANTELIC et al., 2005). Assim, numa perspectiva das Ciências Sociais, a vulnerabilidade pode ser pensada em termos de três aspectos (ou dimensões): grau de exposição ao risco, susceptibilidade ao risco e capacidade de adaptação (ou resiliência) diante da materialização do risco. Nesta perspectiva, as pessoas ou grupos sociais mais vulneráveis seriam aqueles mais expostos a situações de risco ou stress, mais sensíveis a estas situações e com menor capacidade de se recuperar (MOSER, 1998; DE SHERBININ et al., 2007). No contexto das mudanças climáticas, neste início de século XXI e nas próximas décadas, com cenários de maior frequência e intensidade de eventos extremos como tempestades, furacões, enchentes e secas, as situações de vulnerabilidade e desigualdade ambiental tendem a crescer significativamente em cidades e áreas metropolitanas como São Paulo. Com o lançamento dos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) em 2007, a questão das mudanças climáticas entrou definitivamente nas agendas da comunidade científica, dos governos e da sociedade civil em quase todos os países do mundo. Contudo, nem todos os aspectos das mudanças climáticas têm sido percebidos com a mesma atenção. Assim, por um lado, a consciência da necessidade de ações para redução das emissões de gases estufa já esta relativamente consolidada entre os governos, comunidade científica e sociedade civil, ainda que haja um vasto conjunto de dificuldades, incertezas e conflitos econômicos e políticos para efetiva implementação destas ações. Mas, por outro lado, a premente necessidade de redução da vulnerabilidade às mudanças climáticas ainda é pouco percebida pelos governantes e mesmo pela sociedade civil. Em parte, isto decorre do fato de que a maior parte da presente e futura vulnerabilidade às mudanças climáticas irá se dar nos países pobres e em desenvolvimento, e principalmente nas populações de baixa renda (IPCC, 2007; HUQ et al., 2007). Para as áreas urbanas, o principal aumento do risco que irá advir das mudanças climáticas será o aumento no número e intensidade de eventos extremos, tais como tempestades, secas, ciclones e furacões. As consequências das mudanças climáticas para as áreas urbanas dependerão de diversos fatores, incluindo a vulnerabilidade e a resiliência das populações. Os impactos das mudanças ambientais globais, particularmente os riscos relacionados ao clima, afetam desproporcionalmente as populações pobres e vulneráveis, moradores de favelas e de invasões nas encostas, em áreas mal drenadas ou baixadas litorâneas. Portanto, as situações de vulnerabilidade às mudanças climáticas, principalmente devido ao aumento da intensidade e frequência dos eventos climáticos extremos, poderão se tornar muito graves, especialmente para os grupos populacionais de baixa renda (UNFPA, 2007). Na Metrópole de São Paulo, modelos de projeção da expansão urbana para as próximas décadas revelam um significativo aumento das situações de risco e vulnerabilidade a enchentes, inundações e escorregamentos de terra no contexto das mudanças climáticas. Tais cenários baseiam-se na hipótese de aumento dos assentamentos precários em áreas de risco ambiental, tais como beiras de rios e córregos e terrenos de alta declividade nas periferias região. As consequências do aumento de eventos extremos, 4 2 Porém, não se pode deixar de destacar as diferenças de abordagem entre os estudos sobre vulnerabilidade social e aqueles a respeito da chamada vulnerabilidade ambiental. Na literatura mais sociológica sobre o tema (MOSER, 1998; KAZTMAN et al., 1999), a vulnerabilidade social é analisada em relação a indivíduos, famílias ou grupos sociais. Já na geografia e nos estudos sobre riscos e desastres naturais (CUTTER, 1994; 1996), a vulnerabilidade ambiental tem sido discutida em termos territoriais (regiões, ecossistemas). Portanto, esta disparidade entre as duas tradições de estudos sobre vulnerabilidade, em termos de escala e de tipo de objeto de análise, deve ser considerada na construção do conceito de vulnerabilidade socioambiental, o qual pretende integrar as duas dimensões a social e a ambiental (ALVES, 2006). 4

como enchentes e deslizamentos, deverão atingir o conjunto da população metropolitana. Porém, tais situações devem afetar com maior intensidade e gravidade as pessoas ou famílias que vivem nos ambientes de maior risco, com destaque para a população localizada em favelas. Neste sentido, situações de vulnerabilidade, desigualdade e injustiça ambiental (e climática) estarão cada vez mais presentes na Metrópole de São Paulo nos próximos anos e décadas (NOBRE et al., 2010; MILANEZ; FONSECA, 2011). Tendo em vista as considerações acima, cabe destacar a importância de se desenvolver indicadores, metodologias e análises, que permitam mensurar e quantificar os diferentes graus de vulnerabilidade às mudanças climáticas nas áreas urbanas e metropolitanas, através da identificação e caracterização das áreas de maior risco a desastres naturais e dos grupos populacionais mais vulneráveis, complementando a informação qualitativa proveniente dos órgãos de defesa civil (BRAGA et al., 2006). Portanto, no contexto de uma agenda latino americana de estudos sobre vulnerabilidade e mudança climática, é fundamental que haja um esforço para o desenvolvimento de metodologias e indicadores para a identificação, caracterização e análise de situações de vulnerabilidade socioambiental às mudanças climáticas nas áreas urbanas e metropolitanas da região. Neste sentido, o presente trabalho pretende ser uma contribuição inicial a este esforço. 2. Metodologia Como foi dito, o objetivo geral do presente trabalho é operacionalizar empiricamente o conceito de vulnerabilidade socioambiental, através da construção e análise de indicadores socioambientais em escala intraurbana (setores censitários), com integração de dados socioeconômicos e demográficos do Censo 2010 do IBGE e de dados ambientais, provenientes de bases cartográficas do meio físico tais como rede hidrográfica, que representem áreas de risco ambiental. A seguir, descrevemos os principais procedimentos metodológicos, utilizados para operacionalizar este conceito, o qual será utilizado na análise empírica que faremos. Inicialmente, construímos um indicador de exposição ao risco ambiental, tendo o setor censitário como unidade de análise e representando a porcentagem da área do setor sobreposta a áreas de risco ambiental. Estamos considerando como de risco ambiental as áreas às margens de até 50 metros de cursos d água, sujeitas a enchentes e/ou de doenças de veiculação hídrica (Mapa 2) 3 4. Mapa 2: 5 3 A cartografia da rede hidrográfica da Região Metropolitana de São Paulo foi obtida junto ao DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo. 4 A escolha da proximidade de até 50 metros dos cursos d'água, como parâmetro para definição das áreas de risco ambiental sujeitas a enchentes e/ou doenças de veiculação, foi feita com base em dois critérios principais. Em primeiro lugar, nosso objetivo foi identificar as populações residentes em áreas realmente próximas de cursos d'água, e que estão de fato expostas aos riscos de enchentes e de contato direto com doenças de veiculação hídrica. Segundo a literatura sobre o tema, esta situação é típica de grande parte das favelas brasileiras, que ocupam as várzeas dos rios e córregos (fundos de vale), por serem áreas com restrições à ocupação por motivos geotécnicos ou ambientais (TASCHNER, 2000). Em segundo lugar, tomamos como referência a regulamentação das Áreas de Proteção Permanente (APPs) do Código Florestal (leis 4771/65, 7803/89 e 7875/89), que estabelece faixas de proteção ambiental ao longo dos rios e de qualquer curso d'água. Segundo estas leis, não são permitidas a supressão de vegetação e a ocupação humana ao longo de qualquer curso d água, em faixa marginal cuja largura mínima seja: 1) de trinta metros para os cursos d água de menos de dez metros de largura; 2) de cinquenta metros para os cursos d água que tenham de dez a cinquenta metros de largura. Assim, como a grande maioria dos cursos d'água existentes na Metrópole de São Paulo possui largura inferior a 50 metros, consideramos que a proximidade de até 50 metros é adequada para expressar as áreas com restrições ambientais à ocupação. É importante destacar que estamos considerando o Código Florestal em vigência em 2010, ano de referência dos dados do censo, e não a versão atual do código, modificada no ano de 2012 e que alterou as larguras das faixas de proteção ao longo dos rios. 5

Sobreposição espacial da cartografia da rede hidrográfica (áreas de risco ambiental) à malha digital dos setores censitários do Censo 2010 dos 21 municípios da mancha urbana da RMSP (detalhe da Zona Leste de São Paulo) 5 6 Fontes: Elaboração própria a partir de: DAEE, Cartografia da rede hidrográfica da Região Metropolitana de São Paulo. IBGE, Malha digital dos setores censitários do Censo 2010. Para construção do indicador de exposição ao risco ambiental, fizemos primeiramente a sobreposição espacial da cartografia das áreas de risco ambiental (margens de até 50 metros de cursos d água) à malha digital dos setores censitários do Censo 2010 do IBGE dos 21 municípios que constituem a mancha urbana conurbada da metrópole de São Paulo 6, através de um Sistema de Informação Geográfica, em projeção UTM e Datum WGS84. Em seguida, calculamos o tamanho e a porcentagem da área de cada setor sobreposta às áreas de risco ambiental (margens de 50 metros de cursos d água), resultando na seguinte variável quantitativa contínua: porcentagem do território do setor censitário composto de áreas de risco ambiental (sujeitas a enchentes e/ou de doenças de veiculação hídrica). Finalmente, convertemos esta variável contínua numa variável categórica ordinal com duas categorias (dois grupos), usando o seguinte critério: 1) alta exposição ao risco ambiental, para setores com mais de 50% do seu território composto de áreas de risco ambiental; e 2) baixa exposição ao risco ambiental, para setores com menos de 50% do seu território composto de áreas de risco ambiental 7 (Mapa 2). 5 Para possibilitar a visualização da sobreposição espacial da cartografia da rede hidrográfica à malha digital dos setores censitários, foi dado um zoom em um trecho da Zona Leste do município de São Paulo. 6 Como foi dito, o recorte espacial deste trabalho restringe-se apenas aos 21 municípios que constituem a mancha urbana conurbada da Metrópole de São Paulo. 7 Cabe ressaltar que estamos adotando critérios bastante rígidos para a construção do indicador de exposição ao risco ambiental, ao considerarmos como critério de alto risco mais da metade da área do setor censitário sobreposta a áreas de risco ambiental. Portanto, consideramos que ele é um indicador bastante exigente para representar a exposição ao risco ambiental. 6

Posteriormente, operacionalizamos o conceito de vulnerabilidade socioambiental, através de um índice de vulnerabilidade socioambiental, construído através da combinação entre um indicador de renda domiciliar per capita e o referido indicador de exposição ao risco ambiental, também tendo o setor censitário como unidade de análise. Para operacionalizar o conceito de vulnerabilidade socioambiental, partimos de uma definição de Chambers (1989) 8, que considera que a vulnerabilidade possui dois lados (ou duas dimensões): 1) exposição ao risco e 2) suscetibilidade ao risco 9. Também utilizamos uma definição operacional de vulnerabilidade socioambiental, que a descreve como a coexistência, cumulatividade ou sobreposição espacial de situações de pobreza e privação social e de situações de exposição a risco ambiental (ALVES, 2006). Estas definições são complementares e foram operacionalizadas através da construção e análise de um índice de vulnerabilidade socioambiental, que combina as duas dimensões: suscetibilidade e exposição ao risco ambiental. A dimensão exposição ao risco ambiental foi operacionalizada através do indicador já descrito acima. Já para operacionalizar a dimensão suscetibilidade utilizamos um indicador de renda domiciliar per capita, obtido nos resultados do Universo do Censo 2010, e convertido numa variável categórica ordinal com duas categorias, de maneira a classificar os setores censitários em dois grupos: 1) alta pobreza/suscetibilidade, para setores com renda domiciliar média per capita abaixo de 1 salário mínimo; e 2) baixa pobreza/suscetibilidade, para setores com renda domiciliar média per capita acima de 1 salário mínimo 10 11. Combinando as duas dimensões suscetibilidade/pobreza e exposição ao risco ambiental, geramos o índice de vulnerabilidade socioambiental, que é uma variável categórica ordinal com quatro categorias/grupos, descritos no Quadro 1. Apesar das limitações metodológicas apontadas, consideramos que este índice de vulnerabilidade socioambiental é um indicador bastante exigente, que representa bem as duas dimensões da vulnerabilidade socioambiental, e traz avanços metodológicos em relação a trabalhos anteriores em que operacionalizamos o conceito de vulnerabilidade socioambiental (ALVES, 2006; 2009; ALVES et al., 2010; 2011). Também gostaríamos de ressaltar que, ao construirmos este índice de vulnerabilidade socioambiental, através de métodos de geoprocessamento e análise espacial, estamos incorporando o espaço como uma dimensão analítica fundamental do nosso estudo, e não apenas considerando o espaço como mera representação dos dados censitários e ambientais. Quadro 1 Construção do índice de vulnerabilidade socioambiental, através da combinação das dimensões suscetibilidade/pobreza e exposição ao risco ambiental Dimensões Índice de Exposição ao Suscetibilidade/ Vulnerabilidade Socioambiental 7 8 Esta definição é uma versão mais simples do que outras definições de vulnerabilidade (MOSER, 1998; DE SHERBININ et al., 2007), que consideram três elementos constituintes da vulnerabilidade: exposição, suscetibilidade e capacidade de adaptação. Porém, para operacionalizar a dimensão capacidade de adaptação seria necessário realizar análises dinâmicas, o que foge do escopo metodológico deste trabalho. 9 Para operacionalizar o conceito de vulnerabilidade socioambiental, estamos considerando exposição e suscetibilidade ao risco ambiental. 10 Em 2010, o valor do salário mínimo era de 510 reais. 11 Vamos utilizar a noção de pobreza como proxy de suscetibilidade, usando a renda domiciliar média per capita do setor censitário como indicador. Ainda que o uso da renda para medir suscetibilidade, pobreza ou vulnerabilidade social possua uma série de limitações conceituais e analíticas, ela ainda é o indicador mais utilizado. Neste trabalho, o uso da renda per capita como proxy de suscetibilidade/pobreza também se deve a restrições metodológicas, devido à renda ser praticamente a única variável socioeconômica disponível nos resultados do Universo do Censo 2010, já que estamos utilizando o setor censitário como unidade de análise. 7

risco ambiental Pobreza ALTA ALTA pobreza/suscetibilidade: ALTA Acima de 50% de áreas renda domiciliar per capita abaixo (Grupo 4) de risco ambiental de 1 salário mínimo BAIXA ALTA pobreza/suscetibilidade: MODERADA Abaixo de 50% de áreas renda domiciliar per capita abaixo (com alta pobreza) de risco ambiental de 1 salário mínimo (Grupo 3) ALTA BAIXA pobreza/suscetibilidade: MODERADA Acima de 50% de áreas renda domiciliar per capita acima (com alto risco) de risco ambiental de 1 salário mínimo (Grupo 2) BAIXA BAIXA pobreza/suscetibilidade: BAIXA Abaixo de 50% de áreas renda domiciliar per capita acima (Grupo 1) de risco ambiental de 1 salário mínimo Fontes: Elaboração própria a partir de: IBGE, Censo 2010. DAEE, Cartografias da rede hidrográfica da Região Metropolitana de São Paulo. 4. Operacionalização do conceito de vulnerabilidade socioambiental através da análise do índice de vulnerabilidade socioambiental A seguir, vamos operacionalizar o conceito de vulnerabilidade socioambiental, através do índice de vulnerabilidade socioambiental, que combina as duas referidas dimensões suscetibilidade/pobreza e exposição ao risco ambiental, gerando quatro grupos, descritos no Quadro 1 (ver Metodologia) e representados no Mapa 3. 8 8

9 Mapa 3 Classificação dos setores censitários dos 21 municípios da mancha urbana da RMSP nos quatro grupos de vulnerabilidade socioambiental (detalhe da Zona Leste de São Paulo) 12 Fontes: Elaboração própria a partir de: DAEE, Cartografia da rede hidrográfica da Região Metropolitana de São Paulo. IBGE, Malha digital dos setores censitários do Censo 2010. Classificando os setores censitários nos quatro grupos de vulnerabilidade socioambiental, obtivemos os seguintes volumes populacionais apresentados a seguir. Nas áreas (setores censitários) com baixa vulnerabilidade socioambiental (Grupo 1) residem 10,7 milhões de pessoas, que correspondem a 59,5% da população do conjunto de 21 municípios que constituem a mancha urbana conurbada da Metrópole de São Paulo no ano 2010. Já nas áreas de moderada vulnerabilidade socioambiental [com alto risco] (Grupo 2) vivem 624 mil pessoas (apenas 3,5% da população municipal). Nas áreas de moderada vulnerabilidade socioambiental [com alta pobreza] (Grupo 3) residem 5,4 milhões de pessoas (30,2% da população do município). Por fim, nas áreas de alta vulnerabilidade socioambiental (Grupo 4) vivem 1,2 milhões de pessoas, que correspondem a 6,8% da população da mancha urbana da Metrópole de São Paulo. Estes números revelam que 60% da população da mancha urbana metropolitana residem em áreas com baixa pobreza e baixa exposição ao risco ambiental (Grupo 1), e 30% da população vivem em áreas com alta pobreza e baixa exposição ao risco ambiental de enchentes (Grupo 3). Apenas cerca 12 Para possibilitar a visualização da classificação dos setores censitários nos quatro grupos de vulnerabilidade socioambiental, foi dado um zoom em um trecho da Zona Leste do município de São Paulo. 9

de 10% da população residem em áreas de risco ambiental de enchentes, seja em áreas com baixa pobreza e alto risco (Grupo 2) ou em áreas com alta pobreza e alto risco (Grupo 4) (Tabela 1) 13. A seguir, fazemos uma análise comparativa dos indicadores socioeconômicos e demográficos dos resultados do Universo do Censo 2010, entre os quatro grupos de vulnerabilidade socioambiental, para observar as expressivas diferenças entre eles, e assim identificar e caracterizar as diferentes combinações de situações de pobreza/suscetibilidade e de situações de exposição a risco ambiental no conjunto de 21 municípios da mancha urbana da Metrópole de São Paulo (Tabela 1). Tabela 1 Indicadores socioeconômicos e demográficos por categoria de vulnerabilidade socioambiental. 21 municípios da mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo, 2010 ALTA MODERADA MODERADA BAIXA Indicadores socioeconômicos e demográficos Vulnerabilidade (com Socioambiental ( Grupo 4 ) pobreza) Vulnerabilidade Socioambiental ( Grupo 3 ) alta (com alto risco) Vulnerabilidade Vulnerabilidade Socioambiental Socioambiental ( Grupo 2 ) ( Grupo 1 ) População residente 1.214.051 5.412.210 624.641 10.667.823 Número de domicílios 336.982 1.539.014 200.865 3.541.188 Distribuição da população (1) 6,78 30,20 3,49 59,53 Distribuição dos domicílios (1) 6,00 27,39 3,58 63,03 Domicílios c/ coleta de lixo (%) 99,19 99,36 99,89 99,94 Domic. c/ rede geral de água (%) 97,83 97,22 99,76 99,54 Domic. c/ rede geral de esgoto (%) 62,43 81,05 90,35 96,13 Pessoas de cor branca (%) 40,93 43,97 62,65 68,70 Pessoas de cor preta ou parda (%) 58,23 54,56 35,84 28,52 Domicílios com renda per capita 8,17 6,57 1,93 1,42 de até ¼ salário mínimo (%) Domicílios com renda per capita 30,60 26,74 10,02 7,85 de até ½ salário mínimo (%) Renda per capita média (reais) 363 398 1.085 1.341 Renda per capita média (sal. min.) 0,71 0,78 2,13 2,63 População em aglomerados subnormais 728.515 1.336.015 20.409 53.696 População aglomerados subnormais (%) 60,01 24,69 3,27 0,50 Fontes: Elaboração própria a partir de: IBGE, Resultados do Universo do Censo 2010 e Malha digital dos setores censitários do Censo 2010. DAEE, Cartografia da rede hidrográfica da Região Metropolitana de São Paulo. Notas: (1) Corresponde à distribuição percentual da população dos 21 municípios da mancha urbana nos 4 grupos de vulnerabilidade socioambiental, cuja soma (na linha) é de 100%. 10 13 Ainda que estes números não sejam tão expressivos em termos relativos, em valores absolutos eles representam mais de 1,8 milhões de pessoas residindo em áreas de risco ambiental de enchentes, sendo que 1,2 milhões de pessoas vivem em situação de alta vulnerabilidade socioambiental (Grupo 4). 10

Inicialmente, comparamos as condições de saneamento básico dos quatro grupos. Como se pode observar na Tabela 1, a coleta de lixo está quase universalizada na Metrópole de São Paulo, com os quatro grupos apresentando percentuais próximos de 100% dos seus domicílios com lixo coletado. Já o abastecimento de água mostra que os dois grupos de baixa pobreza (Grupos 1 e 2) possuem quase 100% dos seus domicílios com acesso à rede geral de água, enquanto nos dois grupos de alta pobreza (Grupos 3 e 4) o acesso à rede de água está em torno de 97,5% dos domicílios. Assim, constatamos que a falta de acesso à rede de abastecimento de água em algumas poucas áreas possui mais relação com a pobreza do que com a exposição ao risco ambiental (Tabela 1). Com relação à cobertura de esgoto, as diferenças entre os quatro grupos são consideráveis, e mostram uma forte relação com o grau de vulnerabilidade socioambiental de cada grupo. Assim, enquanto nas áreas com baixa vulnerabilidade socioambiental 96,1% dos domicílios estão ligados à rede geral de esgoto, no grupo de alta vulnerabilidade socioambiental este percentual é de apenas 62,4%, o que revela uma expressiva ausência de cobertura da rede de esgoto para nada menos que 37,6% dos moradores deste grupo. No Grupo 3 (baixo risco ambiental e alta pobreza), a porcentagem de moradores em domicílios ligados à rede geral de esgoto também é relativamente baixa (81,1%), mas é bem maior do que o grupo de alta vulnerabilidade socioambiental, o que mostra que se a ausência de esgotamento sanitário está relacionada à pobreza, ela também está muito associada à residência em áreas com exposição ao risco ambiental de enchentes. Já o Grupo 2 (alto risco ambiental e baixa pobreza) possui 90,4% dos seus moradores em domicílios ligados à rede geral de esgoto, percentual significativamente abaixo das áreas de baixa vulnerabilidade socioambiental, o que reforça a associação entre áreas de risco ambiental e falta de rede de esgotamento sanitário. No que concerne à cor da pele, a proporção pessoas de cor preta ou parda é significativamente mais alta nos dois grupos de alta pobreza (Grupos 3 e 4), chegando a quase 60% no conjunto de setores censitários com alta vulnerabilidade socioambiental. No grupo de baixa vulnerabilidade socioambiental, esta proporção é inferior a 30%. As diferenças nos indicadores de renda também são bastante expressivas entre os quatro grupos de vulnerabilidade socioambiental. A concentração de domicílios com renda per capita abaixo da linha da pobreza (abaixo de um quarto salário mínimo, inclusive os sem renda) 14 nas áreas de alta vulnerabilidade socioambiental (8,2%) é significativamente maior do que naquelas áreas que também compartilham a dimensão pobreza, mas não estão expostas ao risco ambiental (que são as áreas do Grupo 3, com 6,6%). Já nas áreas de baixa pobreza (Grupos 1 e 2), as porcentagens de domicílios com renda per capita abaixo da linha da pobreza são muito menores, com 1,4% nas áreas do Grupo 1 (baixo risco ambiental) e 1,9% nas do Grupo 2 (alto risco ambiental). Se considerarmos o percentual de domicílios com renda per capita abaixo de meio salário mínimo, as diferenças entre os quatro grupos são ainda maiores, com nada menos do que 30,6% dos domicílios nesta situação nas áreas de alta vulnerabilidade socioambiental, contrastando com apenas 7,9% nas áreas de baixa vulnerabilidade socioambiental, o que mais uma vez revela a forte sobreposição de exposição ao risco ambiental e pobreza nos setores do Grupo 4 15. Estas diferenças se refletem numa significativa variação da renda domiciliar média per capita entre os grupos de vulnerabilidade socioambiental. Enquanto nas áreas de baixa vulnerabilidade socioambiental, a renda domiciliar per capita média chega a 1.341 reais (2,6 salários mínimos em 11 14 Esta linha de pobreza tem sido comumente adotada como referência no Brasil. Ver Rocha (2003). 15 Nos grupos intermediários, os percentuais de domicílios com renda per capita abaixo de ½ salário mínimo) são de 10% nas áreas do Grupo 2 (alto risco ambiental e baixa pobreza) e 26,7% nas áreas do Grupo 3 (baixo risco ambiental e alta pobreza). 11

2010), nas áreas de alta vulnerabilidade socioambiental a renda domiciliar média per capita é de apenas 363 reais (0,7 salários mínimos) 16 (Tabela 1). A concentração de população residente em aglomerados subnormais (áreas de favela segundo definição IBGE) é uma variável que expressa muito bem a associação entre pobreza e falta de infraestrutura urbana, e que também possui uma forte vinculação com exposição ao risco ambiental (TASCHNER, 2000). Assim, nas áreas de alta vulnerabilidade socioambiental, nada menos do que 60% da população vive em favelas, o que revela que a maioria dos setores censitários classificados neste Grupo 4 (com alta exposição ao risco e alta pobreza) compõem aglomerados subnormais. Já nas áreas que também partilham da dimensão pobreza, mas que não estão expostas ao risco ambiental (classificadas no Grupo 3), o percentual de população residente em aglomerados subnormais é bem mais baixo (24,7%). Esta grande diferença na porcentagem de população favelada entre os dois grupos de alta pobreza (grupos 3 e 4) mostra que a presença de favelas não está associada apenas à pobreza, mas sim à coincidência espacial entre pobreza e exposição a risco ambiental, o que revela a fortíssima concentração e sobreposição de problemas e riscos sociais e ambientais em determinadas áreas, como os setores censitários classificados como de alta vulnerabilidade socioambiental (Tabela 1). Por fim, nas áreas de baixa pobreza (Grupos 1 e 2), as porcentagens de população residente em aglomerados subnormais são muito baixas, com meros 0,5% nas áreas do Grupo 1 (baixo risco ambiental) e 3,3% nas áreas do Grupo 3 (alto risco ambiental). Em resumo, os resultados mostram que as áreas (setores censitários) com alta vulnerabilidade socioambiental possuem condições socioeconômicas significativamente piores do que aquelas com baixa vulnerabilidade socioambiental, e mesmo em relação às situações intermediárias de moderada vulnerabilidade socioambiental (grupos 2 e 3). Entre as variáveis que mais diferenciam as áreas de alta vulnerabilidade socioambiental em relação aos outros três grupos, destacam-se a cobertura de esgoto e a população residente em aglomerados subnormais. Nesse sentido, cabe destacar que alguns indicadores socioeconômicos possuem forte relação com a vulnerabilidade socioambiental, tais como rede esgoto e população residente em favelas. Já outros indicadores possuem uma relação mais forte apenas com a dimensão pobreza, tais como raça e abastecimento de água. De qualquer maneira, nas áreas de alta vulnerabilidade socioambiental (alta exposição ao risco e alta pobreza) praticamente todos os indicadores socioeconômicos são piores do que nas áreas do Grupo 3, as quais também possuem alta pobreza mas não estão expostas ao risco ambiental 17. Portanto, estes resultados mostram que a exposição ao risco ambiental possui uma grande associação com a pobreza, gerando situações de alta vulnerabilidade socioambiental. Uma das principais explicações para isso é a forte presença de aglomerados subnormais (favelas) nas áreas de risco ambiental, que geralmente correspondem a áreas não edificantes, isto é, consideradas impróprias, pelas legislações urbanística e ambiental, para ocupação urbana, seja porque oferecem risco ambiental, seja porque são áreas de preservação permanente. Neste caso, na maioria das vezes, são áreas (públicas ou privadas) invadidas, em geral por assentamentos precários, que se configuram como áreas de favela. Outra possível explicação para esta elevada concentração de problemas e riscos sociais e ambientais, nas áreas de alta vulnerabilidade socioambiental, está ligada ao fato de que estas, muitas vezes, são as únicas localidades acessíveis à população de mais baixa renda, pois são muito desvalorizadas no 12 16 Nos grupos intermediários, a renda domiciliar per capita média é de 1.085 reais (2,1 salários mínimos) nas áreas do Grupo 2 (alto risco ambiental e baixa pobreza) e de 398 reais (0,8 salários mínimos) nas áreas do Grupo 3 (baixo risco ambiental e alta pobreza). 17 Criam-se assim situações em que justamente os grupos sociais com maiores níveis de pobreza e privação social (e portanto com menor capacidade de reação às situações de risco) vão residir nas áreas com maior exposição ao risco ambiental, configurando-se situações de alta vulnerabilidade socioambiental (ALVES, 2006). 12

mercado de terras por serem pouco propícias à ocupação, devido às características de risco e falta de infraestrutura urbana (ALVES, 2006; 2009). 5. Considerações Finais Neste artigo, procuramos operacionalizar empiricamente o conceito de vulnerabilidade socioambiental, através da construção de um índice de vulnerabilidade socioambiental, com integração de dados do Censo 2010 do IBGE e de dados de áreas de risco ambiental, para análise de situações de vulnerabilidade socioambiental em escala intraurbana no conjunto de 21 municípios que constituem a mancha urbana conurbada da Metrópole de São Paulo. Os resultados revelam que a associação entre pobreza e exposição ao risco ambiental gera situações de alta vulnerabilidade socioambiental, com forte concentração e sobreposição espacial de situações de suscetibilidade/pobreza e de situações de exposição a risco ambiental em determinadas áreas da Metrópole. Assim, a classificação dos setores censitários da mancha urbana metropolitana, com base no índice de vulnerabilidade socioambiental, mostrou que as áreas de alta vulnerabilidade socioambiental possuem condições socioeconômicas significativamente piores do que aquelas com baixa vulnerabilidade socioambiental, e mesmo em relação às duas situações intermediárias de moderada vulnerabilidade socioambiental, com destaque para as diferenças em relação à cobertura de esgoto e à população residente em aglomerados subnormais (favelas). Além disso, esses resultados mostram que mais de 1,2 milhões de pessoas vivem nessas áreas de alta vulnerabilidade socioambiental (com alta pobreza e alta exposição ao risco ambiental), o que são resultados bastante expressivos e preocupantes, tendo em vista os cenários de aumento da intensidade e frequência de eventos extremos nos próximos anos e décadas, no contexto das mudanças climáticas. Assim, através da construção de indicadores socioambientais, por meio da utilização de metodologias de geoprocessamento e análise espacial, foi possível identificar e caracterizar (em termos quantitativos e espaciais) situações de vulnerabilidade socioambiental nos 21 municípios que constituem a mancha urbana conurbada da Região Metropolitana de São Paulo. Com isso, o presente trabalho traz uma importante contribuição metodológica, ao realizar a integração de fontes censitárias de dados sociodemográficos com cartografias ambientais (áreas de risco), para análise da vulnerabilidade socioambiental em escala intraurbana. Cabe ressaltar que estas metodologias e indicadores, que apresentamos neste estudo, podem ser replicados para outras áreas urbanas e metropolitanas do Brasil, uma vez que utilizam a malha digital de setores censitários do Censo 2010 18. Deste modo, o presente artigo pretende contribuir e dialogar com novos estudos, que procurem utilizar os resultados do Censo 2010, para identificar e analisar fenômenos e processos de concentração e sobreposição espacial de situações de pobreza e de problemas e riscos sociais e ambientais em escala intraurbana, nos municípios e regiões metropolitanas brasileiros. Além disso, os resultados do presente trabalho podem fornecer subsídios para o planejamento de políticas públicas de mitigação e adaptação a situações de vulnerabilidade social e ambiental na Metrópole de São Paulo, ao identificar e 13 18 Porém, uma das limitações para o desenvolvimento destas metodologias é a dificuldade de se obter dados de certos fenômenos e atributos ambientais em escala intraurbana e local, tais como áreas de risco, planícies de inundação, encostas de alta declividade, áreas contaminadas, áreas de preservação permanente, etc. Esta restrição dificulta (ou até impede) a integração de dados sociodemográficos e ambientais em escala intraurbana, o que limita a capacidade analítica de muitos estudos, em particular os estudos empíricos para identificação e caracterização de situações de vulnerabilidade socioambiental em áreas urbanas e metropolitanas. Nesse sentido, cabe ressaltar que o presente estudo que realizamos só foi possível porque tivemos acesso a cartografias digitais em escala intraurbana das áreas de risco ambiental do município Cubatão, obtidas junto ao DAEE. Infelizmente, a disponibilidade de tais tipos de cartografia ambiental ainda não é comum para a grande maioria das áreas urbanas e metropolitanas do Brasil. Assim, o preenchimento desta lacuna deveria ser um objetivo importante a ser perseguido por órgãos públicos, como o IBGE, através da produção e disseminação em formato digital de cartas topográficas em escalas espaciais detalhadas (acima de 1:25.000) (ALVES, 2009). 13

caracterizar as áreas críticas, com alta vulnerabilidade socioambiental, as quais poderiam ser alvo de políticas focalizadas, podendo-se obter resultados bastante significativos na redução das situações de vulnerabilidade. Nesse sentido, políticas habitacionais, e principalmente políticas de urbanização de favelas, poderiam ter grande eficácia na redução das situações de alta vulnerabilidade socioambiental, uma vez que a grande maioria das áreas nesta situação é de favelas (ALVES, 2006). 6. Referências Bibliográficas ALVES, H. P. F. Metodologias de integração de dados sociodemográficos e ambientais para análise da vulnerabilidade socioambiental em áreas urbanas no contexto das mudanças climáticas. In: HOGAN, D.; MARANDOLA JR., E. (Orgs.). População e mudança climática: dimensões humanas das mudanças ambientais globais. Campinas: Núcleo de Estudos de População Nepo/Unicamp; Brasília: UNFPA, 2009, p. 75-105.. Vulnerabilidade socioambiental na metrópole paulistana: uma análise sociodemográfica das situações de sobreposição espacial de problemas e riscos sociais e ambientais. Revista Brasileira de Estudos de População, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 43-59, jan./jun. 2006..; DANTONA, A. O.; MELLO, A. Y.; CARMO, R. L.; TOMÁS, L. R. Vulnerabilidade socioambiental na Baixada Santista no contexto das mudanças climáticas. In: VAZQUEZ, D. A. (Org.). A Questão Urbana na Baixada Santista: políticas, vulnerabilidades e desafios para o desenvolvimento. São Paulo: Editora Universitária Leopoldianum, 2011, p. 207-222..; ALVES, C. D.; PEREIRA, M. N.; MONTEIRO, A. M. V.. Dinâmicas de urbanização na hiperperiferia da metrópole de São Paulo: análise dos processos de expansão urbana e das situações de vulnerabilidade socioambiental em escala intraurbana. Revista Brasileira de Estudos de População, Rio de Janeiro, v. 27, p. 141-159, jan./jun. 2010..; TORRES, H. G. Vulnerabilidade socioambiental na cidade de São Paulo: uma análise de famílias e domicílios em situação de pobreza e risco ambiental. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, Fundação Seade, v. 20, n. 1, p. 44-60, jan./mar. 2006. BONDUKI, N.; ROLNIK, R. Periferia da Grande São Paulo: reprodução do espaço como expediente de reprodução da força de trabalho. In: MARICATO, E. (Org.). A produção capitalista da casa (e da cidade) do Brasil industrial. São Paulo: Alfa-Ômega, 1982. BRAGA, T.M.; OLIVEIRA, E.L.; GIVISIEZ, G.H.N. Avaliação de metodologias de mensuração de risco e vulnerabilidade social a desastres naturais associados à mudança climática. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, Fundação Seade, v. 20, n. 1, p. 81-95, jan./mar. 2006. CUTTER S. L. (org.) Environmental risks and hazards. London: Prentice-Hall, 1994. 413 p.. Vulnerability to environmental hazards. Progress in Human Geography, v.20, n. 4, p.529-539, Dec. 1996. CHAMBERS, R. Vulnerability, coping and policy. IDS Bulletin, v. 20, n. 2, 1989. 14 14

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