CATEGORIA: Pôster Eixo Temático: Ciências Ambientais e da Terra
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- Júlio Belém Leveck
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1 CATEGORIA: Pôster Eixo Temático: Ciências Ambientais e da Terra COMO A CONFIGURAÇÃO ESPACIAL DA FAVELA NOVA JAGUARÉ TORNA ALGUMAS ÁREAS MAIS VULNERÁVEIS SOCIOAMBIENTALMENTE FRENTE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS? Maíra Cristina de Oliveira Silva 1 Karen Yumi Akamatsu 2 Adriana João Silva 3 Bruna Held Messina 4 Renata Silva Araújo 5 RESUMO: Eventos relacionados a mudanças climáticas afetam a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) de forma desigual. As consequências mais críticas ocorrem em áreas caracterizadas como mais vulneráveis socioambientalmente. Neste sentido, o presente trabalho visa contribuir com a melhoria nos planos de gestão das áreas vulneráveis a partir da análise de como a configuração espacial dentro da favela Nova Jaguaré torna algumas áreas mais vulneráveis socioambientalmente frente às mudanças climáticas. A favela Nova Jaguaré, localizada no distrito de Jaguaré, possuí uma área atual de m² e aproximadamente 13 mil habitantes. Esta região, por ter várias áreas caracterizadas como de alto e muito alto risco, foi contemplada com algumas medidas mitigadoras para diminuição do risco a desastres naturais. Deste modo, este trabalho também buscou examinar as ações adotadas, a fim de diminuir a vulnerabilidade ambiental da favela, e sua efetividade. Por meio de documentação direta e indireta, foi possível analisar que devido à heterogeneidade socioambiental e de infraestrutura em Nova Jaguaré, algumas famílias possuem maior suscetibilidade, por conta de sua vulnerabilidade socioambiental, aos impactos negativos das mudanças climáticas, como deslizamentos e enchentes ocasionados pelo aumento da precipitação na RMSP. PALAVRAS-CHAVE: Vulnerabilidade socioambiental. Mudanças climáticas. Favela Nova Jaguaré. 1. INTRODUÇÃO Atualmente, as mudanças climáticas estão em pauta no meio científico, acadêmico e político. Entende-se por mudanças climáticas, alterações, a longo prazo, significativas estatisticamente em parâmetros climáticos (como a temperatura, precipitação ou ventos) ou na variabilidade desses fenômenos ocorrerem durante um extenso período (IPCC, 2007). Para a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), o principal risco advindo será o aumento no número e intensidade das tempestades (Maluf, 2011). Os impactos relacionados ao clima afetam desigualmente as populações pobres, para as áreas 1 Graduanda em Gestão Ambiental, Escola de Artes Ciências e Humanidades/USP. maira.cristina.silva@usp.br 2 Graduanda em Gestão Ambiental, Escola de Artes Ciências e Humanidades/USP. karen.akamatsu@usp.br 3 Graduanda em Gestão Ambiental, Escola de Artes Ciências e Humanidades/USP. adriana.joao.silva@usp.br 4 Graduanda em Gestão Ambiental, Escola de Artes Ciências e Humanidades/USP. bruna.messina@usp.br 5 Graduanda em Gestão Ambiental, Escola de Artes Ciências e Humanidades/USP. renata.silva.araujo@usp.br 1
2 urbanas os impactos dependerão de diversos fatores, entre eles a vulnerabilidade socioambiental. A vulnerabilidade socioambiental permite captar e traduzir os fenômenos de sobreposição espacial e interação da problemática social e ambiental, sendo apropriada para analisar a complexa relação entre as dimensões social e ambiental da urbanização (Alves et. al., 2006). A noção de vulnerabilidade normalmente está vinculada a três elementos: a exposição ao risco, a incapacidade de reação e a dificuldade de adaptação diante da materialização do risco, a interação entre o risco existente em um determinado local e o grau de exposição e as características da população deste local (Moser, 1998). Nesse sentido, a vulnerabilidade socioambiental pode ser compreendida como a sobreposição de problemas e riscos sociais e ambientais concentrados em determinadas áreas (Alves, 2006). Um trabalho que vise conhecer as vulnerabilidades socioambientais da RMSP é de suma importância, pois contribuirá no reconhecimento das áreas potencialmente mais afetadas com as mudanças climáticas (Maluf, 2011). Nesse sentido, este trabalho visa contribuir com a melhoria nos planos de gestão das áreas vulneráveis a partir da análise de como a diversidade de estruturação do espaço dentro da favela Nova Jaguaré faz com que algumas áreas sejam mais vulneráveis socioambientalmente frente às mudanças climáticas. A favela Nova Jaguaré, localizada no distrito de Jaguaré na região oeste de São Paulo, teve seu histórico de ocupação iniciado na década de 60 e devido às vantagens locacionais, como a proximidade da linha de trem e de indústrias, a região apresentou uma elevada taxa de crescimento populacional entre as décadas de 70 e 90. Atualmente, a favela apresenta uma área de m², com mais de 4 mil residências com aproximadamente 13 mil habitantes. A favela encontra-se na costa leste do morro mais próximo ao vale do Rio Pinheiros, sendo uma região de elevadas declividades. A favela pode ser dividida em dois setores morfologicamente distintos: o primeiro, delimitado pela linha de trem ao leste, apresenta uma encosta íngreme convexa com amplitude media de 30m e com declividade media de 50%, algumas regiões chegando a ter 100% de declividade. E o segundo setor apresenta uma encosta com amplitude media de 50m e declividade media de 20% (Prefeitura de São Paulo, 2008; Prefeitura de São Paulo, 2011). Estas diversificações morfológicas do relevo ocasionaram distintos padrões de segregação e estruturação do espaço dentro da favela e também diferentes níveis de vulnerabilidade socioambiental. 2
3 O presente trabalho apresenta como objetivo principal analisar a vulnerabilidade socioambiental na favela Nova Jaguaré frente às mudanças climáticas. E como objetivos específicos: (i) Analisar as relações entre a vulnerabilidade social e ambiental e como os moradores da favela Nova Jaguaré estão vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas; (ii) Verificar como a configuração do espaço dentro da favela Nova Jaguaré torna algumas áreas mais vulneráveis socioambientalmente; (iii) Examinar como as mudanças climáticas devem interferir nas áreas mais vulneráveis socioambientalmente e nas demais áreas da favela; (iv) E verificar medidas que vem sendo adotadas a fim de diminuir a vulnerabilidade ambiental do local. 2. MATERIAIS E MÉTODOS O seguinte trabalho é uma pesquisa descritiva, a fim de alcançar os objetivos definidos nesta pesquisa foram utilizadas técnicas de documentação indireta e direta. A indireta inclui coleta de dados secundários por meio de pesquisa bibliográfica em diversas fontes, visando obter subsídios para uma abordagem adequada ao tema e possibilitar a interpretação criteriosa dos dados posteriores. A observação direta correspondeu às entrevistas realizadas, durante a visita à favela Nova Jaguaré e a defesa civil da subprefeitura da Lapa, com o subprefeito da Lapa, Carlos Eduardo Batista Fernandes, o Coordenador Distrital da Defesa Civil na Lapa, Nélson Massahiro Suguieda, o gestor da subprefeitura da Lapa Renato Frances e outros funcionários da Defesa Civil da subprefeitura da Lapa que atuam na favela Nova Jaguaré. Para análise dos dados, a fim de caracterizar as situações de vulnerabilidade socioambiental, utilizamos variáveis sociais e ambientais, conjuntamente e sobrepostos, sendo as variáveis ambientais os elementos e magnitudes do risco estipulado pelo Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) e as variáveis sociais representadas pela analise qualitativa da infraestrutura urbana da favela e o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo o IPT, a escala de classificação do risco depende das condições geológico-geotécnicas e o nível de intervenção humana no ambiente. A magnitude varia de acordo com a criticidade, podendo ser: R1 (risco baixo), R2 (risco médio), R3 (risco alto) e R4 (risco muito alto). A maior parte do território da favela Nova Jaguré apresenta áreas de risco 2, mas também tem áreas com risco 3 e 4 (IPT, 2011, In: Prefeitura de São Paulo, 2011). 3
4 As áreas caracterizadas como de risco 3 e 4 também foram identificadas como pertencentes ao Grupo 6 pelo IPVS, sendo o restante da favela pertencentes ao Grupo 5. O IPVS consiste em uma tipologia que classifica os setores censitários de todos os municípios do estado em seis grupos de vulnerabilidade social: Grupo 1 (Nenhuma Vulnerabilidade), Grupo 2 (Vulnerabilidade Muito Baixa), Grupo 3 (Vulnerabilidade Baixa), Grupo 4 (Vulnerabilidade Média) e Grupo 5 (Vulnerabilidade Alta). E o Grupo 6 (Vulnerabilidade Muito Alta) este é o grupo de maior vulnerabilidade à pobreza (Prefeitura de São Paulo, 2011). Esses índices, além de estarem relacionado com a localização da favela, também estão relacionados com sua infraestrutura. No geral, várias medidas de urbanização vêm sendo adotadas, tanto para diminuição do risco a deslizamentos quanto para melhoria da qualidade de vida da população, contribuindo para a diminuição da vulnerabilidade ambiental, tais como: coleta de esgoto, contenção de encostas, drenagem de águas pluviais, construção e substituições de moradias em risco, entre outras. Entretanto, a atuação dos gestores de Nova Jaguaré é questionável na operacionalização das medidas, pois na fase de prospecção, a problemática das mudanças climáticas é vista de forma secundária no plano de gestão, sendo um produto da consequência de melhorarias da qualidade ambiental do local. A incorporação das demandas ambientais no planejamento urbano é pensando primordialmente pela secretaria municipal do meio ambiente, o que pode apresentar menor representatividade durante a elaboração de ações na favela. Outra problemática é que as medidas realizadas tentam remediar quando os riscos são iminentes, sendo ações parciais e executadas em condições extremas, o que gera baixa qualidade e medidas estruturais de alto custo. A falta de monitoramento por parte do poder público também é outro agravante, pois deixar as áreas suscetíveis a novas ocupações por populações de baixa renda que constroem moradias com precária infraestrutura, fazendo com que o local volte a apresentar elevado risco, como foi identificado em uma zona de risco 4 da favela, que voltou a ser ocupada. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho procurou demonstrar como os processos de ocupação e urbanização tornaram algumas localidades da favela mais vulneráveis os impactos decorrentes das mudanças climáticas e indicar a necessidade da tomada de medidas para a redução da vulnerabilidade socioambiental urbana. Também buscou-se questionar as medidas 4
5 adotadas pela Subprefeitura da Lapa e a Defesa Civil que incorporam a problemática das mudanças climáticas de maneira secundário em seus planos de gestão e atuam sobretudo no sentido de mitigar os impactos dos deslizamentos na região, ao invés de elaborar e executar planos que visem, a longo prazo, a redução da vulnerabilidade socioambiental.foi possível observar que devido às características geomorfológicas ocupada, heterogeneidade socioambiental e de infraestrutura, algumas famílias possuem maior propensão, devido a sua vulnerabilidade socioambiental, aos impactos negativos das mudanças climáticas na RMSP, como deslizamentos e enchentes ocasionados pelo aumento da precipitação, pode-se verificar que a infraestrutura também tem um papel determinante para a suscetibilidade do local, pois colocam a população em uma situação de risco. Estas famílias mais vulneráveis, também apresentam menor capacidade de reação e dificuldades de adaptação, caso os prováveis cenários estabelecidos pelas mudanças climáticas se materializem, pois não possuem renda suficiente para se mudar ou adequarem suas moradias. 5. REFERÊNCIAS ALVES, H. P. F.; TORRES, H. G. Vulnerabilidade socioambiental na cidade de São Paulo: uma análise de famílias e domicílios em situação de pobreza e risco ambiental. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, Fundação Seade, v. 20, n. 1, p , jan./mar ALVES, H. P. F. Vulnerabilidade socioambiental na metrópole paulistana: uma análise sociodemográfica das situações de sobreposição espacial de problemas e riscos sociais e ambientais. Revista Brasileira de Estudos de População, São Paulo, v. 23, n. 1, p , jan./jun IPCC, Relatório 1, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE-MMA, SECRETARIA DE BIODIVERSIDADE E FLORESTAS SBF, DIRETORIA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DCBio. Mudanças Climáticas Globais e Efeitos sobre a Biodiversidade - Sub projeto: Caracterização do clima atual e definição das alterações climáticas para o território brasileiro ao longo do Século XXI. Brasília, Fevereiro, MALUF, Renato (Coord.); ROSA, Teresa (Coord.). Mudanças climáticas, desigualdades sociais e populações vulneráveis no Brasil: construindo capacidades - subprojeto populações. Relatórios Técnicos 5, Volume I e II, maio de Disponível em < Acessado em 20 de ago. de MOSER, C. The asset vulnerability framework: reassessing urban poverty reduction strategies. World Development, New York, v. 26, n. 1, PREFEITURA DE SÃO PAULO HABITAÇÃO. A urbanização de Favelas: A experiência de São Paulo. São Paulo: Boldarini Arquitetura e Urbanismo, PREFEITURA DE SÃO PAULO - Superintendência Municipal de Habitação. Habisp Nova Jaguaré. Disponível em <habisp.inf.br>. Acessado em 26 de ago. de
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