Pré-socráticos História da Filosofia Antiga: Aula 2 Prof. Rafael de Lima Oliveira 1
Os primeiros filósofos: os pré-socráticos Séculos VII-VI a.c.; Restam apenas fragmentos de suas obras e comentários doxográficos; Filósofos da phýsis (natureza), naturalistas, ou físicos; Transformam as questões cosmogônicas em questões COSMOLÓGICAS (lógos). O que faz com que, apesar de toda mudança, haja algo na realidade que sempre permanece o mesmo? ARKHÉ (princípio original e RACIONAL; fundamento) Identidade na multiplicidade. 2
Tales de Mileto Monistas (única arkhé) Jônios Pitagóricos Anaximandro de Mileto Anaxímenes de Mileto Heráclito de Éfeso Pitágoras de Samos Pré-socráticos Eleatas Parmênides de Eleia Zenão de Eleia Empédocles de Agrigento Pluralistas (várias arkhés) Anaxágoras de Clazômenas Atomistas Leucipo e Demócrito Tales de Mileto (c. 620-546 a.c.) Arkhé: água De origem fenícia, viveu em Mileto e é considerado o primeiro filósofo. Como matemático, transformou o saber empírico da geometria das egípcios em conhecimento científico. Talvez por ter viajado muito e conhecido as cheias do Nilo, intuiu que a água deveria ser o princípio de tudo, por estar ligada à vida, à germinação, mas também à decomposição e à putrefação. Por considerar a água um deus inteligente, concluiu que todas as coisas estão cheias de deuses. 3
Anaximandro de Mileto (c. 610-547 a.c.) Arkhé: ápeiron Representa um avanço em relação a Tales, porque não recorre a um princípio material como a água, e sim ao ápeiron, termo grego que significa indeterminado, ilimitado e que daria origem a todos os seres materiais. Não se trata de algo que possamos conhecer pelos sentidos, mas pelo pensamento. De onde as coisas têm seu nascimento, ali também devem irao fundo, segundo a necessidade; pois têm de pagar penitência e de ser julgadas por suas injustiças, conforme a ordem do tempo. Anaxímenes de Mileto (c. 588-528 a.c.) Arkhé: ar O princípio é o ar, que pela rarefação e condensação faz nascer e transformar todas as coisas. Para ele, porém, o ar é mais do que o aspecto físico de um elemento, porque o termo grego que corresponde ao ar é pneûma, que também significa respiração, sopro de vida, espírito. Como nossa alma, que é ar, nos governa e sustém, assim também o sopro e o ar abraçam todo o cosmo. 4
Heráclito de Éfeso (535-475 a.c.) Arkhé: fogo Ao contrário de seus contemporâneos, não rejeitava as contradições e queria apreender a realidade na mudança, no seu devir. Para Heráclito, o ser é múltiplo, não apenas no sentido de haver uma multiplicidade de coisas, mas por estar constituído de oposições internas. Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio. A guerra é o pai de todos, rei de todos. Ponto. Linha (distância) Área Volume Pitágoras de Samos (571-495 a.c.) Arkhé: número A Escola Pitagórica: seita de cunho filosófico-religioso restrita a iniciados. O primeiro a usar a palavra filosofia. Como matemático, Pitágoras considerava que a arkhé era o número (harmonia, proporção). Ou seja, o número representa uma estrutura racional. Influências do Orfismo: culto de interioridade, crença na imortalidade, na transmigração e na superioridade da alma. Mais do que uma cosmologia, era um estilo de vida. 5
Parmênides de Eleia (c. 530-460 a.c.) Arkhé: o ser Ao tudo flui de Heráclito, contrapôs a identidade absoluta do ser. Princípio de não contradição: o ser é e o não ser não é. Características do ser: Uno; Imóvel; Eterno; Imutável; Ilimitado. O mundo inteligível é o único verdadeiro. O mundo sensível é o reino da falsidade. Identidade do Ser e do Pensar (lógica). Inauguração da ONTOLOGIA (estudo do ser). Principal discípulo de Parmênides. A aporia de Aquiles e a tartaruga: se Aquiles, o mais veloz dos homens, apostasse corrida com uma tartaruga, e permitisse que ela saísse na frente, jamais poderia alcançá-la. O movimento é percebido pelos sentidos e esses nos levam ao engano. Apenas o pensamento racional é caminho para a verdade. Zenão de Eleia (c. 490-430 a.c.) Arkhé: o ser 6
Empédocles de Agrigento (c. 490-432 a.c.) Arkhés: terra, água, ar e fogo As raízes (os quatro elementos) misturados formam tudo o que existe. Essa mistura é movida pela força interna do amor e do ódio, que unem e separam os elementos num ciclo eterno. Ainda outra coisa te direi. Não há nascimento para nenhuma das coisas mortais, como não há fim na morte funesta, mas somente composição e dissociação dos elementos compostos: nascimento não é mais do que um nome usado pelos homens Anaxágoras de Clazômenas (499-428 a.c.) Arkhés: homeomerias Mestre de Péricles, sustentava que as coisas são formadas por minúsculas partículas, as homeomerias ou spérmata, ordenadas por uma Inteligência cósmica (noûs). Por recorrer a um Noûs superior e por se recusar a cultuar os deuses gregos, foi preso e expulso deatenas. Propôs que a Lua fosse um pedaço da Terra que se desprendeu. 7
Leucipo e Demócrito de Abdera (c. 460-370 a.c.) Arkhés: os átomos Atomistas. Atómos: partículas indivisíveis, não criadas, indestrutíveis e imutáveis. Dotados apenas de propriedades geométricas (grandeza e forma). De tão minúsculas, não se percebem pelos sentidos, mas apenas pela inteligência. Os átomos têm movimento e, para fundamentar essa hipótese desenvolve a teoria da existência dovazio. Não existe uma causa inteligente que organize o mundo, que resulta do encontro mecânico aleatório dos átomos. 8