PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO DAS PRINCIPAIS DERMATOPATIAS QUE AFETAM CÃES DA RAÇA BULDOGUE FRANCÊS NO NORTE DE SANTA CATARINA

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Transcrição:

PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO DAS PRINCIPAIS DERMATOPATIAS QUE AFETAM CÃES DA RAÇA BULDOGUE FRANCÊS NO NORTE DE SANTA CATARINA Modalidade: ( ) Ensino (X) Pesquisa ( ) Extensão Nível: ( ) Médio ( X ) Superior ( ) Pós-graduação Área: ( ) Química ( ) Informática ( X ) Ciências Agrárias ( ) Educação ( ) Multidisciplinar Autores: Anna Carolina Rodrigues SANTOS¹, André Felipe Breda Andrade COSTA¹, Carlos Eduardo Nogueira MARTINS², Eriane de Lima CAMINOTTO³, Matheus Folgearini SILVEIRA 4. Identificação autores: ¹Acadêmico(a) de Medicina Veterinária IFC Campus Araquari. ²Professor Colaborador IFC Campus Araquari, ³Professora Coorientadora IFC Campus Araquari, 4 Professor Orientador IFC Campus Araquari. Introdução Doenças cutâneas constituem os problemas mais comuns com que o veterinário de pequenos animais se depara. As dermatopatias podem ter origem primária ou secundária, sendo que se restringem à pele, embora possam disseminar-se a ponto de comprometer outros sistemas do corpo. Em contrapartida, as lesões cutâneas podem ser secundárias a doenças originárias de outros sistemas do organismo (Radostitis et al, 2002). Dados de resenha como raça, sexo, idade e informações sobre o histórico e anamnese do animal são importantes para diagnosticar uma dermatopatia. Além disso, a predisposição racial deve ser levada em consideração visto que é o risco aumentado de qualquer afecção em uma determinada raça evidenciado a partir de estudos clínicos retrospectivos e prospectivos. Todavia, a predisposição racial em si não é determinante na especificação de uma enfermidade que acomete um animal, mas devendo ser considerada no rol de doenças para que o clínico obtenha o diagnóstico definitivo de forma precisa (Gouch e Thomas, 2006). Dentre a gama de raças de cães, o Buldogue Francês é um dos cães emergentes no Brasil na atualidade e segundo informações da Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), foram registrados cerca de duzentos exemplares no ano de 2000, o que em 2015 já se aproximou de três mil nascimentos por ano. Nessa raça foram identificadas diversas dermatopatias, como demodicose, dermatite atópica canina, pododermatite, dermatite da dobra facial e caudal, alergias alimentares e algumas endocrinopatias que também geram sinais cutâneos (Carlotti e Pin, 2004). Devido à importância da dermatologia com relação às funções da pele como um órgão e como sinalizador do comprometimento de outros sistemas do organismo animal, o trabalho teve como objetivo verificar quais as principais doenças de pele que acometem cães da raça

Buldogue Francês na região norte de Santa Catarina e os respectivos fatores que as desencadeiam. Material e Métodos Para realização da pesquisa junto aos proprietários de cães da raça Buldogue Francês, foi disponibilizado via internet, através do site http://dermabulldog.com.br, um formulário com perguntas chaves de anamnese dermatológica, a fim de verificar quais os fatores que predispõe estes cães a apresentarem dermatopatias, na região. As principais questões abordadas estão demonstradas na Tabela 1. Tabela 1: Principais perguntas elencadas do formulário aplicado aos proprietários Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 INFORMAÇÕES SOBRE O ANIMAL Qual o sexo do animal? O animal é castrado? Qual o tipo de pelagem? INFORMAÇÕES GERAIS Ao adquirir um cão da raça Buldogue Francês, você sabia da predisposição a apresentar dermatopatias? HIGIENE O animal toma banho quantas vezes por semana? Utiliza algum xampu específico para dermatopatas? Etapa 4 PROBLEMAS CUTÂNEOS Apresenta alguma doença cutânea? Com qual idade os sinais clínicos começaram? A fim de ampliar o número de acessos e preenchimentos deste formulário, o mesmo foi divulgado através da rede social Facebook, com auxílio de um flyer digital, em um grupo destinado apenas a proprietários de cães da raça Buldogue Francês de Joinville e região. Apenas os dados de animais que vivem em cidades do norte de Santa Catarina foram computados. Antes de iniciar o questionário o proprietário acessava no site um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido evidenciando as características do levantamento. Após o aceite, o proprietário acessava o questionário e, completando-o, recebia uma cópia do referido

termo e da participação no estudo. A validação estatística dos resultados, foi realizada por meio do Sistema Estatístico R, em que os dados foram submetidos ao teste do Qui Quadrado, regressão logística e análise combinatória considerando p<0,05. Resultados e discussão Houve preenchimento de 65 formulários, sendo que destes, 52 (n=52) eram de cidades do norte de Santa Catarina. Além disso, 38 (n=38/52) cães apresentaram uma ou mais dermatopatia. Dentre os animais de pelagem tigrada ou tigrada com manchas brancas (n=44/52), 77,27% (n=34/44) possuíam doença de pele, o que pode determinar que, ter um gene da pelagem tigrada aumenta a probabilidade de o animal ser acometido por alguma dermatopatia. A predisposição à dermatite atópica foi identificada (Carlotti & Pin, 2004), confirmado com o estudo realizado, em que dos animais doentes (n=38), 42,1% (n=16/38) apresentaram esta enfermidade. Além disso, a demodicose também acomete cães desta raça (Guaguere & Muller, 2001) e, 39,47% (n=15/38) dos animais estudados possuíam esta dermatopatia. Há, também, predisposição ao aparecimento do complexo intertrigo na dobra facial e dobra caudal (Paterson 2010) caracterizado por 15,79% (n=6/38) dos animais da pesquisa. Nos cães participantes da pesquisa, os sinais clínicos da dermatite atópica, doença ocasionada por predisposição genética para desenvolver alergia mediada por uma reação de hipersensibilidade do tipo I a alérgenos ambientais, apareceram entre 1 e 3 anos de idade, assim como Paterson (2010) também reportou. A incidência da dermatite atópica canina, no verão, ocorreu em 16,22% dos casos. Paterson (2010) também afirmou que em 80% dos cães, esta enfermidade aparece como doença sazonal durante o verão, mas em muitos a condição acaba não sendo apenas esta. A demodicose é causada pela infecção do filhote pelo parasita Demodex canis, através da mãe durante a amamentação, quando apresentam imunodeficiência e multiplicação excessiva do agente (Bowman, 2010). Dentre os cães dermatopatas (n=38), 34,21% (n=13/38) apresentaram-se positivos para demodicose. Vale ressaltar que, pela região norte de Santa Catarina possuir poucos criadouros da raça Buldogue Francês, os animais portadores de sarna demodécica não são privados da reprodução. A frequência de banho ideal para um cão da raça Buldogue Francês deve ser uma vez ao mês, visto que quanto maior a quantidade mensal de banhos, maior a probabilidade de o

animal apresentar doença cutânea. Sabe-se, portanto, que o animal que toma banho uma vez por semana está mais exposto a alergias, fungos e bactérias, visto que é retirada a proteção natural da pele. Nos formulários preenchidos (n=52), 13,46% dos animais (n=7/52) tomavam banho uma vez ao mês. Destes, 57,1% (n=4/7) não apresentavam nenhuma doença de pele que, quando comparados aos animais que tomavam banho quinzenal ou semanalmente, 89,47% (n=34/38) apresentaram dermatopatias. Em relação aos proprietários (n=52) destes cães, 55,77% (n=29/52) possuíam a informação de que esta raça está predisposta a apresentar dermatopatias, porém, os outros 44,23% (n=23/52) adquiriram seus cães sem este conhecimento. Vale ressaltar que a origem dos filhotes é um critério que deve ser bastante discutido, visto que, doenças como a demodicose são adquiridas através da mãe e, portanto, os animais portadores devem ser retirados da reprodução e o futuro proprietário deve se conscientizar disso. Conclusão Os cães da raça Buldogue Francês são predispostos a apresentarem dermatopatias ao longo de suas vidas. Fatores como pelagem, verão, estresse e alta frequência de banhos, podem implicar em maior número de casos de demodicose e dermatite atópica canina, principalmente. Animais com estas doenças devem ser, obrigatoriamente, retirados da reprodução para evitar o nascimento de mais cães doentes. É indicado, também, diminuir a quantidade de banhos destes animais visto que minimiza a probabilidade de apresentarem distúrbio cutâneo. Além disso, há falta de informações sobre a predisposição racial e cuidados básicos de saúde para com esses animais, no intuito de evitar condições que propiciem o surgimento de doenças como as dermatopatias. Referências BOWMAN, D. D. Artrópodes. In:. Georgis Parasitologia veterinária. 9.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 4-80, 2010. CARLOTTI, D.; PIN, D.. Passos para o Diagnóstico em Dermatologia: Anamnese. In:. Diagnóstico dermatológico: avaliação clínica e exames imediatos. São Paulo: ROCA, p. 3-14, 2004. GOUCH, A.; THOMAS, A. Predisposições a doenças de acordo com as diferentes raças de

cães e gatos. São Paulo: ROCA, p. 27-28, 2006. GUAGUERE, E.; MULLER, A. Démodécie canine: particularités raciales. Pratique Médicale & Chirurgicale de l Animale de Compagnie, v. 36, p. 281-288, 2001. PATERSON, S. Doença alérgica da pele. In:. Manual de Doenças da Pele do Cão e do Gato. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 137-147, 2010. RADOSTITIS, O. M.; MAYHEW, I. G. J.; HOUSTON, D. M. Exame Clínico do Sistema Tegumentar. In:. Exame clínico e diagnóstico em veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.166-190, 2002.