DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DE ESPÉCIES DE SIPHONAPTERA EM CÃES DAS CIDADES DE BAGÉ E PELOTAS NO RS
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1 DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DE ESPÉCIES DE SIPHONAPTERA EM CÃES DAS CIDADES DE BAGÉ E PELOTAS NO RS Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição: XAVIER, Graciela Augusto; FERNANDES, Maria Alice Gomes; SILVA, Guilherme Collares; PEREIRA, Isabel Cristina; SANTOS, Tânia Regina Bettin; FARIAS, Nara Amélia da Rosa Graciela Augusto Xavier Nara Amélia da Rosa Farias Gertrud Muller Tiago Gallina Corrêa UFPel DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DE ESPÉCIES DE SIPHONAPTERA EM CÃES DAS CIDADES DE BAGÉ E PELOTAS NO RS XAVIER, Graciela Augusto 1 ; FERNANDES, Maria Alice Gomes 1 ; SILVA, Guilherme Collares 2 ; PEREIRA, Isabel Cristina 1 ; SANTOS, Tânia Regina Bettin 1 ; FARIAS, Nara Amélia da Rosa 1 ¹Laboratório de Parasitologia DEMP IB/UFPel 2 Médico veterinário Campus Universitário Caixa Postal 354 CEP gracixavier@bol.com.br 1. INTRODUÇÃO As pulgas, na fase adulta, são ectoparasitos hematófagos, com a hematofagia sendo realizada por ambos os sexos. Taxonomicamente, estão incluídas na ordem Siphonaptera e seus hospedeiros são animais endotérmicos; destes, aproximadamente 94% são mamíferos (LINARDI e GUIMARÃES, 2000). Além das suas atuações como vetores ou hospedeiros intermediários, as pulgas estão envolvidas na transmissão de viroses, doenças bacterianas, protozooses e helmintoses. Independentemente da transmissão de doenças, as pulgas ainda exercem sobre seus hospedeiros, ação irritativa, espoliadora e inflamatória (LINARDI, 2004). Nos cães são usualmente encontradas Ctenocephalides felis, Ctenocephalides canis e Pulex irritans (XAVIER et al., 2006; BELLATO et al., 2003) No entanto, a literatura revela que C. felis tem ampla prevalência sobre as demais espécies de pulgas, conforme estudos realizados em Juiz de Fora-MG (DAEMON, 2006), Lages-SC (BELLATO et al. 2003), e nos municípios do RS, Gramado, Três Coroas, Osório e Porto Alegre (NEUWALD; OLIVEIRA; RIBEIRO, 2004). No Brasil, são escassas as informações sobre a freqüência da infestação por diferentes espécies de pulgas em cães, suas variações entre regiões e sazonalidade do parasitismo. Conhecer as espécies de pulgas de uma população e sua variação
2 sazonal, são pontos fundamentais para definir estratégias de controle a serem usadas, relacioná-las com a prevalência de dermatites alérgicas e à transmissão de patógenos entre os cães e gatos, além do homem. O presente estudo teve como objetivo conhecer a variação da composição da fauna de Siphonaptera em cães naturalmente infestados, ao longo do ano, em Bagé- RS e Pelotas-RS, a fim de sugerir programas de controle adequados à região, favorecendo a redução do uso de inseticidas e conseqüente prolongamento de sua vida útil, menores riscos de intoxicação dos cães e proprietários, além de reduzir os custos desse controle. 2. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado entre setembro de 2004 e agosto de 2005, na cidade de Bagé-RS, localizada na região da Campanha (31º 19' 42 S e 54º 06' 26 O), e a uma altitude de 218 m. A temperatura média anual é de 17,6ºC, sendo janeiro o mês de temperatura média mais alta (24ºC) e junho o de mais baixa (12,5ºC). A umidade relativa do ar varia entre 75 e 85%, e a precipitação média anual é de 1350 mm. Também na cidade de Pelotas-RS, localizada na encosta do Sudeste ( S O), e a uma altitude de 7 m. A temperatura média anual da cidade é de 17,6 C, sendo janeiro o mês de temperatura mais alta (23,3 C) e julho o de mais baixa (12,2 C). A umidade relativa do ar é em torno de 85% e a precipitação média anual é de 1200 mm. Mensalmente, foram coletadas cerca de 100 pulgas do corpo de, no mínimo, seis cães de um domicílio de cada cidade, onde coabitavam 10 a 12 cães. Nos locais, não era realizado controle rotineiro de pulgas. As pulgas foram coletadas manualmente, e conservadas em álcool glicerinado até serem examinadas. A identificação da espécie e do sexo de cada exemplar foi feita através da observação ao estereomicroscópio, com a utilização de chaves de Linardi e Guimarães (2000). Os dados climatológicos foram obtidos junto à EMBRAPA/CPPSUL, Bagé e EMBRAPA Clima Temperado, Pelotas. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao longo do experimento, foram identificados 3113 sifonápteros, dos quais 1301 coletados de cães de Bagé, sendo 742 (57%) C. canis, 286 (22%) P. irritans, e 273 (21%) C. felis. Em Pelotas, foram coletados 1812 exemplares, todos C. felis (100%). Os resultados encontrados em Pelotas também foram encontrados por outros autores em diferentes locais, como Juiz de Fora-MG e Manaus-AM (SOARES, et al. 2006; RODRIGUES; DAEMON; D AGOSTO, 2001; CASTRO e RAFAEL, 2006) que também verificaram a presença de C. felis, como única espécie de Siphonaptera nos cães estudados. Em Bagé, a espécie mais freqüente foi C. canis. Desta forma, os dados encontrados são contrários aos verificados por Daemon (2006) em MG, Neuwald, Oliveira e Ribeiro (2004) em municípios do RS e Bellato et al. (2003) em SC, que apesar de encontrarem em seus respectivos trabalhos C. canis, esta não era predominante entre as espécies de Siphonaptera. Em Bagé, C. canis atingiu mais de 50% dos exemplares coletados durante o período de setembro a abril. Somente no período de temperaturas mais baixas essa
3 espécie foi superada por P. irritans em maio, e por C. felis em junho e agosto (Fig. 1). Já em Pelotas, durante todo o período experimental a única espécie verificada foi C. felis. Figura 1 - Distribuição mensal das espécies de Siphonaptera coletadas em cães de Bagé, e temperaturas médias mensais (ºC) de Bagé e Pelotas-RS. Embora as temperaturas médias mensais entre os dois locais de coleta (Fig. 1), terem se apresentado semelhantes, constatou-se grande diferença na composição da fauna de Siphonaptera, entre os dois grupos de cães analisados. Os cães de Bagé viviam em um ambiente amplo com outras espécies de animais, além de terem acesso à rua, o que pode explicar a maior diversidade de espécies de Siphonaptera. Em trabalho realizado com cães urbanos e rurais da região de Pelotas-RS, Xavier et al. (2006) verificaram a presença de P. irritans apenas entre os cães rurais, segundo os autores, cães da área rural possuem maior variedade de ectoparasitos porque vivem em ambientes mais amplos, são mais livres e estão expostos a parasitos de outros animais. Já entre os cães analisados em Pelotas, a presença de uma única espécie de pulgas pode ser explicada por permanecerem em locais mais restritos, dentro de casa ou no pátio, e conviver apenas com gatos, além de não terem acesso à rua. A relação entre o número de fêmeas e machos das três espécies encontradas está representada na Fig. 2. Sexo dos Siphonapteros (%) Bagé Pelotas Figura 2 Relação entre o número de fêmeas e machos das espécies de Siphonaptera identificadas em cães nas cidades de Bagé-RS e Pelotas-RS.
4 P. irritans apresentou uma relação fêmea/macho de 1:1, com leve tendência de predomínio de machos no verão e outono. O percentual de fêmeas de C. canis foi superior ao de machos durante todo o período. Quanto à C. felis, esse predomínio de fêmeas também foi verificado em Pelotas e, com exceção dos meses de setembro, outubro e novembro, em Bagé. Tendências similares foram verificadas por Castro e Rafael (2006). 4. CONCLUSÕES Nas cidades de Bagé e Pelotas, com temperaturas amenas características de clima temperado, os cães podem ser infestados por pulgas, durante todo o ano. Mesmo com a semelhança existente entre as temperaturas médias mensais entre as cidades de Bagé e Pelotas, há diferença na composição de espécies da fauna de Siphonaptera, havendo maior diversidade de espécies nos cães avaliados na cidade de Bagé. A espécie predominante nos cães de Bagé é Ctenocephalides canis, enquanto que a única encontrada nos cães de Pelotas foi Ctenocephalides felis. A proporção fêmea/macho difere entre os gêneros destas populações de pulgas, em ambas as espécies de Ctenocephalides é de 2:1, enquanto que, para Pulex irritans, essa relação é de 1:1. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELLATO, V.; SARTOR, A. A.; SOUZA, A. P.; RAMOS, B. C. Ectoparasitos em caninos do município de Lages, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 12, n. 3, p , 2003 CASTRO, M. C. M.; RAFAEL, J. A. Ectoparasitos de cães e gatos dacidade de Manaus, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica, v. 36, n. 4, p , DAEMON, D. F. R., Levantamento de ectoparasitos e hemoparasitos em cães da área rural de Juiz de Fora, Minas Gerais. Disponível em: < Acesso em: 05/10/2006 LINARDI, P. M. Biologia e epidemiologia das pulgas. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 13, suplemento 1, 2004 LINARDI, P.M.; GUIMARÃES, L.R. Siphonapteros do Brasil. São Paulo: Museu de Zoologia da USP, p. NEUWALD, E. B.; OLIVEIRA, C. M. B.; RIBEIRO, V. L. S. Espécies de pulgas e de outros ectoparasitos encontrados em cães de alguns municípios do Rio Grande do Sul. In: Salão de Iniciação Científica, 15, 2003, Porto Alegre, Anais do Salão de Iniciação Científica, RODRIGUES, A. F. S. F.; DAEMON, E.; D AGOSTO M. Investigação sobre alguns ectoparasitos em cães de rua no município de Juiz de Fora, Minas Gerais. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 10, n. 1, p , SOARES, A. O.; SOUZA, A. D.; FELICIANO, E. A.; RODRIGUES, A. F. S. F.; D AGOSTO, M.; DAEMON, E. Avaliação ectoparasitológica e hemaparasitológica em
5 cães criados em apartamentos e casas com quintal na cidade de Juiz de Fora, MG. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 15, n. 1, p , XAVIER, G. A.; RODRIGUES, A. S. L.; LUCAS, A. S.; CUNHA FILHO, N. A.; PAPPEN, F. G.; FARIAS, N. A. R. Ectoparasitos de cães urbanos e rurais da região de Pelotas, RS. In: Congresso de Iniciação Científica e Encontro de Pós-Graduação, 15., 2006, Pelotas. Anais do XV Congresso de Iniciação Científica e VIII Encontro de Pós-Graduação, 2006.
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