Produção e Renda Bruta de Cebolinha e de Almeirão, em Cultivo Solteiro e Consorciado 1.

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Transcrição:

Produção e Renda Bruta de Cebolinha e de Almeirão, em Cultivo Solteiro e Consorciado 1. 1 Danielli Josefina Salvador; Néstor A. Heredia Z. 2 ;Maria do Carmo Vieira 2 UFMS-DCA, Caixa Postal 533, 79804-970 Dourados-MS. 1 Monografia do Curso de Ciências Biológicas, do Campus de Dourados/UFMS 2 Bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq. E-mail: nheredia@ceud.ufms.br RESUMO O objetivo do trabalho foi estudar a produtividade e conhecer a renda bruta da cebolinha (C) Todo Ano e do almeirão (Al) Folha Larga, em cultivo solteiro e consorciado, com três ou quatro linhas por canteiro. A propagação da cebolinha foi por mudas e a do almeirão por sementes. A colheita foi feita aos 90 dias, cortando-se as plantas rente ao solo. As médias de altura das plantas da cebolinha (28,43 cm) e do almeirão (32,06 cm), o número médio de perfilhos da cebolinha (0,49 milhões ha -1 ) e as produções médias de massa fresca e massa seca da cebolinha (2,46 t ha -1 e 0,22 t ha -1, respectivamente) e do almeirão (10,21 t ha -1 e 0,96 t ha -1, respectivamente) não foram influenciadas significativamente pelo número de linhas de plantas por canteiro. O consórcio induziu aumento de 9,79 cm, em relação ao cultivo solteiro, na altura da cebolinha. O número de folhas do almeirão foi maior com três linhas no cultivo solteiro e com quatro linhas no consórcio. As RAE, considerando as produtividades de massa fresca das espécies cultivadas sob os respectivos números de fileiras foram de 1,93 para C 3 Al 4 e de 1,59 para C 4 Al 3. A maior renda bruta para o produtor foi com o consórcio C 3 Al 4, por ter resultado em incrementos monetários de R$13.919,70 e de R$5.561,75 ha -1, em relação à cebolinha e ao almeirão, respectivamente, sob cultivo solteiro com três linhas. Palavras-chave: Allium fistulosum, Cichorium intybus, associação de culturas, produtividade, retorno econômico. ABSTRACT Bunching onion and chicory yield and gross income in mono-cropping and intercropping system. The objective of this work was to study yield and to know gross income of Todo Ano bunching onion and Folha Larga chicory in mono-cropping and inter-cropping system, with three or four rows per plot. Propagation of bunching onion was by cuttings and of chicory by seeds. Harvest was done at 90 days, which plants were cut very near to the soil. Average heights of bunching onion plants (28.43 cm) and of chicory (32.06 cm), average number of shoots of bunching onion (0.49 millions ha -1 ) and average yield of fresh and dried mass of bunching onion (2.46 t ha -1 and 0.22 t ha -1, respectively) and of chicory (10.21 t ha -1 and

2 0.96 t ha -1, respectively) were not influenced significantly by number of plant rows by plot. Intercrop system induced increase of 9.79 cm, in relation to mono-cropping system, in bunching onion height. Number of chicory leaves was greatest with three rows in monocropping system and with four rows in inter-cropping system. Land Equivalent Ratio (LER), considering yields of fresh mass of those species cultivated under respective number of rows were of 1.93 for C 3 Al 4 and of 1.59 for C 4 Al 3. The greatest gross income to producer was with C 3 Al 4 inter-cropping system because it had resulted in monetary increases of R$ 13,919.70 and of R$ 5,561.75 ha -1 in relation to bunching onion and chicory, respectively, under monocropping system with three rows. Keywords: Allium fistulosum, Cichorium intybus, association of cultures, productivity, gross income. O aumento da produtividade por unidade de área é uma das razões para se cultivar duas ou mais culturas no sistema de consorciação, pois permite melhor aproveitamento da terra e de outros recursos disponíveis, resultando em maior rendimento econômico. O consórcio de hortaliças, apesar de muito praticado, é ainda pouco pesquisado (Tolentino Júnior, 2001). Na literatura consultada, não foram encontrados relatos sobre o consórcio cebolinha e almeirão. A cebolinha comum (Allium fistulosum L.), originária da Sibéria, é condimento muito apreciado pela população e cultivada em quase todos os lares brasileiros. A colheita iniciase entre 55 e 60 dias após o plantio ou entre 85 e 100 dias após a semeadura, quando as folhas atingem de 20 a 40 cm de altura (Makishima, 1993; Filgueira, 2000). O almeirão (Cichorium intybus), apresenta folhas lanceoladas e de sabor amargo acentuado, muito utilizadas como salada, ou, em alguns casos, refogadas. A produção se inicia aos 60-80 dias após a semeadura direta. A colheita efetua-se o corte das folhas externas, obtendo-se até seis colheitas parceladas. As folhas são comercializadas na forma de maços (Filgueira, 2000). Na cebolinha e no almeirão, o rebrotamento é aproveitado para novos cortes, podendo um cultivo ser explorado por dois a três anos para a cebolinha e seis cortes para o almeirão, principalmente quando são conduzidos em condições de clima ameno. Nos últimos anos, a cebolinha tem sido cultivada para o abastecimento de agroindústrias de conserva (Ferreira et al., 1993; Filgueira, 2000). O objetivo do trabalho foi estudar a produtividade da cebolinha e do almeirão, conduzidos em cultivo solteiro e consorciados, visando oferecer, aos agricultores, espécies vegetais alternativas e sustentáveis.

3 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido na horta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS em Dourados-MS. O município de Dourados situa-se em latitude de 22º13 16 S, longitude de 54º17 01 W e altitude de 430 m. O clima da região é Mesotérmico Úmido; do tipo Cwa, com temperaturas e precipitações médias anuais variando de 20 o a 24 o C e 1250 a 1500 mm, respectivamente. O solo é do tipo Latossolo Vermelho distroférrico, de textura argilosa, com as seguintes características químicas: 5,5 de ph em CaCl 2 ; 34,0 g dm -3 de M.O; 36,0 mg dm -3 de P; 6,6; 56,0 e 22,6 mol c dm -3 de K, Ca e Mg, respectivamente. A cebolinha Todo Ano e o almeirão Folha Larga foram estudados em cultivos solteiros e consorciados, com três ou quatro linhas por canteiro, totalizando seis tratamentos (Figura 1), arranjados no delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições. As parcelas tiveram área total de 3,0 m 2 (1,5 m de largura x 2,0 m de comprimento) e área útil de 2,16 m 2 (1,08 m de largura x 2,0 m de comprimento). As parcelas da cebolinha e do almeirão, em cultivo solteiro e no consorciado, foram formadas por um canteiro contendo três linhas (36 cm entre linhas) ou quatro linhas (27 cm), com vinte plantas por linha (10 cm entre plantas). A A A A Cebolinha solteira (C 4 ) Almeirão solteiro (Al 4 ) Consórcio C 4 Al 3 A A A CCCCCCCCCCCCCCC Cebolinha solteira (C 3 ) Almeirão solteiro (Al 3 ) Consórcio Al 4 C 3 Figura 1. Arranjo de plantas da cebolinha e do almeirão, como culturas solteiras, com três ou quatro linhas de plantas por canteiro, e consorciadas. Dourados, UFMS, 2003

4 O almeirão foi semeado diretamente no local definitivo, colocando-se três sementes por cova. Quinze dias após a emergência das plantas foi efetuado um desbaste, para deixar uma planta por cova. A propagação da cebolinha foi por mudas. O preparo das mudas foi efetuado no dia anterior ao do plantio, mediante a colheita das plantas, separação e toilette dos perfilhos, com eliminação das raízes e bainhas secas. Também foram realizados cortes na parte foliar, para deixar aproximadamente 5 cm de pseudocaule. O plantio consistiu no enterrio vertical das mudas, aproximadamente 2 cm de profundidade no solo, ficando sobre o solo o restante do pseudocaule. As irrigações foram feitas por aspersão, com turnos de rega diários. O controle das plantas infestantes foi com auxílio de enxadas nas entrelinhas e com o arranquio manual dentro das linhas. As colheitas da cebolinha e do almeirão foram feitas aos 90 dias após o início da propagação, cortando-se as touceiras das plantas rente ao solo. Avaliaram-se as alturas e produções de massas frescas e secas das plantas; além do número de folhas para o almeirão e o número de perfilhos para a cebolinha e as produções de massas frescas e secas das plantas. Os dados foram submetidos à análise de variância e quando detectaramse diferenças pelo teste F, as médias foram testadas por Tukey, até 5% de probabilidade. O consórcio foi avaliado utilizando a expressão da razão de área equivalente (RAE) proposta por Caetano (1999), a saber: RAE = Cc. Cs -1 + Ac. As -1, onde, respectivamente, Cc e Ac = produções da cebolinha e do almeirão em consorciação e Cs e As = produções da cebolinha e do almeirão em cultivo solteiro. A validação do consórcio foi realizada pela determinação da renda bruta. Para isso, foram comprados cinco maços de cebolinha e cinco de almeirão, em dois locais de venda no varejo, e determinadas as massas frescas. Posteriormente, efetuaram-se as conversões por hectare, para número de maços e para a renda bruta, por cultivo e no total, para o produtor. RESULTADOS E DISCUSSÃO As alturas médias das plantas da cebolinha (28,43 cm) e do almeirão (32,06 cm), o número médio de perfilhos da cebolinha (0,49 milhões ha -1 ) e as produções médias de massa fresca e massa seca da cebolinha (2,46 t. ha -1 e 0,22 t ha -1, respectivamente) e do almeirão (10,21 t ha -1 e 0,96 t. ha -1, respectivamente) não foram influenciadas significativamente pelo número de linhas de plantas por canteiros (Tabelas 1 e 2). Também, a consorciação não influenciou as características avaliadas, exceto a altura média da cebolinha onde houve influência da consorciação, e do número de folhas de almeirão que teve influência da interação número de linhas e consorciação. O fato das plantas de cebolinha sob consórcio ter apresentado diferença significativa de 9,79 cm a mais de altura das plantas que aquelas

5 sob cultivo solteiro mostra que deve ter existido envolvimento da luz, com seus efeitos sobre o crescimento geral das folhas e dos pseudocaules. No almeirão houve aumento de apenas 20.000 folhas entre o uso de quatro linhas e consórcio (população de 264.000 plantas ha -1 ) em relação ao uso de três linhas e cultivo solteiro (população de 198.000 plantas ha -1 ), indicando que as plantas solteiras tiveram melhor adaptação. Tabela 1. Altura, número de perfilhos e produção de massa, fresca e seca, de plantas de cebolinha, em função de três e quatro linhas por canteiro. Dourados, UFMS, 2003. Linhas por canteiro Altura (cm) 3 linhas 29,00 4 linhas 27,85 Média 28,43 C.V. 16,23 Número perfilhos Produção de massa (t ha -1 ) (milhão ha -1 ) Fresca Seca 0,43 2,52 0,21 0,54 2,40 0,22 0,49 2,46 0,22 10,19 40,04 28,69 Tabela 2. Altura, número de folhas e produção de massa, fresca e seca, de plantas de almeirão, em função de três e quatro linhas por canteiro. Dourados, UFMS, 2003. Linhas por canteiro Altura (cm) 3 linhas 33,15 4 linhas 30,96 Média 32,06 C.V. 15,30 Número de folhas Produção de massa (t ha -1 ) (milhão ha -1 ) Fresca Seca 1,72 b 10,70 0,84 1,79 a 9,71 1,07 1,76 10,21 0,96 55,57 35,03 20,25 Médias seguidas por letras diferentes, nas colunas, diferem pelo teste F, a 5% de probabilidade Considerando as produtividades de massa fresca das culturas, a razão de área equivalente (RAE) para o consórcio de cebolinha sob três linhas e de almeirão sob quatro linhas (C 3 Al 4 ), foi de 1,93 (RAE C 3 Al 4 = (2,48 2,52) + (9,23 9,71) = 0,98 + 0,95 = 1,93), enquanto para o consórcio cebolinha sob quatro linhas e de almeirão sob três linhas (C 4 Al 3 ) foi de 1,59 (RAE C 4 Al 3 = (1,57 2,40) + (10,09 10,70) = 0,65 + 0,94 = 1,59). Ao relacionar a renda bruta, observou-se que para o produtor o consórcio cebolinha com três linhas e o almeirão com quatro linhas foi o melhor, já que poderia ter induzido incrementos monetários por hectare de R$ 13.919,70 e de R$ 5.561,75 em relação à cebolinha e ao almeirão, sob cultivo solteiro com três linhas (Tabela 3). Tabela 3. Renda bruta da cebolinha e do almeirão, em cultivo solteiro e consorciado, sob três ou quatro linhas. Dourados, UFMS, 2003.

Forma de cultivo Espécie Número Massa fresca Número Maços* linhas (t ha -1 ) 3 2,52 39.622 4 2,40 37.735 Cebolinha 10,70 46.521 3 Solteiro 9,71 42.217 4 Almeirão 2,48 38.993 Consórcio 9,23 40.130 Almeirão 4 1,57 24.685 C 3 Al 4 10,09 43.869 Consórcio Cebolinha 4 C 4 Al 3 Almeirão 3 * O maço de cebolinha = média de 63,6 gramas * O maço de almeirão = média de 230,0 gramas ** Preço pago ao produtor: maço de cebolinha R$ 0,20 e R$ 0,35 por maço de almeirão. Renda bruta (R$)** Cultivo Total 6 7.924,40 7.924,40 7.547,00 7.547,00 16.282,35 16.282,35 14.775,95 14.775,95 7.798,60 14.045,50 21.844,10 4.937,00 15.354,15 20.291,15 Pelos resultados obtidos concluiu-se que é recomendável o consórcio cebolinha com almeirão e que para o produtor o consórcio cebolinha com três linhas e o almeirão com quatro linhas é o melhor. AGRADECIMENTOS Ao CNPq, pelas bolsas concedidas, e à FUNDECT-MS, pelos recursos financeiros. LITERATURA CITADA CAETANO, L. C. S.; FERREIRA, J. M.; ARAÚJO, M. de. Produtividade da alface e cenoura em sistema de consorciação. Horticultura Brasileira, Brasília, v.17, n.2, p.143-146, 1999. FERREIRA, M. E.; CASTELLANE, P. D.; CRUZ, M. C. P. da. Nutrição e adubação de hortaliças. In: ANAIS DO SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE HORTALIÇAS, Jaboticabal, 1990. Anais... Piracicaba: POTAFOS, 1993. p.473-476 FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2000. 402p. MAKISHIMA, N. O cultivo de hortaliças. Brasília: EMBRAPA-CNPH: EMBRAPA-SPI, 1993. 116p. (Coleção plantar, 4). TOLENTINO JÚNIOR, C. F. Produção da mandioquinha-salsa sob competição da alface e beterraba. Dourados, 2001. 40 f. (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.