A POUPANÇA E O FINANCIAMENTO DA ECONOMIA DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O SETOR SEGURADOR

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Transcrição:

A POUPANÇA E O FINANCIAMENTO DA ECONOMIA DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O SETOR SEGURADOR Intervenção do Presidente da ASF, Professor Doutor José Figueiredo Almaça, na sessão de encerramento da conferência Portugal Seguro 2016, organizada pela Associação Portuguesa de Seguradores Lisboa, 30 de novembro de 2016 Centro Cultural de Belém Muito boa tarde a todos, A poupança interna desempenha um papel chave no desenvolvimento dos países porque é a principal fonte de recursos para o financiamento do investimento e para a criação de projetos de reforma estrutural que promovem o desenvolvimento económico e social. Por outro lado, a poupança é o processo através do qual uma economia reserva parte do seu produto e usa-o para gerar receitas no futuro. A poupança dos particulares é motivada por diversos fatores, entre os quais, a retenção de rendimentos para a aquisição futura de bens, como a habitação, a preocupação em manter um nível de qualidade de vida estável ao longo do tempo, incluindo no período da reforma, ou simplesmente para fazer face a despesas inesperadas. 1 / 7

A escolha entre o consumo e a poupança é uma decisão importante que afeta o bem-estar dos indivíduos e das famílias, sendo influenciada por variáveis como o rendimento atual disponível, as perspetivas relativas aos rendimentos futuros, a facilidade de acesso ao crédito e os níveis das taxas de juro e das rendibilidades oferecidas em produtos de captação de aforro. Em Portugal, tal como analisado no estudo A Poupança e o Financiamento da Economia que foi apresentado anteriormente, a taxa de poupança tem vindo a registar uma trajetória descendente desde finais dos anos 80, encontrando-se atualmente em níveis mínimos. De acordo com a edição de novembro do Boletim Estatístico do Banco de Portugal, no segundo trimestre de 2016, a taxa de poupança dos particulares, em percentagem do rendimento disponível, situou-se nos 3,9%, que compara com 12,5% na Área do Euro. Conclui-se assim que este indicador se situa bastante abaixo do que seria desejável, não sendo expetável que haja uma recuperação significativa no futuro próximo. Este cenário de quebra da poupança constitui um problema sério para a economia portuguesa, tendo em conta as necessidades de financiamento do Estado e das empresas e a importância de assegurar a sustentabilidade da dívida e de reduzir os défices externos. A atividade seguradora desempenha um papel fundamental na cobertura dos riscos e na mutualização de perdas, servindo ainda de veículo de formação e canalização da poupança para o investimento numa ótica de médio e longo prazo. De facto, os seguros complementam ou substituem o Estado em diversas vertentes, constituindo assim um pilar de suporte indispensável à atividade económica e social. Enquanto as coberturas oferecidas pelos vários ramos Não Vida garantem a proteção para uma multiplicidade de riscos, no âmbito do ramo Vida é possível efetuar a distinção entre os seguros maioritariamente vocacionados para a proteção de riscos biométricos e os orientados para a poupança de médio e longo prazo dos particulares. Os investimentos das empresas de seguros, que se enquadram na categoria de grandes investidores institucionais, contribuem para o financiamento da economia e para a dinamização dos mercados de capitais. 2 / 7

No final de 2015, o valor total dos ativos representativos das provisões técnicas do universo das empresas de seguros sob a supervisão prudencial da ASF situou-se nos 50 mil milhões de euros, o que equivale a quase 28% do produto interno bruto nacional. No que se refere à composição das carteiras de ativos, é de destacar a predominância do investimento em títulos obrigacionistas, que é de 70% do valor total dos ativos, sendo a exposição à dívida pública portuguesa e à dívida privada portuguesa de, respetivamente, 54,5% e 27,2%, do total dessas subcategorias. Em termos globais, considerando o investimento agregado em obrigações e ações, a representatividade das aplicações nacionais foi de 33,7%. A componente Vida correspondia, no final do ano de 2015, a 87,4% do valor total dos ativos, sendo uma parcela muito significativa desse valor referente ao investimento dos prémios e das entregas efetuadas pelos tomadores de seguros para os produtos com uma forte componente de poupança, geralmente com horizontes temporais de médio a longo prazo. A produção de seguro direto do ramo Vida correspondeu, em 2015, a 8,5 mil milhões de euros, sendo aproximadamente 90% desse montante relativo a seguros de natureza financeira, nomeadamente capitais diferidos e PPR. Após dois anos consecutivos de crescimento, o volume da produção registou uma quebra significativa, de 17,3%, em 2015, que se deveu sobretudo à contração da produção dos seguros não ligados a fundos de investimento, nomeadamente dos capitais diferidos, em cerca de 29%, e dos PPR, em 22%. Relativamente ao ano corrente, a variação, em termos homólogos, da produção acumulada do ramo Vida até ao final de setembro continuou a evidenciar um decréscimo acentuado, de 27%, reforçando o padrão observado no ano anterior. Este comportamento é, desde logo, explicado pelos reduzidos níveis de poupança, mas reflete também a menor atratividade das garantias financeiras oferecidas, que é consequência direta do atual ambiente de baixas taxas de juro. 3 / 7

Com efeito, de alguns anos para cá, os operadores do ramo Vida têm vindo a introduzir alterações no desenho dos novos produtos com garantias financeiras, no sentido de flexibilizar as suas condições e de reduzir a exposição da empresa aos riscos de mercado e de liquidez associados aos compromissos de taxa futuros. Um exemplo é a definição periódica, geralmente anual, da taxa de rendibilidade mínima garantida, o que permite a adaptação desta às condições de mercado vigentes. Naturalmente, esta flexibilização tem vantagens na perspetiva da gestão dos riscos e da solvência dos operadores, ao introduzir mecanismos de realinhamento das rendibilidades que podem ser obtidas pelo investimento nos mercados financeiros com as que são efetivamente oferecidas aos tomadores de seguros e beneficiários. No entanto, contribui, por outro lado, para aumentar o volume de riscos financeiros que permanecem do lado dos tomadores de seguros e dos beneficiários, reduzindo assim a amplitude de proteção proporcionada pelo mercado segurador. Tal é especialmente premente nos casos em que a oferta se concentra sobretudo na oferta de seguros ligados a fundos de investimento, por serem produtos em que a totalidade ou a quase totalidade dos riscos financeiros é assumida pelos tomadores de seguros e beneficiários. Uma forma de equilibrar estas preocupações pode passar pelo maior foco na componente de participação nos resultados enquanto mecanismo que mitiga os riscos assumidos pelas empresas e, ao mesmo tempo, garante uma distribuição justa e equilibrada de rendibilidades superiores aos tomadores de seguros e beneficiários. Como referido, a atual conjuntura de baixas taxas de juro afeta negativamente a rendibilidade dos investimentos das empresas de seguros. Adicionalmente, com a entrada em vigor, a 1 de janeiro de 2016, do regime Solvência II, a avaliação das provisões técnicas e a determinação dos requisitos de capital passaram a ser mais sensíveis às condições de mercado e aos riscos efetivamente assumidos pelas empresas. Estes fatores têm condicionado a capacidade de oferta de novos produtos de investimento ou de poupança das empresas de seguros que operam no ramo Vida, caraterizada por uma redução generalizada das taxas de rendibilidade mínima, acrescendo-se ainda, como agravante, o facto de a poupança dos particulares se encontrar em mínimos históricos, o que não favorece a procura destes produtos. 4 / 7

Nos próximos tempos prevê-se que o contexto económico e financeiro em que vivemos continue a condicionar a exploração do ramo Vida. Importa assim que as empresas de seguros consigam adaptar os seus modelos de negócio a esta realidade, apostando na inovação da sua oferta e na identificação de novas oportunidades de negócio decorrentes, por exemplo, das tendências demográficas futuras e da complementaridade face aos benefícios que podem, numa ótica de sustentabilidade de médio e longo prazo, ser proporcionados pelo Estado Social. Na área específica das pensões, a sustentabilidade financeira do sistema de pensões da Segurança Social é um tema que tem merecido bastante reflexão nos últimos anos. Não é novidade que algumas das medidas adotadas ou que previsivelmente serão adotadas no futuro, e que podem incluir a redução da despesa pública com pensões, colocarão pressões sobre a adequação dos rendimentos no período da reforma para os futuros pensionistas. Estes riscos podem ser mitigados através de uma maior diversificação pelos três pilares de proteção social, ou seja, aumentando os direitos a pensões resultantes de regimes complementares. É neste contexto que o setor segurador e dos fundos de pensões pode contribuir para aliviar a pressão crescente sobre as finanças públicas resultante do envelhecimento da população, situação que foi agravada pela recente crise económica e financeira. Face à importância económica e social desta matéria e, tendo em conta os níveis atuais da poupança nacional, seria importante, para o desenvolvimento futuro do setor segurador e dos fundos de pensões, que fossem tomadas medidas de estímulo à poupança, nomeadamente, de natureza fiscal ou de maior consciencialização da população sobre a relevância deste tema. Ainda que se deva reconhecer que a atuação na esfera fiscal esteja limitada pelas restrições orçamentais, é importante ter em conta os benefícios de médio e longo prazo decorrentes do aumento dos níveis de poupança, e que foram tão bem explanados na apresentação do estudo efetuada pelos oradores anteriores. No panorama europeu, ainda que existam realidades bastante distintas em termos de organização dos sistemas nacionais de pensões, a adequação das pensões é uma preocupação partilhada por todos os Estados-Membros. 5 / 7

Ao longo dos anos têm sido várias as iniciativas com vista a melhorar a qualidade dos produtos de reforma e a contribuir para o desenvolvimento de regimes complementares mais seguros, mais eficientes em termos de custos e que facilitem ainda mais a mobilidade dos trabalhadores. Por outro lado, o crescimento do mercado interno a nível europeu, tanto no âmbito dos regimes de pensões profissionais como individuais, é tido como um elemento fundamental para a dinamização dos mercados de capitais, dado o seu papel na articulação da poupança a longo prazo com o investimento a longo prazo. Recentemente, na área dos produtos de pensões individuais, esteve em curso, entre julho e outubro deste ano, uma consulta pública com o objetivo de recolher a opinião dos particulares, associações de consumidores e outros stakeholders, sobre a melhor forma de lidar com os obstáculos com que se defronta atualmente o mercado de produtos de pensões individuais, devendo contribuir também para a avaliação da viabilidade de um potencial quadro estratégico da União Europeia para a criação de um mercado europeu de produtos de pensões individuais simples, eficientes e concorrenciais. Esta iniciativa integra o plano de ação da Comissão Europeia para a criação de uma União dos Mercados de Capitais, que constitui uma das grandes prioridades da Comissão para promover o crescimento económico e a criação de emprego ao nível da União. De referir também que a consulta pública teve em consideração a resposta da EIOPA ao pedido de aconselhamento da Comissão no âmbito do desenvolvimento de um regime prudencial e de proteção do consumidor a nível europeu relativo aos produtos de pensões individuais. Neste aconselhamento, a EIOPA propôs a criação de um produto de pensão individual padronizado a nível europeu, conhecido por Pan-European Personal Pension Product ou simplesmente PEPP, que poderá ser comercializado por um leque diversificado de operadores, desde que autorizados ao abrigo de uma diretiva europeia, incluindo deste modo as empresas de seguros. A criação do PEPP é tida como uma nova oportunidade para o crescimento do mercado europeu de produtos de pensões individuais, tirando proveito da realização de mais ganhos de eficiência através de economias de escala, da diversificação dos riscos e da inovação. Importa, como último ponto, salientar que o reforço do papel dos regimes complementares de pensões, ao proporcionar mais possibilidades de escolha aos indivíduos, colocará também uma maior 6 / 7

responsabilidade sobre os mesmos no sentido de assumirem um papel mais ativo na preparação do seu futuro. É assim indispensável, em matéria de proteção do consumidor, combater as assimetrias de informação existentes entre operadores e consumidores e assegurar que a informação é prestada de forma clara e transparente, com vista a facilitar a tomada de decisões informadas. Mas a aposta na educação financeira é também de grande relevância, pois uma maior sensibilização da população pode ajudar a combater a inércia natural das pessoas e a promover a alteração dos hábitos de poupança, incluindo a poupança especificamente direcionada para o financiamento da reforma. Em conclusão, como tivemos oportunidade de ver, a poupança é um tema extraordinariamente complexo. E, assim, termino felicitando novamente a APS pelo seu 34.º aniversário. Muito obrigado. 7 / 7