PRODUÇÃO DE SABÃO COM GORDURA RESIDUAL: CONTEXTUALIZANDO O ENSINO DE QUÍMICA NA EJA

Documentos relacionados
A EJA EM MINHA VIDA: ESTUDO DAS POTENCIALIDADES EM APRENDER QUÍMICA

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA): UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ESTUDO DE SOLUÇÕES UTILIZANDO UMA ABORDAGEM DO COTIDIANO

PALAVRAS CHAVE: Ensino de Química; Aulas Experimentais Alternativas; Educação Jovens e Adultos;

Palavras-chave: Ensino de Química; Contextualização; Laboratório de Química; Conceitos Científicos; Experimentação. 1. INTRODUÇÃO

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: IMPORTÂNCIA DA EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA

A EXPERIMENTAÇÃO NO COTIDIANO DA ESCOLA PLENA DE TEMPO INTEGRAL NILO PÓVOAS EM CUIABÁ-MT

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DAS FUNÇÕES INORGÂNICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE ESPERANÇA- PB

O USO DO DOMINÓ COMO INSTRUMENTO DE AUXÍLIO NA APRENDIZAGEM DE FUNÇÕES ORGÂNICAS OXIGENADAS PARA ALUNOS DA EJA

O USO DA EXPERIMENTOTECA COMO AUXÍLIO PARA APRENDIZAGEM DE CONCEITOS CIENTÍFICOS DE QUÍMICA NA EJA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA DOCENTE: ALESSANDRA ASSIS DISCENTE: SILVIA ELAINE ALMEIDA LIMA DISCIPLINA: ESTÁGIO 2 QUARTO SEMESTRE PEDAGOGIA

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO EIXO NORTEADOR NO ENSINO DE BIOLOGIA.

PROPOSTA DE EXPERIMETANÇÃO PARA O ENSINO DE QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO: PREPARAÇÃO DE PERFUME

Ana Patrícia Martins Barros (1); Messias de Oliveira Silva (2); Joellyson Ferreira da Silva (3); Francisco Ferreira Dantas Filho(4)

UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE ATITUDES FRENTE O APRENDER E A ESCOLA DE ESTUDANTES DO ENSINO BÁSICO FEIJÓ, T. V. ¹, BARLETTE, V. E.

FABRICAÇÃO DE SABÃO E DETERGENTE: UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA A PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE

Aula 5 OFÍCINA TEMÁTICA NO ENSINO DE QUÍMICA

HIDROCARBONETOS NO DIA A DIA NA VISÃO DE ALUNOS DO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO

O PIBID DE QUÍMICA E PESQUISA NO COTIDIANO ESCOLAR: DIÁLOGO ENTRE UNIVERSIDADE, O PROFESSOR E A ESCOLA

O USO DO JOGO LÚDICO COMO UMA ALTERNATIVA DIDÁTICA PARA O ENSINO DA TABELA PERIÓDICA NA ESCOLA ESTADUAL ORLANDO VENÂNCIO DOS SANTOS

As contribuições das práticas laboratoriais no processo de Ensino-Aprendizagem na área de Química

Aula 5 OFICINAS TEMÁTICAS NO ENSINO MÉDIO. Rafael de Jesus Santana Danilo Almeida Rodrigues

A QUÍMICA NO COTIDIANO, UM INCENTIVO A BUSCA PELAS CIÊNCIAS EXATAS

XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática A sala de aula de Matemática e suas vertentes UESC, Ilhéus, Bahia de 03 a 06 de julho de 2019

ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) FORMAÇÃO INICIAL DE UM DOCENTE

A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS NO ENSINO MÉDIO E SUPERIOR SOBRE O USO DE JOGOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DO QUÍMICA

ABORDAGEM HISTÓRICA DA TABELA PERIÓDICA NO 9º ANO: PERCEPÇÔES NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III

A ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL CONGÊNITA E ADQUIRIDA ATRAVÉS DE JOGOS PEDAGÓGICOS.

OFICINA INTERATIVA: UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA O CONTEÚDO DE ELETROQUÍMICA

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DOS EXPERIMENTOS DEMONSTRATIVOS NAS AULAS DE QUÍMICA

O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA POR PROFESSORES NO ENSINO FUNDAMENTAL

O jogo do Mico no ensino das Funções Orgânicas: o lúdico como estratégia no PIBID

OFICINA TEMÁTICA NO CAMPO DE ESTÁGIO: MÉTODOS DE SEPARAÇÃO DE MATERIAIS E SUAS RELAÇÕES COM A SOCIEDADE. Apresentação: Pôster

O PIBID E OS JOGOS LÚDICOS COMO METODOLOGIA ALTERNATIVA DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA QUÍMICA NO NÍVEL MÉDIO: JOGO DAS TRÊS PISTAS

APLICAÇÃO DE DUAS PRÁTICAS ALTERNATIVAS EM TURMAS INCLUSIVAS DO ENSINO MÉDIO DA EJA

AVALIAÇÃO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE ENSINO PARA O CONTEÚDO DE POLARIDADE

SONDAGEM DOS CONHECIMENTOS DOS DISCENTES DO 9º ANO REFERENTES ÀS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS

PERCEPÇÃO DE PROFESSORES QUANTO AO USO DE ATIVIDADES PRÁTICAS EM BIOLOGIA

DESENVOLVIMENTO DE UM MANUAL PARA O LABORATÓRIO DE FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO EM ITAPETINGA-BA: FORMAÇÃO INICIAL EM FÍSICA

CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 18 A 20 DE SETEMBRO 2014 CAMPINA GRANDE - PB

A MATEMÁTICA COMO FERRAMENTA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A IMPORTÂNCIA DOS LIVROS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA: UMA ANÁLISE DOS LIVROS DE QUÍMICA NA ESCOLA ESTADUAL ORLANDO VENÂNCIO DOS SANTOS

ADULTOS, COM A CONFECÇÃO DE PRODUTOS DE LIMPEZA. Maria Amélia de Mello Silva 1

UMA PRÁTICA DIFERENCIADA NO ESTUDO DA TABELA PERIÓDICA COM ALUNOS DA 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE

Inserir sites e/ou vídeos youtube ou outro servidor. Prever o uso de materiais pedagógicos concretos.

Pensamento estatístico e contextualização: uma estratégia de ensino

AS RELAÇÕES INTERATIVAS EM SALA DE AULA: O PAPEL DOS PROFESSORES E DOS ALUNOS. Zabala, A. A prática Educativa. Porto Alegre: Artmed, 1998

1.Perfil do Formando Avaliação Formandos

Anais do Workshop em Tecnologias, Linguagens e Mídias em Educação 2017

PLANTAS MEDICINAIS COMO RECURSO MOTIVADOR PARA O ENSINO DE QUÍMICA

O ENSINO NA CONSTRUÇÃO DE COMPETÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

EXPLORANDO A QUÍMICA DAS PROTEÍNAS COM ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA E INVESTIGATIVA PARA O ENSINO DE QUÍMICA.

CONCEPÇÕES DOS DISCENTES DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (CFP/UFCG) SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

JOGOS DE TABULEIRO: ferramenta pedagógica utilizada na construção do conhecimento químico

DIAGNÓSTICO DA UTILIZAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO NO ENSINO DE BIOLOGIA

O Projeto Vida Saudável e a contextualização do ensino de Química.

TABELA PERIÓDICA: OS ALIMENTOS E SUAS COMPOSIÇÕES QUÍMICAS- MITOS E VERDADES

QUALIDADE DO ENSINO DE QUÍMICA NA MODALIDADE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM ESCOLAS PÚBLICAS DA CIDADE DE MASSARANDUBA PB

O EMPREGO DE ATIVIDADES LÚDICAS COMO MOTIVADOR PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM

SOCIEDADE E INDIVÍDUO EM DISCUSSÃO

PROPOSTAS INTERDISCIPLINARES PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II

Acessibilidade: mediação pedagógica. Prof. Blaise Duarte Keniel da Cruz Prof. Célia Diva Renck Hoefelmann

Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) Centro de Ciências Exatas e Tecnologia (CCET) Curso de Licenciatura em Química

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DA REDE PÚBLICA DE ENSINO SOBRE O DESCARTE INDEVIDO DE ÓLEO DE COZINHA COM ÊNFASE NA PROBLEMÁTICA AMBIENTAL

MATEMÁTICA, AGROPECUÁRIA E SUAS MÚLTIPLAS APLICAÇÕES. Palavras-chave: Matemática; Agropecuária; Interdisciplinaridade; Caderno Temático.

APRENDENDO E ENSINANDO NO ESTAGIO SUPERVISIONADO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM QUIMICA DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NA ESCOLA CÔNEGO ADERSON GUIMARÃES JÚNIOR

EXPERIMENTAÇÃO ALTERNATIVA PARA IDENTIFICAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS ÁCIDAS E BÁSICAS

ABORDAGEM DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE A PESQUISA: ATIVIDADES PRÁTICAS EM SALA DE AULA. 1

O JOGO COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

Unidades de Aprendizagem: refletindo sobre experimentação em sala de aula no ensino de Química

AS CONSTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA A FORMAÇÃO DO FUTURO LICENCIADO EM QUÍMICA:

OFICINA DE PRODUÇÃO DE MAPAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA

OS RECURSOS TECNOLÓGICOS UTILIZADOS PELOS ALUNOS DO PEG

EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA: UMA ANÁLISE SOBRE PERCEPÇÃO DOS ALUNOS

AUTOMEDICAÇÃO E O ENSINO DE QUÍMICA: CONCEPÇÕES DE DISCENTES DA E.E.E.M. JOEL PEREIRA DA SILVA EM CARRAPATEIRA - PB

MUSEU DIDÁTICO INTERATIVO: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE QUÍMICA PARA O ENSINO MÉDIO

A FORMAÇÃO INICIAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

CURRÍCULO, TECNOLOGIAS E ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UMA ANÁLISE DO POTENCIAL DA ROBÓTICA EDUCACIONAL NO ENSINO POR INVESTIGAÇÃO.

Impacto da formação continuada na atuação dos professores de matemática: um estudo de caso

LINGUAGEM CIENTÍFICA QUÍMICA: UM DESAFIO PARA O PROFESSOR NA SUA CARREIRA DOCENTE. 2

MÉTODOS E PROCEDIMENTOS NO ENSINO DE QUÍMICA

O ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ESTEQUIOMETRIA PARA APRENDER: JOGO DIDÁTICO UTILIZADO NO ENSINO DE QUÍMICA

A VISÃO DA DISCIPLINA DE FÍSICA PELA ÓTICA DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DO IFPI Apresentação: Pôster

JOGOS E TECNOLOGIAS QUE AUXILIAM NO ENSINO DA MATEMÁTICA DO ENSINO MÉDIO

Uso da massa de modelar como alternativa didática para construção de modelo atômicos.

ABORDAGENS INOVADORAS PARA O ENSINO DE FÍSICA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO SOBRE ENERGIA

UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ESTUDO DA FUNÇÃO ÁLCOOL SANTOS, G. S. ¹, FIRME, M. V.²

ABORDAGEM DE EXPERIMENTOS EM LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA DA SEGUNDA SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

DIFICULDADES PEDAGÓGICAS: UMA PROBLEMÁTICA EM MEIO AO CAMPO MATEMÁTICO.

A biblioteca escolar na visão dos estudantes do Curso de Pedagogia UFAL

Aprovação do curso e Autorização da oferta

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: Disciplina: Didática e Metodologia da Matemática Carga horária: 80

ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS NOS CURRÍCULOS OFICIAIS: A DICOTOMIA ENTRE O PRESCRITO E O VIVIDO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

LITERATURA POPULAR: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA CULTURA E DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DO CAMPO DE TIJUCAS DO SUL

QB77J Instrumentação Para O Ensino De Química 2 Nota/Conceito E Frequência

O PAPEL DO LABORATÓRIO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

O ENSINO DA MATEMÁTICA EM SALA DE AULA: UM ESTUDO DIDÁTICO-REFLEXIVO COM UMA TURMA DO 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Transcrição:

PRODUÇÃO DE SABÃO COM GORDURA RESIDUAL: CONTEXTUALIZANDO O ENSINO DE QUÍMICA NA EJA Tatielle Pereira Silva 1*, Daniela Marques Alexandrino 1. 1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Rodovia BR 415, Km 03, S/N, 457:00-000, Itapetinga BA, Brasil. tatielle.pereira@yahoo.com.br RESUMO Este trabalho foi realizado durante o estágio supervisionado numa turma de 3º ano modalidade EJA da rede estadual de ensino na cidade de Itapetinga- BA e teve como objetivo contextualizar o ensino de química através de reações orgânica ocorridas na produção de sabão com gorduras residuais, trazidas pelos alunos de suas residências. Neste sentido, buscou-se com essa oficina, atribuir sentido e significado aos conteúdos escolares para que os jovens e adultos consigam enxergar a química como ciência presente no seu dia a dia, investigando novas posturas e forma de repensar uma aprendizagem significativa para esta clientela através de um planejamento adequado aos seus objetivos específicos. PALAVRAS CHAVE EJA, contextualização, sabão. INTRODUÇÃO O ensino de química na Educação de Jovens e Adultos é um desafio para o educador, por se tratar de uma turma que apresenta maiores dificuldades na aprendizagem, pois a maioria trabalha e/ou estão voltando à escola depois de muitos anos longe da realidade escolar. A EJA é uma modalidade de ensino reconhecida na LDB 9.394/96, que no seu art.37 destaca: A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria (BRASIL, 1996).

De acordo com Bonenberger et al. (2006) muitas vezes os alunos da EJA apresentam dificuldades e consequentemente frustrações por não se acharem capazes de aprender química, e, por não perceberem a importância dessa disciplina no seu dia a dia. Para Peluso (2003): [...] Se considerarmos as características psicológicas do educando adulto, que traz uma história de vida geralmente marcada pela exclusão, veremos a necessidade de se conhecerem as razões que, de certa forma, dificultam o seu aprendizado. Esta dificuldade não está relacionada à incapacidade cognitiva do adulto. Pelo contrário, a sensação de incapacidade trazida pelo aluno está relacionada a um componente cultural que rotula os mais velhos como inaptos a frequentarem a escola e que culpa o próprio aluno por ter evadido dela. Especialmente no contexto da Educação de Jovens e Adultos, não basta apenas informar os alunos, mas capacitá-los para aquisição de novas competências, preparandoos para lidar com diferentes linguagens e tecnologias e para responder aos desafios de novas dinâmicas e processos (PICONEZ, 2002). Para que o processo ensino-aprendizagem aconteça de fato, faz-se a necessário contextualizar as aulas de química. A contextualização e a interdisciplinaridade são eixos centrais organizadores das dinâmicas interativas no ensino de Química, na abordagem de situações reais trazidas do cotidiano ou criadas na sala de aula ou por meio da experimentação (BRASIL, 2008). Existe também a necessidade de um ensino de química na EJA para a formação de cidadãos, e dessa forma despertar os sujeitos a sua importância, segundo Santos e Schnetzler (2000), o ensino de química para o cidadão deve estar centrado na interrelação de dois componentes básicos: a informação química e o contexto social, pois para o cidadão participar ativamente da sociedade precisa não só compreender a Química, mas a sociedade em que está inserido. [...] Defende-se a abordagem de temas sociais que não sejam pretensos ou meros elementos de motivação ou de ilustrações, mas efetivas possibilidades de contextualização dos conhecimentos químicos, tornandoos socialmente mais relevantes (BRASIL, 2008). METODOLOGIA

Essa atividade foi desenvolvida como parte do estágio supervisionado realizado em uma turma de 3º ano EJA, turno vespertino, numa escola da rede estadual de ensino da cidade de Itapetinga-BA, com 20 alunos matriculados, na faixa etária de 20 a 46 anos. Saliento que todos trabalhavam no período noturno. Foram trabalhados conteúdos de Química Orgânica e para culminância, realizamos no laboratório da escola uma oficina de produção de sabão a partir de óleo residual e glicerina. Essas execuções foram importantes para que os alunos conseguissem vislumbrar a química enquanto ciência presente no seu dia a dia. Inicialmente, foi proposto aos alunos para que levassem óleo de fritura (residual), essências, forminhas, entre outros para fabricação do sabão. e então observar os grupos funcionais existentes, reações químicas, estado físico da matéria entre outros conteúdos presentes, conforme a imagem 1: Imagem 1: materiais para produção do sabão e a turma. Nessa atividade os alunos identificaram a presença da química expressas na tabela 1, abaixo: Produção de Sabão Conteúdos de Química abordados Óleo residual Funções orgânica, reciclagem. Reação de saponificação Resultado de uma reação acido-base Limpeza Moléculas anfipáticas e hidrofílicas. Tabela 1: Conhecimentos químicos observados na fabricação de sabão. Após a realização dessa atividade, foi proposto um debate sobre a importância da química e a presença dela no cotidiano dos alunos. Pedimos aos alunos que

respondessem um questionário com 4 questões subjetivas para avaliação, onde podemos citar: 1) Onde você encontra a Química no seu dia a dia? 2) Você aprende mais nas aulas práticas? 3) Que método de ensino você prefere? 4) Você conseguiu enxergar a química na produção de sabão? RESULTADOS Com a aplicação dos questionários, podem-se observar os resultados obtidos com a pesquisa, os quais estão expressos abaixo. 1- Dê exemplos de onde você encontra a Química no seu dia a dia. Medicamentos 25% dos alunos Meio ambiente Alimentos Produtos de limpeza Não respondeu 20% dos alunos 40% dos alunos 10% dos alunos 5% dos alunos Percebemos que a maioria dos alunos consegue exemplificar onde podemos encontrar química. Na medida em que incorpora relações tacitamente percebidas, a contextualização enriquece os canais de comunicação entre a bagagem cultural, quase sempre essencialmente tácita, e as formas explícitas ou explicitáveis de manifestação do conhecimento (FILHO, et al, 2008). 2- Você aprende mais nas aulas experimentais? Justifique. Sim, pois consigo ver onde existe química, ficando mais fácil entender os 55% dos alunos. assuntos.

Sim, sem justificativa. Não, porque nem todos podem participar ativamente, só fico olhando. 30% dos alunos. 15% dos alunos. Observando as respostas vemos que os alunos gostam de aulas experimentais. A aula prática é uma maneira eficiente de ensinar e melhorar o entendimento dos conteúdos de química, facilitando a aprendizagem. Os experimentos facilitam a compreensão da natureza da ciência e dos seus conceitos, auxiliam no desenvolvimento de atitudes científicas e no diagnóstico de concepções não-científicas. Além disso, contribuem para despertar o interesse pela ciência (ALMEIDA, 2008). 3- Que método de ensino você prefere? Gosto quando o professor dá exemplos do dia a dia nas aulas. Gosto quando fazemos experimentos. Gosto quando vemos vídeos. Não gosto de química. 25% dos alunos. 40% dos alunos 15% dos alunos. 20% dos alunos. Vemos que a maioria dos alunos gosta de aulas contextualizadas, com experimentos e vídeos, isso faz consonância com a importância de aulas mais dinâmicas, mais motivadoras, que o aluno se sinta importante no processo de aprendizagem. Contextualizar a química não é promover uma ligação artificial entre o conhecimento e o cotidiano do aluno. Não é citar exemplos como ilustração ao final de algum conteúdo, mas que contextualizar é propor situações problemáticas reais e buscar o conhecimento necessário para entendê-las e procurar solucioná-las (BRASIL,1998). Diante do exposto, se faz necessário a prática de um ensino mais contextualizado, onde se pretende relacionar os conteúdos de química com o cotidiano dos meninos e das meninas, respeitando as diversidades de cada um, visando à formação do cidadão, e o exercício de seu senso crítico (ALMEIDA, 2008)

4- Você conseguiu enxergar a química na produção de sabão? Como ficou seu conhecimento químico após a oficina? Consegui perceber que a química está em tudo, inclusive no sabão. Eu aprendi muito 55% dos alunos. mais depois da oficina. Eu enxerguei a química na produção de sabão. Eu não consegui aprender todos os conteúdos de química que envolve o processo. A química é muito abstrata e produzir sabão me ajudou a entender algumas coisas. 35% dos alunos. 10% dos alunos. Diante das respostas percebemos que a oficina de produção de sabão foi importante para a compreensão de alguns conteúdos químicos, principalmente no que diz respeito àqueles mais abstratos como ligações, reações. O êxito de aulas contextualizadas segundo tais direcionamentos pode ser alcançado também com aulas experimentais. Perspectivas construtivistas de ensino de química valorizam estratégias de ensino que promovam o estabelecimento de relações entre a química e o cotidiano (PEDROSA, 2001). CONCLUSÃO Diante da análise dos resultados, percebe-se que os alunos se sentem mais motivados para entender os conteúdos de química, quando se tem uso de aulas práticas e mais dinâmicas, possibilitando aos mesmos identificarem a presença da química no seu dia a dia, além da desmistificação da ciência. Nessa perspectiva evidenciou-se que o conhecimento transmitido pelo professor não é algo pronto e acabado. Sendo o conhecimento científico uma construção humana estando sujeita a acertos e erros (BUDEL, 2007). Vemos a importância e a necessidade do aproveitamento durante as aulas da experiência de vida do aluno, estimulando ideias novas, deixando que o aluno busque em seu cotidiano solução para as situações-problema.

Segundo Budel (2007), é um desafio lecionar a disciplina de química junto a este público. Logo, os professores que atuam junto a esta modalidade, devem repensar sua pratica pedagógica, buscando facilitar o processo de ensino/aprendizagem, levando os alunos a aprimorarem sua consciência crítica, tornando seus alunos letrados. REFERENCIAS ALMEIDA, L.C.; COSTA, I.;FERNANDES, H.S.; FARIA, F.F.; Alfabetização científica nos espaços de educação formal. In:VIII Congresso Ibero Americano de Extensão Universitária, pg.1144-1150, 2005. Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.pr5.ufrj.br/cd_ibero/biblioteca_pdf/educacao/98%20%20viiicong_ibero_al fab_vf.pdf Acesso em 14-02-2013. BRASIL. (1996). Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI Nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O.U de 23 de dezembro. BRASIL, MEC. As Novas Diretrizes Curriculares que Mudam o Ensino Médio Brasileiro, Brasília,1998. BRASIL. (2008). Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais. Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC. BONENBERGER, C. J.; COSTA, R. S.; SILVA, J.; MARTINS, L. C. (2006). O Fumo como Tema Gerador no Ensino de Química para Alunos da EJA. Livro de Resumos da 29a Reunião da Sociedade Brasileira de Química. Águas de Lindóia, SP. BUDEL, G. J. Ensino de Química na EJA: Uma proposta metodológica com abordagem do cotidiano. UFPR: Curitiba. CHIAPPINI, L. Aprender e ensinar com textos. 5ª. ed., São Paulo: Cortez, 2007. FILHO et al. Diferentes estratégias de ensino utilizadas em cursos de graduação. XIV Encontro Nacional de Ensino de Química (XIV ENEQ). Curitiba, 2008.

PEDROSA, M. A. (2001) Integrando Inter-relações CTS em Ensino de Química, Dificuldades, Desafios e Propostas. In: ENCIGA (Ed.). XIV de ENCIGA (Associación dos Ensinantes de Ciencias de Galicia), 79-86. PELUSO, T.C.L. Diálogo & Conscientização: alternativas pedagógicas nas políticas públicas de educação de jovens e adultos. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas. UNICAMP. 2003. PICONEZ, S. C. B. (2002). Educação Escolar de Jovens e Adultos. Campinas, São Paulo: Papirus, 2002. SANTOS, W.; SCHNETZLER, R. Educação em Química: compromisso com a cidadania. Ijuí. Editora: Unijuí, 2000.