PROJETO LEI Nº Autoria do Projeto: Senador José Sarney Dispõe sobre loteamento fechado de áreas consolidadas regularizadas ou em fase de regularização, altera em parte as Leis n 6.766/79 e n 6.015/73 e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º O loteamento fechado de áreas consolidadas regularizadas ou em fase de regularização nos termos da Lei nº 6.766/79, existentes até a data da publicação desta lei, consiste na delimitação do seu perímetro, no todo ou em parte, que seja marcada por muro, cerca, grade ou similares e que mantenha controle de acesso de seus moradores e visitantes, por intermédio de portarias. 1º Os loteamentos fechados de que trata o caput poderão ser delimitados por grades, muros de alvenaria, cercas vivas ou cercas de arame, com altura máxima de três metros acima do nível do terreno. 2 As portarias previstas nesta lei poderão ser constituídas por cancelas, guaritas, circuito interno de TV e meios de identificação para controle de automóveis e pessoas. 3º Para manutenção das portarias, a entidade representativa dos moradores do loteamento deverá apresentar, no prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias, contados da data de publicação desta lei, o projeto arquitetônico da construção, para fim de análise e aprovação pela Prefeitura ou Distrito Federal, que se encarregará da elaboração da Norma de Uso e Gabarito correspondente. 4º Para a obtenção do alvará ou da licença de construção das portarias e muros de arrimo, a associação representativa dos moradores deverá apresentar o título de propriedade da área ou comprovante do IPTU do terreno a ser edificado, devidamente quitado; 5º Para manutenção dos muros, exceto de arrimo, é dispensada a expedição da licença de construção; 6º Em caso de cercamento com muros, é obrigatório o acabamento em ambos os lados.
Art. 2º Caso o parcelamento do solo esteja edificado em área de domínio da Prefeitura ou Distrito Federal, o ente público, no prazo de 60 (sessenta) dias, contados da publicação desta Lei firmará o contrato de concessão de direito real de uso com a entidade representativa dos moradores do loteamento, relativamente à área ocupada pela portaria. Parágrafo único. O contrato de concessão de direito real de uso a ser firmado entre a Prefeitura ou o Distrito Federal com a entidade representativa dos moradores do loteamento deverá conter cláusula estabelecendo o valor correspondente a 0,5% (zero vírgula cinco por cento) do preço da terra nua, relativa a área ocupada pela portaria. Art. 3º Para o fim do disposto no artigo 22, da Lei nº 6.766/79, a Prefeitura ou o Distrito Federal, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contados da data da entrada em vigência desta Lei expedirá em favor da entidade representativa dos moradores a outorga de concessão de direito real de uso, referente às áreas de lazer e às vias de circulação e outros logradouros públicos do loteamento sobre os quais não incidirá qualquer imposto. Art. 4º Para obter a outorga de concessão de direito real de uso, relativa às áreas de lazer, as vias de circulação e outros logradouros públicos do parcelamento, junto a Prefeitura ou o Distrito Federal, a entidade representativa dos moradores deverá: I manter o paisagismo da área do loteamento ou parcelamento; II a coleta de resíduos nas vias internas do loteamento e no acondicionamento adequado na entrada do loteamento, conforme normas pertinentes, para posterior coleta pelo Serviço de Limpeza Urbana; III efetuar o pagamento da taxa de iluminação pública das ruas, praças, avenidas e outros logradouros públicos existentes nas áreas internas dos loteamentos; IV manter a limpeza das ruas, praças, avenidas e outros logradouros públicos existentes nas áreas internas dos loteamentos; e V - manter a guarda de acesso às áreas fechadas do loteamento e na vigilância das áreas comuns internas, que poderão ser controladas por meio de implantação de circuito interno de vigilância. Art. 5º A entidade representativa dos moradores do loteamento, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data da aprovação desta Lei deverá comprovar, junto a Prefeitura ou o Distrito Federal, a adesão da maioria absoluta de moradores interessada na manutenção dos muros e portarias. Art. 6º O não cumprimento no disposto na outorga da concessão de direito real de uso onerosa acarreta: I a perda do caráter de loteamento fechado; II a retirada das benfeitorias, incluídos os fechamentos e portarias, sem ônus para a Prefeitura ou Distrito Federal.
Parágrafo único. A remoção das benfeitorias executadas fica a cargo da entidade representativa dos moradores. Art. 7º Caso haja a descaracterização do empreendimento como loteamento fechado, as áreas abrangidas pela concessão de direito real de uso passam a integrar o sistema viário e as áreas públicas de lazer da Prefeitura ou do Distrito Federal. Art. 8º O Poder Público, respeitado o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, por razões urbanísticas e no interesse público, pode intervir nas áreas de lazer e de circulação e nos espaços para equipamentos públicos e comunitários. Parágrafo único. Os atos modificativos, extintivos e construtivos em que importe interesse da Prefeitura ou do Distrito Federal deverão ser previamente comunicados por escrito, com prazo de trinta dias de antecedência, aos representantes da entidade representativa dos moradores dos loteamentos fechados. Art. 9º. Não será permitido o parcelamento de solo fechado nas áreas tombadas pelo poder público. Art. 10 É garantido, mediante simples identificação ou cadastramento, o acesso de pedestres ou condutores de veículos não residentes nas respectivas áreas fechadas do loteamento. Art. 11 Feito o levantamento da poligonal do parcelamento, definido os seus limites, área, localização e confrontantes e havendo a aprovação do projeto urbanístico do loteamento, pela Prefeitura ou Distrito Federal, fica permitido o registro do loteamento, independentemente de qualquer outra providência de natureza judicial para individualização da área do parcelamento. Art. 12 Para promover o registro do loteamento fechado, existente até a data da publicação desta lei, a entidade representativa dos moradores deverá apresentar ao cartório de imóveis competente os documentos seguintes: I a certidão de propriedade do imóvel; II o decreto de aprovação, memorial do loteamento, URB, MDE, NGB, mapa de localização da área, quadro de caminhamento do perímetro e o quadro das unidades imobiliárias do loteamento a ser registrado; e III a licença de instalação (LI). Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 13 Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, de de 2014
JUSTIFICATIVA Os parcelamentos de solo urbanos consolidados, geralmente, se encontram implantados na periferia das metrópoles ou fora do perímetro urbano e apresentam-se cercados por muros, com suas entradas equipadas com portarias e guaritas e, de ordinário, fechadas por cancelas, vigiadas por agentes privados de segurança que controlam seu acesso mediante prévia identificação. A maioria dos loteamentos fechados, mesmo aqueles aprovados com base na Lei Federal nº 6.766/79 não possui anuência da Prefeitura ou do Distrito Federal, mas, não se pode negar que neles, os particulares executam obras e serviços às próprias custas e riscos, exercendo uma atividade inerente ao poder público, qual seja a de oferecer condições de habitabilidade à uma parcela da população, que visa, antes de tudo, garantir um mínimo de segurança. Para estes loteamentos não há, ainda, legislação superior específica que oriente a sua manutenção. Daí, a necessidade de editar uma norma federal que venha disciplinar a situação consolidada dos milhares de loteamentos fechados, visando dar a necessária segurança jurídica a seus ocupantes. A manutenção dos loteamentos fechados, tal como previsto neste projeto, não colide com os direitos individuais dos demais cidadãos, porque o acesso à área depende, apenas, de simples identificação do visitante, exigência esta que se verifica em qualquer repartição pública ou privada, sem que se alegue qualquer constrangimento. O patrimônio público, igualmente, está preservado, pois, o presente projeto de lei estabelece os ônus para que a entidade representativa dos moradores possa receber da Prefeitura ou do Distrito Federal, a competente outorga para utilização das ruas, praças, avenidas e outros logradouros públicos do parcelamento do solo. Com relação à ordem urbanística das áreas tombas pelo poder público, conforme previsto no artigo 9 deste projeto, igualmente, está preservada, em virtude da vedação da manutenção de muros e portarias nas respectivas áreas.
Por fim, o presente projeto simplifica o processo do registro do loteamento urbano implantado de fato, existente até a data de publicação desta lei. Assim, solicito aos eminentes pares o apoio necessário para aprovação do presente projeto de lei. Brasília-DF, 07 de maio de 2.014 Senador José Sarney