Revisando o Pré-Modernismo ( )

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Transcrição:

Revisando o Pré-Modernismo (1902-1922) Não é escola literária. Conjunto de tendências individuais. É um momento literário de transição. A semelhança é que todos os autores são diferentes.

Romantismo Realismo Naturalismo Parnasianismo Simbolismo Pré-Modernismo 1902 1922 SAM Não é escola literária. É um momento literário de transição: publicar entre 1902-1922 significa não pertencer a nenhuma escola literária. Os autores realizaram uma revisão do Brasil, cada um de um modo específico.

LIMA BARRETO (1881-1922) Obras principais Recordações do escrivão Isaías Caminha -1909 Triste Fim de Policarpo Quaresma -1911 Clara dos Anjos -1924 Os Bruzundangas -1922 Características da obra Romances com personagens populares; Valorização da gente simples dos subúrbios; Perspectiva nitidamente social; Crítica às instituições públicas e à imprensa; Linguagem coloquial, popular; Denúncia dos preconceitos sociais; Adoção de temas nacionais.

Influências literárias de Lima Barreto Dostoievski Tolstoi Deles herdou o olhar pessimista para a sociedade que aparece de modo destacado em sua produção literária.

Cap. 2. Monteiro Lobato e Graça Aranha

MONTEIRO LOBATO (1882-1948) Urupês (1918) Cidades mortas (1919) Negrinha (1920) Jeca Tatu como personagem-símbolo do Brasil rural Retrato da decadência da região cafeeira de São Paulo. Retrata o preconceito racial (racismo pós-abolição)

Características Livros de contos; Fixação dos costumes interioranos; A descoberta do caipira paulista (Jeca Tatu); Ambiente do vale do Paraíba (SP); Ataque ao Modernismo por meio do artigo: Paranóia ou mistificação (1917) contra Anita Malfatti; Obras infanto-juvenis, sendo uma das mais famosas: Sítio do Pica Pau Amarelo.

JECA TATU Personagem-símbolo de denúncia da realidade brasileira.

Trechos para análise No meio da natureza brasílica, tão rica de formas e cores, onde os ipês floridos derramam feitiços no ambiente (...); onde há abelhas de sol, esmeraldas vivas, cigarras, sabiás, luz, cor, perfume, (...) o caboclo é o sombrio urupê de pau podre a modorrar silencioso no recesso das grotas. Só ele não fala, não canta, não ri, não ama. Só ele, no meio da tanta vida, não vive

O Determinismo e o Jeca Tatu De acordo com Lobato, a mistura de raças gera um tipo fraco, indolente, preguiçoso, passivo: Sua religião são primitivas formas de superstição e magia. Sua medicina é rala. Sua política é inexistente. Não tem senso estético (até o homem das cavernas tinha). Colhe o que a natureza oferece. É o protótipo do que é atrasado no país.

Negrinha O conto Negrinha, de Monteiro Lobato, é narrado em terceira pessoa, e impregnado de uma carga emocional muito forte. O conto se mostra atual ao denunciar a violência contra a criança, notadamente a negra. Com ironia, Lobato elabora o retrato negativo "da excelente senhora", a "ótima dona Inácia", apontando, através de chavões, a hipocrisia da sociedade: "a caridade é a mais belas das virtudes cristãs..."; "quem dá aos pobres empresta a Deus".

Trecho para Análise: conto Negrinha Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva sem filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso não suportava o choro da carne alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa: Quem é a peste que está chorando aí? Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da criminosa abafava a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendolhe em caminho beliscões de desespero. Cale a boca, diabo!

Fragmento do artigo: Paranóia ou Mistificação? Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas e em consequência disso fazem arte pura, guardando os eternos ritmos da vida, e adotando para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é formada pelos que veem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz de teoria efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência: são frutos de fins de estação, bichados no nascedouro. (Publicado no Estadão, em 1917, por ocasião da exposição de Anita Malfatti)

Monteiro Lobato Infância Petróleo Crítica Literatura Progresso

Pinturas de Anita Malfatti

GRAÇA ARANHA (1868-1931) - Publicou Canaã (1902) - Um dos fundadores da ABL Características Romance de tese sobre a colonização do Brasil; Discussão sobre a miscigenação; Participação na Semana de Arte Moderna, com a conferência: A função estética da arte moderna. - Ao contrário de Lobato, Graça Aranha assimilou a renovação artística proposta pela referida semana. Lentz Defende a pureza racial Milkau Defende mistura racial

GRAÇA ARANHA X SEMANA DE ARTE MODERNA Por iniciativa do festejado escritor Sr. Graça Aranha, da Academia Brasileira de Letras, haverá em São Paulo uma Semana de Arte Moderna, em que tomarão parte os artistas que, em nosso meio, representam as mais modernas correntes artísticas (O Estado de São Paulo 29/1/22)