26 o episódio Podcast Urologia HPB e a função sexual Dr. Paulo Santos (CRM: RJ 7237-0) Caro ouvinte, Seja bem vindo a mais um podcast do canal urologia. Meu nome é Paulo Santos, e sou atual gerente médico da urologia da GSK Brasil. Lembro a todos que o conteúdo desse episódio encontra-se integralmente disponível em nosso site, e que todas as referências utilizadas para produção desse texto, e outras relacionadas ao diagnóstico e tratamento da HPB, podem ser solicitadas por qualquer um dos senhores junto ao nosso departamento de informações médicas através de nosso site, e-mail medinfo@gsk.com e do nosso 0800. Hoje gostaria de falar para vocês a respeito da HPB e a função sexual. QUAL É A RELAÇÃO ENTRE LUTS/HBP E DE? LUTS ou sintomas do trato urinário inferior, é o conjunto de alterações que envolvem o aparelho urinário, que compreende em mudanças no armazenamento, micção e pósmicção. Trata-se de uma complexa interação entre a bexiga, colo vesical, próstata e uretra, bem como sistema nervoso central, sendo os sintomas resultantes, o descompasso desta interação. 1,2 Pode ser devido a uma série de situações clínicas, onde a mais comum é a HBP ou hiperplasia benigna da próstata. 3 A prevalência de HBP aumenta com a idade e acredita-se que, até 50% dos pacientes com HBP, tem LUTS. 3 Disfunção erétil (DE), por sua vez, é a incapacidade de obter e/ou manter uma ereção peniana suficientemente rígida para permitir um ato sexual satisfatório. Também tem uma prevalência crescente, acompanhando a idade. Aproximadamente 50% dos homens com mais de 40 anos, têm algum grau de DE. 4
Como o processo do envelhecimento é inevitavel, todas as intervenções relacionadas a saúde serão benéficas na fase mais tardia da vida. 8 Tanto LUTS/HBP como DE são situações clínicas que acompanham o envelhecimento, possuem mecanismos fisiopatológicos comuns, tem uma alta prevalência e ambos podem interferir na qualidade de vida dos portadores, assim como na vida de suas parceiras. 3,7 TRATAR A HPB INTERFERE NA EVOLUÇÃO DA DE? O conceito de síndrome metabólica foi introduzido há varias décadas, mas só recentemente foi reconhecido como um conjunto de sinais e sintomas comuns a várias doenças. É composta de obesidade visceral, dislipidemia, intolerância à glicose e hipertensão arterial, aumentando o risco de doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo II. 9,10 Como LUTS/HBP e DE tem uma forte correlação com síndrome metabólica, então estes pacientes deveriam ser rastreados também para diabetes mellitus, dislipidemia, hipertensão arterial e hipogonadismo. 3 As duas entidades clínicas possuem os mesmos fatores de risco. Então, se intervirmos nestes fatores, estaremos atuando tanto na DE como na HBP. E a primeira intervenção que deve ser feita com intuito de melhorar a DE é sobre o estilo de vida, com modificação e remoção dos possíveis fatores de risco, uma vez que o estilo de vida e a nutrição têm um efeito direto sobre a produção de oxido nítrico, níveis de testosterona e função erétil. 11,4, 5 FATOR DE RISCO DE LUTS: 1,2,3 Envelhecimento Sedentarismo Hipertensão arterial sistêmica Tabagismo Doença cardiovascular Consumo excessivo de álcool Hipogonadismo Diabetes mellitus Dislipidemia Obesidade Ainda temos o fato de que, quando tratamos a HBP/LUTS com alfa-bloqueadores, temos melhora da sexualidade destes pacientes. 19 E também vemos pacientes com DE que usam ipde5 que apresentam melhora dos sintomas urinários. Desta maneira, podemos dizer
que as duas entidades experimentam os mesmos fatores de risco e mecanismos fisiopatológicos, e quando atuamos em uma, estaremos também beneficiando a outra. 19,20 COMO E EM QUE MOMENTO DEVE SER A INVESTIGAÇÃO DO PACIENTE COM DE? Desde o início dos anos 90, adotamos uma conduta investigacional direcionada às expectativas dos pacientes, e com o surgimento das drogas orais eficazes (inibidores da fosfodiesterase tipo 5 IPDE5), quando fazemos o diagnóstico de uma DE, já na primeira consulta devemos fazer as sugestões para mudanca dos hábitos de vida, e podemos prescrever um IPDE5. 22 Com a confirmação de hipogonadismo, através do quadro clínico e da dosagem sérica da testosterona, podemos iniciar a reposição hormonal, desde que não haja contraindicação. Então, o diagnóstico da DE é obtido através de uma história médica, exame físico e algumas dosagens laboratoriais. 24 Diferentemente de anos passados, podemos ser bem 21, 23 mais objetivos e concisos no diagnóstico e tratamento dos problemas de ereção. A REPOSIÇÃO DE TESTOSTERONA CONTRAINDICA A TERAPIA FARMACOLÓGICA DA HPB/LUTS? QUAIS CUIDADOS DEVEM SER TOMADOS EM RELAÇÃO A ESSES PACIENTES? O hipogonadismo e a HBP geralmente coexistem no envelhecimento masculino. A testosterona (TT), dentro da célula prostática, é convertida em diidrotestosterona (DHT), por ação da enzima 5-alfa redutase, e promove o crescimento da glândula. 25 Impedindo esta conversão, haverá uma redução de tamanho da próstata. 26 Também é sabido que crianças castradas antes da puberdade, ou aqueles que têm deficiência congênita da 5- alfa redutase, não desenvolverão HBP. 27 Em termos de saúde e bem estar, para aqueles pacientes hipogonádicos e que tenham LUTS, que fazem reposição hormonal, mas que podem receber 5ARI para controle dos sintomas urinários. 30 O tratamento do hipogonadismo objetiva a elevação dos níveis de TT, que é responsável pelo humor, memória, raciocínio, forca física, disposição geral, densidade mineral óssea, sexualidade (libido e ereções), enquanto que o tratamento da HBP/LUTS preve a diminuição dos níveis de DHT. 30 O crescimento da próstata está diretamente relacionado aos níveis de DHT dentro da glandula, enquanto que os efeitos sistêmicos são devidos a TT circulante (testosterona biodisponível). 33
A administração simultânea de 5ARI E TT parece poupar a próstata do estímulo hormonal naqueles homens hipogonádicos e com LUTS/HBP. Então, se houver necessidade de empregarmos as duas modalidades terapêuticas em um mesmo paciente, baseado em informações da literatura, não existem problemas e nem competição entre as suas ações. 35,36 Chegamos ao final de mais um episódio. Espero ter levado aos senhores informações que sejam relevantes e contribuam de alguma forma à sua prática clínica diária. Em quinze dias lançaremos um novo episódio e contamos com a sua presença. Obrigado por sua participação e até a próxima! Referências: 1. BECHER, EF. et al. Surgical procedures for BPH/LUTS: impact on male sexual health. Sex Med Rev, 2: 47-55, 2014. 2. ROOSEN, A. et al. A refocus on the bladder as the originator of storage lower urinary tract symptoms: a systematic review of the latest literature. Eur Urol, 56: 810 9, 2009. 3. KIRBY, M. et al. Erectile dysfunction and lower urinary tract symptoms: a consensus on the importance of co-diagnosis. Int J Clin Pract, 67: 599-600, 2013. 4. FELDMAN, HA. et al. Impotence and its medical and psychosocial correlates: results of the Massachusetts Male Aging Study. J Urol, 151 (1): 54-9, 1994. 5. SEFTEL, AD. et al. Coexisting lower urinary tract symptoms and erectile dysfunction: a systematic review and epidemiological data. Int J Clin Practice, 67: 32-45, 2013. 7. SCHIFF, JD. et al. The link between LUTS and ED: clinical and basic science evidence. J Androl, 25: 470 8, 2004. 8. PARSONS, JK. et al. Obesity increases and physical activity decreases lower urinary tract symptom risk in older men: the Osteoporotic Fractures in Men Study. Eur Urol, 60: 1173 80, 2011. 9. HAMMARSTEN, J. et al. Urological aspects of the metabolic syndrome. Nat Rev Urol, 28: 483 94, 2011. 10. CORONA, G. et al. Benign prostatic hyperplasia: a new metabolic disease of the aging male and its correlation with sexual problems. Int J Endocrinol 2014; 329456. doi: 10.1155/2014/329456. Epub 2014 Feb 13. 11. MAIORINO, AI. et al. Lifestyle modifications and erectile dysfunction: what can be expected? Asian J Androl, 16: 1-6, 2014. 19. ROSEN, R. et al. Effects of alfuzosin 10 mg once daily on sexual function in men treated for symptomatic benign prostatic hyperplasia. Int J Impot Res, 19 (5): 480-5, 2007.
20. GIULIANO, F. Phosphodiesterase type 5 inhibitors improve male lower urinary tract symptoms. Eur Urol, 53 (6): 1121-3, 2008. 21. LUE TF. Impotence - a patient s goal directed approach to treatment. World J Urol, 8: 67-9, 1990. 22. TELÖKEN, C. et al. Avaliação mínima do paciente com disfunção erétil: hoje. RBM, 57(4): 20-2, 2000. 23. SHABSIGH, R. et al. Randomized study for testosterone gel as adjunctive therapy to sildenafil in hypogonadal men with erectile dysfunction who do not respond to sildenafil alone. J Urol, 179 (suppl 5): S97-102, 2008. 24. MONTORSI, F. et al. Summary of the recommendations on sexual dysfunctions in men. J Sex Med, 7 (11): 3572-88, 2010. 25. POLAT, O. et al. Pharmacotherapy of benign prostatic hyperplasia: inhibitor of 5 alphareductase. Int Urol Nephrol,29(3): 323-30, 1997. 27. Schroder FH. Medical treatment of benign prostatic hyperplasia: the effect of surgical or medical castration. Prog Clin Biol Res, 386: 191 6, 1994. 30. CURTIS NICKEL, J, et al. Testosterone supplementation in hypogonadal men on 5-ARI therapy. Sex Med Rev, 2: 75-8, 2014. 33. MARKS, LS. et al. Effect of testosterone replacement therapy on prostate tissue in men with late onset hypogonadism: a randomized controlled Trial. JAMA, 296(19): 2351-61, 2006. 35. AMORY, JK. et al. Exogenous testosterone or testosterone with finasteride increases bone mineral density in older men with low serum testosterone. J Clin Endocrinol Metab, 89: 503 10, 2004. 36. PAGE, ST. et al. Exogenous testosterone (T) alone or with finasteride increases physical performance, grip strength, and lean body mass in older men with low serum T. J Clin Endocrinol Metab, 90: 1502 10, 2005. Material distribuído exclusivamente para profissionais de saúde habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos. Recomenda-se a leitura da bula e da monografia do produto, antes da prescrição de qualquer medicamento. Mais informações à disposição sob solicitação ao serviço de informação médica (DDG 0800 701 2233 ou http://www.sim-gsk.com.br). Para notificar eventos adversos ocorridos durante o uso de medicamentos da GlaxoSmithKline/Stiefel, entre em contato diretamente com o Departamento de Farmacovigilância da empresa pelo e-mail farmacovigilancia@gsk.com ou através do Representante do Grupo de Empresas GSK. BR/URO/0010/16 www.gsk.com.br Estrada dos Bandeirantes, 8.464 Jacarepaguá Rio de Janeiro RJ CEP 22783-110 CNPJ: 33247743/0001-10