UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A SAÚDE AUDITIVA DAS COSTUREIRAS QUE ATUAM EM CONFECÇÕES NOS ESTADO DO RJ E MG

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Transcrição:

UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A SAÚDE AUDITIVA DAS COSTUREIRAS QUE ATUAM EM CONFECÇÕES NOS ESTADO DO RJ E MG Gabriella Silva Sérgio Mayssilla Noronha Meira Taynara Rocha de Freitas Vanessa Alves dos Santos Acadêmicas da Faculdade Redentor Maria Esther de Araujo Professora da Faculdade Redentor Faculdade Redentor - Rodovia BR 356, nº 25 Itaperuna RJ CEP 28.300-000 Rio de Janeiro RJ Brasil 1. Resumo: O trabalho foi realizado com o objetivos exploratórios, com a finalidade de investigar sinais de Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) em costureiras. Para que fosse possível a realização do trabalho, foi aplicado um formulário semiestruturado para análise da percepção auditiva e de riscos ocupacionais. Os resultados indicam sinais de perda auditiva, possivelmente ocupacional (PAIR) mais presentes nos profissionais com mais de trinta anos de idade e com mais de seis anos de profissão. Dessa pesquisa, conclui-se que é necessário a implantação de um programa de conservação auditiva, que atue além da avaliação da audição, sendo essencial a atuação fonoaudiológica na promoção da saúde auditiva e prevenção das perdas Palavra-Chave: Costureiras, Saúde Auditiva, Promoção, Prevenção, Fonoaudiologia 2. Introdução: Atualmente sabe-se quanto é importante cuidar da saúde auditiva, principalmente no que se referem as pessoas que trabalham diariamente

expostas a ruído. Sabe-se que essa questão ainda não é vista como deveria e, em muitos setores de produção, os cuidados com a audição é pouco visto ou mesmo esquecido. A audição é um dos principais sentidos do corpo humano e traz consigo o poder da comunicação e socialização. Logo, a perda desse sentido, pode trazer grandes frustrações e, indo mais além, ela pode tornar-se uma ameaça ao indivíduo. Por essa razão, tem sido despertada uma importância maior com a saúde auditiva, em destaque as desencadeadas por ruído. Uma vez que esse ruído presente se de alta intensidade - acima do limite previsto na Norma Regulamentadora de número 15, sendo esse limite de 85 decibéis em 8 horas trabalhadas a probabilidade de alterações na orelha interna será grande, crescendo na mesma proporção do aumento da intensidade sonora e tempo de serviço (horas diárias). A exposição ao ruído traz alterações não apenas em nível de audição, interferindo orgânica e mentalmente os indivíduos, causando estresse, dores de cabeça, cansaço, fadiga, entre outros sintomas. Essas queixas são comuns e características de um ambiente ruidoso, normalmente considerado cansativo, presente em diversas empresas. Este estudo será focado no setor de confecções de roupas, um ramo diversificado, com diferentes áreas de atuação, onde seus funcionários estão expostos, além do ruído, a produtos químicos presente nos tecidos e nas tintas utilizadas por eles. Com o crescimento e o desenvolvimento das indústrias, as confecções tiveram a necessidade de modernização e de possuírem setores distintos, maquinares diversificados e modernos, e por demandar um trabalho muito grande, as condições de trabalho acabam por agravar a saúde e qualidade de vida desses profissionais, como já descrito acima. O estudo tem o objetivo de explorar indicativos com a finalidade de verificar aspectos que indiquem como anda a saúde auditiva de costureiras que atuam em ambientes ruidosos, identificando a existência de Programa de Conservação Auditiva bem como intervenções fonoaudiológicas necessárias para garantir a conservação auditiva dos trabalhadores, como palestras educativas, exames auditivos periódicos, uso de equipamentos de proteção, entre outras ações que se fazem necessária.

3. Abordagem teórica Segundo Martins (2001), as condições de trabalho influenciam no desempenho de suas funções. Por conseguinte, o setor de confecção se torna um ambiente ruidoso acarretando desconforto e estresse, podendo assim causar danos à saúde. Por essa razão, desempenhamos essa pesquisa com a intenção de amenizar ambos os lados, empresa e colaborador. Segundo Merluzze (1981) pode ser considerado som toda e qualquer fonte vibratória em ambiente elástico que acarrete uma sensação auditiva. Já o ruído, consiste de um sinal acústico aperiódico que procede de uma variação que não se relacionam entre si. (FELDMAN, 1985. In: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Mediante a intenso ruído e exposição contínua a ele, em torno de 85 db, 8 horas por dia, é presumível a ocorrência de alterações estruturais na orelha interna que podem ser determinante para o surgimento da Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) (CID 10-H83.3). Ela é caracterizada por uma perda auditiva do tipo neurossensorial, sendo ela, frequentemente, bilateral, irreversível e progressiva (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006) A PAIR é o agravo mais corriqueiro na saúde dos trabalhadores, sendo observado em diversas áreas de atividades profissionais, comumente encontradas em siderúrgicas, metalúrgicas e confecções (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). O setor de confecção é um ambiente que apresenta um grau considerável de ruído e que não aponta muitas pesquisas específicas. Por essa razão, a pesquisa aqui apresentada vem investigar as possibilidades de perda auditiva e os prejuízos que essa perda pode causar. Como por exemplo, o isolamento social, dificuldade de compreensão de fala, zumbido e intolerância a ruídos intensos. Pode-se prevenir com a manutenção ou troca das máquinas, uso de Equipamento de Proteção Coletiva (EPC), Equipamento de Proteção Individual (EPI), limite de tolerância preconizados pela legislação e orientações do Programa de Conservação Auditiva (PCA). Entretanto, a (PAIR) pode ocasionar prejuízos na vida social, profissional e na saúde auditiva do indivíduo, decorrente ao excesso de exposição ao ruído. Esses danos podem levar a dificuldade de relacionamentos, zumbido, vertigens, tontura e irritabilidade. Quando o

indivíduo é exposto ao ruído de forma intensa e repentina, pode ocorrer trauma acústico, lesando temporariamente ou definitivamente diversas estruturas do ouvido. (OLMI, online). A (PAIR) Perda Auditiva por Ruído, afeta na vida social do homem, de forma que o mesmo perde sua qualidade de vida enfrentando sérios problemas como, por exemplo, na percepção dos sons, no ambiente que estão relacionados diretamente na comunicação oral. Pode-se acrescentar que, a PAIR também acarreta problemas psicológicos, estresse, isolamento e traumas. (OLMI, online). A PAIR atinge muitas pessoas em diversas áreas de atividade profissional. No momento de instalação da perda, a irreversibilidade se aloja e na maioria das vezes, bilateral. No entanto, a consequência desse fato traz uma sobrecarga considerável. Pessoas são afastadas de seus cargos, que seria uma atividade sonora e com isso chegam ao ponto de isolamento de sons, levando a uma decepção pessoal (VIEIRA, 1999). O portador da PAIR só percebe a perda quando a capacidade de comunicação é prejudicada, contudo, desenvolve um amontoamento de incapacidades que influenciará em sua vida profissional, familiar, social e psicológica. Levando em consideração o nível intelectual desses indivíduos, o prejuízo no desenvolvimento inter-relações aparece, passando por fracasso nas áreas social, ocupacional e emocional sofrendo frustrações (VIEIRA, 1999). Essa baixa auditiva desencadeará também o isolamento desse indivíduo em sua família, comunidade estando sabido de que a audição é essencial para a comunicação - por essa razão, é de real o fato de atitudes negativas de outras pessoas que não compreendem a realidade desde incapacidade (VIEIRA, 1999). Restrição na performance funcional do indivíduo com relação às suas atividades normais, essa foi a definição cedida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O portador da PAIR vivencia de muitas restrições, assim como outros que possuem deficiência auditiva, e sofrem consequências tanto na saúde quanto na vida pessoal de modo geral (VIEIRA, 1999). A atuação fonoaudiológica em PAIR é de extrema importância, uma vez que essa perda é irreversível. Atua-se com o intuito de estabilizar a perda e

criar medidas protetivas para que elas não venham ser tão incidentes. O primeiro passo é o diagnóstico realizado através de avaliações audiológicas, como: anamneses ocupacionais e clínicas, otoscopias e exames audiométricos. O campo de trabalho da fonoaudiologia é vasto, como por exemplo, a inserção do Programa de Conservação Auditiva cujo objetivo é prevenir a instalação ou o desenvolvimento de perdas quando se exposto ao ruído. Para que haja esse procedimento é necessário que se faça uma avaliação ambiental com a finalidade de identificar os grupos de trabalhadores que correm maior risco à exposição sonora e adaptar essas fontes para que não emitam, ou emitam em menor quantidade o ruído. Pode ser utilizadas barreiras, materiais que absorvam o som e revestir as paredes com materiais acústicos. Outra forma de atenuação é propor aos empresários que seja feito rodízios de trabalhadores, pausas para descanso auditivo e redução da jornada de trabalho. Inserir os Equipamentos de Proteção Individual (E.P.I.) como medida provisória e orientar como e porque utilizar é essencial. Os protetores auditivos têm como finalidade atenuar a intensidade com que esse ruído chegará a orelha externa. Vale ressaltar a importância da inclusão de Programas Educativos para que os trabalhadores se conscientizem sobre os riscos de exposição e medidas protetivas tomadas, complementando assim, o Programa de Conservação Auditiva. Uma forma de por em prática essa atuação fonoaudiológica é criar panfletos e folhetos explicativos, reuniões, palestras com gestores e trabalhadores para apresentar as alterações auditivas, o manuseio correto do protetor auditivo, mencionar que com medidas protetivas o rendimento da empresa é maior, proporcionar a este trabalhador o conhecimento do que o ruído pode acarretar. Destaca-se que há também a necessidade de Monitoramento ou Gerenciamento audiométrico, ou seja, ser feita a audiometria de todos os trabalhadores, observar a situação auditiva de cada um, identificar e encaminhar o que houver necessidade para o otorrinolaringologista para que seja avaliado possíveis alterações de orelha média. Este monitoramento também é enquadrado como medida protetiva do

agravamento de PAIR. Esse mapeamento ainda é obstáculo para os fonoaudiólogos devido algumas empresas não terem serviços próprios. 4. Resultados e Análise Foi realizado uma pesquisa exploratória e transversal, utilizando um formulário semiestruturado, aplicado em vinte costureiras que atuam em diferentes confecções, de Divino-MG, Itaperuna-RJ, Muriaé-MG e Santo Antônio de Pádua-RJ. Seguem os resultados obtidos. Tabela 1: Idade Dificuldade de ouvir a fala em Porcentagem (%) ambiente ruidoso 18 a 30 anos 1 5 31 a 49 anos 4 20 Acima de 50 anos 2 10 Não apresenta 13 65 dificuldade Tabela 2: Tempo de Dificuldade de ouvir a fala em Porcentagem (%) serviço ambiente ruidoso Até 5 anos 2 10 6 a 15 anos 1 5 Mais de 15 anos 4 20 Não apresenta 13 65 dificuldade Observando as tabelas 1 e 2 nota-se que das profissionais que apresentam dificuldade de ouvir a fala em ambiente ruidoso, a maioria possui idade superior a 30 anos e atuam na profissão a mais de seis anos. Segundo a declaração do Comitê de Ruído e Conservação Auditiva da American College of Occupational Medicine e o Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva, publicado na portaria do INSS de 1997, em geral, a PAIR atinge seu ápice para as frequências de 3.000, 4.000 e 6.000 Hz dentro de 10 a 15 anos de exposição sob condições estáveis, embora a percepção de baixa auditiva seja sentida ainda nos primeiros cinco anos de exposição. Isso justifica a dificuldade de ouvir em ambientes ruidosos ser mais frequente em profissionais que atuam a mais tempo na função de costureira.

Tabela 3: Já realizou avaliação Quantidade Porcentagem (%) auditiva SIM 3 15 NÃO 17 85 Do público avaliado apenas três já realizaram alguma avaliação auditiva, sendo duas de 31 a 49 anos e uma acima de 50 anos. Vale ressaltar que essas três pessoas que já fizeram avaliação, atuam na área a mais de seis anos e a realizaram por conta própria, por perceber uma baixa auditiva. A avaliação auditiva é obrigatória segundo a NR 15, anexo 1 e 2 da Portaria 3.214 do Ministério de Trabalho. Encontra-se ainda, na NR 7, que desrespeito a Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) na Portaria nº19 de 19 de abril de 1998 do Ministério de Trabalho e Emprego, o qual determina a obrigatoriedade de implantação do Programa de Conservação Auditiva (PCA) nas empresas com níveis sonoros acima do permitido pela NR 15 no anexo 1. Tabela 4: Idade Toma remédio Porcentagem (%) 18 a 30 anos 0 0 31 a 49 anos 3 15 Acima de 50 anos 4 20 Não toma remédio 13 65 Observando a tabela 4 nota-se que das vinte profissionais avaliadas, sete fazem uso de medicação e possuem mais de 30 anos. Todas elas tomam remédio com regularidade para tratamento de hipertensão ou colesterol. Essa medicação apresenta componentes ototóxicos, capazes da causar ou agravar perdas auditivas. A associação da exposição ao ruído com o uso dessa medicação torna o indivíduo mais susceptível a desenvolver uma surdez. (PALMA, 1999) Tabela 5: Audição é: Quantidade Porcentagem (%) Boa 14 70 Regular 6 30

Ruim 0 0 A percepção de baixa auditiva já é identificada por 30% do público analisado, que pode comprometer aspectos sociais e profissionais do indivíduo afetado. Tabela 6: Sente zumbido Quantidade Porcentagem (%) Nunca 15 75 Às vezes 4 20 Sempre 1 5 O zumbido é um indicativo de lesão de cóclea. Essa lesão caracteriza perda auditiva sensorioneural irreversível após a instalação da PAIR, que influi na vida psicossocial e na comunicação do indivíduo (PALMA, 1999). Do público em questão, 100% relataram que nas confecções que trabalham não há programa de conservação auditiva, 100% afirmaram nunca utilizar equipamentos de proteção individual embora se queixem de sentir desconforto auditivo. 5. Considerações finais: Considerando os dados relatados anteriormente, observa-se que o indicativo de perda auditiva com sintomatologia de PAIR encontra-se presente, principalmente nos profissionais com mais de 30 anos e que atuam a mais de seis anos na profissão. Considerando que dentro do público ainda exista um percentual jovem (18 a 30 anos), o fonoaudiólogo deve desenvolver um trabalho de promoção de saúde, evitando a perda. Uma vez que a perda auditiva já está instalada, ele deve trabalhar com a prevenção do agravo da doença. Apenas 15% dos trabalhadores da pesquisa já fizeram avaliação auditiva, mas não por comando da empresa, pois nenhuma delas possui programa de conservação auditiva, sendo que, de acordo com Nudelmann, A. et al. (2001), nos casos de exposição ocupacional ao ruído, esses exames

devem ser feito no pré-admissional, seis meses depois e após anualmente. Há necessidade do profissional especializado em promoção e conservação auditiva desenvolver um projeto para serem aplicados, e as empresas precisam ser conscientes de que a responsabilidade da saúde auditiva dos seus trabalhadores é de sua responsabilidade. Os trabalhadores que fazem uso de medicação estão acima dos 30 anos de idade, os utilizam para controle do colesterol ou hipertensão, visto que esses remédios podem agravar a perda auditiva ou mesmo causá-la. Especificamente no caso de PAIR ele agrava, pois são medicamentos ototóxicos. Por isso é importante que o fonoaudiólogo esteja atento ao tipo de medicação que o profissional utiliza, monitorando a audição desse indivíduo. É fundamental que o fonoaudiólogo que atua no Programa de Conservação Auditiva conscientize esse profissional dos males do ruído e da necessidade do uso de protetores auditivos. A empresa deve estar ciente do seu dever de zelar pela saúde e qualidade de vida de seus trabalhadores e entender que os efeitos do ruído vão além da surdez. 6. Referências Bibliográficas: MINISTÉRIO DA SAÚDE, Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair), Saúde do Trabalhador Protocolos de Complexidade Diferenciada, Brasília, 2006, disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_perda_auditiva.pdf - Acesso em 14/11/2015. NUDELMANN, A. A. et al. Atualização sobre os documentos do comitê nacional de ruído e conservação auditiva. In: PAIR - perda auditiva induzida pelo ruído. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. Volume 2, p. 225-234. OLMI, Cristina Riani. PAIR Perda Auditiva Induzida pelo Ruído. 17 f. Pós graduação Lato-Sensu em Enfermagem do Trabalho. Sociedade Universitária Redentor, Faculdade Redentor. Disponível em: http://www.redentor.inf.br/arquivos/pos/publicacoes/06072012tcc%20cristina %20Riani%20Olmi%20-%20101504.pdf - Acesso em 14/11/2015. PALMA, C Dóris. Quando o Ruído Atinge a Audição. Porto Alegre. CEFAC, 1999 VIEIRA, L Ivone. Ruído e Perda Auditiva. CEFAC. Recife PE. 1999