1 PROCESSO PENAL PONTO 1: Pena Privativa de Liberdade PONTO 2: Princípio da Individualização da Pena PONTO 3: Individualização Judicial 1. EXECUÇÃO E APLICAÇÃO DA PENA 4ª ETAPA: Juiz substitui a PPL por PRD/PM. Juiz deve motivar todas as substituições, caso não substitua, deve esclarecer o porquê, para viabilizar o recurso. Sursis. pena. 5ª ETAPA: Concede ou não a suspensão condicional da execução da PPL Brasil adota o sistema belga francês: condena, mas suspende a execução da Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena privativa de liberdade, na situação determinada no artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue. Caso o juiz, na sentença criminal, não se manifeste pelo sursis, a sentença deveria ser anulada, todavia os tribunais não possuem este entendimento. Os tribunais mandam baixar o processo em diligência para que o juiz se manifeste sobre o sursis. Juiz poderá conceder ou denegar, em qualquer hipótese deve ser intimado o MP, o réu e seu defensor. Se juiz denegar o sursis, o Tribunal deverá apreciar o apelo do réu, sem supressão de grau de jurisdição. Se o juiz conceder, apelo do MP. Duas espécies de sursis: a) Ordinário b) Especial Ambas em PPL de 2 anos e período de prova de 2 a 4 anos. Sursis etário: aplicável para réus com mais de 70 anos de idade no tempo da sentença. Reforma de 1984. Sursis Humanitário: aplicado em razão da saúde do réu. Lei 9.714/98. Temos só duas espécies de sursis, pois o sursis ordinário pode ser etário ou humanitário e o especial, da mesma forma, também pode ser etário e humanitário. a) Ordinário: réu tem que cumprir durante o primeiro ano do período de prova, prestação de serviço à comunidade ou limitação de final de semana. b) Especial: a condição do Ordinário pode ser substituída por três outras (art. 78, 2º):
2 Proibição de freqüentar determinados lugares; Proibição de se retirar da comarca sem autorização do juiz; Comparecimento pessoal e obrigatório em juízo para comprovar suas atividades. REQUISITOS DO SURSIS ORDINÁRIO: a) Objetivos: a.1) Pena privativa de liberdade até 2 anos, exceto no sursis etário e humanitário. a.2) Não cabimento de substituição da PPL por PRD. No sursis especial há mais um requisito objetivo: a.3) Reparar o dano causado pelo crime, salvo motivo justo para não o fazer, antes de terminar o processo. b) Subjetivos: b.1) Não ser reincidente em crime doloso; Existe exceção a essa regra? Sim, se a pena for de multa. Condenado a pena de multa o réu não será reincidente. Crítica: Prof. não concorda, será reincidente independentemente da pena aplicada, o que a lei se refere é que, embora reincidente com pena de multa, haverá sursis. b.2) Juízo de conveniência prognose de que o réu não voltará a delinquir. No sursis especial, há mais um requisito subjetivo: b.3) ao invés do juízo de conveniência, deverá haver todas as circunstâncias favoráveis, exceto o comportamento da vítima (que não depende dele). SISTEMA PROGRESSIVO DA EXECUÇÃO DA PPL: art. 33, 2º do CP e art. 122 da LEP. 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. Etapas do sistema progressivo: 1) Fechado. 2) Progressão para o semi-aberto.
3) Obtém o direito às saídas temporárias, art. 122 e ss. da LEP. Também concedida para freqüentar curso de primeiro grau. 4) Progressão para o regime aberto. 5) Juiz converte o resto da PPL em PRD. 6) Livramento condicional. Mobilidade entre os três regimes: o regime está sujeito a alteração por força de dois institutos: a PROGRESSÃO e a REGRESSÃO. Na progressão o sentenciado não pode queimar etapas. Na regressão pode haver queima de etapas, ex: pode passar do aberto ao fechado. Requisitos para a progressão do regime fechado ao semi-aberto, anteriores a Lei 10.792/03: a) cumprir ao menos 1/6 da pena requisito objetivo ou temporal. b) Mérito- requisitos: b.1) Parecer da Comissão Técnica de Classificação art. 7º da LEP. b.2) Laudo do COC Exame criminológico quando necessário Requisitos após a Lei 10.792/03 (alteração do art. 112 da LEP): a) cumprir ao menos 1/6 da pena requisito objetivo ou temporal. b) Ostentar bom comportamento carcerário, atestado pelo administrador do estabelecimento prisional onde o sentenciado cumpre pena. Antes o legislador preocupava-se com as condições interiores do preso, hoje com as condições exteriores do preso. Com a reforma acabou o mérito para a progressão? Não, pois não alterou o art. 33, 2º do CP. Exame criminológico: art. 2º da LEP, juiz pode requisitar o exame criminológico, pois o CPP é lei aplicável na execução e, este afirma que o juiz pode requisitar todo meio de prova pertinente, salvo quanto ao estado da pessoa (regra de direito civil). Requisitos para a progressão do regime semi-aberto ao aberto: a) Ter senso de responsabilidade e autodisciplina. b) Trabalho não precisa ter carteira assinada, mas condições de se colocar no mercado de trabalho, ainda que seja como autônomo. Se no prazo não comprovar que está trabalhando, é causa de regressão. 3 Pena de regime fechado = cumprida em penitenciária (estabelecimento penal de segurança máxima). Pena de regime semi-aberto = Colônia Penal (segurança mediana). Pena de regime aberto = Casa do Albergado (nesta também se cumpre PRD). Pessoas dispensadas do trabalho art. 117 da LEP: Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de:
4 I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; IV - condenada gestante. Estes sentenciados poderão cumprir PPL em seu domicílio prisão domiciliar e estarão dispensados do requisito trabalho. CAUSAS DE REGRESSÃO: a) Praticar crime doloso. b) Praticar falta grave. a) Condenação por crime, cuja pena, somada àquela que o sentenciado já estiver cumprido, inviabilizar o regime em que se encontra. d) Frustrar os fins da execução. e) Não pagar, podendo, a pena de multa, cumulativamente imposta. Essa causa de regressão não é mais aplicável, pois ele deve sofrer uma execução da pena de multa, ademais, seria inconstitucional regredir o regime, pois a prisão por dívida só cabe de alimentos e depositário infiel. Art. 75 do CP UNIFICAÇÃO DE PENAS: 30 anos de cumprimento. A progressão de regime não considera a pena cumprida e sim a pena imposta. Súmula 715 do STJ: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução. REMIÇÃO: art. 126 da LEP. Latim: redimere, significa pagar, resgatar. Difere de REMISSÃO: Latim remittere, significa perdoar. O art. 126 utiliza o termo condenado, então o preso provisório não teria direito à remição, pois falta a sentença condenatória transitada em julgado. Em face da detração, não é este o entendimento majoritário da doutrina. Detração: art. 42 do CP, só pode ser aplicado pelo juiz da execução, neste instituto, o tempo da prisão provisória deverá ser subtraído do tempo da prisão definitiva. Condenado que cumpre pena no regime aberto não se beneficia da remição, pois o trabalho, neste caso, é requisito. Remição: A cada três dias de trabalho darão ao sentenciado o direito de diminuir um dia da pena. A jurisprudência entende que, se o condenado estudar, ao invés de trabalhar, terá direito a remição também. Neste caso, cada 18 horas de estudo equivalerão a 3 dias de trabalho e a diminuição de um dia da pena.
5 Súmula 341 do STJ: A freqüência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob regime fechado ou semi-aberto. Trabalhos em finais de semana e feriados não dão direito à remição, salvo em trabalhos essenciais ao funcionamento do presídio. A jornada mínima de trabalho do preso é de 6 horas e a máxima de 8 horas. LEP. O trabalho só pode ser efetivo, o ficto não dá direito à remição, art. 129 e 130 da Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará mensalmente ao Juízo da execução cópia do registro de todos os condenados que estejam trabalhando e dos dias de trabalho de cada um deles. Parágrafo único. Ao condenado dar-se-á relação de seus dias remidos. Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código Penal declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim de instruir pedido de remição. REMIÇÃO FICTA MIRABETE: A todo direito corresponde uma obrigação, se o trabalho é direito do preso, o Estado teria a obrigação de dar trabalho ao preso desde o primeiro dia de cumprimento da pena. Mirabete entende ainda que o preso teria direito a 3/4 do salário mínimo. Essa tese não é acolhida, atualmente, nos tribunais. Exceção ao trabalho efetivo: quando o preso estiver trabalhando e se ferir no trabalho, terá direito à remição, art. 126, 2º da LEP. 2º O preso impossibilitado de prosseguir no trabalho, por acidente, continuará a beneficiar-se com a remição. Art. 127. O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar. Rui Carlos Alvim e Boschi entendem que esse artigo é inconstitucional, pois fere a coisa julgada, o direito adquirido. STF entende que não é inconstitucional, súmula vinculante nº 9: O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58. Art. 128. O tempo remido será computado para a concessão de livramento condicional e indulto. Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. Remição é considerada para progressão, livramento condicional e indulto.
6 DETRAÇÃO - Art. 42 do CP: é possível detração em processos diferentes ou é necessário um nexo entre o motivo da prisão e o motivo da condenação? Damásio de Jesus entende que deveria haver um nexo, assim só seria possível no mesmo processo. Alberto Silva Franco entende que, como não é proibido, é possível, assim caberia a detração. STF e Tribunais estaduais entendem que é possível a detração em processos diferentes, mas desde que não haja um crédito de pena. Precedentes: TJ/RS AI nº 70026764407; 700266120690; 70026061937. Embargos Infringentes nº 70025811696. MEDIDAS DE SEGURANÇA Sanções penais: a) Penas. a) Medidas de segurança. São providências que o estado toma em relação à pessoa que praticou injusto típico e é perigosa, a fim de que ela não torne a delinquir. Possuem finalidade diversa das penas, não constituem castigam, possuem finalidade especial, pois são curativas, medicinais e pedagógicas. Espécies: a) Detentiva internação em estabelecimento psiquiátrico ou similar. Quando o crime imputado for de pena de reclusão. Art. 97 do CP. b) Restritiva tratamento ambulatorial. Quando o crime imputado ao réu for de pena de detenção. Pressupostos da Medida de Segurança: a) Fato típico e ilícito b) Periculosidade. Medidas de segurança são pós delituais e deve haver prova da periculosidade do réu (prognose de que o réu tornará a delinquir). Os dois requisitos devem estar presentes. Diferença entre as penas e medidas de segurança quanto ao tempo: nas penas há o tempo mínimo e máximo, nas medidas de segurança o legislador estipulou apenas o prazo mínimo, de 1 a 3 anos, que dependerá do grau de periculosidade do réu. Execução das medidas de segurança - Guia: ninguém pode ser internado ou submetido a tratamento ambulatorial sem a guia, sob pena de constrangimento ilegal (HC). Não existe mais medida de segurança provisória no curso do processo. Expedida a guia, começa o prazo mínimo da medida de segurança, que visa curar o réu de sua periculosidade.
7 Art. 97, 2º do CP diz que o exame de cessação de periculosidade deve ser realizado ao término do período ou a qualquer tempo, uma vez determinado pelo juiz da execução. Se o exame der negativo, deverá ser repetido todo o ano. processo. Todavia, a LEP, no art. 176 diz que esse exame pode ser realizado no curso do Conflito aparente entre a LEP e o CP: não há conflito, o exame de verificação do CP é obrigatório ordenado de ofício, já o exame da LEP é facultativo. Se o juiz acolher o laudo que constata a cessação da periculosidade, o juiz revoga a medida de segurança imposta ao réu. Dessa decisão cabe Agravo. Transitada em julgado essa decisão, se a medida de segurança era detentiva, ordem de desinternação; se a medida de segurança era restritiva: ordem de liberação. Art. 197 da LEP O recurso de agravo não possui efeito suspensivo. Mas o art. 179 aduz que, se houver Agravo, no caso de medida de segurança, haverá efeito suspensivo. Esta é a única hipótese de agravo com efeito suspensivo na LEP. Da ordem de desinternação, o condenado ficará 1 ano em observação, se nesse período praticar ato que demonstre resquícios de periculosidade, deverá voltar para a internação, desta vez sem prazo mínimo. Findo o período de um ano, sem nenhuma intercorrência, ele estará livre da medida de segurança.