DÉFICIT HÍDRICO, EVAPOTRANSPIRAÇÃO REAL CULTURA E PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DA CANA-DE-AÇÚCAR.

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Transcrição:

DÉFICIT HÍDRICO, EVAPOTRANSPIRAÇÃO REAL CULTURA E PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DA CANA-DE-AÇÚCAR. celo Augusto da Silva Soares 1 ; Lekson Rodrigues Santos 2 ; Arthur Luan dias Cantarelli 3 ; Augusto César Ferreira Serqueira 4 ; Samuel Silva 5 1 Universidade Federal de Alagoas (UFAL), marcelocico_@hotmail.com; 2 Universidade Federal de Alagoas (UFAL),lkrsantos1983@gmail.com; 3 Universidade Federal de Alagoas (UFAL),aldcantarelli@hotmail.com; 4 Universidade Federal de Alagoas (UFAL),augusto_serqueira@hotmail.com; 5 Universidade Federal de Alagoas (UFAL), sam_capela@hotmail.com INTRODUÇÃO: A cultura da cana-de-açúcar é bem adaptada às condições tropicais com alta disponibilidade de água, nutrientes e radiação (PARK et al., 25;TEJERA et al., 27). No entanto, não há mais área agrícola disponível para expansão o cultivo dessa cultura no Estado de Alagoas (TEODORO et al., 213). ro problema enfrentado no Estado para obter maior produtividade é que a precipitação pluvial é distribuída de forma irregular durante o ano, em que dos 1.8 mm, normal climática da região, ocorrem 7% no período de abril a agosto e os 3% restantes de setembro a março, aumentado a probabilidade de ocorrência de estresse hídrico nesse período (SOUZA et al., 24), que podem influenciar diretamente os rendimentos dos canaviais (ABREU et al.29). A evapotranspiração real da cultura (ETr), é a evapotranspiração nas mesmas condições de contorno da evapotranspiração da cultura (ETc), porém, com ou sem restrição hídrica, e quanto maior a ETr, menor será o déficit hídrico, e consequentemente maior será a produtividade agrícola dos empreendimentos agropecuários. Diante dessa situação, a irrigação aparece como uma pratica cultural que permite suprir as necessidades hídricas da cultura ao longo do ciclo, proporcionando aumento no rendimento agrícola e melhoria nos atributos qualitativos. Pelo exposto, o objetivo desse trabalho foi avaliar a produtividade agrícola da cana-deaçúcar em função do déficit hídrico e da evapotranspiração real da cultura, na região de Rio Largo - AL. MATERIAL E MÉTODOS: O experimento foi realizado no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas (9 28 2 S; 35 49 43 W; 127m) em Rio Largo-AL, no período de 22 de fevereiro de 21 a 28 de

fevereiro de 211, numa área de,5 ha, no segundo ciclo de produção (primeira soca) da cultura da cana-de-açúcar. O solo foi classificado por CARVALHO (23) como Latossolo Amarelo coeso argissólico de textura média/argilosa com densidade volumétrica (ds) de 1,5 Mg m -3, porosidade total (P) de,423 m3 m -3, velocidade de infiltração básica (VIB) de 52 mm h -1 e declividade média inferior a 2%. Quando na capacidade de campo (CC) a umidade é,2445 m3 m -3 e no ponto de murcha permanente (PMP) o teor de água é,1475 m3 m -3. O clima é caracterizado, pela classificação de Thornthwaite e Mather, como quente e úmido (B1), megatérmico (A ), com deficiência de água moderada no verão (s) e grande excesso de água no inverno (w2). A precipitação pluvial média anual da região é de 1.8 mm (SOUZA et al., 24). A variedade de cana-de-açúcar utilizada foi a RB92579, plantada em fileiras duplas no espaçamento de 1,4 m x,6 m. O delineamento estatístico utilizado foi blocos casualizados com sete tratamentos e quatro repetições. O tratamento água (lâmina de irrigação) constituiu as parcelas de 5 fileiras duplas com 12 m de comprimento, nos níveis de (L), 25 (L1), 5 (L2), 75 (L3), 1 (L4), 125 (L5) e 15% (L6) da média diária (4,5 mm dia -1 = 31,5 mm semana -1 ) da evapotranspiração de referência (ET) normal climática do período de baixa precipitação pluvial e o seu controle foi realizado por um sistema automatizado. O sistema de irrigação utilizado foi composto de fitas gotejadoras superficiais de 22 mm de diâmetro, com gotejador tipo Dripnet (Netafim), espaçados de,5 m entre si e 2, m entre linhas, pressão de serviço de 14 m.c.a. e vazão nominal de 1, L h -1. A adubação com NPK foi realizada manualmente em cobertura aos trinta dias após o corte com 12 kg de P2O5, 16 kg de K2O e média de 1 Kg de N em cada tratamento. A fonte de nitrogênio utilizada nos dois ciclos de produção foi a uréia. Na fase inicial de cultivo, foi aplicada uma lâmina total de 7 mm distribuídos em 26 eventos (cerca de 2 a 4 mm por evento) em todos os tratamentos, exceto no sequeiro. A evapotranspiração de referência (ET) foi calculada pelo método de Penman-Monteith e a evapotranspiração real da cultura foi estimada conforme a metodologia descrita no boletim FAO-56 (Allen et al., 1998), em que as variáveis meteorológicas foram obtidas por uma estação automática de aquisição de dados Micrologger CR1X (Campbell Scientific, Logan, Utah) de propriedade do Laboratório de Agrometeorologia e Radiometria Solar (LARAS), instalada a 4 m do experimento. Aos 371 dias de cultivo foi medida a produtividade agrícola da cultura em função das lâminas totais de água aplicada. A produtividade agrícola (t ha-1) foi estimada pesando-se as fileiras duplas das parcelas, através de um dinamômetro com capacidade para pesar até 1±,1 Kg. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A distribuição da precipitação pluvial durante o experimento foi irregular e totalizou 1.955 mm durante o ciclo de produção (371 dias fevereiro de 21 a fevereiro de 211) ficando no intervalo de 15 a 25 mm, que é a demanda hídrica da cana-de-açúcar, dependendo do ciclo de produção e da região climática, descrito por DOOREMBUS E KASSAN (1979). Nas parcelas sem irrigação houve excesso hídrico de 895 mm, sendo que 92% desse excesso (82 mm), ocorreram do

3 decêndio de março ao 3 decêndio de agosto de 21, com média de 7,6 mm dia -1. Conforme SOUZA et al. (24), 3% da precipitação pluvial total ocorre no período de setembro a março, sendo caracterizado como o período seco da região. 97% do déficit hídrico total (428 mm) ocorreu no 1 decêndio de setembro de 21 ao 3 decêndio de fevereiro de 211 e correspondeu a 414 mm. (TEODORO et al., 213), encontrou déficit hídrico de 484 mm do 3º decêndio de agosto de 29 ao 2º decêndio de janeiro de 21 (cana-planta) deixando bem nítido o período seco da região. No entanto, houve excessos hídricos no período seco de 56 e 18 mm, respectivamente no 3 decêndio de janeiro e 2 decêndio de fevereiro de 211, Figura 1. Em todos os tratamentos, observa-se que no início de cultivo (3º decêndio de fevereiro ao 3 decêndio setembro de 21) os excessos (82 mm) e déficits hídricos (3 mm) totais, foram iguais, devido ao índice de chuva nesse período não houve tratamento com irrigação. No entanto, a partir do 1 decêndio de outubro deu-se início a irrigação, diminuindo assim, o déficit hídrico de acordo com o aumento da lâmina de irrigação aplicada. No tratamento irrigado com 15% da ETo (L=734 mm) o déficit hídrico foi de 38 mm, sendo 91% menor em relação ao sequeiro o que correspondeu a 856 mm menos. Nos tratamentos em que a cultura da cana-de-açúcar foi irrigada com 25%, 5%, 75%, 1% e 125% da ETo, as lâminas brutas de irrigação foram 127,24, 346,473 e 587 mm, e os déficits hídricos totais foram 29, 191, 114 e 65 mm, respectivamente.

Déficit e excesso hídrico (mm) 25 2 15 1 5-5 25 2 15 1 5-5 25 2 15 1 5-5 25 2 15 1 5-5 L1 L L3 L5 Exc = 82, mm Def = 29,3 mm Exc = 82, mm Def = 113,7 mm Exc = 82, mm Def = 47, mm Exc = 78,5 mm Exc = 12,5 mm Exc = 295,2 mm DEF 25 2 15 1 5-5 25 2 15 1 5 Deficit hídrico total = 428,4 mm Excesso hídrico total = 894,6 mm Precipitação pluvial total = 1954,8 mm L2 Decêndios (Mês) -5 25 2 15 1 5-5 L4 L6 EXC Exc = 82, mm Def = 19,8 mm Exc = 82, mm Def = 65,2 mm Exc = 82, mm Def = 38,1 mm Exc = 91,5 mm Exc = 198,8 mm Exc = 432,6 mm Figura 1. Balanço hídrico da cultura da cana-de-açúcar, com ênfase para o excesso e déficit hídrico, em função de lâminas de irrigação sequeiro (1A), irrigada com 25% da ETo (1B), 5% da ETo (1C), 75% da ETo (1D), 1% da ETo (1E), 125% da ETo (1F) e 15% da ETo (1G), na região de Rio Largo, AL, no período de fevereiro de 21 a fevereiro de 211. A cultura apresentou resposta crescente a produtividade agrícola à medida que reduziu os déficits hídricos e aumentou a evapotranspiração real (ETr). Na (L), houve o maior déficit hídrico total (428 mm), e menor ETr (1.6 mm), consequentemente menor produtividade agrícola (112 t ha -1 ). O tratamento irrigado com 15% da ETo apresentou rendimento de 32 t ha -1 a mais que o sequeiro, em que déficit hídrico total foi de 53 mm e a ETr 1.436 mm, resultando na maior produtividade (144 t ha -1 ). SANTOS (213), SAMPAIO NETO (21) e ABREU (28), cultivando a variedade

RB92579 em regime de sequeiro, obtiveram rendimento agrícola de 77 t ha -1,12 t ha -1 e 13 t ha -1, respectivamente. As diferenças de produtividades foram decorrentes da diferença dos déficits hídricos e das evapotranspirações reais. HOLANDA (21), com cana planta irrigada, obteve 185 t ha -1 com a variedade RB92579. O baixo rendimento da cana na L ocorreu devido a um déficit hídrico de 428 mm, resultando numa perda de 64 Kg de cana para cada milímetro de deficiência hídrica. No entanto, observa-se que há uma variação na produtividade, dado que, a diferença de produtividade do tratamento L (428 mm de déficit hídrico) e a irrigada com 1% da ETo (L4) (8 mm de déficit hídrico) foi de 26 t ha -1, perda de 76 Kg mm -1 e a redução de produtividade entre o tratamento irrigado com 75% da ETo (L3) (129 mm de déficit hídrico) e a irrigada com 125% da ETo (L5) (62 mm de déficit hídrico) foi de,2 t ha -1, ou seja, perda de 3 Kg mm -1, Figura 2. 18 45 15 16 4 145 Produtividade (t ha -1 ) 14 12 1 8 6 4 35 3 25 2 15 1 Deficit hídrico (mm) 14 135 13 125 12 115 ETr (mm)) 2 5 11 L L1 L2 L3 L4 L5 L6 Lâminas Produtividade Deficit ETr 15 Figura 2. Produtividade agrícola da cana-de-açúcar, primeira-soca, em função do (déficit hídrico) e da (ETr), na Região de Rio Largo, AL, na safra 21/211. CONCLUSÃO: Os canaviais cultivados em regime de sequeiro reduziram em média o rendimento agrícola em 22%, o que correspondeu a 32 t ha -1 a menos que no tratamento irrigado com 15% da ETo. A redução média da produtividade agrícola da cana-de-açúcar foi de 71 Kg de colmos por milímetro de déficit hídrico.

REFERÊRCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ABREU, M. L. TEODORO, I.; LYRA, G. B.; FERREIRA JUNIOR, R. A.; RAMOS, R. P.; DANTAS NETO, G.; HOLANDA, L. A.; SILVA, M. A. Balanço hídrico, crescimento e produtividade de cana-de-açúcar em Alagoas. p 3, 29. ABREU, M. L.; SILVA, M. A.; TEODORO, I.; HOLANDA, L. A.; SAMPAIO NETO, G. D. Crescimento e produtividade de cana-de-açúcar em função da disponibilidade hídrica dos Tabuleiros Costeiros de Alagoas. Bragantia, Campinas, v.72, n.3, p.262-27, 213. CARVALHO, O.M: Classificação e caracterização físico-hídrica de solos de Riolargo,cultivados com cana-de-açúcar. 23. 74p. (Dissertação mestrado em agronomia) Rio Largo: Universidade Federal de Alagoas, 23. DOOREMBOS, J.; KASSAN, A. H. Las necessidades de água de los cultivos. Estudios FAO: Yield response towater, paper 33. Roma: FAO, 1979. 193p. HOLANDA L. A.; Produtividade, índices de crescimento e eficiência no uso da água de irrigação em cana-de-açúcar, 24 p. UFAL, 21. Park, S. E.; Robertson, M.; Inman-Bamber, N. G. Decline in thegrowth of a sugarcane crop with age under high inputconditions. Field Crops Research, v. 92, p.35-32, 25. SAMPAIO NETO, G. D. Balanço hídrico e produtividade de variedades de cana-de-açúcar. Rio Largo-AL, p. 34, 21. SANTOS, M. A. L. Análise de crescimento e produtividade de genótipos rb de cana-de-açúcar em cultivo de sequeiro na região de Rio Largo-AL, p. 32, 213. SOUZA, J. L.; MOURA FILHO, G.; LYRA, R. F. F.; TEODORO, I.; SANTOS, E. A.; SILVA, J. L.; SILVA, P. R. T.; CARDIM, A. H.; AMORIM, E. C. Análise da precipitação pluvial e temperatura do ar na região do Tabuleiro Costeiro de Maceió, AL, período 1972-21. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa ia, v.12, n.1, p. 131-141, 24. Tejera, N. A.; Rodés, R.; Ortega, E.; Campos, R.; Lluch, C.Comparative analysis of physiological characteristics and yield components in sugarcane cultivars. Field Crops Research, v.12, p.64-72, 27. TEODORO, I.; BRITO, K. S.; SANTOS, M. A. L.; CANTARELLI, A. L. D.; DUARTE, L. R. Redução da produtividade agrícola da cana-de-açúcar em função do déficit hídrico. p. 3, 213.