QUEIJO MINAS ARTESANAL DA SERRA DA CANASTRA: INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA MATURAÇÃO.

Documentos relacionados
ADEQUAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO MINAS ARTESANAL PRODUZIDO NA REGIÃO DE UBERLÂNDIA-MG

COMPARAÇÃO DOS ÍNDICES DE PROTEÓLISE DE QUEIJOS ARTESANAIS DAS REGIÕES DO CERRADO E ARAXÁ

Aspectos físico-químicos e microbiológicos do queijo Canastra durante a maturação em duas épocas do ano

ANÁLISE DO TEMPO DE MATURAÇÃO NA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO SERRANO

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Maturação do queijo Minas artesanal da região de Araxá e contagem de Staphylococcus aureus

AVALIAÇÃO DO PERFIL DE DOMINÂNCIA DE SABORES DE QUEIJOS MINAS ARTESANAIS PRODUZIDOS NA MICRORREGIÃO DE ARAXÁ

Análise descritiva qualitativa modificada do queijo artesanal da Serra da Canastra tratado com resina alimentar em dois períodos do ano

AVALIAÇÃO DO TEMPO DE COZIMENTO DA MASSA DE QUEIJO SOBRE A UMIDADE DE QUEIJO PRATO DURANTE A MATURAÇÃO

Avaliação de diferentes formas de aplicação de resina na casca do queijo Canastra e seus efeitos durante a maturação

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DE IOGURTE GREGO PRODUZIDO POR UMA AGROINDÚSTRIA DO MUNICÍPIO DE GUARANI, MG.

CARACTERISTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DE QUEIJO MINAS DO SERRO COM DIFERENTES PERÍODOS DE MATURAÇÃO

QUALIDADE E INOCUIDADE DO QUEIJO ARTESANAL SERRANO EM SANTA CATARINA

DIFERENÇAS SAZONAIS NO FERMENTO ENDÓGENO UTILIZADO NA PRODUÇÃO DO QUEIJO MINAS ARTESANAL, FABRICADO NA SERRA DA CANASTRA, MINAS GERAIS

Palavras-chave: Análise de água. Qualidade da água. Queijo Canastra.

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS COMERCIALIZADOS NAS FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE UNAÍ, MG, BRASIL

QUANTIFICAÇÃO DE LEVEDURAS EM AMOSTRAS DE QUEIJOS COLONIAIS PRODUZIDOS PELA AGOINDUSTRIA FAMILIAR DA REGIÃO DE TEUTÔNIA - RIO GRANDE DO SUL - BRASIL

DETERMINAÇÃO DOS TEORES DE UMIDADE E CINZAS DE PEIXE SALGADO-SECO COMERCIALIZADO NA ZONA OESTE DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO RJ

PERFIL FISICO-QUIMICA DO QUEIJO DE COALHO ARTESANAL DO SERTÃO DA PARAIBA, NORDESTE, BRASIL.

PERFIL MICROBIOLÓGICO DE AMOSTRAS DE LEITE PASTEURIZADO DE ACORDO COM AS ESPECIFICAÇÕES MUNICIPAIS (SIM) E ESTADUAIS (IMA)

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE MANTEIGAS COMERCIALIZADAS EM VIÇOSA (MG) 1. Introdução

APLICAÇÃO DE RESINA EM QUEIJO MINAS ARTESANAL PARA VALORIZAÇÃO DO PRODUTO

EFEITO DA ADIÇÃO DO FERMENTO NATURAL SOBRE A CONTAGEM DE BACTÉRIAS LÁTICAS EM QUEIJO MINAS ARTESANAL DO SERRO

AVALIAÇÃO FISICO-QUIMICA DO QUEIJO COALHO ARTESANAL E INDUSTRIAL FABRICADO EM SALGUEIRO PE. Apresentação: Pôster

PERFIL E PERCEPÇÕES DOS PRODUTORES RURAIS DE QUEIJO MINAS ARTESANAL NA MICRORREGIÃO DO CAMPO DAS VERTENTES

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO QUEIJO MINAS ARTESANAL DA CANASTRA

DETERMINAÇÃO DA UMIDADE E VERIFICAÇÃO DA VIDA DE PRATELEIRA DE QUEIJO MINAS ARTESANAL FRESCAL

PARÂMETROS DE QUALIDADE DA POLPA DE LARANJA

Implantação do Kit Embrapa de Ordenha Manual em Comunidades Rurais Produtoras de Queijo Minas Artesanal na Região da Serra da Canastra

CRITÉRIOS MICROBIOLÓGICOS PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE ALIMENTOS. Denise Hentges

Elaboração de bebida láctea pasteurizada à base de soro de queijo de coalho

ROTULAGEM NUTRICIONAL DO QUEIJO DE COALHO DE COMERCIALIZADO NO ESTADO DE PERNAMBUCO. Apresentação: Pôster

PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS DO LEITE E DO QUEIJO ARTESANAL SERRANO DOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA-RS EM TRÊS PERÍODOS DE MATURAÇÃO

Avaliação sensorial de requeijão cremoso de diferentes marcas comerciais

INSTRUÇÃO NORMATIVA MAPA Nº 30, DE

INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DO LEITE CRU REFRIGERADO NO RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO DO QUEIJO MINAS FRESCAL¹

ANÁLISE SENSORIAL DE QUEIJO MINAS FRESCAL ADICIONADO DE CONDIMENTO PREPARADO 1

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA PARA UMA PEQUENA FÁBRICA DE QUEIJOS TIPO FRESCAL 1INTRODUÇÃO

INFLUÊNCIA DO TIPO DE FERMENTO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE QUEIJO MINAS ARTESANAL DO SERRO MINAS GERAIS, MATURADO EM CONDIÇÕES CONTROLADAS

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, MICROBIOLÓGICA E MICROSCÓPICA DO QUEIJO ARTESANAL COMERCIALIZADO EM RIO PARANAÍBA-MG

Introdução. Graduando do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 3

Roberta Ribeiro da Cruz Cangussu. Estudo do tempo mínimo de maturação para segurança do queijo Minas artesanal da Serra Geral

¹ Parte do Trabalho de Conclusão de Curso do primeiro autor; 2

Qualidade microbiológica da água de queijarias da microrregião Campo das Vertentes

Art. 2º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE QUEIJO MINAS ARTESANAL EM COMUNIDADES RURAIS DE MINAS GERAIS

Art. 3º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE QUEIJO AZUL

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS FRESCAL PRODUZIDOS POR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA E REGIÃO

CONSTRUÇÃO COLABORATIVA DE SABERES NA PRODUÇÃO DE QUEIJO COLONIAL

Análise da qualidade no processo produtivo de leite pasteurizado do tipo C em um laticínio de pequeno porte

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DO QUEIJO ARTESANAL PRODUZIDO NA MICRORREGIÃO DE MONTES CLAROS MG

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM QUEIJO MINAS FRESCAL¹

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO USO DE DIFERENTES TIPOS DE TRANSFERIDORES DE LEITE SOBRE A QUALIDADE SENSORIAL DO QUEIJO MINAS ARTESANAL CANASTRA.

ATIVIDADE DAS ENZIMAS FOSFATASE E PEROXIDASE COMO INSTRUMENTO DE VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA DA PASTEURIZAÇÃO LENTA DE LEITE PREVIAMENTE ENVASADO

PORTARIA Nº 207, DE 31 DE JULHO DE 2014.

WALLAS MIRANDA FERRAZ QUEIJO MINAS ARTESANAL DA SERRA DA CANASTRA: INFLUÊNCIA DO AMBIENTE SOBRE A MATURAÇÃO

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE SALAME

ELABORAÇÃO DE BEBIDA LÁCTEA ACIDIFICADA

PORTARIA Nº 207, DE 31 DE JULHO DE 2014.

INSPEÇÃO DE QUEIJO 22/06/2011 REGULAMENTO DA INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL RIISPOA

AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE TÉCNICA DO EMPREGO DE RESINA PARA TRATAMENTO DA CASCA DE QUEIJOS ARTESANAIS DA CANASTRA 1

ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE QUEIJOS FUNCIONAIS

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE FORMIGA - UNIFOR-MG CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA IHÚNA LUANA SILVA CARVALHO

TEORES DE GORDURA E PROTEÍNA DO LEITE CRU REFRIGERADO INDIVIDUAL E COMUNITÁRIO DE PROPRIEDADES RURAIS DO VALE DO RIO DOCE (MG) 1

ANÁLISE DA QUALIDADE DO LEITE BOVINO EM DIFERENTES ESTAÇÕES DO ANO EM UM LATICÍNIO NO MUNICÍPIO DE RIO POMBA-MG

Programa Analítico de Disciplina TAL414 Microbiologia do Leite e Derivados

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 26, DE 12 DE JUNHO DE 2007 (*)

Avaliação da qualidade microbiológica do queijo-de-minas artesanal do Serro-MG

ACEITAÇÃO E PREFERÊNCIA DE DERIVADOS LÁCTEOS POR ESTUDANTES DA UNIVIÇOSA/ESUV (MG) 1. Introdução

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DO ANO NA MATURAÇÃO DE QUEIJO MINAS ARTESANAL DO SERRO

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO COLONIAL PRODUZIDO NA CIDADE DE TRÊS PASSOS, RS

Lima, K. O de 1, Morais, A. B. 2, Ximenes, G. N. C. 2, Honorato, F. A. 2, Andrade, S. A. C. 2 e Cortez, N. M. S. 2

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO ARTESANAL SERRANO.

Vigilância Sanitária Estadual Vigilância Sanitária Municipal Laboratório de Saúde Pública

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE DA UNIDADE DIDÁTICA DE BOVINOCULTURA LEITEIRA DA UNICENTRO

ATIVIDADE ANTAGONISTA DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DE LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA, MG

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO GABINETE DO MINISTRO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 23, DE 30 DE AGOSTO DE 2012

ANÁLISE SANITÁRIA E FÍSICO-QUÍMICA E ADEQUAÇÃO BACTERIOLÓGICA DO QUEIJO MINAS ARTESANAL PRODUZIDO EM DUAS PROPRIEDADES

MICROBIOLOGIA DO QUEIJO ARTESANAL PRODUZIDO NA REGIÃO DE ÉVORA MICROBIOLOGY OF THE ARTISANAL CHEESE PRODUCED IN THE REGION OF ÉVORA

Considerando a Resolução MERCOSUL GMC, nº 83/96, que aprovou o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Queijo Prato;

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE PROBIÓTICA DE BACTÉRIAS ÁCIDO LÁTICAS ISOLADAS DE QUEIJO MINAS ARTESANAL DA REGIÃO DE ARAXÁ-MG

QUANTIFICAÇÃO DE Staphylococcus sp. NO PROCESSAMENTO DO QUEIJO COLONIAL PRODUZIDO EM AGROINDÚSTRIA FAMILIAR DO RIO GRANDE DO SUL - BRASIL.

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO TIPO COLONIAL PRODUZIDO A PARTIR DE LEITE CRU E PASTEURIZADO

REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DO SALAME TIPO MILANO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO TRIÂNGULO MINEIRO

ANEXO REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DE NATA

DESENVOLVIMENTO DE EMBALAGEM ATIVA PARA QUEIJO MINAS FRESCAL

USO DE SORO DE QUEIJO NA FORMULAÇÃO DE DOCE DE LEITE PASTOSO EM SUBSTITUIÇÃO AO LEITE

MATURAÇÃO DO QUEIJO MINAS ARTESANAL DA MICRORREGIÃO CAMPO DAS VERTENTES E OS EFEITOS DOS PERÍODOS SECO E CHUVOSO

Avaliação de parâmetros de qualidade de doce em massa e das matérias primas utilizadas na formulação

Carolina Campos Cabrini. Influência do fermento natural sobre as características. microbiológicas, físico-químicas e perfil de textura do queijo

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM POLPAS DE FRUTA CONGELADA

AVALIAÇÃO DE RÓTULOS DE DIFERENTES MARCAS DE LEITE EM PÓ INTEGRAL COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE GARANHUNS - PE. Apresentação: Pôster

ENUMERAÇÃO DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DE LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA, MG

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE REFRIGERANTE SABOR ABACAXI (ANANÁS COMOSUS) COM HORTELÃ (MENTHA X VILLOSA)

PADRONIZAÇÃO DE MÉTODOS NA FABRICAÇÃO DE QUEIJO MINAS ARTESANAL (CANASTRA) (1)

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS FARINHAS DE MESA TIPO SECA COMERCIALIZADAS EM BELÉM PARÁ

ANÁLISE DE PRESENÇA DE Staphylococcus aureus EM QUEIJOS ARTESANAIS, COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE APUCARANA- PR

Transcrição:

QUEIJO MINAS ARTESANAL DA SERRA DA CANASTRA: INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA MATURAÇÃO. W.M. Ferraz 1, I.F. Gonçalves 1, M. L. F. Freitas 1, I.C. Soares 1, M. T. A. Franco 1, J.M. Martins 1 1 Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba CEP: 36180-000 Rio Pomba Minas Gerais MG Brasil, Telefone: (32) 3571-5700 Fax: (32)3571-5710 e-mail: jose.manoel@ifsudestemg.edu.br. RESUMO O queijo Minas artesanal é um produto típico fabricado em Minas Gerais e apreciado por muitos consumidores do país. A segurança alimentar deste tradicional produto é de vital importância para garantir os avanços conseguidos nos últimos anos. Em meados de 2013 foram construídos em Minas Gerais dois Centros de Qualidade a fim proporcionar aos produtores um local para maturação do produto. O presente estudo comparou as características físico-químicas e microbiológicas de queijo Minas artesanal submetido à maturação no Centro de Qualidade de Medeiros região da Serra da Canastra e nas propriedades de origem. O estudo acompanhou amostras pertencentes ao mesmo lote de fabricação de 5 produtores cadastrados. Foi verificado que as amostras maturadas no Centro de qualidade atingiram os padrões exigidos pela legislação após 17 dias de maturação. PALAVRAS-CHAVE: queijo artesanal; queijaria; centro de qualidade. ABSTRACT The artisanal Minas cheese is a typical product made in Minas Gerais and enjoyed by many of the country's consumers. The food security of this traditional product is of vital importance to ensure the progress made in recent years. In mid-2013 it was built in Minas Gerais two quality centers to provide farmers a place to maturation of the product. This study compared the physicochemical and microbiological characteristics of artisanal Minas cheese submitted to maturing in Medeiros quality center Serra da Canastra region and the source properties. The study followed samples belonging to the same production batch of 5 registered producers. It was found that the aged samples in Quality Center reached the standards required by law after 17 days of maturation. KEYWORDS: artisanal cheese; cheese factory; quality center. 1. INTRODUÇÃO O Queijo Minas Artesanal (QMA) é um produto típico fabricado de forma artesanal por muitas famílias no estado de Minas Gerais, a partir de leite cru adicionado do pingo e de coalho. Este produto vem passando por transformações importantes nos últimos anos, respaldados por legislações estaduais (MINAS GERAIS, 2002; MINAS GERAIS, 2006; MINAS GERAIS, 2008) e federais (BRASIL, 2000; BRASIL, 2013) que objetivam a segurança alimentar e a sua padronização. Martins et al. (2015) e Dores (2007) realizaram estudos pioneiros em QMA s fabricados nas regiões do Serro e Canastra respectivamente, indicando que a maturação à temperatura ambiente conseguia sim reduzir, a níveis aceitáveis, a contagem de contaminantes nos queijos, em um tempo inferior ao exigido por lei, atendendo com maior rapidez às exigências. Com base nestes trabalhos a Portaria nº 1305 (MINAS GERAIS, 2013), definiu período mínimo de maturação de QMA em 17 dias

para QMA fabricado na região do Serro e 22 dias para QMA fabricado na região da Canastra e demais regiões reconhecidas como tradicionais produtoras. Dentro deste contexto, foram construídos em 2013, no estado de Minas Gerais, dois centros de qualidade de QMA, sendo um localizado no município de Medeiros (região da Serra da Canastra), e outro no município de Rio Paranaíba (região do Cerrado). O Centro de Qualidade do QMA de Medeiros possui capacidade para maturar aproximadamente 9.000 kg de queijos por mês. Ele recebe, classifica, matura, rotula e expede em média 3,5 toneladas de queijos por mês. O produto permanece armazenado por um período mínimo de 3 semanas antes de ir para o mercado, sendo manuseado por profissionais treinados em boas práticas de manipulação. O presente estudo foi desenvolvido a fim de se verificar a influência do local de maturação (propriedade onde o queijo foi elaborado e Centro de Qualidade) nas características físico-químicas e microbiológicas do QMA da região da Canastra. Buscou-se ainda verificar se o tempo de maturação seria suficiente para garantir a segurança alimentar do produto. 2. MATERIAL E MÉTODOS Foram coletadas amostras dos cinco produtores de QMA que submetem seus produtos ao Centro de Qualidade do município de Medeiros. Foram separadas 9 amostras (devidamente identificadas com o código aleatório de 3 dígitos) de um mesmo lote de fabricação em cada produtor avaliado. Imediatamente após o término da fabricação, 1 amostra de cada produtor foi coletada para análises físico-químicas e microbiológicas no tempo 1 (1 dia de fabricação). As 8 amostras restantes de cada produtor foram separadas em dois grupos de 4 amostras, das quais 4 foram maturadas na própria propriedade de origem e as outras 4 levadas ao Centro de Qualidade a fim de se promover a maturação. Estas amostras foram coletadas diretamente nas propriedades e no Centro de Qualidade de Medeiros nos tempos 8, 14, 21 e 28 dias de maturação e devidamente transportadas ao Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba, para a realização das análises. As análises físico-químicas realizadas foram: proteína, umidade, gordura, cloretos, Aw e ph (BRASIL, 2006). As análises microbiológicas de coliformes a 30 o C, coliformes a 45ºC, salmonella sp e listeria monocytogenes foram realizadas conforme Brasil (2003). A contagem de Staphylococcus aureus foi realizada pelo método rápido Petrifilm 3M (AOAC 2003.11 Staphy Express Count Sistem), de acordo com metodologia indicada pelo fornecedor. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1 estão presentes os resultados médios encontrados nas análises físico-químicas das amostras de QMA maturados em Centro de Qualidade e nas propriedades de origem onde os queijos foram fabricados, nos tempos 1, 8, 14, 21 e 28 dias de maturação. A média do teor de proteína das amostras após 28 dias de maturação no Centro de Qualidade foi de 29,6%. Já o teor médio das amostras maturadas na propriedade após 28 dias de maturação foi de 28,7%. Tais resultados encontram-se próximos da média dos valores encontrados por Dores (2007), que analisando QMA da região da Canastra, obteve médias de 29,33% (período da seca) e 32,3% (período chuvoso) no teor de proteína em amostras com 29 dias de maturação.

5. AGRADECIMENTOS À FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. À Associação dos Produtores de Queijo Canastra de Medeiros, MG (APROCAME). Ao Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais Campus Rio Pomba. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, R. A. B. M. Diagnóstico socioeconômico, cultural e avaliação dos parâmetros físico-químicos e microbiológicos do queijo Minas artesanal da região de Araxá. 2004. 148 p. (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2004. BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa nº 30, de 30 de agosto de 2013. Permite que os queijos artesanais tradicionalmente elaborados a partir de leite cru sejam maturados por um período inferior a 60 (sessenta) dias, quando estudos técnico-científicos comprovarem que a redução do período de maturação não compromete a qualidade e a inocuidade do produto. Brasília, 30 de agosto de 2013. BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Instrução normativa nº 68, de 12 de dezembro de 2006. Métodos Analíticos Oficiais Físico-Químicos, para Controle de Leite e Produtos Lácteos. Brasília, 2006. BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Instrução n 62, 26 de agosto de 2003. Métodos analíticos oficiais para análises microbiológicos para controle de produtos de origem animal e água. Diário Oficial da republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18 set, 2003. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Resolução nº 07, de 28 de novembro de 2000. Anexo I: Critérios de Funcionamento e de Controle da Produção de Queijarias, para Seu Relacionamento Junto ao Serviço de Inspeção Federal. Brasília, 2000. CARDOSO, V. M.; DIAS, R.S.; SOARES, B.M.; CLEMENTINO, L.A.; ARAÚJO, C.P.; ROSA, C.A.. The influence of ripening period length and season on the microbiological parameters of a traditional Brazilian cheese. Braz. J. Microbiol. São Paulo, v. 44, n.3, p.743-749, Set. 2013. COSTA, H.H.S.; SOUZA, M.R.; ACÚRCIO, L.B.; CUNHA, A.F.; RESENDE, M.F.S.; NUNES, Á. C. Potencial probiótico in vitro de bactérias ácido-láticas isoladas de queijo-de-minas artesanal da Serra da Canastra, MG. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. Belo Horizonte. V. 65, n. 6, p. 1858-1866, Dec. 2013. COSTA JÚNIOR, L. C. G.; COSTA, R.G.B.; MAGALHÃES, F.A.R.;VARGAS, P.I.R.; FERNANDES, A.J.M.; PEREIRA, A.S. Variações na composição de queijo Minas artesanal da

Serra da Canastra nas quatro estações do ano. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, [S.l.], v. 64, n. 371, p. 13-20, dez. 2013. DORES, M.T. Queijos artesanais da Canastra maturado a temperatura ambiente e sob refrigeração. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Viçosa, MG: UFV, 2007. 106p. FOX, P. F. Proteolysis during cheese manufacture and ripening. Journal of Dairy Science, v. 72, n. 6, p. 1379-1400, 1989. FURTADO, M. M. A arte e a ciência do queijo. 2ª ed. São Paulo: Globo, 295p. 1991. MARTINS, J. M.; GALINARI, E.; PIMENTEL FILHO, N. J. RIBEIRO JR, J. I.; FURTADO, M. M.; FERREIRA, C. L. L. F. Determining the minimum ripening time at room temperature and under refrigeration of Minas artisanal cheese, a traditional Brazilian cheese. Brazilian Journal of Microbiology. 46, 1 (2015). ISSN 1678-4405. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s1517-838246120131003. MINAS GERAIS. Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Portaria nº 1.305. Estabelece diretrizes para a produção do queijo Minas artesanal. Belo Horizonte, 30 de abril de 2013. MINAS GERAIS. Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Decreto nº 44.864, de 1º de agosto de 2008. Altera o Regulamento da Lei nº 14.185, de 31 de janeiro de 2002, que dispõe sobre o processo de produção de Queijo Minas Artesanal. Belo Horizonte, 01 de agosto de 2008. MINAS GERAIS. Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Portaria nº 818, de 12 de dezembro de 2006. Baixa o regulamento técnico de produção do queijo Minas artesanal e dá outras providências. Belo Horizonte, 12 de dezembro de 2006. MINAS GERAIS. Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Decreto nº 42.645, de 05 de junho de 2002. Aprova o regulamento da lei nº 14.185, de 31 janeiro de 2002, que dispõe sobre o processo de produção de queijo Minas artesanal. Belo Horizonte, 2002. PINTO, M. S.; MARTINS, J. M.; ARAÚJO, R. A. B. M.; SILVA, M. C. C.; FERREIRA, C. L. L. F. Queijo Minas Artesanal da região do Serro: Avaliação de Staphylococcus aureus e suas enteroxinas. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes. Juiz de Fora, v. 59, n. 336, 2004. Resende, M.F.S. Queijo Minas artesanal da Serra da Canastra: influência da altitude e do nível de cadastramento das queijarias nas características físico-químicas e microbiológicas. 2010. 72 p. Dissertação Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. SILVA. J. G. Características físicas, físico-químicas e sensoriais do queijo Minas artesanais da Canastra. 2007. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2007. SOARES, D. B. Caracterização físico-química e microbiológica do queijo minas artesanal da região de Uberlândia-MG. 2014, 124f. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias). Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia.