Lançamento do Centro Tecnológico - Praia, 25 de Março de 2010 Discurso de sua Excelência, o Primeiro Ministro, José Maria Neves Senhoras Ministras; Senhores Ministros; Senhor Presidente da Câmara Municipal da Praia; Senhor Embaixador da Republica Popular da China; Senhor Coordenador Geral do NOSI; Senhoras embaixadoras e senhores embaixadores, Representantes dos organismos internacionais, Senhores representantes da HAWEI; Caros convidados; Minhas senhoras e meus senhores. Neste mundo globalizado temos que ser inteligentes para podermos encontrar o nosso espaço na economia do mundo. Quando em 2006 visitei, em Pequim, a sede da HAWEI, descobri que havia grandes potencialidades no desenvolvimento de uma cooperação frutífera no domínio das tecnologias de informação e de comunicação. Horas antes tivera um encontro com sua excelência o Sr. Primeiro Ministro da China, e discutíramos a necessidade de reforçarmos as relações de cooperação, maxime na área económico-empresarial, procurando atingir novos patamares que nos pudessem conduzir ao futuro. E na sede da HAWEI descobri os caminhos que poderiam levar-nos a este futuro de um relacionamento mais forte, um relacionamento que pudesse contribuir para que Cabo Verde e a China atingissem os tais novos patamares de cooperação.
2 E hoje, com esta cerimónia, estamos a selar efectivamente o compromisso então estabelecido, no sentido de trazer a HAWEI para Cabo Verde e de desenvolvermos na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) Uma relação que pudesse contribuir fortemente para a competitividade da economia cabo-verdiana. Hodiernamente, o conhecimento é o recurso estratégico. Esta é a razão porque elegemos a educação, a investigação, a informação e a comunicação como prioridades nacionais, já que estão na base da criação do conhecimento, do espírito empreendedor, da riqueza e do progresso das nações. Assim, seguimos apostados no desenvolvimento da sociedade de informação que elege as TIC como um instrumento potente de incremento da produtividade, de estímulo ao crescimento económico, de geração de emprego e da empregabilidade e da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Tenho vindo a insistir sistematicamente na imperiosa necessidade de construirmos a competitividade global da economia cabo-verdiana. A minha insistência no assunto deriva-se do facto de que, hoje em dia, quem não for competitivo não sobrevive. Temos, pois, de nos prepararmos. E uma forma poderosa de nos prepararmos reside no desenvolvimento das TIC, da Investigação e Desenvolvimento (I&D) e da inovação e na sua penetração nos processos de trabalho, na modernização e impulsionamento da produtividade, bem como na reforma e modernização do Estado. Acredito que as TIC são também uma oportunidade para Cabo Verde desenvolver um sector económico próprio, explorando o potencial de negócios que daí pode emergir, com a criação de um sector empresarial para o mercado interno e internacional. O nosso objectivo estratégico é construir um sector específico das TIC com peso expressivo e vector de especialização e internacionalização da economia, ao lado do turismo, dos transportes, dos serviços financeiros, das energias renováveis, das indústrias culturais.
3 Realizar essa visão construir a competitividade nacional através das TIC, para irrigar e modernizar a economia e facilitar a eclosão de um sector económico moderno impõe uma estratégia articulada que deverá ser executada com inteligência ao longo do tempo. Assim, iremos prosseguir com medidas e investimentos para a criação de um ambiente favorecedor ao desenvolvimento das TIC, a promoção de investimentos produtivos, a melhoria da conectividade, a expansão da utilização das TIC na economia e a promoção de uma cultura digital na sociedade e nas empresas. Acredito que a aposta nas TIC só pode ter sucesso se criarmos uma frente nacional muito forte, através de um partenariado suportado por três pilares: a academia, o empreendedorismo e o Estado. A aposta passa igualmente por um reforço, sem precedentes, das capacidades nacionais, criando amplas possibilidades de aquisição de competências necessárias à sociedade de informação e economia do conhecimento. É este o alcance estratégico do programa Mundu Novu. Este programa propõe um quadro alargado de implementação das TIC a todos os níveis da educação, da formação e do desenvolvimento de recursos humanos. Mas o Programa Mundu Novu irá extravasar o simples impacto no sistema de ensino. A sua concretização trará externalidades positivas no desenvolvimento das pessoas e das suas competências, no fomento da competitividade, na criação de empresas e na geração de empregos, na redução das assimetrias sociais e da info-exclusão A educação permanente, a educação de adultos, a reconversão, a aprendizagem ao longo da vida, o ensino à distância, podem trazer uma contribuição essencial à empregabilidade e ajudar a tirar partido do potencial das TIC no emprego tradicional, no emprego independente e nas novas profissões.
4 É de suma importância que as universidades desenvolvam formações no domínio da informática, desde as formações profissionalizantes às pósgraduações, passando pelas licenciaturas. Da mesma forma que as universidades e instituições de ensino superior devem esforçar-se para criarem as condições pedagógicas necessárias à aprendizagem e ao domínio de tecnologias. O desenvolvimento durável e sustentável da sociedade de informação passa, também, pela criação de capacidades nacionais em matéria de pesquisa e desenvolvimento (I&D), particularmente no sector das TIC. Daí, repito, a importância do envolvimento profundo das Universidades. Constato com agrado que as Universidades nacionais, tanto a universidade pública como as privadas, já têm uma oferta formativa relativamente diversificada. Com isto quero dizer que começa a haver uma massa crítica de formandos nesta área e que vem acrescentar à capacidade já existente. A governação electrónica e integrada foi uma mola impulsionadora da sociedade de informação em Cabo Verde. Ela tem sido a principal ferramenta de modernização administrativa e da governação, tendo alavancado o surgimento de um novo conceito de prestação pública e uma nova geração de serviços públicos, voltados para a promoção do empreendedorismo e da cidadania, ao colocar os interesses do cidadão no foco do serviço público. A governação electrónica também tem contribuído para reduzir os custos de contexto e para a melhoria da competitividade, pela redução da burocracia e dos custos processuais. Os ganhos da governação electrónica são inquestionáveis e granjearam prestígio a nível interno e internacional. As TIC têm sido uma ferramenta fundamental da boa governação, questão que todos nós sabemos é de importância decisiva para Cabo Verde. Mas importa agora que tenham um forte efeito indutor no empreendedorismo e no desenvolvimento empresarial. O Centro Tecnológico, que hoje estamos a lançar, deve ser concebido como elemento integrador do desenvolvimento das TIC e para ser um espaço de
5 geração de novas dinâmicas nesse domínio. Neste Centro estarão presentes instituições de natureza e vocação variadas, entretendo entre si relações de cooperação e de complementaridade. É de se esperar que o espaço albergue actividades de investigação avançada e aplicada, desenvolvidas preferencialmente pelas universidades, bem como projectos de concepção e desenvolvimento de soluções informáticas aplicadas nos domínios estratégicos. Deve também velar pela rentabilização empresarial do conhecimento, através da interface entre empresas e estruturas de investigação ou através da própria incubação de iniciativas empresariais. Na verdade, o Centro Tecnológico será um local de encontro entre universidades, empresas, NOSI, global players como INTEL, Microsoft e outros, e o objectivo do governo é que ele venha a ser uma plataforma geradora e difusora do conhecimento na área das TIC. O lançamento do projecto que aqui e agora se faz, minhas senhoras e meus senhores, não é pois um acto desgarrado e avulso. A criação do Centro Tecnológico inscreve-se numa perspectiva estratégica. O que estamos aqui a fazer é lançar, de forma articulada e estratégica, as bases de um sector que será motor da nova economia de Cabo Verde. E assim o sonho de um ciberarquipélago vai-se construindo! Termino agradecendo o Governo da Republica Popular da China, a empresa HAWEI por toda a cooperação e felicito os técnicos nacionais do NOSI e da HAWEI por todo o trabalho até agora desenvolvido. Desejo muitos sucessos e penso que estamos a dar um passo gigantesco no sentido da construção do novo Cabo Verde dos nossos sonhos. Agradeço a Câmara da Praia pela parceria e pela disponibilização do terreno para a construção do Centro Tecnológico de Cabo Verde. Muito obrigado.