RELAÇÃO ENTRE AS CONCENTRAÇÕES DE UREIA NO LEITE E AS DIFERENTES ESTAÇÕES DO ANO Patrícia Gonçalves de Oliveira 1, Evillen Pablinny Pires Ribeiro 2, Allan Afonso Passos 3, Karyne Oliveira Coelho 4. 1 Zootecnia, PBIC/UEG - Programa de Bolsas de Iniciação Científica da UEG, Câmpus São Luís de Montes Belos, e-mail: patriciagoncalves_2009@hotmail.com; 2 Zootecnista; 3 Mestrando em Desenvolvimento Rural Sustentável, Universidade Estadual de Goiás, São Luís de Montes Belos, Goiás; 4 Docente Doutora, Orientadora, Universidade Estadual de Goiás, São Luís de Montes Belos, Goiás. INTRODUÇÃO A ureia é uma pequena molécula neutra que facilmente se dissemina entre as membranas. Sendo o leite produto da secreção da glândula mamaria, a ureia difunde-se para dentro ou para fora dela, se equilibrando com a ureia plasmática. Concentrações elevadas de nitrogênio proteico no leite determinam menor rendimento na indústria, no que diz respeito à produção de queijos, sendo que, parte da proteína verdadeira, (caseína e proteínas do soro), são substituídas pelo nitrogênio não proteico: ureia. As concentrações de nitrogênio ureico do sangue (BUM) são determinadas através das estimavas de nitrogênio ureico no leite (NUL), sendo um indicativo do teor de proteína da dieta Ferreira et al. (2006). O NUL pode ser uma importante ferramenta na determinação no ajuste da nutrição protéica de vacas em lactação, onde um rebanho que apresenta altos níveis de NUL indica que as vacas não estão utilizando a proteína eficientemente, excretando grande quantidade de nitrogênio no sangue. Do contrario baixos níveis de NUL indicam uso extremamente eficiente
da proteína dos alimentos ou a possibilidade de uma deficiência proteica (PERES, 2000). As concentrações médias, recomendadas nas literaturas estudadas, variam de 10 a 14mg/mL nas vacas Holandesas enquanto na raça Jersey o nível varia de 12 a 16mg/mL, no leite. Essa concentração do leite tem alta correlação com a concentração de NU no plasma do sangue. Destaca-se que altos índices de NUL no rebanho leiteiro são indicativos de excesso de amônia produzidos no rúmen; isso ocorre devido a má formulação da dieta, erro na estimativa do consumo ou incoerência entre os reais valores de proteína dos alimentos inseridos. A solução para o problema, portanto, pode se dar de diversas formas, mas todas elas passam por uma otimização do funcionamento do rúmen. De acordo com Chizzotti et al (2007) os aminoácidos absorvidos pelos ruminantes, em sua grande maioria, são provenientes da sintetização de proteína microbiana no rúmen. Sendo identificados altos níveis de NUL, nutricionistas acabam por reduzir a quantidade ou degradabilidade da proteína da dieta. Alguns optam pelo aumento de energia fermentescível, tendo em vista o crescimento bacteriano e estímulo ao melhor aproveitamento da proteína disponível, aumentando a produção de leite em consequência da possível redução dos índices de NUL Peres(2000). Eficiência reprodutiva como quanto a taxa de concepção podem ser reduzidos em até 20% quando detectados excessos acima de 19-20 mg/dl nos níveis de nitrogênio ureico no leite e sangue (CHIZZOTTI et al., 2007). De acordo, com Gaona (2002), os níveis de ureia aceitos como normais são valores entre 10 e 16 mg/dl no leite. Torrent (2000), por sua vez, afirma que os valores de ureia em leite de vacas com uma ingestão ótima de matéria seca enquadram-se tipicamente na faixa de 12-18 mg/dl. No entanto, tais parâmetros são utilizados e foram estabelecidos por países que possuem um sistema de produção diferenciado, quando comparado ao brasileiro, especialmente, quando se considera a dieta dos animais, portanto, torna-se oportuno um estudo que enfoque e determine o perfil de NUL no rebanho bovino, considerando as mudanças que ocorrem na alimentação dos animais, durantes as diferentes estações do ano.
OBJETIVO(S) ano. Descrever a relação entre as concentrações de ureia no leite nas diferentes estações do METODOLOGIA Amostras de 40 ml de leite cru refrigerado dos tanques de expansão foram coletadas assepticamente, totalizando 200 amostras ao longo de doze meses. As amostras foram transportadas sob refrigeração ao Laboratório de Qualidade do Leite da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG, para a verificação do perfil nitrogênio não proteico (ureia). A análise de ureia foi determinada utilizando-se o equipamento Chemspeck 150 da Bentley Instruments, por meio de um método enzimático e espectrofotométrico. Após obtenção dos resutados, os dados foram avaliados inicialmente para as características estatísticas descritivas e ajuste dos dados à distribuição do tipo normal e, posteriormente, foi utilizado à análise de variância e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 95% de probabilidade a fim de determinar há relação entre o período do ano e o perfil do NUL. Para a obtenção das análises estatísticas foi utilizado o programa BioEstat, versão 5.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em um primeiro momento, buscou-se observar o comportamento das amostras frente aos parâmetros estabelecidos na literatura, assim sendo, observou-se que a maioria das amostras, apresentaram valores de NUL entre, 6mg/dL - 14 mg/dl, com média de 8,36 mg/dl. Cita-se que a concentração de nitrogênio ureico relaciona-se diretamente com o aporte proteico da dieta, bem como com a relação energia: proteína (MEYER et al., 2012). Segundo Campos (2002) os teores médios ideais de NUL para produção de leite de qualidade e baixas perdas reprodutivas devem estar entre 11-16mg/dL, considerando os resultados obtidos, somente encontra-se dentro dos limites desejáveis, 30% dos animais avaliados. No entanto,
em acordo com Torrent (2000) e Meyer et al., (2012) em rebanhos brasileiros, o perfil para o NUL, pode variar de 6 a 14 md/dl, considerando tal padrão, cita-se que 75,4% dos resultados apresentaram-se de acordo com o preconizado pelos autores. Quanto a variação do NUL, quanto à época do ano, observa-se na Tabela 1, os dados médios observados no presente trabalho, foi considerado duas estações, verão e inverno. Tabela 1 Nitrogênio ureico no leite (NUL) nos períodos de inverno e versão Análise Verão Inverno NUL* (mg/dl) 8,25 a 6,71 b *Nitrogênio ureico no leite Observa-se que na Tabela 1, que os resultados do NUL foi superior no período do inverno, fato também relatado por Grazziotin et al., (2013) no entanto, estes autores encontraram valores superiores em rebanhos Holandeses e Jersey, demonstrou no verão o maior índice (31 mg/dl), seguido pelo inverno (20 mg/dl), primavera (18 mg/dl) e outono (13 mg/dl), respectivamente. Já na raça Jersey a avaliação do nitrogênio ureico do leite demonstrou o maior índice no inverno (33 mg/dl), seguido pelo verão (29 mg/dl), primavera (25 mg/dl), e outono (23 mg/dl). A concentração de nitrogênio uréico está relacionada diretamente com o aporte proteico da dieta, bem como com a relação energia: proteína (GRAZZIOTIN et al., 2013). Ressalta-se, que para uma correta utilização do NUL, devem-se considerar os fatores nutricionais e os nãos nutricionais, assim sendo, cita-se que a concentração de NUL, pode ser influenciada pelo número de dias em lactação, produção de leite, baixo consumo de matéria seca, pouca adaptação da microbiota ruminal e baixa capacidade absortiva do rúmen na fase inicial de lactação. Hojman et al. (2005), por exemplo, sugeriram que vacas primíparas (14,7mg/dL) apresentam concentrações maiores de NUL do que vacas multíparas (15,2mg/dL).
CONSIDERAÇÕES FINAIS As concentrações de NUL sofreram variações, de acordo com as estações do ano, sendo que no verão os índices foram superiores quando comparados aos observados no inverno. REFERÊNCIAS BENDELJA, D.; ANTUNAC, N.; MIKULEC, N. Urea concentration in sheep s milk. Mljekarstvo, v.59,n.1, p. 3-10, 2009. CHIZZOTTI, M.L. et al. Consumo, digestibilidade e excreção de uréia e derivados de purinas em vacas de diferentes níveis de produção de leite. Revista Brasileira de Zootecnia. v.36, n.1, ago. de 2006. p.138-146. FERREIRA, M. G.; SOUZA, L. T., PELEJA, L. CORASSIN, C. H., GRATÃO, P. R.; Ureia e Qualidade do Leite, Revista Ciêntifica Eletronica de Medicina Veterinaria, Publicação Cientifica da Faculdade de Medicina Veterinaria e Zootecnia de Garça/FAMED; Ano III, Numero 06, Jan. 2006. GAONA, R. C. Alguns indicadores metabólicos no leite para avaliar a relação nutrição: fertilidade. In: 29 Congresso Nacional de Medicina Veterinária. 29, 2002, Gramado, RS. Anais... Gramado: Conbravet, 2000. p.40-48. GRAZZIOTIN, S. Z. Qualidade, composição e nitrogênio ureico do leite de vacas das raças jersey e holandesa nas diferentes estações do ano. Disponível em: < https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/salaoconhecimento/article/viewfile/2031/1694>. Acesso em 20 de junh de 2015. MOLLER, S.; MATTHEW, C.; WILSON, G.F. Pasture protein and soluble carbohydrate levels in spring dairy pasture and association with cow performance. Proceedings of the
New Zealand Society of Animal Production, v.54, p.83-86, 1993. PERES, J. R.; Avaliação do Nitrogênio Uréico no Leite: Sintonia Fina na Nutrição; adaptado de Khon, R., Caution needed when interpreting MUNs. Hoards Dairyman, Jan. 25, 2000 Publicado em: www.milkpoint.com.br, acesso em 19 de fev. de 2014.