TRÂNSITO É VIDA: TRANSITANDO NA ESCOLA



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Transcrição:

1 TRÂNSITO É VIDA: TRANSITANDO NA ESCOLA Sonner Arfux de Figueiredo Prof. Me. da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Nova Andradina sarfux@uems.br Resumo: Constituído através de uma expectativa de aplicação da Matemática em sala de aula e educação de transito, o projeto sem questão se desenvolveu em duas escolas da Rede Estadual de Ensino nos anos de 2009 a 2012. Com objetivo de inserir conceitos de matemática principalmente a geometria e a estatística, a língua portuguesa, história e sociologia como também necessidade de a escola refletir e atuar conscientemente na educação de valores e atitudes em todas as áreas, garantindo que a perspectiva políticosocial se expresse no direcionamento do trabalho pedagógico. Sua base é o resgate da postura de cidadania no trânsito que envolve alunos e comunidade, utilizando-se de alternativas que mudem o comportamento dos indivíduos, resultando numa vivência harmônica, preventiva e defensiva no cotidiano nas ruas e estradas. Palavras-Chaves: Transversal, comportamento dos indivíduos, preservação da vida. Introdução A compreensão da realidade social e dos direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal, coletiva e ambiental, se fez presente no compromisso da construção da cidadania para uma prática educacional. Nessa perspectiva é que foram incorporadas como Temas Transversais as questões da Ética, da Pluralidade Cultural, do Meio Ambiente, da Saúde e da Orientação Sexual. Os Parâmetros Curriculares Nacionais elege a cidadania como eixo articulador da educação escolar que implica colocar-se explicitamente contra valores e práticas sociais que desrespeitem aqueles princípios, comprometendo-se com as perspectivas e decisões que os favoreçam. Isso se refere a valores, mas também a conhecimentos que permitam desenvolver as capacidades necessárias para a participação social efetiva. De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2008), 1 milhão de crianças entre 0 e 14 anos morrem em decorrência de acidentes todos os anos ao redor do mundo e cerca de 50 milhões ficam com seqüelas permanentes. No Brasil, os acidentes representam a principal causa de morte de crianças entre 0 e 14 anos. Segundo o Ministério

2 da Saúde, cerca de 6 mil crianças de até 14 anos morrem e mais de 150 mil são hospitalizados anualmente no país, representando R$63 milhões gastos na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Diante do exposto, a inclusão do tema trânsito aos temas transversais às áreas curriculares tornou-se indispensável, pois o trabalho permanente nas escolas provocará, indubitavelmente, mudanças de atitudes que contribuirão para garantir a segurança das crianças no espaço público. Sendo assim o projeto Trânsito é Vida: Transitando na Escola vem de contemplar o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) que elaboraram as Diretrizes Nacionais da Educação para o Trânsito no Ensino Fundamental, cuja finalidade, é trazer um conjunto de orientações capaz de nortear a prática pedagógica, voltada ao tema trânsito. Que favoreçam a análise e reflexão de comportamentos seguros no trânsito, e que contribuam efetivamente para o processo de implantação da educação para o trânsito na escola de forma permanente. Justificativa Com este propósito, o projeto desenvolvido em duas escolas estaduais de Nova Andradina, começou a ser desenvolvido na escola A no ano de 2009, na escola B no ano de 2010 e 2011 e retornou para a escola A no ano de 2012, em ambas as escolas com todos os alunos matriculados no matutino e vespertino. No início do projeto observamos a falta de cuidado dos alunos ao transitar pela escola, inclusive, ocasionando alguns incidentes, e ainda dificuldade paralelamente a essa problemática, verificamos a falta de socialização dos alunos em sala, além da dificuldade no contexto da leitura, escrita e a realidade. Surgiu então o tema trânsito como um tema transversal a ser trabalho durante o ano letivo na escola com o objetivo de compreender a importância do Trânsito como parte integrante do cotidiano das pessoas em relação a sua necessidade de locomoção, comunicação e, sobretudo, convívio social no espaço público. Buscamos, ainda, sensibilizar os educandos quanto a importância de agir com consciência e responsabilidade no ato de transitar tendo como respaldo a aquisição de valores, posturas e atitudes na conquista de um ambiente solidário e pacífico entre os indivíduos, uma vez que o trânsito

3 não necessita somente de leis e normas, mas também de amor à vida, solidariedade, respeito e amor ao próximo. Posto que a educação seja um instrumento primordial para minimizar as estatísticas negativas em relação à incidência de pessoas lesionadas ou mortas diariamente nas grandes cidades, a abordagem sobre o Trânsito necessita ser amplamente difundida nas escolas. O Projeto em questão se desenvolveu durante os respectivos anos letivos nas escolas em questão, o projeto levou aos estudantes e comunidade do bairro a identificar os locais críticos, a diagnosticar esses locais, a elaborar soluções de engenharia e projetos executivos para toda a vizinhança da escola, viabilizando a diminuição dos fatores de riscos para a população no geral. Proposta que foi discutida em sala de aula juntamente com os professores no desenvolvimento do tema transversal. É importante salientar que este projeto vem ao encontro dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (PCN) ao explicitarem que de acordo com a realidade de cada lugar, as escolas podem eleger, se quiserem além dos temas transversais estabelecidos temas locais para serem trabalhados. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais PCN (2001), trabalhar com o tema ética diz respeito às relações humanas presentes no interior e exterior da escola, posto que esta não é uma ilha isolada, ela ocupa um lugar importante nas diversas comunidades envolvendo as famílias dos alunos. A escola precisa estabelecer uma relação entre ética e trânsito estimulando, dessa maneira, a reflexão do aluno sobre sua conduta e a dos outros, a partir de valores e princípios que norteiam o cotidiano, tais como: respeito, diálogo, solidariedade e justiça. Fundamentação teórica Uma das preocupações do trabalho educativo além do processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos científicos historicamente acumulados pelos homens trata-se da formação para a cidadania. Essa preocupação encontra respaldo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e nos Parâmetros Curriculares Nacionais, sendo estes últimos, documentos de caráter não obrigatório.

4 As Diretrizes Curriculares Nacionais e a LDB 9394/96 dispõem que, para a formação da cidadania, torna-se necessário que as propostas pedagógicas nas diferentes escolas sejam complementadas por uma parte diversificada, além da base nacional comum. Essa parte diversificada visa a estabelecer relações entre a educação fundamental e a vida cidadã nos seus diversos aspectos como: a saúde, a sexualidade, o meio ambiente, a vida familiar e social, o trabalho, a ciência, a cultura e tecnologia e as linguagens, bem como outros assuntos que forem julgados pertinentes nas diferentes regiões brasileiras. Pensando na formação para a cidadania que a Secretaria da Educação apresentou os documentos PCN - Temas Transversais. Esses documentos propõem que sejam trabalhadas, em sala de aula, questões sociais de urgência para a população nas diferentes disciplinas curriculares, na busca por uma formação intelectual e social do indivíduo. Para o trabalho em sala de aula, Moraes (2002) defende uma nova articulação dos conteúdos específicos e dos Temas Transversais. Esses últimos devem ser os eixos estruturadores do currículo e as disciplinas que contêm os conteúdos específicos perpassarem os mesmos. Essa autora sugere ainda que os Temas Transversais sejam denominados como Temas Político-Sociais, pois: [...] em última instância são o caminho ideal para a politização de nossos alunos, indo além do discurso dos PCN, na consecução de uma sociedade igualitária. São eles que permitem a apropriação de conceitos, mudanças de atitudes e procedimentos onde cada aluno participará de forma autônoma na construção e melhorias da comunidade em que se insere. (MORAES, 2002, p.9). De acordo com Moraes (2002), essa mudança não é apenas uma alteração de nomenclatura, mas sim uma nova maneira de se trabalhar esses temas. O professor deve assumir uma nova postura frente ao trabalho com os mesmos, uma postura que envolva o aluno em uma reflexão crítica da realidade social brasileira, propiciando condições para que trabalhe em prol da construção de uma sociedade emancipadora para todos. A preocupação com a formação para a cidadania refletiu na forma de avaliar e selecionar os Livros Didáticos, que passaram a ser avaliados pelo MEC de forma mais detalhada, com critérios de avaliação da construção da mesma. A transversalidade refere-se à ação pedagógica que se propõe a trabalhar com temas, considerados relevantes, cujos conteúdos sobretudo atitudinais podem estar

5 relacionados a todas as disciplinas. Portanto, um tema transversal não é uma disciplina, ele transpassa as disciplinas, tendo como principais objetivos potencializar valores, fomentar comportamentos e desenvolver posturas e atitudes frente à realidade social. Os PCN esclarecem a proposta de transversalidade quando explanam sua diferença em relação à interdisciplinaridade: A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento produzidos por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre eles questiona a visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu. Refere-se, portanto, a uma relação entre disciplinas. A transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender na realidade e da realidade de conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade). (PCN, 2001) Sendo assim, os temas transversais têm por objetivo trazer à tona, em sala de aula, questões sociais que possibilitem a construção da democracia e da cidadania. É importante esclarecer que os temas transversais não são novas áreas ou disciplinas. Eles devem ser incorporados ao projeto pedagógico das escolas, por isso têm caráter de transversalidade, sendo parte integrante das áreas e não algo estanque. Os temas transversais entram no ensino das áreas para serem refletidos e analisados a partir de um trabalho compartilhado entre alunos e professores. O trânsito, compreendido de modo abrangente, pode ser inserido de forma transversal em todas as disciplinas, pois se trata de um tema inerente à realidade de todas as pessoas, em todos os tempos, em todos os lugares. Tomando-se como exemplo o caso do trânsito, vê-se que, embora esse seja um problema que atinge uma parcela significativa da população, é um tema que ganha significado principalmente nos centros urbanos, onde o trânsito tem sido fonte de intrincadas questões de natureza extremamente diversa. Pense-se, por exemplo, no direito ao transporte associado à qualidade de vida e à qualidade do meio ambiente; ou o desrespeito às regras de trânsito e a segurança de motoristas e pedestres (o trânsito brasileiro é um dos que, no mundo, causa maior número de mortes). Assim, visto de forma ampla, o tema trânsito remete à reflexão sobre as características de modos de vida e relações sociais.

6 Objetivos educacionais A inclusão do trânsito como tema transversal na educação tem como objetivos: I - priorizar a educação para a paz a partir de exemplos positivos que reflitam o exercício da ética e da cidadania no espaço público; II - desenvolver posturas e atitudes para a construção de um espaço público democrático e equitativo, por meio do trabalho sistemático e contínuo, durante toda a escolaridade, favorecendo o aprofundamento de questões relacionadas ao tema trânsito; III - superar o enfoque reducionista de que ações educativas voltadas ao tema trânsito sejam apenas para preparar o futuro condutor; desenvolvidas; hoje se apresenta; IV - envolver a família e a comunidade nas ações educativas de trânsito VI - contribuir para mudança do quadro de violência no trânsito brasileiro que VII - criar condições que favoreçam a observação e a exploração da cidade, a fim de que os alunos percebam-se como agentes transformadores do espaço onde vivem. Contexto e metodologia do Projeto Na ação estiveram envolvidas duas escolas da rede Estadual de Ensino do município de Nova Andradina que designaremos por Escola A e Escola B, a escola A situada em uma região central da cidade, esta escola recebeu o projeto por dois anos ano de 2009 e ano de 2012. Na escola B localizada em um bairro da mesma cidade recebeu o projeto nos anos de 2010, com estudantes Ensino Fundamental e do Ensino Médio totalizando em torno durante os 4 anos aproximadamente 4.000 alunos. Os alunos analisaram das principais placas e o modo de circulação do trânsito dentro da escola sempre com auxilio dos órgãos responsáveis: DETRAN/MS, Policia Militar, Policia Civil, Corpo de Bombeiros, Agência Regional de Trânsito de Nova Andradina, DENTRAM e o DETRAN Municipal, com a supervisão de Coordenadores e Professores das escolas em questão e dos acadêmicos do Curso de Matemática da UEMS. A equipe pedagógica das escolas reunira-se uma vez por mês na escola com o colaborador do Projeto pela UEMS da área de Exatas e da área de Humanas, reunião com a

7 participação dos acadêmicos envolvidos no projeto, esta reunião se realizou nos dias de atividades por área de conhecimento determinado pela Direção e Coordenação Pedagógica das escolas envolvidas. Nesta reunião foram discutidas e implementadas as ações juntamente com os professores de área de conhecimento da escola com o objetivo de diagnosticar os problemas e analisando a proposta que será apresentada por cada grupo de professor envolvido no projeto, visando à inserção do tema Trânsito nos conteúdos a serem abordados em sala de aula no intuito de se trabalhar à prevenção de acidentes de trânsito nas áreas urbanas. Paralelo a estas reuniões reunir-se-á os coordenadores de área com o coordenador geral do Projeto, com o objetivo de implementar as ações previstas no projeto durante todo o ano letivo escolar. O projeto foi desenvolvido ao longo de todo ano letivo, por todos os professores e demais funcionários da Escola, de forma interdisciplinar, procurando integrar o assunto em diversas situações de pesquisa e atividades que envolvam criatividade e participação efetiva dos alunos, educadores e comunidade escolar e finalizando com apresentações e ações na semana do Trânsito. Dessa forma, juntamente com a equipe pedagógica da Escola, utilizamos de uma gama enorme de estratégias para abordar a temática, e assim alcançar os objetivos. Como proposta de abordagem do tema, tralhamos com o professor de forma a realizar debates e discussões em classe enfocando assuntos diversos, como por exemplo: desobediência à sinalização; organização em sala de aula, no pátio, na calçada, na rua, no ônibus; comportamento no interior do veículo; comportamento das pessoas como motorista, ciclista, motociclista e pedestre; e consciência da realidade, da mudança, da política social e consciência cidadã. Outra atividade a ser trabalhada é a produções de textos, tais como: convivência entre as pessoas em sociedade; a vida e a sociedade em que vivemos; leitura e comentários da coleção de livros do cartunista Ziraldo; interpretação de textos jornalísticos que tratam o trânsito da cidade; análise de dados estatísticos sobre frota de veículos e número de acidentes; e estudo dos meios naturais construídos pelo homem, que fazem parte do contexto social dos alunos e ampliação da visão de mundo.

8 Informamos também que a equipe pedagógica da Escola teve liberdade para trabalhar este Projeto de forma a potencializar os resultados. Dessa forma, os professores usam os seus conhecimentos e usa vivência prática para adaptar conhecimentos e sugerir modificações, sempre buscando a formação plena dos alunos. Querendo enriquecer suas aulas e trabalhos, os professores poderão agendar palestras com profissionais ligados à segurança no trânsito, como por exemplo: dos órgãos responsáveis pelo trânsito, Corpo de Bombeiros, profissionais de saúde, e Polícia Militar. De forma interdisciplinar de forma que na matemática discutiu-se o conteúdo de tratamento de informações, lugar geométrico, área, espaço, figuras geométricas, com o cálculo das multas de transito abordou-se o conceito de número, porcentagem, etc. Em paralelo leitura de textos sobre trânsito, elaboração de redações e poesias com essa temática, interpretação de placas de trânsito com os seus significados, pesquisas dos fatos e noticias de acidentes causados no trânsito na cidade no laboratório de informática, bem como jogos educativos que envolviam o tema e jornais locais, em Física a abordagem voltada para o Ensino Médio, discutiu-se o estudo da velocidade dos veículos, do atrito que o veículo faz com o asfalto, direção dos ventos e os balões. A abordagem interdisciplinar também se fez com a disciplina de história e geografia ao abordar a história dos meios de transporte, sua origem e aspectos das profissões ligadas ao trânsito, o trânsito urbano, rural e nas grandes cidades, noção de espaço das vias urbanas e ciclovias, estudo de mapas de rodovias e estradas vicinais, conhecimento das leis que regulamenta e institucionalizam os espaços, estudo da altitude, latitude, longitude e coordenadas geográficas com ênfase nos transportes terrestres e em todas as disciplinas também se fez enfoques com relação a ciência e o meio ambiente. No encerramento do projeto nas escolas a disciplina de artes também esteve presente na composição de músicas e paródias, elaboração de dos semáforos, organização de teatros e dramatizações, desenhos de faixas educativas, recortes e confecção de meios de transportes com utilização de materiais recicláveis. Considerações finais

9 Cabe ressaltar que os assuntos foram abordados dentro da faixa etária de cada estudante, de forma, a não haver contradição e nem mal entendido por parte dos estudantes. O projeto já contemplou toda a comunidade do bairro e da cidade. O projeto, Trânsito é Vida Transitando na Escola, apresentou propostas à parceiros como: CIRETRAN, DEMTRAN e UEMS/NA com o intuito de que seja usado como modelo base do projeto que cada uma desenvolve por si só em todas as Unidades escolares do município. A escola é o melhor meio de divulgação dos fatores primordiais para que esforços em prol da segurança de trânsito, neste município, possam obter sucesso. Como Educadores, apesar de todo o esforço de manter a nossa conscientização é nosso dever de cidadãos, considerar que faço parte desta triste cadeia de acontecimentos. E, em qualquer acidente de trânsito, a vitima ou a vitima, já chega com um culpado de plantão: o outro. Mas, será que este outro é assim tão culpado? Quem será este outro? Referências Bibliográficas BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação, 1999. 360 p.. Código Nacional de Trânsito. Código de Trânsito Brasileiro: instituído pela Lei nº 9.503, de 23-9-97. Com as alterações na Lei nº 9.792, de 22-01-1998 e 9.792, de 14-04- 1999 - Brasília: DENATRAN, 2001.. Diretrizes Nacionais de Educação Para o Trânsito. Texto de Juciara Rodrigues; Ministério das Cidades, Departamento Nacional de Trânsito. Brasília, 2009.. O Caminho para a Escola. Cartilha educativa destinada a alunos de 1ª a 4ª série. Brasília. Ministério da Educação, 1988.. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº9.394. Brasília: MEC. 1996. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1998. MORAES, M. S. S. et al. Temas Político-Sociais/ Transversais na Educação Brasileira: o discurso visa à transformação social? Reflexões da disciplina Temas Transversais em Educação. 2002. Faculdade de Ciências. UNESP. Bauru. 2002.

10 RIZZARDO, Arnaldo. Comentários ao código de trânsito brasileiro. Editora Revista dos Tribunais, 1998. VASCONCELOS. Eduardo Alcântara. Transporte Urbano, espaço e equidade: análise das políticas públicas. São Paulo: Anhamblume, 2001.