O Espaço da Sustentabilidade na Formação e na Pesquisa em Administração

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Transcrição:

O Espaço da Sustentabilidade na Formação e na Pesquisa em Administração ALEXANDRE SETTE ABRANTES FIORAVANTE Universidade Estadual de Campinas alexandresettefioravante@gmail.com MAGNUS LUIZ EMMENDOERFER Universidade Federal de Viçosa magnus@ufv.br GUSTAVO BONIN GAVA Universidade Estadual de Campinas gugava123@gmail.com

O Espaço da Sustentabilidade na Formação e na Pesquisa em Administração Resumo O objetivo é analisar o potencial e o alcance do uso de Indicadores de Sustentabilidade enquanto instrumentos de monitoramento e avaliação para a formação e pesquisa em administração por meio da apresentação de um dos métodos de identificação do nível de sustentabilidade, denominado, Painel de Sustentabilidade. Espera-se assim estimular reflexões sobre a inserção do tema da sustentabilidade no ensino superior, especificamente na discussão sobre a inclusão do tema no ensino da administração, cujo alvo é a formação de líderes, administradores, gestores e tomadores de decisão, possibilitando desenvolver perspectivas futuras que vão além dos olhares econômicos, do lucro e da competitividade. Observou-se neste trabalho que o espaço da sustentabilidade na formação em administração, na educação superior formal, é ainda incipiente, e que a inserção da temática da sustentabilidade nas suas mais diversas dimensões na formação e na pesquisa em administração é essencial, haja vista, a necessidade cada vez maior de perfil para lidar com problemas oriundos de um ambiente cada vez mais globalizado. Em função disto, destaca-se que o método do Painel de Sustentabilidade pode representar uma ferramenta com potencial para contribuir na formação, nas pesquisas, e na extensão universitária na área de administração. Palavras chave: Sustentabilidade; Administração; Ensino e Pesquisa; Indicadores Abstract The Space of Sustainability in Education and Research in Administration The main objective of this article is to analyze the potentialities in using the Indicators of Sustainability as an tool that can helps to monitor and to evaluate in connection with the formation and researches in the Administration field by the presentation of one of the methods that aims to identify the level of sustainability, called as The Dashboard of Sustainability. In this sense its expect with this article, to stimulate and to promote reflexions about the insertion of this theme in the administrators superior formation, specially in what concerns the discussions about the insertion of this theme in the administration teaching, which aims to form managers, policy makers and decision takers, enabling to develop future perspectives which goes beyond the strict economic vision, guided by the profits and the competitivity. As result, it was observed that the space of sustainability in the administrators formation, in higher education, is still incipient and that the insertion of the sustainability theme in its various dimensions in the formation and management research is essential, once that we face the increasing need a profile that can be able to deal with problems arising from an increasingly globalized environment. Because of this, it is highlighted that the method of Dashboard of Sustainability may represent a tool with the potential to contribute to the education, in researches, and university extension in the administration area. Key Words: Sustainability, Administration, Teaching and Research, Indicators

1. INTRODUÇÃO Muito tem-se falado em ecologia, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, relação homem-natureza e relação empresa natureza. Estes assuntos estão tomando dimensões consideráveis, porque o ser humano está percebendo que a sua existência está sendo ameaçada pelo descontrole e abuso da exploração das fontes naturais de recursos. No final do século XX, os conceitos de desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade surgem articulando ideias que buscam reduzir os efeitos negativos do atual processo de produção, a partir da necessidade de uma nova concepção de desenvolvimento de forma equilibrada e equitativa, sem que sejam comprometidas as possibilidades das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Para Silva e Mendes (2005) os dilemas colocados pelo acúmulo de evidências empíricas sobre os limites do crescimento material em nível biosférico vêm mobilizando de forma gradativa a atenção de comunidades científicas, de tomadores de decisão e setores organizados da sociedade civil no mundo todo. Neste caminho Bittencourt (2006), ressalta que ao se pensar em desenvolvimento sustentável não se pode pensar apenas em cumprir as leis ambientais de um país, estado ou município, o tema é transdisciplinar e vai muito além da esfera ambiental, e por isso não é tão simples. Assim, a ideia de desenvolvimento sustentável deve ser entendida como a realização progressiva e equilibrada do desenvolvimento econômico sustentando, e ainda a melhoria da equidade social e da sustentabilidade ambiental (LUXEM e BRYLD, 1997). Segundo o Instituto Ethos (2002, p. 9), a sustentabilidade só pode ser alcançada por meio de um equilíbrio nas complexas relações atuais entre necessidades econômicas, ambientais e sociais que não comprometa o desenvolvimento futuro. Para tanto, os indicadores de desenvolvimento sustentável mostram-se como instrumentos essenciais para guiar e subsidiar o acompanhamento e a avaliação de um progresso voltado ao futuro, e também uma importante ferramenta que possibilita compreender a complexidade e os movimentos de transformação dos sistemas urbanos, tornar a informação acessível à sociedade, prever os rumos do crescimento e nortear ações empreendedoras de desenvolvimento sustentável, bem como a tomada de decisão por parte de gestores e administradores públicos ou privados (BITTENCOURT, 2006). É importante ampliar a discussão do tema nos mais diversos espaços, facilitando o entendimento, numa linguagem simples onde toda população possa entender e se comprometer a novas atitudes que precisem ser desenvolvidas, novos hábitos que precisam ser adquiridos e novos saberes que precisam ser aprendidos e construídos coletivamente (TELLES, 2011). Recentemente algumas das discussões sobre sustentabilidade giram em torno da inserção dos valores e práticas sustentáveis no ensino, seja no nível básico, superior

ou mesmo na formação específica de pesquisadores, nos mais diversos campos e áreas de atuação e envolvendo diferentes esferas (social, econômica, ambiental e cultural). Para Telles (2011), sustentabilidade é um tema complexo e deve ser abordado de forma ampla. Os aspectos econômicos, sociais e ambientais de todos envolvidos precisam ser considerados, pelos países desenvolvidos e dos em desenvolvimento. Inserir sustentabilidade na formação dos administradores ou como pauta de pesquisas neste campo, não é uma tarefa simples por vários motivos, como por exemplo, pelo legado recebido da revolução industrial, do modelo capitalista que prioriza o lucro e o consumo, independente dos métodos insustentáveis adotados nos ciclos produtivos empresariais, pela cultura do egoísmo e do individualismo e pelos resquícios da ditadura que ainda influenciam e distanciam parte da sociedade. Em termos de instrumentos que poderiam auxiliar não só na formação e pesquisa em administração, mas também no exercício prático da sustentabilidade, os Indicadores de Sustentabilidade podem promover um melhor acompanhamento das variantes socioeconômicas e ambientais, de maneira integrada, no ambiente público ou privado, e não somente relacionado às questões específicas do meio ambiente, como muito tem se visto. Dessa forma a elaboração de índices de desenvolvimento sustentável, baseados em indicadores de diferentes áreas, pode ser visto como um instrumento que busca simplificar, analisar e quantificar informações técnicas, orientando a gestão e o planejamento de políticas e ações que podem vir a ser desenvolvidas (BENETTI, 2006). Inserido neste contexto, este artigo objetiva analisar o potencial e o alcance do uso de Indicadores de Sustentabilidade enquanto instrumentos de monitoramento e avalição para a formação e pesquisa em administração pública por meio da apresentação de um dos métodos de identificação do nível de sustentabilidade, denominado, Painel de Sustentabilidade, conhecido também como Dashboard of sustainability DS. Espera-se com isso estimular reflexões sobre a inserção do tema da sustentabilidade no ensino superior, especificamente na discussão sobre a inclusão do tema no ensino da administração, cujo alvo é a formação de líderes, administradores, gestores e tomadores de decisão, para que possam ser desenvolvidas perspectivas futuras que vão muito além dos olhares econômicos, do lucro e do espírito competitivo. Discutir sustentabilidade e desenvolvimento sustentável na formação e pesquisa em administração é trabalhar para que o indivíduo entenda que sustentabilidade, além de ser um valor básico da sociedade contemporânea, seja percebida como um elemento chave no processo de decisão do administrador, incorporando novos desafios para a gestão organizacional, formulação de políticas públicas, tomada decisão dentre tantas outras ações. Discutir sustentabilidade é pensar de forma sistêmica em como as organizações dependem das pessoas e do meio ambiente e do seu entorno como um todo para desenvolver. Dentre os diversos aspectos favoráveis à introdução de conteúdos relacionados à elaboração e análise de indicadores e índices de sustentabilidade para a formação e pesquisa em administração pública, pode-se destacar dois aspectos. O primeiro é fornecer informações que busquem subsidiar o processo decisório das políticas públicas para estados e municípios, reduzindo o grau de incerteza nesse processo. Segundo, prover um panorama geral para regiões quanto às dimensões: social, econômica, ambiental e institucional, permitindo, assim, uma análise mais específica sobre a avaliação de sustentabilidade nessas dimensões. E neste caminho, em se tratando de indicadores, Sato (2005) ressalta que um bom indicador além de transmitir informações relevantes e coerentes a respeito da sustentabilidade, também deve ser capaz de alertar para um problema antes que este se agrave, isto é, de atuar com proatividade, pois assim é concedido um tempo mínimo para mudar a trajetória do problema.

Os indicadores são uma importante ferramenta que possibilitam compreender a complexidade e os movimentos de transformação das regiões, tornar a informação acessível à sociedade, prevendo os rumos do crescimento e norteando ações empreendedoras, favorecendo, assim, o planejamento regional e de municípios envolvidos, uma vez que possuem embasamento científico e empírico capaz de fornecer informações sobre potencialidades e vulnerabilidades, itens indispensáveis na elaboração de políticas públicas em busca da sustentabilidade. 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia de pesquisa seguiu um caminho qualitativo. Para atender ao objetivo deste estudo, realizou-se uma pesquisa exploratória, cujo universo compreendeu a área de sustentabilidade explorando o uso de indicadores e índices de sustentabilidade, no caso desta pesquisa, explorou-se especificamente o Método do Painel de Sustentabilidade, os indicadores que o compõem e a forma de construção do seu índice. Foram coletados dados secundários obtidos por meio de pesquisa bibliográfica em livros, periódicos e demais publicações que revelam o potencial deste tipo de instrumento para a formação do administrador público, bem como a contribuição para o exercício de práticas de gestão e formulação de políticas públicas. Realizou-se também pesquisa documental, (leis, normas, convenções, pesquisas nacionais de ordens de classe) realizada por meio de pesquisa virtual de documentos, focada na Pesquisa Nacional do Sistema CFA/CRAs (2011). Para este trabalho, a análise qualitativa foi essencial, por se tratar de um tema novo (sustentabilidade no espaço de formação do administrador), e de acordo com Neves (1996), um tema pouco explorado na literatura e a intenção de entender na totalidade um fenômeno, o que não é simples, são fatores que tornam propício o emprego de métodos qualitativos. Segundo a tipologia apresentada por Vergara (2005), esta pesquisa pode ser classificada segundo dois aspectos: quanto aos fins e aos meios. Quanto aos fins como descritiva uma vez que esta irá apresentar e caracterizar o método do Painel de Sustentabilidade - Dashboard of Sustainability, bem como suas potencialidades, aplicações e vantagens em relação a outros índices no contexto da administração pública e gestão social. Quanto aos meios a pesquisa é caracterizada como sendo uma análise bibliográfica e documental, utilizando sistemas informatizados de busca de documentos - recurso que facilita, mas também dificulta, a sua execução. 3. O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E INDICADORES DE MENSURAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE O termo desenvolvimento sustentável possui diversas definições, a apresentada por Barbieri (1997), é interessante, por abarcar as diversas dimensões contidas neste processo. Para referido autor a questão do desenvolvimento sustentável deve ser entendida como uma nova forma de conceber as soluções para os problemas que tem solapado o mundo, não olhando apenas para o aspecto ecológico, mas contemplando outras dimensões como: social, política, cultura, desigualdade e pobreza. Neste contexto Figueiró (2001) destaca dois pontos importantes, o primeiro está ligado à questão de necessidade, cuja prioridade é fundamental, principalmente aquelas centradas nas necessidades essenciais para os homens. E segundo trata-se das limitações impostas ao meio ambiente pela tecnologia e pela organização social, fatores estes que impedem que as necessidades sejam atendidas. O conceito de desenvolvimento sustentável envolve a questão temporal, a sustentabilidade de um sistema só pode ser observada a partir da perspectiva futura, de ameaças e oportunidades. Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável deve ser

dinâmico. A sociedade e o meio ambiente sofrem mudanças contínuas, as tecnologias, culturas, valores e aspirações se modificam constantemente e uma sociedade sustentável deve permitir e sustentar essas modificações. O resultado dessa constante adaptação do sistema não pode ser previsto, pois é consequência de um processo evolucionário (BOSSEL, 1999, apud BELLEN, 2005: 27-29). Nesse sentido, pesquisadores das mais diversas áreas passaram a estudar meios de crescimento das economias de forma sustentável, pensando numa maneira de quantificar e acompanhar essa sustentabilidade. Munasinghe (1995), por exemplo, procurou resumir a sustentabilidade por meio da obtenção de um grupo de indicadores que sejam referentes ao bem-estar e que possam ser mantidos ou que cresçam no tempo. Silva e Mendes (2005), mostram o surgimento de modelos ou indicadores mentais mesclados a fim de se otimizarem os estudos e avaliações do processo de desenvolvimento sustentável de um determinado local, segundo dimensões diferentes (social, ambiental, econômica, espacial e cultural), mas interdependentes. Neste contexto, em termos de instrumentos que promovam o melhor acompanhamento das variantes socioeconômicas e ambientais, de maneira integrada, o que se tem presenciado, atualmente, é a constante elaboração e análise de indicadores relativos às questões relacionadas ao meio ambiente. Conforme exposto por Benetti (2006), a Agenda 21 Global sugere o uso de indicadores que considerem a avaliação de diferentes parâmetros setoriais, para então, ter uma base sólida para a tomada de decisões, contribuindo para uma sustentabilidade autorregulada dos sistemas integrados de meio ambiente e desenvolvimento. Dessa forma a elaboração de um índice de desenvolvimento sustentável pode ser visto como um instrumento que busca simplificar, analisar e quantificar informações técnicas, orientando a gestão e o planejamento de políticas e ações que podem vir a serem desenvolvidas (BENETTI, 2006). Segundo Bellen (2003), existe uma série de ferramentas ou sistemas que procuram avaliar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento, porém não se conhecem adequadamente as características teóricas e práticas destas ferramentas. Os processos de gestão precisam de mensuração. A gestão de atividades e o processo decisório necessitam de novas maneiras de medir o progresso e os indicadores são uma importante ferramenta nesse processo. Medições são indispensáveis para que o conceito de desenvolvimento sustentável se torne operacional. Elas podem ajudar aos tomadores de decisão e o púbico em geral a definir os objetivos e as metas do desenvolvimento e permitir a avaliação do desenvolvimento na medida em que alcance ou se aproxime destas metas (BELLEN, 2005). A mensuração também auxilia na escolha entre alternativas políticas e na correção da direção política, em alguns casos, em resposta a uma realidade dinâmica. As medidas fornecem uma base empírica e quantitativa de avaliação da performance e permitem comparações no tempo e no espaço, proporcionando oportunidades para descobrir novas correlações. Para Meadows (1998) apud Bellen (2005), bons indicadores devem possuir algumas características como: Devem ser claros nos valores, não são desejáveis incertezas nas direções que são consideradas corretas ou incorretas. Devem ser claros em seu conteúdo, devem ser entendíveis, com unidades que façam sentido. Devem ser suficientemente elaborados para impulsionar a ação política. Devem ser relevantes politicamente, para todos os atores sociais, mesmo para aqueles menos numerosos. Devem ser condutores, ou seja, devem fornecer informações que conduzem à ação, e ainda devem ser provocativos, levando à discussão, ao aprendizado e à mudança.

Todas essas características acima tendem a potencializar as ações que buscam o aumento do protagonismo dos atores locais, isto é, que podem contribuir para o aumento do nível de percepção social sobre a realidade local e oferecer informações que orientem na tomada de decisões e na formulação de políticas públicas, possibilitando assim a avaliação constante de todo o processo de desenvolvimento. Os indicadores funcionam como um guia para a agenda de formulação de políticas públicas, são um direcionador para as ações de um gestor, pois são capazes de mostrar os pontos críticos nas diferentes esferas sociais. Portanto a inserção de conteúdos relacionados a sustentabilidade na formação dos futuros gestores, administradores públicos e chefes de empresas tendem a contribuir para construção de valores, cultura e soluções criativa inovadoras no caminho da sustentabilidade. 4. O DASHBOARD OF SUSTAINABILITY (DS) FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E EMPÍRICA O método DS (ou Painel de Sustentabilidade) é um índice agregado de vários indicadores de desempenho econômico, social, institucional e ambiental que mostra, visualmente, os avanços dos países em direção à sustentabilidade, utilizando a metáfora de um painel de veículo. De acordo com Louette (2009), o índice foi desenvolvido pelo Consultative Group on Sustainable Development Indicators, uma equipe internacional de especialistas em sustentabilidade coordenada pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável (ISD), do Canadá. Segundo Bellen (2003), as pesquisas sobre o Dashboard of Sustainability se iniciaram na segunda metade dos anos noventa no intuito de encontrar uma ferramenta robusta de indicadores de sustentabilidade que fosse aceita internacionalmente e que fosse capaz de responder à necessidade de harmonizar os trabalhos internacionais em indicadores de sustentabilidade e com foco nos desafios teóricos de criar um sistema simples, mas que ao mesmo tempo representasse a complexidade da realidade. Para Bellen (2005), por integrar os melhores insights científicos com as necessidades práticas dos tomadores de decisão, e por ter um escopo mais completo, o resultado obtido é uma apresentação atrativa e concisa da realidade que pode chamar a atenção do público-alvo. A ferramenta DS deve ser usada para a comparação entre nações, mas também pode ser aplicada para índices urbanos e regionais. De acordo com Benetti (2006), O Método do Painel de Sustentabilidade é um software obtido pela Internet na página http://esl.jrc.it/envind/ddk.htm. Esse software, quando inserido no sistema computacional local, cria uma pasta chamada DB_CIRCS, que contém as informações e os arquivos necessários para que se possa utilizar o software. O método emprega o programa Excel para ajudar na tabulação dos dados. Após a inserção dos dados o pesquisador aplica o modelo e obtém os resultados. Este instrumento possibilita ainda ao pesquisador inserir ou retirar indicadores, conforme o objetivo pretendido. A estrutura do indicador inclui (HARDI e JESINGHAUS, 2002 apud Benetti 2006): 1) Dimensão Social: saúde, segurança, educação, habitação e população; 2) Dimensão Econômica: estrutura e padrões de consumo e de produção, custos; e 3) Dimensão Ambiental: solo, ar, águas e biodiversidade. O Painel de Sustentabilidade é constituído de um painel visual com 4 mostradores (cada um representa uma dimensão da sustentabilidade), que correspondem a 4 blocos ou grupos (clusters) que medem o nível de bem-estar da nação, o ambiente, o padrão institucional e a economia, marcados da seguinte maneira: qualidade ambiental, saúde

social, performance econômica e performance institucional (HARDI e SEMPLE, 2000). A figura 1 mostra a representação gráfica do Painel de Sustentabilidade. Figura 1. Gráfico de IISD representando o Painel de Sustentabilidade Fonte: BENETTI, L. B. Avaliação do Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) do município de Lages/SC através do método do Painel de Sustentabilidade. Tese de Doutorado em Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, 2006, 215p. Cada indicador possui um ponteiro que reflete o valor atual do desempenho do sistema. Abaixo de cada indicador há uma luz de alerta que é disparada quando há uma extrapolação dos níveis limites ou ocorre uma mudança muito rápida no sistema. O estado geral do sistema é refletido num indicador de status composto em separado, marcado como Sustentabilidade Geral ou o Índice de Desenvolvimento Sustentável (HARDI e SEMPLE, 2000). Para cada uma das dimensões, um índice agregado deve incluir medidas de estado, do fluxo e dos processos relacionados, incluindo respostas de comparação e manejo. Para cada um dos 4 mostradores existem vários indicadores agregados, o que levou os autores, preliminarmente, a decidirem quais indicadores seriam utilizados dentro de cada mostrador. As informações obtidas dentro de cada mostrador podem ser apresentadas na forma de um índice. E o cálculo de valores agregados é um método normalmente utilizado para a construção de índices (HARDI e SEMPLE, 2000 apud BENETTI 2006). Deve-se incluir para cada um dos indicadores medidas de estado, do fluxo e dos processos relacionados, incluindo respostas de comparação e manejo. No método, todos os indicadores, dentro de cada um dos mostradores, possuem peso igual, devendo gerar um índice geral de sustentabilidade agregado (Sustainable Development Index). Os estoques ambientais podem ser representados pela capacidade ambiental, uma medida que inclui estoques de recursos naturais e tipos de ecossistemas por área e qualidade. A área plantada e o uso de fertilizantes e agrotóxicos podem ser utilizados para verificar o impacto do agronegócio no Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDS) da região. O Produto Interno Bruto (PIB) pode medir o indicador econômico e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH ou capital social pode ser utilizado para medir o indicador social (IISD, 1999). Para identificar o desempenho de cada indicador, dentro de cada dimensão, é adotada uma escala de nove cores, estas cores são definidas para cada indicador a partir da regressão linear simples dos dados entre dois valores extremos, o valor maior recebe 1000 (mil) pontos e o valor menor recebe pontuação 0 (zero). Por este motivo os indicadores das regiões devem

ser comparados com outros dois valores, um servindo de valor máximo (que receberá pontuação 1000) e outro servindo de valor mínimo (recebendo pontuação 0). O Método do Painel de Sustentabilidade já foi empregado em outros países no intuito de avaliar o índice de desenvolvimento sustentável em nível nacional e local, são exemplos: Milão, na Itália, onde o método foi empregado para dar suporte no planejamento territorial; no Canadá, nas províncias de Manitoba e também em Hannover (Alemanha) utilizou-se o método para ajudar nas políticas de gestão da água e, no Brasil, pode-se citar o estudo de Benetti (2006), que aplicou o método para avaliar o Índice de Desenvolvimento Sustentável para o município de Lages SC. 5. SUSTENTABILIDADE NA FORMAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO Em meio às diversas discussões conceituais sobre o tema, o ambiente do administrador, seja no ambiente formador de futuros administradores, ou em especial, no ambiente empresarial em sua grande maioria, parece persistir na manutenção de ações que garantam o cumprimento de suas metas e margens de lucros, através do poder decisório dos seus gestores, ainda que em prejuízo do meio ambiente (TELLES, 2011). Especificamente nos últimos quarenta anos a discussão sobre sustentabilidade tem conquistado espaço na agenda mundial. A atual conjuntura mundial revela a urgência de evoluir do universo das ideias para a formulação de políticas capazes de orientar ações contribui para que o tema integre a pauta de discussão das agências multilaterais, de governos, e demais organizações. No contexto dos cursos de formação de administradores, diversos cursos de administração passaram a incluir o tema da sustentabilidade em seus conteúdos programáticos. Porém, na maior parte destas iniciativas, observa-se a inclusão de disciplinas específicas relacionadas à ética empresarial e sustentabilidade. Isto acaba, dificultando o entendimento de que sustentabilidade é um elemento transversal, e por isso, essencial em todas as disciplinas e não apenas uma complementação de um conteúdo em seu processo formativo. A sustentabilidade, além de ser vista como um valor básico da sociedade contemporânea, seja percebida como um elemento essencial no processo de decisão do administrador, incorporando novos desafios para a gestão organizacional. Tudo isso possibilita estudar uma organização, seja ela pública ou privada, e analisar criticamente como a sustentabilidade está ou não incorporada nos processos de gestão organizacional. Todavia, o exercício do pensar, planejar e agir no caminho da sustentabilidade, não se restringindo aqui apenas à sustentabilidade no setor empresarial e na esfera ambiental, como já mencionado anteriormente, ainda esta muito a quem do que deveria estar sendo praticado no ensino e na pesquisa na área de administração. Este argumento é justificado por diversos motivos, que com base em documentos e dados de domínio público e no trabalho de Souza et al. (2011), serão abordados ao longo desta seção: 1. Em termos normativos, no campo do ensino, as diretrizes curriculares nacionais em administração de 2005 e posteriormente as de administração pública de 2010, não tratam do tema sustentabilidade na formação dos administradores contemporâneos (BRASIL, 2005; 2010), sendo um tema periférico e de cunho suplementar na formação profissional em administração;

2. As pesquisas em administração no Brasil sobre o tema sustentabilidade tem tido o seu debate predominantemente centrado no escopo ambiental, sendo as primeiras obras publicadas em 1993, ou seja, a menos de 20 anos (SOUZA et al. 2011); 3. Os resultados de pesquisas sobre sustentabilidade, produzidas por instituições de ensino superior no Brasil e que foram publicadas em eventos e periódicos qualificados em Administração pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES demonstram significativo crescimento desta produção a partir do ano 2000; 4. O tema sustentabilidade no âmbito da Associação Nacional de Cursos de Graduação em Administração ANGRAD, em especial, em seus encontros nacionais foi inserido em 2011, enquanto campo de pesquisa e de espaço para diálogo com professores e profissionais da área. Essas evidências revelam que é recente a discussão do tema sustentabilidade no âmbito da administração no Brasil, tanto no ensino quanto na pesquisa, embora esta última tenha mais tempo e resultados para a formação do que a primeira. Isso demonstra que há potencial para o tratamento deste do tema sustentabilidade, inclusive de forma indissociável, na formação e na pesquisa em Administração. A necessidade de gerar conhecimento e divulgar os respectivos resultados, somado à necessidade de contribuir para a formação de jovens com potencial de se mobilizar pelos princípios que norteiam reflexões e ações voltadas para a sustentabilidade nas mais diversas áreas do conhecimento, aproximou as instituições de educação superior do tema. Reconhecendo a centralidade dessa discussão para a área de Administração, o Sistema CFA/CRAs tem estimulado ações no sentido de valorizar o interesse pelo tema sustentabilidade, articulando esta temática com a questão da valorização das competências profissionais, a sustentabilidade das organizações e o desenvolvimento do país. O exercício do pensar, planejar e agir no caminho da sustentabilidade, não se restringindo aqui apenas à sustentabilidade na esfera ambiental, como já mencionado anteriormente, ainda esta muito a quem do que deveria estar sendo praticado no campo da administração. O olhar dos estudantes e dos profissionais e das pesquisas na área ainda está muito concentrado nas questões financeiras, de estratégia e recursos humanos. A Pesquisa Nacional do Sistema CFA/CRAs tem procurado analisar cenários e identificar tendências relacionadas à administração profissional no país, mediante a exploração de aspectos relativos ao perfil, à formação, à atuação e às perspectivas profissionais do administrador, e ressalta na sua 5 edição que a atuação do administrador no mercado de trabalho tem passado de uma visão generalista para assumir o papel de articulador e profissional com visão sistêmica de todo o processo de desenvolvimento, o que incorre consequentemente na incorporação de atitudes sustentáveis. O administrador seja no meio privado ou público, enquanto profissional que tem uma visão sistêmica da organização para exercer seu potencial de otimizar as diversas áreas de uma organização deve ser capaz de otimizar o uso de recursos e para isto deve ter acesso a ferramentas que o permitam identificar pontos críticos e alocar melhor os recursos de que dispõem. Neste sentido o ensino de conteúdos que direcionem para atitudes que resultem em práticas sustentáveis, o que pode ser viabilizado por meio do ensino e uso de metodologias de indicadores de sustentabilidade, como O Painel de Sustentabilidade, contribuiria direcionando tanto o pensar, mas também o planejar e o agir nas áreas mais críticas, seja na esfera social, ambiental, econômica ou institucional.