CASA EM PINHEIROS Local: Pinheiros, SP Ano: 2007-2009 Escritório: UNA Arquitetos Implantação e Partido Formal A Casa em Pinheiros foi implantada em um lote urbano, localizado em uma das colinas que define a várzea do Rio Pinheiros, em São Paulo. A residência é de uso regular e apresenta uma área construída de 520m². O lote de 515m² em que se insere pode ser considerado o maior fator limitante do projeto por possuir uma geometria estreita, profunda e irregular, além de apresentar acentuado declive. Percebe-se, também, que o terreno está localizado em uma zona residencial consolidada e, consequentemente, a residência sofre pressões das construções do entorno.(figura 1) Levando em consideração as características do lote, surge um partido verticalizado e aditivo, com a sobreposição de volumes em diferentes níveis. Assim, o volume da construção é diluído verticalmente e a área do lote obtém melhor aproveitamento. (Figura 3). A residência se descola dos limites do terreno, a fim de amenizar as tensões exercidas pelo entorno e favorecer a incidência solar e a circulação de ar nos seus ambientes. (Figura 2) As fachadas frontal e posterior possuem orientação solar nordeste e sudeste, respectivamente. Nessas duas fachadas, é perceptível a ampliação de aberturas, não apenas para o aproveitamento da insolação, mas, principalmente, das melhores visuais proporcionadas pelo lote. Em contraponto, as fachadas laterais da casa, voltadas para noroeste e sudeste, apresentam aberturas menores, garantindo maior privacidade em relação ao entorno construído. Figura 1: Esquema da implantação da Casa em Pinheiros. Fonte: http://www.unaarquitetos.com.br/site/projetos/fotos/28/casa_em_pinheiros Figura 2: Esquema da implantação da Casa em Pinheiros. Fonte: STRIEBEL, Nathália, 2014
Figura 3: Volumetria Casa em Pinheiros. Fonte: STRIEBEL, Nathália, 2014 A casa se apóia em quatro pilares de concreto e é composta por quatro volumes que apresentam soluções técnicas distintas, resultando em um contraste visual de cheios e vazios. O andar inferior está no nível do solo e foi moldado em concreto, como uma forma de representar a estabilidade da construção. Em contraponto, o volume construído no nível de acesso consiste em uma caixa de vidro, que liberta o térreo e representa a permeabilidade tanto em relação ao exterior, quanto em relação à circulação entre as alas do interior da casa. No piso superior um prisma de madeira abriga os dormitórios, enquanto cobertura é composta por um volume preto que abriga um quarto auxiliar independente e, também, permite o acesso ao solário. A luz captada nesse último pavimento percorre verticalmente a edificação pela escada metálica vazada que liga os pavimentos, criando, assim, uma unidade central internalizada entre os contrastantes volumes que compõem a casa. (Figuras 4 e 5) Figura 4: Volumetria da Casa em Pinheiros. Fonte: http://www.unaarquitetos.com.br/site/projetos/fotos/28/casa_em_pinheiros
VOLUME PRETO = ÍNTIMO + SOLÁRIO VOLUME MADEIRA = ÍNTIMO VOLUME VIDRO = HALL + TRABALHO VOLUME CONCRETO = ESTAR + SERVIÇO Figura 5: Esquema partido formal - Casa em Pinheiros. Configuração funcional Pavimento Inferior O pavimento inferior da casa se divide em duas alas principais, a ala social, voltada para o jardim e a ala de serviço, localizada na extremidade oposta do pavimento. A fim de estabelecer a ordem funcional do conjunto, os elementos compositivos irregulares e mais fragmentos foram interpostos entre os elementos de forte conformação. Assim, um bloco central condensa os programas fechados e setoriza os usos princiopais a seu redor (Figura 6). A ligação entre a zona social e a de serviço é feita por dois eixos de circulação espacializada, localizados na periferia da planta de forma simétrica, adjascentes ao núcleo central. Percebe-se uma similaridade geométrica entre esses eixos e os eixos de circulação do exterior da casa que estabelecem a relação entre o pavimento de acesso e o jardim interno, localizado no nível inferior. (Figura 7) Figura 6: Esquema de zoneamento - Pavimento Inferior Casa em Pinheiros,SP. 2009. UNA Arquitetos
Figura 7: Esquema de circulação - Pavimento Inferior Casa em Pinheiros.SP. 2009. UNA Arquitetos Pavimento Térreo O volume de vidro, que liberta o eixo de acesso em direção à amplitude do horizonte, é formado pelo hall, voltado para o acesso da casa, e por uma sala de trabalho, voltada para o jardim. Esses dois espaços formam a zona transição responsável conectar a zona de estar, do nível inferior, com a zona íntima, do superior. Dessa forma, são preservadas a privacidade e independência entre as alas da casa. (Figura 8) O principal eixo de circulação sugerida do pavimento segue uma forma linear a partir do portão de acesso em direção à visual do horizonte. Neste percurso, o primeiro espaço interno a ser desvendado é o hall da casa, que oferece a opção de seguir em direção às demais parte da casa. Existe,também, a opção de uma circulação secundária externa ao volume de vidro, dando acesso à sala de trabalho o que gera sua independência total em relação ao restante da residência. (Figura 9) Figura 8: Esquema do zoneamento - Pavimento Térreo Figura 9: Esquema do zoneamento - Pavimento Térreo
Primeiro Pavimento O primeiro pavimento abriga a zona íntima e seu arranjo buscou dispor todos os quartos para a frente ou para os fundos, priorizando as melhores visuais e uma maior privacidade em relação às construções vizinhas. Esta estratégia condicionou a largura do volume, que absorve duas suítes menores lado a lado, com as aberturas voltadas para a rua. Como consequência, surgiu uma ampla suíte na outra extremidade e um espaço central residual, que assume a função de uma circulação agigantada. (Figura 10) Foram utilizadas duas estratégias de inserção dos elementos irregulares na planta. Enquanto nos banheiros das suítes secundárias foram interpostos entre os espaços de forte conformação, o banheiro da suíte principal sofreu uma translação para o perímetro da edificação, a fim de afetar menos a organização do espaço interno. Contudo, essa forma de organização da suíte é questionável considerando que gera uma circulação linear muito extensa, passando pelo closet para que se tenha acesso ao banheiro. (Figura 11) Figura 10: Esquema de zoneamento - Primeiro Pavimento Figura 11: Esquema da circulação- Casa em Pinheiros.
Segundo Pavimento O último pavimento é composto por um amplo solar que se estende longitudinalmente em direção às melhores vistas e uma suíte. O banheiro é considerado o elemento de forma irregular da planta e sofreu uma translação para o perímetro do edifício, a fim de oferecer uma organização espacial que privilegiasse o solário. (Figura 12) A circulação neste caso é estabelecida a partir da escada, cujo patamar permite seguir diretamente para o espaço aberto do solar ou penetrar no cômodo. (Figura 13) Figura 12: Esquema de zoneamento - Segundo Pavimento Figura 13: Esquema da circulação - Segundo Pavimento
Pavimento Inferior Descendo a escada, o enquadramento é ainda de um pequeno espaço fechado, que faz a transição para a grande sala de estar, As dimensões desta grande sala são ainda ampliadas virtualmente pela disposição de aberturas nas duas arestas do ambiente, que dilatam as visuais para o horizonte.do arranjo das aberturas, se observa que os estares incorporam duas zonas uma mais extrovertida, voltada para a paisagem; e uma mais introvertida, que se recolhe no arranjo em U configurado pelas paredes cegas do volume principal e do volume central da escada. Tem-se, assim uma tensão multidirecional que sugere voltar-se para fora ou recolher-se. (Figura 14) Figura 14: Esquema de espacialidade - Pavimento Inferior
Espacialidade Pavimento Térreo Ao ingressar na casa pelo portão de acesso, é possível seguir para o pavimento inferior por dois eixos de circulação, localizados nas adjacências do lote, ou seguir em direção ao hall de entrada pelo eixo central. Nessas três situações o indivíduo irá se deparar com uma visual ampla do horizonte, em direção à área verde do terreno, que é favorecida pela materialidade de vidro do volume construído. Assim que se entra no hall, é perceptível, apesar das aberturas tomarem conta dos planos, um aumento da tensão unidirecional da visual em direção à área de trabalho causada pelo estreitamento do ambiente, que induz à circulação. Ao chegar no espaço de trabalho, o espaço se abre, todos os planos externos são translúcidos e, assim, propiciam uma tensão visual multidirecional. (Figura 15) Figura 15: Esquema espacialidade - Pavimento Térreo /http://www.unaarquitetos.com.br/site/projetos/fotos/28/casa_em_pinheiros
Primeiro Pavimento Na zona de circulação central, ocorre a formação de um espaço composto por planos paralelos opacos fechados transversalmente por dois planos translúcidos, As visuais paralelas e a disposição das portas desenham um espaço multidirecional, com uma ambiguidadede ser espaço de permanência ou espaço de passagem. Nos quartos menores, o alinhamento de portas e janelas definem uma tensão visual unidirecional. Já na suíte principal, as dimensões do ambiente e a grande abertura rompem o caráter direcional das visuais. (Figura 16) Figura 16: Esquema espacialidade- Primeiro Pavimento
Segundo Pavimento Neste pavimento observa-se a existência de dois espaços muito diferentes do ponto de vista do observador, a amplitude e luz do espaço aberto, com uma tensão multidirecional; e o acolhimento do espaço fechado, com uma tensão visual unidirecional. (Figura 17) Figura 17: Esquema espacialidade - Segundo Pavimento / http://www.unaarquitetos.com.br/site/projetos/fotos/28/casa_em_pinheiros