Figura 1: Implantação Casa Cafezal FGMF. Fonte: Banco de dados LPPM, 2014.

Transcrição

1 CASA CAFEZAL Local Campinas - SP Ano 2011/2014 Escritório FGMF Autoras: Jéssica Lucena e Tamires Cabral Implantação e Partido Formal A casa, localizada em um condomínio fechado na cidade de Campinas/SP, está inserida em um terreno de 6,5 mil metros quadrados e possui uma área total construída de 964m². Seu programa é dividido em duas construções isoladas, uma na porção sudeste do terreno (Bloco Principal), destinada aos ambientes sociais, íntimos e de serviços, e outra na região central do lote (Anexo), que é destinado às atividades de lazer. Figura 1: Implantação Casa Cafezal FGMF. Fonte: Banco de dados LPPM, O bloco principal e o anexo partem de uma ideia semelhante: uma grande coberta que abriga vários blocos prismáticos com certa liberdade formal, porém cada um possui características próprias. O bloco principal caracteriza-se como um pórtico, cujos elementos internos estão conectados à cobertura em alguns pontos e as laterais descoladas; o espaço resultante pode ser entendido como o conteúdo de um volume prismático retangular com algumas reentrâncias e planos recuados, em que são inseridos jardins, e que gera três outros subespaços interligados pela circulação.

2 Figura 2: Fachada Noroeste da Casa Cafezal - FGMF. Fonte: FGMF No bloco anexo, a cobertura é uma laje plana, sustentada por pilares periféricos que sacam do limite da área construída. A cobertura subdivide-se em duas partes: um telhado jardim com formato em L, sob o qual estão organizados os volumes internos, e um pergolado que completa a forma quadrada. Os volumes internos e a cobertura são independentes e o fechamento do espaço é feito por planos verticais que se encontram com o plano horizontal através de esquadrias metálicas e vidro. Figura 3: Planta Baixa Bloco de Lazer Fonte: Jéssica Lucena Dessa forma o partido de ambos os edifícios pode ser entendido como compacto, gerado a partir da manipulação de volume. O volume principal é organizado linearmente, enquanto o bloco de lazer é organizado através da sobreposição de duas grelhas ordenadoras, uma de pilares e outra de volumes. A casa está instalada na região mais alta de um terreno de topografia acidentada, com um grande declive na região nordeste. Essa irregularidade provoca o surgimento de um subsolo, que abriga a garagem e uma escadaria de acesso ao pavimento térreo (figura 4). Dessa posição privilegiada é possível ter uma boa visualização do entorno e da área de lazer que se encontra num nível mais abaixo. Outra vantagem da implantação nessa região é a possibilidade de aproveitamento, na maioria dos cômodos, da ventilação predominante que incide na fachada principal. (Figura 5)

3 GARAGEM Figura 4: Fachada noroeste com destaque para a garagem, Casa Cafezal FGMF. Fonte: FGMF, 2014 adaptado por Tamires Cabral Figura 5: Diagrama de conforto na Casa Cafezal FGMF. Fonte: Revista MONOLITO - FGMF. 21ª edição, ano 2014 A organização do programa se dá através do arranjo de blocos independentes, gerando volumes que coincidem com o zoneamento do volume principal. O bloco anexo abriga apenas ambientes destinados ao lazer, enquanto o bloco principal abriga várias funções que são distribuídas linearmente: serviços, sociais e íntimos. Figura 6: Planta de zoneamento Casa Cafezal FGMF. Fonte: Tamires Cabral, Configuração funcional

4 Os elementos de composição irregulares, aqueles como dimensões não repetidas, estão dispostos tanto no volume que abriga a área de serviços, a cozinha e o lavabo, como no caso específico dos banheiros das cinco suítes (Figura 7). Com relação à circulação e ao acesso observa-se que o volume só pode ser acessado através do subsolo, ou seja, a partir da cota inferior tem-se uma escada que liga o subsolo ao térreo. A partir do hall de chegada, no pavimento térreo, pode-se entrar na casa pela sala de estar ou diretamente pela área de serviços. A circulação prolonga-se por todo o eixo longitudinal do bloco principal, com linhas secundárias que conectam os ambientes à linha central, similar a uma espinha de peixe. (Figura 8) Figura 7: Planta Baixa Casa Cafezal, destaque para elementos irregulares. Figura 8: Planta Baixa Casa Cafezal (Circulação)

5 Espacialidade Figura 10: Planta baixa, em destaque pontos de observação. Fonte: Jéssica Lucena Duas características particulares do edifício principal afetam diretamente sua espacialidade: uma é a presença de reentrâncias com jardins envidraçados, que envolvem alguns ambientes internos produzindo uma dilatação horizontal do espaço. Outra característica é a presença de aberturas zenitais que, além de permitir a penetração de iluminação natural, dilatam verticalmente os espaços internos e possibilitam a visualização do céu (Figura 10). Figura 10: Jardins internos com abertura zenital. Figura 11: Reentrâncias do volume. Fonte: Revista MONOLITO. 21ª edição, ano 2014 Fonte: Revista MONOLITO - FGMF. 21ª edição, ano 2014 A subtração de volumes subdivide o bloco do edifício principal em três, sendo essa impressão maximizada pela diferença no tratamento dos planos verticais. Observa-se a distinção entre os três blocos, marcada pela função especifica que cada um desempenha. No volume de serviços há uma predominância de planos verticais opacos, existindo ambientes sem nenhuma abertura para o exterior dispensa, com algumas aberturas indiretas área de serviço e lavabo e com algumas aberturas para o exterior cozinha; a permeabilidade com o exterior, portanto, é inexistente ou bem restrita. Ainda sobre os planos verticais observa-se que esses ambientes são fechados em três ou quatro planos, o que produz uma tensão de caráter estático. Os planos horizontais, tanto de piso quanto de cobertura, encontram-se nivelados, favorecendo a

6 continuidade linear desse bloco principal. Assim as relações nesse volume são caracterizadas como fechadas e estáticas e de baixa interação com o exterior. Figura 12: Trecho da Planta Baixa Casa Cafezal Bloco de Serviços (Espacialidade). Figura 93: Ponto A de observação Figura 104: Ponto B de observação Fonte: Revista MONOLITO. 21ª edição, ano 2014 Fonte: Revista MONOLITO. 21ª edição, ano 2014 No setor social a espacialidade muda completamente e os ambientes caracterizam-se por uma relação aberta e dinâmica, de tensão multidirecional e uma intensa interação interna e externa. Os planos horizontais permanecem nivelados, assim como no volume de serviços, porém há uma extensão do piso base, para além dos limites da edificação, gerando dois terraços. Nesse conjunto os planos verticais são transparentes, característica enfatizada pelos jardins nas reentrâncias, pelas aberturas zenitais e pela ausência de separação interna entre as salas, o que garante uma dilatação vertical e horizontal.

7 Figura 11: Trecho da Planta Baixa Casa Cafezal Bloco Social (espacialidade). Figura 126: Ponto C de observação Figura 137: Ponto D de observação Fonte: Revista MONOLITO. 21ª edição, ano 2014 Fonte: Revista MONOLITO. 21ª edição, ano 2014 No último conjunto do bloco principal, destinado aos espaços íntimos, ao contrário do bloco social, a proposta não é de espaços tão abertos e dinâmicos. Por seu próprio caráter ele caracteriza-se por relações fechadas e estáticas, e sua permeabilidade visual e física é parcial. A sala de TV é o espaço que mais se diferencia do conjunto e, mesmo estando fechado por quatro planos verticais, três deles configuram-se como esquadrias metálicas e vidro, do piso ao teto, que proporciona uma permeabilidade visual e física tanto interna como externa. Além disso, esse ambiente está ao lado de um jardim interno com abertura zenital e o plano entre eles é completamente transparente, o que proporciona também no seu interior uma amplitude vertical (Figura 18 e 19). Os quartos se caracterizam por quatro planos verticais com esquadrias de metal e vidro, do piso ao teto, em um de seus planos verticais, o que proporciona permeabilidade visual e física com o exterior (Figura 20). Os banheiros, também fechados por quatro planos verticais, possuem poucas aberturas, o suficiente para suprir a entrada de iluminação e ventilação natural, a exceção é o banheiro da suíte principal que possui uma fachada em vidro, voltada para um jardim interno com abertura zenital (Figura 21), essa abertura, apesar de não ter uma visão do entorno, provoca uma dilatação horizontal e vertical.

8 Figura 14: Ponto E de observação Figura 19: Ponto F de observação Fonte: Revista MONOLITO. 21ª edição, ano 2014 Fonte: Revista MONOLITO. 21ª edição, ano 2014 Figura 20: Ponto G de observação Figura 21: Ponto H de observação Fonte: Fonte: Revista MONOLITO. 21ª edição, ano 2014 O bloco de lazer abriga tanto espaços de intensa interação e permeabilidade física e visual como ambientes fechados em si. O volume que abriga os banheiros é encerrado por quatro planos verticais com pouquíssimas aberturas, não existindo nenhuma interação entre eles e os outros ambientes ou com o exterior, no entanto, todos os demais cômodos sala de jogos, espaço gourmet e estar possuem integração tanto visual como fisica, pois os planos verticais opacos são restritos havendo em sua maioria divisões com esquadrias translúcidas móveis, e assim esses espaços possuem uma tensão multidirecional e uma relação aberta e dinâmica, enquanto que os banheiros tem tensão de caráter estático.

9 Figura 22: Trecho da Planta Baixa do bloco de lazer da Casa Cafezal, com destaque para ponto de observação. Figura 23: Ponto I de observação, perspectiva externa do bloco de lazer. Fonte: Revista MONOLITO FGMF. 21ª Edição, ano 2014