CASA EM TIBAU CASA BIOVILLA PATIO

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1 CASA EM TIBAU CASA BIOVILLA PATIO Local: Tibau do Sul - RN Local: Jaboticatubas-MG Ano: 2011 Ano: 2012 Escritório Yuri Vital Escritório Arquitetos Associados Autoras: Brenda Noele Wolffenbüttel e Ana Elísia da Costa ANÁLISE COMPARATIVA: CASAS TIBAU E BIOVILLA PATIO Implantação e Partido Formal As casas Tibau (2011) e Biovilla Pátio (2012), projetadas respectivamente pelo paulista Yuri Vital e pelo escritório mineiro Arquitetos Associados, possuem diversas semelhanças compositivas entre si. Em condomínios fechados, as duas casas se localizam em terrenos com proporções retangulares, cujas topografias foram alteradas para configurar partidos compactos com alas em meionível. Na Tibau, em Tibau do Sul-RN, observa-se um corte no terreno íngreme para configurar um platô; na Biovilla Patio, em Jaboticatubas-MG, um escavo em terreno plano, com a constituição posterior de um talude frontal. (Figura 1) Figura 1: Implantação e corte - ( Casa em Tibau (2011). Tibau do Sul-RN. Yuri Vital; (. Casa Biovilla Pátio (2012). Jaboticatubas-MG. Arquitetos Associados Nos dois casos, as alas são dispostas transversalmente no terreno, separadas por um pátio e agrupadas por duas empenas longitudinais vazadas que conferem unidade ao conjunto. Ao mesmo tempo em que estes elementos garantem uma unidade, também são responsáveis por configurarem uma ambiguidade compositiva às casas: nas partes frontais dos volumes, as empenas extrapolam os seus limites verticais e horizontais, tendo-se uma configuração planar; já na parte posterior do volume,

2 esses elementos laterais perdem sua expressão ao serem arrematados pelas lajes superiores, caracterizando uma composição volumétrica. (Figura 2) Figura 2: Tratamento das fachadas - ( Casa em Tibau (2011). Tibau do Sul-RN. Yuri Vital; (. Casa Biovilla Pátio (2012). Jaboticatubas-MG. Arquitetos Associados As duas casas ainda possuem uma característica comum no tratamento das fachadas: a relação entre cheios e vazios. O tratamento cego (na Tibau) ou quase cego (na Biovill das empenas laterais contrasta com as superfícies transversais envidraçadas, que permitem uma relação visual com o exterior. Por outro lado, nos dois projetos, é possível perceber o uso de diferentes cores e texturas: na Tibau, há predominância do uso do concreto, contrapondo-se a painéis de madeira no volume posterior; na Biovilla, as empenas são revestidas por chapas metálicas e coroadas por uma viga em concreto, opondo-se ao uso de cor na alvenaria da fachada posterior. (Figura 3) Figura 3: Tratamento das fachadas e emprego de material - ( Casa em Tibau (2011). Tibau do Sul-RN. Yuri Vital; (. Casa Biovilla Pátio (2012). Jaboticatubas-MG. Arquitetos Associados Fonte: ( (

3 Aparentemente, nenhuma das casas possui uma modulação ou proporção que possa reger o arranjo das alas e a disposição interna dos espaços. A estrutura é independente em concreto armado com pilares e vigas, observando-se apenas que na Tibau as empenas laterais cumprem função estrutural, contrapondo-se à solução da Biovilla, em que as empenas laterais são apenas vedação, ficando a estrutura a cargo de uma viga que conecta os dois volumes. (Figura 4) Figura 4: Esquema estrutural - ( Casa em Tibau (2011). Tibau do Sul-RN. Yuri Vital; (. Casa Biovilla Pátio (2012). Jaboticatubas-MG. Arquitetos Associados Configuração funcional Ambas as casas possuem um zoneamento em alas claramente identificáveis: zona serviços/social na ala frontal e zona íntima na ala posterior. Na Biovilla, estas alas estão configuradas em dois níveis, estando a parte de serviços acomodada no escavo do terreno. Já na Tibau, há apenas um nível em cada ala. (Figura 5) zona de serviço zona íntima zona social Figura 5: Zoneamento - ( Casa em Tibau (2011). Tibau do Sul-RN. Yuri Vital; (. Casa Biovilla Pátio (2012). Jaboticatubas-MG. Arquitetos Associados

4 O sistema de circulação das casas, tanto o vertical quanto o horizontal, se desenvolve mantendo uma intensa relação com o pátio. Na Biovilla, essa relação já é presente desde a entrada na casa, por uma escada localizada junto ao abrigo de carros e que se desenvolve junto ao pátio, levando até a ala social; sua circulação vertical se dá por meio de rampas e de uma escada que leva ao terraço, compactadas em um bloco localizado em um dos extremos do pátio. Na Tibau, essa relação com o pátio se mantém, porém de maneira diferente: sua circulação vertical se desenvolve ocupando a maior parte do pátio por escadas descobertas que sofrem variações de eixos para conectar as duas alas. (Figura 6) elementos irregulares circulação de acesso circulação principal circulação secundária Figura 6: Sistema de circulação e inserção dos elementos de composição irregulares - ( Casa em Tibau (2011). Tibau do Sul-RN. Yuri Vital; (. Casa Biovilla Pátio (2012). Jaboticatubas-MG. Arquitetos Associados Nas alas, as circulações se desenvolvem perifericamente para manter uma relação visual com o pátio, o que acaba definindo também a composição dos elementos irregulares. Tanto na Biovilla quanto na Tibau, a ala social é configurada como planta livre (com exceção do lavabo na Biovilla, que impede parcialmente esta configuração) e a circulação é sugerida junto aos planos envidraçados com vista para o pátio. Nas alas íntimas, a circulação também se desenvolve perifericamente, condicionando posicionamentos distintos para os elementos irregulares em cada casa, mas de forma que a relação com o pátio se mantenha: na Tibau, estes se localizam aos fundos e, na Biovilla, nas laterais.

5 Espacialidade Não havendo hall, o acesso às casas se dá direto pela ala social. Na Tibau, o pequeno avanço das empenas e da laje de piso caracteriza um pequeno espaço de transição. Na Biovilla, esse elemento é o próprio pátio e a escada que se localiza junto a ele. (Figura 7) Figura 7: Espacialidade do acesso - ( Casa em Tibau (2011). Tibau do Sul-RN. Yuri Vital; (. Casa Biovilla Pátio (2012). Jaboticatubas-MG. Arquitetos Associados Ingressando na ala social, as duas casas promovem uma dilatação espacial horizontal, configurada principalmente pela presença dos grandes planos envidraçados que permitem uma permeabilidade visual, tanto para o pátio interno como para o recuo frontal da casa, o que provoca uma tensão visual multidirecional com diversos pontos focais de interesse. (Figura 8)

6 Figura 8: Espacialidade da ala social - ( Casa em Tibau (2011). Tibau do Sul-RN. Yuri Vital; (. Casa Biovilla Pátio (2012). Jaboticatubas-MG. Arquitetos Associados No percurso do setor social para o íntimo, observa-se uma relação totalmente oposta nas duas casas. Na Tibau, as escadas espacializadas a céu-aberto garantem uma dilatação espacial horizontal e vertical que, por se localizarem junto ao pátio promovem uma tensão visual multidirecional. Na Biovilla, o percurso que envolve a passagem pelas rampas, pelo escritório e pelo corredor íntimo, promove uma sensação de compressão espacial que é minimizada pelas aberturas com visual para o pátio, havendo um conflito entre o eixo de movimento e o eixo visual. (Figura 9) Figura 9: Espacialidade do percurso íntimo - ( Casa em Tibau (2011). Tibau do Sul-RN. Yuri Vital; (. Casa Biovilla Pátio (2012). Jaboticatubas- MG. Arquitetos Associados Chegando aos quartos, há uma experiência estática causada pela geometria do ambiente e a espacialidade é regida pelo arranjo dos elementos hidráulicos. Na Tibau, os quartos possuem abertura somente para o pátio, promovendo uma tensão visual unidirecional. Já na Biovilla, há dois casos: no nível inferior, os quartos possuem também uma tensão unidirecional voltada para os fundos do terreno; já no nível superior, o quarto possui abertura tanto para os fundos como para o pátio, promovendo uma tensão multidirecional com múltiplos pontos focais. (Figura 10)

7 Figura 10: Espacialidade dos quartos - ( Casa em Tibau (2011). Tibau do Sul-RN. Yuri Vital; (. Casa Biovilla Pátio (2012). Jaboticatubas-MG. Arquitetos Associados Considerações Finais Com arranjos tipológicos muito semelhantes, o pátio é, ao mesmo tempo, o elemento de composição que aproxima e que distancia as casas entre si. De um lado, observa-se que ambientes das casas estabelecem sempre uma relação visual/espacial com o pátio que condiciona várias estratégias de projeto - os rasgos laterais nas empenas, a organização das circulações e o arranjo dos elementos irregulares de composição. Por outro, a tridimensionalidade dos pátios e a espacialidade que proporcionam são bastante distintas. Na Biovilla, este elemento é mais uniforme e fechado, sendo definido pelas alas íntimas e pelo bloco de circulação vertical; na Tibau, a experiência no pátio se torna mais dinâmica e fluída, uma vez que há um prolongamento visual causado pelos pilotis sob a ala íntima e que a circulação vertical se desenvolve em seu interior. Sendo assim, o elemento de composição que é responsável por promover tantas semelhanças entre as casas é também o que causa, em sua tridimensionalidade, as maiores diferenças entre as mesmas. Tais características evidenciam a importância do estudo tipológico transcender as simples abordage ns bidimensionais que, tradicionalmente, estes estudos recorrem.