DESPACHO SEJUR Nº 065/2013

Documentos relacionados
DESPACHO SEJUR N.º 499/2015

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MATO GROSSO

DIREITO DO TRABALHO II. Profa. Graciane Saliba

DESPACHO SEJUR N.º 139/2016

3. Vale dizer que só e somente sindicatos poderão firmar convenções - de um lado um sindicato patronal e de outro um sindicato operário.

IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MATO GROSSO

DESPACHO SEJUR N.º 527/2015

JORNADA DE TRABALHO. Tempo in itinere. - 2º 58 CLT; Súmulas 90;320;324;325 TST

PARECER CRM/MS 2/2016

Referência: Expediente CFM nº 2141/2014 Nota Técnica de expediente nº 16/2014, do Setor Jurídico. (Aprovada em Reunião de Diretoria em 02/04/2014)

DIREITO DO TRABALHO. Efeitos e duração do trabalho nos contratos de emprego. Trabalho Extraordinário. Prof. Guilherme de Luca

Diretor Técnico x Diretor Clínico (Aspectos Jurídicos)

Porto Alegre, 23 de novembro de Orientação Técnica IGAM nº /2017

DESPACHO SEJUR Nº 092/2014

Dicas de estudo para. Direito do Trabalho. 2ª fase do Exame de Ordem. master.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

I - DA FINALIDADE II - DA DEFINIÇÃO III DA JORNADA E DO HORÁRIO DE TRABALHO

REFORMA TRABALHISTA JORNADA DE TRABALHO

DIREITO DO TRABALHO. Efeitos e duração do trabalho nos contratos de emprego. Jornadas Especiais. Prof. Guilherme de Luca

PARECER JURÍDICO. É o relatório. Opino.

CFM DESPACHO SEJUR N 152/2013. Assunto: dúvida sobre a correta interpretação do art. 82 das Res. CFM n 1.993/12.

DESPACHO COJUR N.º 028/2017

; Palavras chave: Segurança do paciente; Plantão; Estabelecimento de Saúde

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

Jornada de trabalho.

DESPACHO COJUR Nº 108/2016

CORPO CLÍNICO DIRETOR TÉCNICO DIRETOR CLÍNICO. Dr. Cláudio Bauduino Souto Franzen Março/2013

DIREITO DO TRABALHO PROFESSOR LEANDRO ANTUNES

NOTA TÉCNICA Nº 15/2013. Assunto: Projeto de Lei nº 02, de 2013-CN (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2014).

DIREITO DO TRABALHO MSC. ROSENIURA SANTOS JORNADA DE TRABALHO JORNADA DE TRABALHO

Orientações Consultoria de Segmentos Pagamento do Adicional Noturno sobre Período Estendido do Horário Noturno

DURAÇÃO DO TRABALHO III HORAS EXTRAORDINÁRIAS. Paula Freire Unimonte 2015

Direitos Trabalhistas Justiça do Trabalho e Recursos Humanos

Salário. Salário. Definição. Formas de ajuste. Prêmios: produção e assiduidade

DIREITO DO TRABALHO MÓDULO II Matutino Prof. André Luiz Paes de Almeida Aula: 3

Legislação da ResponsabilidadeTécnica. Consa. Eliane Noya Conselheira do CREMEB Diretora do Depto de Fiscalização

REGIMES DE COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO DE TRABALHO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL D E C I S Ã O

Expediente n.º 8154/2013 (Módulo Fale Conosco)

DISCIPLINA: DIREITO DO TRABALHO II PROFESSOR: EMERSON SPIGOSSO AULA: REPOUSO SEMANAL REMUNERADO

CRITÉRIOS DE CONTRATAÇÃO DE PESSOAS E SERVIÇOS NO MERCADO DE SAÚDE.

DESPACHO COJUR N.º 454/2016

CARTILHA APH. A Comissão, nomeada em portaria pelo Superintendente, é composta pelos seguintes membros:

SINDICATO DOS TRABALHADORES DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS NO ESTADO DO CEARÁ Fundação 04/03/1978

As principais dúvidas jurídicas dos síndicos (trabalhista) Carlos Alexandre Cabral. Realização:

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

PARECER CONSULTA N 6/2017

DESPACHO SEJUR N.º 236/2015

Lei remuneração de dirigentes: Uma discussão sobre a nova realidade do Terceiro Setor

Documento em OleContainer Página 1 de 5

DIREITO DO TRABALHO. Das relações laborais. Trabalho doméstico. Parte II. Prof. CláudioFreitas

Em 13/09/2016 o médico J.M.S.N. encaminha consulta ao CRM e inicialmente faz seus

TEMA 1: PODER EXECUTIVO

PARECER CFM nº 22/15 INTERESSADO: Sra. S.A.L.B.L. Diretor técnico e diretor clínico Cons. Hermann Alexandre Vivacqua von Tiesenhausen

PROJETO ZAC DE CAPACITAÇÃO CONTAGEM REGRESSIVA DA REFORMA TRABALHISTA (ENTRADA EM VIGOR DA LEI N , DE 13 DE JULHO DE 2017)

DURAÇÃO DO TRABALHO. Paula Freire 2015

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.127/2015

Aula de Sexta-Feira(06/05/2011)

A nova redação da Súmula 277 do TST e a integração das cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas nos contratos de trabalho.

RESOLUÇÃO CFM Nº 2.130/2015

Dr. Leandro Villela Cezimbra Analista Técnico FIERGS.

DIREITO ADMINISTRATIVO

Disciplina: Direito e Processo do Trabalho 3º Semestre Professor Donizete Aparecido Gaeta Resumo de Aula

Baseiam-se na máxima de que a Constituição Federal é a lei máxima do Estado e através dela que se estabelece as diretrizes a serem

PARECER CONSULTA N 007/2015

RESOLUÇÃO N 5, DE 16 DE AGOSTO DE 2016, DA REITORA DA UFTM

DIREITO DO TRABALHO II JORNADAS ESPECIAIS

Jornada de trabalho LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA

DISCIPLINA: DIREITO DO TRABALHO II PROFESSOR: EMERSON SPIGOSSO AULA: JORNADA DE TRABALHO

DIREITO NAS ORGANIZAÇÕES MÓDULO 4 JORNADA DE TRABALHO

DESPACHO COJUR/CFM n.º 267/2017

Direito. Constitucional. Segurança Pública

TEMA 7: CONTORNOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Dissídio Individual e Dissídio Coletivo Audiência. Conciliação. Resposta do Réu. Razões Finais Parte 1

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO

DIREITO DO TRABALHO AVISO PRÉVIO. Parte 2. Prof ª. Eliane Conde

EDIÇÃO Nº 082 Terça Feira, 27 de Fevereiro de 2018 LEI Nº 2270/2018

LEGISLAÇÃO DO MPU. Perfil Constitucional. Procurador-Geral de Justiça. Prof. Karina Jaques

REFORMA TRABALHISTA. 3ª edição Revista, ampliada e atualizada GUSTAVO FILIPE BARBOSA GARCIA. Conforme a Medida Provisória 808/2017

Direito do Trabalho. Horas Extras, Compensação de Horas e Banco de Horas

NOTA TÉCNICA Nº. 024/2014

LEI MUNICIPAL 2.828/2015 ARAUCÁRIA

Parecer Jurídico Nº 005/2015/UVC Consulente: Ver. Reginaldo Araújo da Silva Presidente Órgão: Câmara Municipal de Jaguaruana.

TST não pode contrariar normas ao definir ultratividade de acordos

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Acórdão nº 3.395/2013 Segunda Câmara

Consulta nº 09/2014. Interessado: Assessor Jurídico - Secretaria Municipal de Saúde de Iturama

Dr. José Alejandro Bullón Assessor Jurídico do CFM

São Paulo, 03 de abril de Ao Sindicato das Indústrias do Calçado e Vestuário de Birigui. Prezados Senhores,

Aposentadoria especial nos RPPS

BATE-PAPO JORNADA DE TRABALHO À LUZ DA REFORMA TRABALHISTA MAIO 2018

O Prefeito Municipal de Major Sales, estado do Rio Grande do Norte, no uso de suas atribuições,

A CASA DO SIMULADO DESAFIO QUESTÕES MINISSIMULADO 113/360

ROTEIRO PARA PEDIR ADMINISTRATIVAMENTE OS ADICIONAIS (PARA FILIADOS)

Direito Administrativo

ORIGEM: Processo Administrativo N (...)/2004

Orientações Consultoria De Segmentos Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, é devido o adicional quanto às horas

A REFORMA TRABALHISTA

DESPACHO SEJUR N.º 373/2016

Transcrição:

DESPACHO SEJUR Nº 065/2013 (Aprovado em Reunião de Diretoria em 27/02/2013) Ref.: CFM nº 1301/2013 Origem: COMUNICAÇÃO INTERNA Câmara Técnica de Urgência e Emergência Assunto: Avaliação jurídica de minuta de resolução que dispõe sobre a normatização do funcionamento dos prontos-socorros. Trata-se de Comunicação Interna encaminhada a este SEJUR pela Câmara técnica de Urgência e Emergência solicitando avaliação jurídica dos arts. 2º e 10 da minuta de resolução que dispõe sobre a normatização do funcionamento dos prontos-socorros, assim como do dimensionamento da equipe médica e do sistema de trabalho. Esse é o relatório. Passa-se a fundamentar. A ANÁLISE DO ART. 2º - DA CRIANÇÃO DO CARGO DE GERENTE DE FLUXO EM PRONTO SOCORRO Iniciando a análise jurídica, transcrevemos o art. 2º da minuta de Resolução em análise, a saber: Art. 2º - Tornar obrigatória a presença do médico Gerente de Fluxo no prontosocorro Porte III, cujas funções estão normatizadas no anexo desta resolução. Diante disso, verifica-se que a resolução tem por objetivo criar a função de Gerente de Fluxo, estabelecendo que suas atribuições sejam normatizadas no anexo da resolução. Nesse diapasão, anota-se que a conceituação do que se vem chamando de médico Gerente de Fluxo contida na minuta de resolução estabelece que o ocupante de tal cargo exercerá efetivamente a função de chefe ou gestor dos serviços médicos no âmbito do pronto-socorro. Portanto, o CFM, em realidade, estará normatizando as atividades técnicas do médico no desempenho do seu mister em prontos-socorros, determinando, assim, que as pessoas jurídicas que prestam serviços de saúde em regime de pronto-socorro deverão criar no âmbito do seu organograma funcional o cargo de médico Gerente de Fluxo, estabelecendo que um profissional da medicina seja o responsável pela gestão médica do pronto-socorro, o que, como se vê, encontra-se no âmbito de competência regulamentar deste Conselho Federal.

Ressalte-se, todavia, que o estabelecimento deste cargo poderá criar custos financeiros efetivos aos hospitais que possuem tais serviços, pois os profissionais médicos deverão ser remunerados em razão do maior número de atribuições e responsabilidades que passarão a desempenhar, pois efetivamente estarão coordenando os serviços do pronto socorro, de modo que tal situação pode acarretar questionamentos jurídicos quanto aos termos da Resolução a ser editada. B ANÁLISE DO ART. 2º - DO CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES ENTRE A DIREÇÃO CLÍNICA E O GERENTE DE FLUXO Inicialmente tem-se que diretor clínico é o médico representante e coordenador do corpo clínico no mister administrativo do hospital e por esta razão deve ser eleito de forma direta pelos médicos da instituição. É o elo entre o Corpo Clínico e a Direção Técnica e/ou Direção Geral da instituição. A legislação sobre o assunto diz: Lei 3.999 de 15 de dezembro de 1961: "(...) Art. 15 - Os cargos ou funções de chefias de serviços médicos, somente poderão ser exercidos por médicos, devidamente habilitados na forma da Lei. (...)." Resolução CFM No. 1.342/91, de 08 de agosto de 1991, resolve: "Art. 1o. - Determinar que a prestação da assistência médica nas instituições públicas ou privadas é de responsabilidade do diretor técnico e do diretor clínico, os quais, no âmbito de suas respectivas atribuições, responderão perante o Conselho Regional de Medicina pelos descumprimentos dos princípios éticos, ou por deixar de assegurar condições técnicas de atendimento, sem prejuízo da apuração penal ou civil. Assim, verifica-se que, em tese, os cargos de diretor clínico e gestor de fluxo não conflitam. Sabe-se que o primeiro corresponde ao profissional médico que será o coordenador de todo o corpo clínico da pessoa jurídica prestadora de serviço de saúde, enquanto que o gestor de fluxo exercerá função de gerência no âmbito do pronto-socorro, o que, em última análise, lhe põe em posição de subordinação em relação ao diretor clínico da instituição, já que os médicos do pronto-socorro também fazem parte do corpo clínico da pessoa jurídica. C ANÁLISE DO ART. 10 FIXAÇÃO DE JORNADA DE TRABALHO DO MÉDICO EM PRONTO-SOCORRO Já quanto ao art. 10 da minuta de resolução, iniciamos sua análise novamente colacionando o texto no presente Despacho, a saber: Art. 10 O médico de plantão no pronto-socorro não poderá cumprir jornada de trabalho superior a 12 h por dia.

Inicialmente destaca-se o conceito de jornada de trabalho que é o espaço de tempo durante o qual o empregado deverá prestar serviço ou permanecer à disposição do empregador, com habitualidade, excetuadas as horas extras. Já no que se refere à definição da jornada de trabalho do médico há que se tecerem maiores comentários, pois se trata de questão que por muito tempo gerou polêmica na doutrina e na jurisprudência. Assim, inicia-se a análise pelo art. 8º da Lei nº 3.999/1961, o qual estabelece a duração normal do trabalho dos médicos, salvo acordo escrito, que será de, no mínimo, 2 horas, e, no máximo, 4 horas diárias. Aos médicos e auxiliares que contratarem com mais de um empregador, não é permitido o trabalho além de 6 horas diárias (Lei nº 3.999/1961, arts. 2º, 8º e art. 22). Todavia, caso haja acordo escrito, ou por motivo de força maior, poderá ser o horário normal acrescido de horas suplementares em número não excedente de duas. A doutrina é divergente quanto à expressão "salvo acordo escrito". Alguns defendem que a jornada de 4 horas poderá ser estendida até 6 horas, já compreendidas as 2 horas extraordinárias permitidas por lei. Outra parcela doutrinária entende que o limite é de 6 horas, podendo haver o acréscimo de 2 horas extraordinárias, perfazendo, portanto, o máximo de 8 horas. O Tribunal Superior do Trabalho, finalizando a análise da questão, interpretou que a Lei nº 3.999/1961 não estipula jornada reduzida para o médico, mas apenas estabelece o salário-mínimo para essa categoria. Após decisões reiteradas nesse sentido, editou a Súmula TST nº 370, conforme disposto a seguir: "Nº 370 Médico e engenheiro. Jornada de trabalho. Leis nº 3.999/1961 e 4.950/1966. (Conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 39 e 53 da SDI-1) Tendo em vista que as Leis nº 3.999/1961 e 4.950/1966 não estipulam a jornada reduzida, mas apenas estabelecem o salário mínimo da categoria para uma jornada de 4 horas para os médicos e de 6 horas para os engenheiros, não há que se falar em horas extras, salvo as excedentes à oitava, desde que seja respeitado o salário mínimo/horário das categorias. (ex-ojs nºs 39 e 53 - Inseridas respectivamente em 07.11.1994 e 29.04.1994)" Portanto, ao se analisar a supracitada Súmula, conclui-se que o médico possui jornada de trabalho constitucionalmente prevista, com duração normal não superior a 8 horas diárias e 44 semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo e convenção coletiva de trabalho.

A par disso, no caso sob exame, tem-se que não há lei específica que regulamenta a jornada máxima de trabalho do médico no regime de pronto-socorro, mas que a definição de tal regulamentação é matéria estritamente relacionada ao direito laboral. Dessa forma, verifica-se que a redação do dispositivo conflita, em tese, com o disposto no art. 22, inciso I, da Constituição Federal de 1988, que dispõe ser de competência privativa da União legislar sobre direito do trabalho, verbis: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (g.n) Por oportuno, é preciso esclarecer que quando a CF/88 dispõe sobre as competências legislativas da União está, em realidade, atribuindo competência ao Congresso Nacional, por suas Casas, para legislar sobre a matéria, não podendo ser feita analogia em relação ao CFM por ser Autarquia Federal, haja vista que as atribuições regulamentares que este Conselho Federal possui estão jungidas ao aspecto técnico e moral da medicina, conforme se depreende da leitura da Lei nº 3268/57, não possuindo, portanto, atribuição para regulamentar regime de jornada de trabalho, como é o caso da carga horária máxima dos profissionais médicos. Nesse sentido, estabelecendo a competência privativa da União para legislar sobre direito do trabalho, cumpre trazer a tona o entendimento do STF sobre a questão: Competência legislativa. Direito do trabalho. Profissão de motoboy. Regulamentação. Inadmissibilidade. (...) Competências exclusivas da União. (...) É inconstitucional a lei distrital ou estadual que disponha sobre condições do exercício ou criação de profissão, sobretudo quando esta diga à segurança de trânsito. (ADI 3.610, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 1º-8-2011, Plenário, DJE de 22-9-2011.) Vide: ADI 3.679, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 18-6-2007, Plenário, DJ de 3-8-2007 (g.n) À vista disso, em que pese a salutar preocupação do Conselho Federal de Medicina em face da ausência de normatização determinando o tempo máximo de plantões contínuos que um médico plantonista de emergências pode cumprir, bem como a consideração de que o profissional da medicina deve possuir plenas condições físicas e mentais para exercer suas atividades com eficácia e zelo e em beneficio do paciente, constata-se, todavia, que o texto do art. 10 da minuta de Resolução, ao menos em tese, busca normatizar matéria trabalhista, circunstância que pode gerar questionamentos quanto à atuação do CFM no que se refere à fixação de jornada de trabalho máxima do médico que trabalha em pronto-socorro.

Portanto, entende-se por conveniente que o texto do art. 10 da minuta de Resolução seja alterado para constar RECOMENDAÇÃO de que a jornada de trabalho do médico em regime de plantão em pronto-socorro não ultrapasse 12 horas contínuas, juntamente com o período de descanso razoável, já que o respeito a tal previsão permitirá que o exercício da medicina possa ser desempenhado com máxima eficácia, pois o profissional ostentará condições físicas e mentais condizentes com a complexidade inerente aos serviços médicos em regime de pronto-socorro, fazendo com que os termos da Resolução CFM estejam integralmente incluídos em sua atribuição para normatizar o viés técnico, moral e ético da medicina brasileira, tudo em benefício do paciente que contará com profissional em plenas condições de lhe atender. IV DA CONCLUSÃO Face o exposto, este Sejur OPINA pela legalidade da minuta de resolução nos termos em que nos foi apresentada, SUGERINDO, porém, a observância do que restou analisado nos itens A, B e C. É o que nos parece, s.m.j. Brasília, 15 de fevereiro de 2013. Rafael Leandro Arantes Ribeiro Assessor Jurídico De acordo: José Alejandro Bullón Chefe do SEJUR