Algumas Percepções Históricas sobre a Formação de Professores de Matemática no Baixo Araguaia. Williane Barreto Moreira Unesp Rio Claro SP e-mail: wbm_nana@hotmail.com Ivete Maria Baraldi Unesp Bauru SP e-mail: ivete.baraldi@fc.unesp.br Comunicação Oral Pesquisa em Andamento RESUMO EXPANDIDO Esse artigo é referente à uma pesquisa de mestrado em andamento que visa esboçar uma versão histórica da formação de professores de Matemática no Baixo Araguaia MT, desde a implantação do Projeto Inajá, ainda na década de 1980, até as Licenciaturas Plenas Parceladas em Matemática, que se fazem presente na região ainda nos dias atuais. Utilizando-nos da História Oral como metodologia de pesquisa, o estudo abordado faz parte de um projeto maior de mapeamento da formação de professores de Matemática no Brasil. No esforço de escrever uma versão histórica para o tema em questão, usarmos os depoimentos produzidos, e também fontes escritas disponíveis. Neste artigo, já trazemos algumas considerações acerca das análises preliminares já elaboradas, que mostram cursos ofertados para a formação de professores, bem como as contribuições trazidas ao Baixo Araguaia por meio dos Projetos Inajá e Parceladas. PALAVRAS CHAVES: Projeto Inajá, Licenciaturas Parceladas, Educação Matemática. Introdução Fazendo parte de um grupo de pesquisa (Grupo História Oral e Educação Matemática Ghoem) que possui um projeto amplo de mapeamento da formação de professores de Matemática no Brasil, e tendo uma das pesquisadoras oriundas da região do Baixo Araguaia, no interior de Mato Grosso, nos indagamos sobre a formação de professores nesta região tão peculiar. Muitos fatores influenciaram para que se iniciasse uma mudança no cenário da educação da região e um dos mais
2 relevantes se deu ao intenso aumento da população em curto período de tempo, nos anos de 1980, devido à migração de pessoas de outros estados em busca de terras baratas e com promessa, por vezes, de gratuidade das mesmas. Como conseqüência, o número de escolas dos municípios desta região aumentou, faltando, no entanto, profissionais qualificados para atuarem nelas. Sendo assim, desenvolvemos, atualmente, uma pesquisa de mestrado com a intenção de compreender como aconteceu a formação de professores de Matemática no Baixo Araguaia, desde o início com o Projeto Inajá até as Licenciaturas Parceladas, a fim de elaborar uma versão histórica. Alguns trabalhos apresentam retratos sobre essa formação ocorrida no Mato Grosso, tais como: Strentzke (2011), no qual realizou um estudo de projetos que foram essenciais para a formação de professores leigos na região, como o Projeto Inajá; Soares (2005) que destaca como se dá a formação de professores de matemática na modalidade das Parceladas, no município de Araputanga MT; Rolkouski (2006) que se valeu da História Oral, realizando entrevista com um professor que teve sua formação na modalidade das Parceladas; Sousa (2009) e Camargo (1997) que abordam a formação de professores na região do Médio Araguaia. Nossa pesquisa, no entanto, tem o foco no pólo de Luciara MT e um dos objetivos é trazer novos elementos para a composição do cenário proposto pelos outros trabalhos, por meio dos depoimentos de professores que vivenciaram a formação através do Inajá e das Parceladas e dos documentos encontrados que foram produzidos à época. Nesta oportunidade, pretendemos esboçar algumas considerações acerca do tema diante do que já foi possível produzir com o desenvolvimento da pesquisa. Metodologia Optamos em usar a História Oral como metodologia para o desenvolvimento da pesquisa abordada. Temos como disparadores de uma operação historiográfica os depoimentos de professores que tiveram sua formação por meio do Inajá e das Parceladas, dentre outros profissionais. Faremos um cotejamento entre essas fontes orais e as escritas para melhor entendimento da pesquisa. Sendo nosso pano de fundo da pesquisa as fontes orais produzidas por meio das entrevistas, logo após a gravação, iniciamos trabalho mais cuidadoso com elas.
3 Primeiramente, as transcrevemos, ou seja, redigimos no papel exatamente o que foi dito no dia da gravação, e as textualizamos, momento no qual tornamos a transcrição um texto mais homogêneo, livre de vícios de linguagem e repetições. Para nos ajudar em uma melhor compreensão do foco de estudo, coletamos registros escritos que junto às entrevistas contribuirão para elaborarmos uma versão histórica do tema abordado. Sobre a Formação de Professores de Matemática no Baixo Araguaia Dos professores atuantes na região antes da implantação do Projeto Inajá, em sua maioria, não possuía sequer o Ensino Fundamental completo; com a vinda deste curso, estes professores puderam receber uma qualificação, mesmo que ainda em nível de Ensino Médio, como um Magistério, mais adequada aos anos em que atuavam. Por iniciativa desses mesmos alunos, foi realizado um outro contato com os professores do Inajá, especialmente os vindos da Unicamp, e com os novos conhecimentos adquiridos, os alunos formados neste projeto sentiram a necessidade de prosseguir em seus estudos, ao que clamaram e receberam o Projeto das Parceladas, com o qual puderam ter acesso a um curso superior em várias licenciaturas, entre elas, Matemática, que iniciou em 1992. Os cursos ofertados nas Parceladas buscou manter a mesma metodologia já adotada no Projeto Inajá. Dando início à nossa pesquisa, no pólo de Luciara e na Secretaria da Prelazia de São Felix do Araguaia, encontramos alguns documentos nos quais iremos nos aprofundar para melhor explicitar a formação desses professores no Baixo Araguaia, mas prematuramente ao que já foi lido deixa-se claro que esses educadores enfrentaram muitas dificuldades para conseguirem os cursos que até os dias de hoje são ofertados na região, pois os vários conflitos de terras e brigas políticas eram um entrave no caminhar dos mesmos. Segundo Gentil (2005) o envolvimento da igreja católica na educação foi um marco importante principalmente pela presença do Bispo Pedro Casaldáliga, que veio para a região na década de 1970 e ainda hoje está no município de São Felix do Araguaia.
4 Concluindo... algumas considerações O Projeto Inajá se fez importante para a região, pois abrigava uma dura disputa por terra entre posseiros, fazendeiros e índios, parecendo, muitas vezes, um campo de guerra. Assim, o Projeto, por se preocupar em capacitar os professores leigos, onde com a compreensão que eles adquirissem da realidade poderiam ter um ponto de vista critico diante do que estavam vivendo, mostrou-se como uma forma de apaziguar os ânimos. As autoridades influentes das cidades e região vendo a necessidade de fornecer formação aos professores, até então leigos resolveram se mobilizar e trouxeram qualificação para aqueles que atuavam mesmo sem nível médio. O Inajá se tornou fruto de movimentos educacionais no nordeste de matogrossense. Transformou-se em semente de vários outros projetos entre eles podemos citar as Parceladas, ofertadas pela UNEMAT que mantem seu funcionamento até os dias atuais. A principal intenção das Licenciaturas Plenas Parceladas é atender a professores em serviço, portanto, trata-se de um projeto de formação em serviço e continuada em nível superior. Assim como o Inajá, as Parceladas também surgiram como emergencial, visando sanar o problema de falta de capacitação adequada em alguns municípios matogrossenses, no entanto, a carência se mantém e as Parceladas ainda está na ativa, mesmo após vinte anos. Referências CAMARGO, D. M. P. Mundos Entrecruzados: Formação de Professores Leigos. Campinas-SP, Editora Alínea, 1997. GENTIL, H. S. Identidades de Professores e Rede de Significaçõesconfigurações que constituem o nós, professores. 2005. 302 f. Tese (Doutorado) Faced/UFRGS, Porto Alegre, 2005. ROLKOUSKI, E. Vida de Professor de Matemática-(im) possibilidades de leitura. 2006. 298 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) UNESP, Rio Claro, 2006.
5 SOARES, I.M. A Formação do Professor em exercício: Uma analise da Licenciatura Plena Parcelada em Matemática da Unemat-MT. 2005. 134 f. Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade São Francisco, Itatiba, 2005. SOUSA, J. A construção da identidade profissional do professor de matemática no Projeto Licenciaturas Parceladas da Unemat-MT. 2009. 287 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) PUC/SP, 2009. STRENTZKE, I. Inajá homem-natureza e geração tucum: uma análise da proposta pedagógica de 1987 a 2000. 2011 130 f. Dissertação (Mestrado em Educação) UFMT, Rio Claro, 2011.