Rótulas temporárias. Analisando e interpretando:

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Transcrição:

1/17 nalisando e interpretando: Rótulas temporárias Fotos antigas, da época da construção da ponte, 1929-1930, mostrando formas e armaduras. Inúmeras fotos, tiradas em 2010 pelo pesquisador Marckson Theones Kielek. (marcksonkielek@hotmail.com ), morador da cidade Herval do Oeste / SC, às margens do rio do Peixe, 27 anos após a destruição da ponte Baumgart. Fotos tiradas na época das águas baixas de 2010, nos escombros da ponte Baumgart, no fundo do rio do Peixe, rtigo Rigid Frame Bridges in Reinforced Concrete, publicado na revista americana : The Structural Engineer December 1933 - page 478 utor:.p.mason B.Sc.,.M.Inst.C.E.,.M.I.Struct.E. rtigo Long Rigid-Frame Bridge Erected by Cantilever Method do Eng. Rolf Schjodt, que trabalhava no escritório do Eng. Emilio Henrique Baumgart, durante a elaboração do projeto, publicado na revista Engineering News Record - 6 gosto 1931 Esse artigo está traduzido na última página. Livro Emilio Henrique Baumgart, suas realizações e recordes Uma vida dedicada ao concreto armado do Eng. ugusto C. de Vasconcelos - Edição Vedacit Otto Baumgart S - 2005 fizemos alguns croquis de como o criou as rótulas temporárias, para que, durante a construção, não surgissem momentos fletores nos pilares centrais da ponte. Baumgart usou rolos de ferro fundido como rótulas ( ver fotos ). Hoje são usados aparelhos de apoio com Neoprene ou com Teflon para essa função. pós o fechamento do vão central da ponte, foi feita a concretagem de um espaço deixado vazio, e o pilar ficou rigidamente ligado à viga, formando um pórtico hiperestático. Os pilares foram construídos em forma de forquilha ( ver fotos) e a viga passava pelo meio dos dois braços da forquilha. Como cuidado adicional para que a rótula pudesse funcionar perfeitamente livre, durante a fase de execução, as faces das vigas, junto aos pilares em forquilha, foram engraxadas para não aderir a esses pilares ( ver recomendação no desenho de forma).

2/17 Rigid Frame Bridges in Reinforced Concrete rtigo publicado na revista : The Structural Engineer December 1933 - page 478 utor:.p.mason, B.Sc.,.M.Inst.C.E.,.M.I.Struct.E. Rótula temporária Viga Seção - Pilar em forquilha Pilar em forquilha Pilar em forquilha

3/17 Cross Section at Pier (Seção -, da página anterior, no Pilar em forquilha) Viga Eixo do apoio Preenchido após o fechamento da viga Os dois lados da viga foram engraxados para permitir movimento livre Pilar em forquilha Barras 38mm s rótulas temporárias, nos pilares da ponte, foram projetadas apenas para a fase de execução. pós a conclusão da viga contínua com três vãos, as rótulas foram preenchidas com concreto, criando continuidade entre os pilares e as vigas. Eng. Rolf Schjodt - Engineering News Record - 6 gosto 1931 - Ver nexo 1

4/17 Ornamento Corte 7,5 m Vigas Principais 2m Rótula, ver foto a seguir. 2m Ver foto a seguir. Viga Principal, ver foto a seguir. Pilar em forma de forquilha Vazios a concretar após o fechamento do vão central SEM ESCL

5/17 Viga Principal RÓTUL Rótula no fundo do rio do Peixe Foto feita 27 anos após a destruição da ponte. Foto tirada em 2010 por marcksonkielek@hotmail.com

6/17 RÓTUL Rótula no fundo do rio do Peixe Foto feita 27 anos após a destruição da ponte. Foto tirada em 2010 por marcksonkielek@hotmail.com

7/17 Ornamento Corte 7,25m Viga Viga 2m Viga 2m Ver foto a seguir Interfaces engraxadas Concreto de 2º estágio Barras de 38 mm Pilar em forma de forquilha SEM ESCL

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9/17 Eng. Rolf Schjodt - Engineering News Record - 6 gosto 1931 - Ver nexo 1

10/17 Rótula pronta Rótula Temporária pronta - 1930

11/17 Rótula na Ponte pronta - 1931

12/17 Rótula temporária Pilar Forquilha (um lado) Posição desenhada

13/17 Rótula no fundo do rio do Peixe Foto feita 27 anos após a destruição da ponte. Foto tirada em 2010 por Marckson Theones Kielek marcksonkielek@hotmail.com

14/17 nexo 1 rtigo publicado na revista Engineering News Record - 6 gosto 1931 Long Rigid-Frame Bridge Erected by Cantilever Method Ponte Longa em Pórtico Rígido, Construída pelo Método dos Balanços ( sucessivos) utor : Eng. Rolf Schjodt, que trabalhava no escritório do Eng. Emilio Henrique Baumgart, no Rio de Janeiro, Brasil ponte do Herval em Santa Catarina, Brasil,apresenta um bom número de aspectos singulares. Em geral, o projeto é um pórtico contínuo de concreto armado, com um vão central de 224 pés (68,27m), o maior já construído. lém disso ela foi construída em balanço, sem escoramentos. ponte atravessa o Rio do Peixe, no sul do Brasil, e forma uma conexão muito necessária entre a ferrovia e a cidade de Herval em uma das margens, e os distritos produtores de gado na outra margem. Devido à ausência de lagos e às fortes chuvas nas montanhas costeiras, o rio está sujeito a repentinas enchentes durante todo o ano. Ocasionalmente o nível da água sobe 10,7 metros ou mais em uma noite. Essa condição, junto com o caro transporte dos materiais para o local da obra, e a barata mão de obra local, foram as razões para a escolha do projeto. ponte tem uma largura útil de 7,5 metros, incluindo duas calçadas laterais de 1,0 metro cada. Ela foi calculada para tráfego pesado.

15/17 Existem dois vãos laterais, com 23,2 metros e 26,2 metros respectivamente e um vão central de 68,3 metros. Total 117,7 metros. altura das vigas no meio do vão é 1/40 do comprimento do vão. s fundações sob os pilares centrais foram assentes na rocha. s colunas eram bifurcadas no topo ( forquilha ), para permitir a passagem das vigas, que eram apoiadas, cada uma delas, em dois apoios ( rótulas) de ferro fundido durante a construção. Posteriormente, essas rótulas foram envolvidas em concreto e a estrutura, como um todo, passou a funcionar como um pórtico contínuo. Este método foi escolhido para evitar momentos de flexão nas colunas. Os vão laterais das vigas ( junto às margens) eram ancorados em contrapesos de concreto e de pedra. Esses vãos laterais e os primeiros 9 metros de cada lado do vão central foram construídos sobre escoramentos. O restante do vão central foi executado em segmentos em balanço com 1,50 metros cada. s formas de madeira tinham 4,5 metros de comprimento, alcançando, portanto, um segmento em balanço, além do segmento anterior já executado. Para cada novo segmento de 1,5 metros, dois terços da forma já estavam na posição e fixadas pelo concreto lançado anteriormente e já endurecido. s formas restantes eram então colocadas e o conjunto era abraçado por peças verticais de madeira. Desse modo as próprias formas suportavam o concreto fresco, quando lançado.

16/17 s armaduras consistiam de barras de aço redondas com 1½ polegadas (38mm) com 1,5 metros de comprimento, conectadas por luvas rosqueadas. Essas luvas eram colocadas de modo que não existissem duas emendas na mesma seção transversal da viga. Na extremidade de cada segmento eram colocadas barras curtas de ¼ de polegada a cada 5 cm de intervalo, nas partes tracionadas da viga, de modo a aumentar a aderência entre os segmentos. Os trabalhos ( de construção) se desenvolveram regularmente e sem qualquer dificuldade, muito embora uma cheia repentina tenha arrastado os escoramentos dos dois vãos laterais da ponte. Felizmente, isso aconteceu após esses vãos laterais já terem se tornado auto-portantes ( o concreto já havia endurecido). Também aconteceu que todos os trabalhos tiveram que parar por uma semana durante o começo da revolução de 1930, quando muita luta ocorreu na vizinhança. O vão central foi completado em 29 de Outubro de 1930. Um mês após, a ponte foi testada com a sobrecarga total. té o presente momento não surgiu nenhuma fissura. ponte foi projetada pela firma de Emilio H. Baumgart, engenheiro consultor no Rio de Janeiro, com o autor desse artigo encarregado do cálculo e do controle.... Eng. Rolf Schjodt, do escritório do Eng. Emilio Henrique Baumgart, no Rio de Janeiro, 6 gosto 1931

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