PALAVRAS -CHAVE: auxílio-doença, incapacidade, trabalho.

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AUXÍLIO-DOENÇA Robson Seino Bier dos Santos 1 RESUMO O presente artigo tem como objeto a análise o benefício previdenciário Auxílio- Doença. Discorre sobre o seu conceito, as suas características e à comprovação da incapacidade temporária para exercício do trabalho, demonstrando a dificuldade de efetivação de um modo geral da concessão deste benefício previdenciário. Faz considerações sobre as perspectivas da história da Previdência Social como surgiram os primeiros preceitos normativos que tratam do assunto. O Auxílio-Doença é um benefício concedido em relação à incapacidade temporária, apresenta ser um instituto bastante complexo, tendo em vista que muitos segurados necessitam deste beneficio por ser de cunho alimentar, destina assegurar proteção em situações de urgência, devendo, deste modo, vislumbrar uma melhor adequação em relação ao lazer, à educação, à concretização dos direitos fundamentais e ao princípio da dignidade da pessoa humana. O artigo tem como principais referenciais teóricos ROCHA, MARTINS, CUTAIT NETO, SANTOS. PALAVRAS -CHAVE: auxílio-doença, incapacidade, trabalho. INTRODUÇÃO O presente artigo tem como objeto o benefício de Auxílio-Doença, em síntese é destinado a proteger a situação de necessidade decorrente da incapacidade para o exercício do trabalho, seu estudo se justifica pela potencial e impactante conseqüência que a incapacidade para o exercício do trabalho tem repercutido na sociedade brasileira. 2 Nesse sentido, se faz necessário um estudo mais especificado das formas de atuação da seguridade social, pelos serviços prestados pela previdência social que busca dar assistência social, o bem-estar, a justiça 1 Acadêmico de Direito do Décimo período. Artigo sobre Auxílio-Doença. Orientado por Estefânia Maria de Queiroz Barbosa. 2 CUTAIT NETO, Michel. Auxílio-Doença. São Paulo: editora J. H. Zuno, 2006. p. 11.

social e a saúde como vértices no sistema concebido pela Constituição Federal de 1988. Verifica-se, portanto, um trabalho mais aprofundado sobre o estudo do benefício previdenciário de Auxílio-Doença como instrumento de proteção social na atuação da Seguridade Social. 3 A Seguridade Social está intimamente ligada à vida dos segurados, uma vez que destina a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Sendo assim, compreender de forma sistemática as delimitações, os alcances, as características, as finalidades, as conseqüências e os aspectos críticos do benefício Auxílio-Doença pode repercutir na sociedade brasileira em especial nos aspectos quanto à incapacidade da atividade laborativa ou habitual, pois como se percebeu ocorrem muitas desigualdades sociais no que diz respeito às prestações dos benefícios previdenciários e na sua distribuição, devendo ter uma melhor efetividade no tocante aos que contribuem para o sistema da Previdência Social. Para ser coerente esta distribuição deve propiciar a redução das desigualdades sociais, devendo o Direito Previdenciário conceder uma distribuição melhor dos benefícios, nunca podendo aumentar margens a desigualdades nem contrariar o princípio da dignidade da pessoa humana. 4 Tendo em vista as inúmeras conseqüências relacionadas à incapacidade para o exercício do trabalho quanto ao benefício de auxíliodoença, deve-se observar a abrangência gerada sobre esse tema, no qual se verifica várias causas de doenças e acidentes que ocorrem nas condições físicas e funcionais do segurado no desempenho de suas atividades laborais, se são passíveis de recuperação. 5 Portanto, se faz necessária uma proteção social maior de atuação de eficácia na manutenção da ordem social, de garantia de paz, dignidade da pessoa humana e do desenvolvimento humano para toda a sociedade de um Estado democrático de Direito. 3 Idem. 4 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário. 4 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 p. 12. 5 CUTAIT NETO, op.cit, p.142.

Dessa maneira, se faz a importância da averiguação mais profunda do tema de Auxílio-Doença, para assim, seja estabelecer uma clareza no que se refere esse instituto. 1 O AUXÍLIO-DOENÇA O Auxílio-Doença é um benefício de cunho alimentar, está disciplinado nos artigos 59 a 64 da Lei 8.213/91, visa assegurar proteção ao segurado quando sofrer um acidente ou estiver incapacitado para o exercício da atividade laborativa ou habitual e por motivo de doença, sendo um benefício temporário, em decorrência da incapacidade laborativa é pago pela Previdência Social, enquanto o mesmo estiver incapacitado. 2 CONCEITO E SUAS CARACTERÍSTICAS CUTAIT NETO define o auxílio-doença como A materialidade do auxílio-doença, como já se convencionou esclarecer em tópico geral, corresponde à situação material de necessidade que o segurado enfrenta decorrente da incapacidade laborativa, ou, como quer a lei, o fato de o segurado ficar incapacitado para o seu trabalho ou para sua atividade habitual. 6 Já MARTINS afirma que O auxílio-doença deve ser um benefício previdenciário de curta duração e renovável a cada oportunidade em que o segurado dele necessite. É um benefício pago em decorrência de incapacidade temporária. 7 Para um entendimento mais aprofundado sobre o benefício de auxíliodoença é necessário primeiro fazer uma distinção entre os beneficiários e os segurados do INSS. Os beneficiários estão disciplinados no artigo 10 da Lei 8.213/1991, que dispõe como sendo os segurados e os dependentes. 6 Ibidem, p. 140. 7 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 19. p. 318.

social. 10 Conforme ROCHA e BALTAZAR JUNIOR definem dependentes sendo Conforme ROCHA e BALTAZAR JUNIOR definem beneficiários Os titulares do direito subjetivo de gozar das prestações contempladas pelo regime geral são designados pela lei como beneficiários. A expressão abrange os segurados e seus dependentes. 8 Os segurados são conceituados como sendo as pessoas físicas que, em razão do exercício de atividade ou mediante o recolhimento de contribuições, vinculam-se diretamente ao Regime Geral. 9 Já os dependentes são os familiares, os parentes do segurado, que em virtude da morte do mesmo, tem o direito de ser protegido pela seguridade como pessoas cujo liame jurídico existente entre elas e o segurado permite que a proteção previdenciária lhes seja estendida de forma reflexa. 11 Quanto os segurados do INSS estão disciplinados no artigo 11 da lei 8.213/1991. Segundo MARTINS define como segurado é sempre pessoa física, o trabalhador. A pessoa jurídica não é segurada, visto que não é beneficiária do sistema, não irá se aposentar, por exemplo. A Pessoa jurídica será contribuinte, pois a lei determina que deverá pagar certa contribuição à seguridade social. 12 Para ser segurado do INSS, o mesmo deve verificar primeiro a necessidade da filiação que deve ser formalizada perante a inscrição no Regime Geral da Previdência Social. Depois de concluída esta filiação com a Previdência Social será considerado segurado. 13 Os segurados do INSS podem ser divididos em dois tipos de grupos tais como: segurado obrigatórios e segurado facultativos. Primeiro, refere-se aos segurados obrigatórios que são os empregados, os empregados domésticos, o contribuinte individual, o 8 ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JUNIOR, Jose Paulo. Comentários à lei de benefícios da previdência social : Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. 8 ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora: Esmafe, 2008. p. 50. 9 Idem. 10 CUTAIT NETO, op.cit., p. 91-92. 11 ROCHA, BALTAZAR JUNIOR, op.cit., p. 50. 12 MARTINS, op.cit., p. 79. 13 CUTAIT NETO, op.cit., p. 87.

trabalhador avulso e o segurado especial. 14 A característica marcante dos segurados obrigatórios é o exercício de uma atividade laboral. 15 Já os segurados facultativos é a pessoa física que não tem obrigação legal de se inscrever no sistema e de recolher a contribuição previdenciária, mas o faz para poder contar tempo de contribuição. 16 Os segurados facultativos podem filiar-se facultativamente, 17 através, do síndico de condomínio, o estudante, a dona-de- casa, o desempregado e maior de 16 anos. 18 Para ter o direito de usufruir o benefício de auxílio-doença, nas condições previstas nos artigos 59 e seguintes da Lei 8.213/91, o segurado deve-se encontrar incapacitado para o exercício da atividade laborativa ou habitual. No entanto, deve ter uma condição para que o segurado possa ter o direito de receber a prestação oferecida pela autarquia que é o período de carência. De acordo com artigo 59 da Lei 8.213/1991 dispõe que: O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta lei, ficar incapacitado para seu trabalho ou para sua atividade por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Nesse sentido, se verifica que o segurado para ter o direito ao benefício de Auxílio-Doença, deve ter primeiro o período de carência, que são no mínimo de 12 contribuições, tendo a carência em dia, o segurado deve comprovar sua incapacidade temporária que será realizado por uma perícia médica do INSS, a qual comprovando esses dois requisitos terá o direito de usufruir este benefício. Portanto, o segurado para usufruir do benefício de Auxílio-Doença, deverá cumprir o requisito de carência para poder receber este benefício, isto é, o segurado deverá contribuir no mínimo 12 contribuições para poder ter o direito, conforme o artigo 25 da Lei 8.213/1991 explicita que: 14 Ibidem, p. 87-88. 15 Ibidem, p. 87-88. 16 MARTINS, op.cit., p. 108. 17 Idem. 18 Ibidem, p. 108-109.

A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral da Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no artigo 26: I auxílio-doença e aposentadoria por invalidez (doze) contribuições mensais De acordo com CUTAIT NETO explicita que Assim, para usufruir do auxílio-doença o segurado deverá, antes, ter contribuído para o financiamento da seguridade social, por meio da contribuição social a seu cargo, pelo período de 12 meses, ininterruptamente, sob pena de, assim não fazendo, não preencher um requisito formal e legal para o recebimento do valor do benefício. 19 Como foi visto anteriormente o segurado para ter o direito de usufruir o benefício de Auxílio-Doença deve ter primeiro o período de carência e o deferimento por parte da perícia médica do INSS. Verifica-se que a previsão prevista no artigo 25 do inciso I, da Lei 8.213/1991, estabelece que a carência ocorra nas situações de incapacidade de causas comuns ou normais ou causas ligadas ao exercício do trabalho. 20 Segundo CUTAIT NETO explica Pela previsão desse inciso I do artigo 25 não se pode deduzir, segundo a divisão proposta para a causalidade do evento incapacidade, entre causas decorrentes ou não do exercício do trabalho, apesar de ambas terem as mesmas conseqüências, se a carência estipulada será exigida para o caso da incapacidade por causas comuns ou por causas ligadas ao trabalho. 21 Esta carência é definida como uma condição formal como já se ponderou e no caso do auxílio-doença está prevista materialmente no inciso I do artigo 25. 22 O segurado para ter o direito ao auxílio-doença, precisa ter a carência, ou seja, é necessário contribuir financeiramente a seguridade social, devendo cumprir a exigência legal no período de12 meses. 23 De acordo com Wladimir Novaes MARTINEZ define a Carência é número mínimo de contribuições vertidas. Período de carência, o decurso de 19 CUTAIT NETO, op.cit., p. 165. 20 Ibidem, p. 165-166. 21 Idem. 22 Ibidem, p. 164. 23 Ibidem, p. 164-165.

lapso de tempo associado a contribuições periódicas, devidas ou vertidas, exigidas como condição para a definição do direito a determinado benefício. 24 Assim, para usufruir o benefício de auxílio-doença, o segurado deverá cumprir a exigência legal que são doze contribuições. 25 Além da condição da carência estabelecida em lei, o segurado deve ter o deferimento por parte da perícia médica, isto é, a concessão e a manutenção do benefício dependem de exame médico. 26 No entanto, o Auxílio-Doença apresenta casos de exceção que dispensam o requisito de carência, apresentando duas hipóteses tais como: se o segurado sofrer um acidente de qualquer natureza ou causa e se for parte do rol da portaria interministerial MPAS/MS nº 2.998 art. 1º, inciso I,II, III, IV, VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, que configura a isenção de carência, o segurado fazendo parte dessa portaria, sugere-se a aposentadoria por invalidez. No artigo 26 da Lei 8.213/1991 dispõe: Independe de carência a concessão das seguintes prestações: II auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam trazatamento particularizado; Assim, o segurado que sofrer algum acidente de qualquer natureza ou fizer parte desse rol de portaria não precisa cumprir o requisito de carência para ter o direito do benefício de Auxílio-Doença, que são 12 contribuições. Entretanto, o segurado deve ter a qualidade de segurado, ou seja, contribuir pelo menos um mês antes de requerer este benefício. As doenças que fazem parte do rol de portaria são as seguintes: tuberculose ativa; hanseníase; alienação mental; neoplasia maligna; cegueira; paralisia irreversível e incapacitante; cardiopatia grave; estado avançado da 24 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário, tomo II: previdência social. 2 ed. São Paulo: LTr, 2003. p. 630. 25 Ibidem, p. 632. 26 Ibidem, p. 701.

doença de Paget (osteíte deformante); AIDS; contaminação por radiação, com base em conclusão de medicina especializada; hepatopatia grave. 27 Para CUTAIT NETO explica sobre a isenção de carência: A exceção desse inciso se refere a duas causas que determinem o benefício auxíliodoença: uma, quando a causa de por acidente de qualquer natureza ou causa ; e outra, quando a causa for decorrente de doenças profissional ou do trabalho mais aquelas doenças especificadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego que sejam relacionadas ao exercício do trabalho. 28 Diante desse contexto, o segurado que se enquadrar nessas duas hipóteses, referente ao artigo 26 inciso I da Lei 8.213/1991, será considerado isento de carência. 29 Agora que foi possível entender os requisitos para a obtenção do benefício de Auxílio-Doença e os casos de exceções, se verifica os outros requisitos quando o segurado já filiado no regime for portador da doença ou da lesão, não fará jus ao benefício, exceto se a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão, de acordo com artigo 59 parágrafo único da Lei 8.213/1911. Nesse sentido, a jurisprudência é controvertida quanto à questão do segurado vir a ficar incapacitado por motivo de progressão e agravamento da doença. Segundo ROCHA e BALTAZAR JUNIOR explicam que: Do mesmo modo que a aposentadoria por invalidez, esta prestação não é devida quando a doença ou lesão for precedente à filiação, salvo quando a incapacidade resultar do agravamento ou progressão da lesão. Entretanto, como referido nos comentários ao art. 42, a jurisprudência tem temperado esta regra. Havendo controvérsia neste ponto, imprescindível será a realização de perícia. 30 Para a concessão do benefício de Auxílio-Doença, o segurado deve primeiro requerer administrativamente perante a Previdência Social que pode se dar por Internet ou pelo próprio segurado, pelo empregado e também pelo desempregado e ainda também a empresa poderá requerer este benefício pela Internet. O segurado pode ser dividido em empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e o segurado especial. 27 MARTINS, op.cit., p. 319. 28 CUTAIT NETO, op.cit., p. 167. 29 Ibidem, p. 166. 30 ROCHA, BALTAZAR JUNIOR, op.cit., p. 271.

Conforme CUTAIT NETO explica O segurado empregado tem direito ao auxílio-doença após o período de 15 dias consecutivos, ou seja, a partir do décimo sexto dia contado da ocorrência da incapacidade. Já os demais segurados, todos os outros referidos no rol do artigo 11 da Lei 8.213/91, terão direito ao auxílio-doença a partir da ocorrência da incapacidade para o exercício do trabalho. 31 O pagamento do Auxílio-Doença é de competência da Previdência Social, quando o empregado vier ficar afastado a partir do décimo sexto dia do afastamento da atividade. Já o desempregado a partir da data do início da incapacidade laborativa ou habitual, conforme o artigo 60 da Lei 8.213/1991. Quanto ao pagamento do empregado ocorre quando, o mesmo se encontra afastado nos quinze primeiros dias é obrigação da empresa pagar. MARTINS afirma Nos 15 primeiros dias de afastamento da atividade por motivo de doença, caberá à empresa pagar o salário integral do empregado. No caso da existência de relação de emprego, o contrato de trabalho fica interrompido, tendo a empresa de contar como tempo de serviço os primeiros 15 dias de afastamento e pagar os salários correspondentes. 32 Já em relação ao direito do Auxílio-Doença, o empregado vai ter o direito quando contar a partir do 16º dia do afastamento da atividade, e não sendo devido quando contar 1º dia do afastamento do trabalhador e ainda se o segurado vier ficar afastado por mais de trinta dias e requerer o beneficio de Auxílio-Doença, só será devido a partir da data de entrada do requerimento. 33 Nesse contexto, verifica que o auxílio-doença suspende o contrato de trabalho, quando o segurado empregado vier a ficar incapacitado por mais de 15 dias, será ele considerado licenciado pela empresa, conforme o artigo 63 da Lei 8.213/1991. 34 Segundo CUTAIT NETO afirma: No caso dos segurados empregados, o contrato de trabalho ficará suspenso pelo período que durar o afastamento decorrente da incapacidade, conforme disposição, prevista no artigo 63 da Lei n. 8.213/91, de que: o segurado empregado como licenciado, disposição que vem, concomitantemente prevista na Consolidação das Leis do Trabalho. Já, para os demais segurados, o afastamento se operará de forma 31 CUTAIT NETO, op.cit., p. 147-148. 32 MARTINS, op.cit., p. 319. 33 Idem. 34 CUTAIT NETO, op.cit., p. 142.

natural, com a paralisação efetiva das atividades laborais que o segurado incapacitado desempenhava. 35 O Auxílio-Doença deixa de ser pago em quatro situações: primeiro, quando o segurado se recupera da incapacidade para o trabalho; segundo, quando o benefício de Auxílio-Doença se transforma em Aposentadoria por Invalidez; terceiro, o segurado solicita a alta médica e tem parecer positivo de concordância da perícia médica da Previdência Social e quarto, o segurado volta voluntariamente ao trabalho. Ressalta-se que o Auxílio-Doença é um benefício temporário, pois apresenta a expectativa de recuperação por parte do segurado. Entretanto, havendo a impossibilidade de recuperação, a perícia médica do INSS, verificando que a incapacidade é permanente, deverá sugerir a transformação do Auxílio-Doença em Aposentadoria por Invalidez. No caso da perícia médica considerar o segurado estar incapacitado permanentemente ou total, sem possibilidade de condições de retornar ao trabalho, será sugerido à Aposentadoria por Invalidez. Nesse sentido, se verifica um dado muito importante na questão quando o segurado estiver usufruindo o beneficio de Auxílio-Doença, deverá obrigatoriamente submeter a exame médico a cargo da Previdência Social, sob pena de ser suspenso o benefício do segurado, caso não se sujeite este exame, devendo estar presente para o processo de reabilitação profissional, concessão e prorrogação deste benefício. 36 O valor do benefício de Auxílio-Doença para o segurado, corresponderá a 91 % do salário-de-benefício. O benefício de Auxílio-Doença tem como diretriz, a relação de duas formas, primeiro, o segurado, como o sujeito que tem o direito de receber a prestação e segundo a autarquia que é o que tem o dever de pagar a prestação, enquanto o segurado estiver incapacitado para o exercício do trabalho ou atividade habitual. 37 CUTAIT NETO afirma que O artigo 59 da Lei n. 8.213/91 imputa ao segurado o direito de recebimento do benefício previdenciário auxilío-doença. 35 Idem. 36 Ibidem, p. 321. 37 CUTAIT NETO, op.cit., p. 143-144.

E, portanto, nessa relação jurídica previdenciária, o segurado é o sujeito ativo em favor de quem o sujeito passivo vai prestar o objeto dessa relação. 38 CONCLUSÃO Este artigo tem início com a seguinte problemática: o benefício previdenciário de Auxílio-Doença e os seus requisitos para obtenção de seu deferimento. O trabalho apresentou a importância do Auxílio-Doença, pois é um beneficio de cunho alimentar que destina assegurar proteção a todos os segurados que se encontrem incapacitados temporariamente, devendo ser oferecidos pela Previdência Social. Verificou-se que o segurado busca na via administrativa o seu direito de receber o benefício de Auxílio-Doença. Entretanto, o mesmo para fazer jus a este benefício deve obrigatoriamente ter dois requisitos básicos, a carência e o deferimento por parte da perícia médica do INSS, tendo esses dois requisitos terá o direito de usufruir o beneficio de auxílio-doença. Nesse mesmo sentido, verificou-se que em alguns casos o segurado não precisa comprovar o período de carência, como exemplo em que o segurado faz parte do rol de portaria interministerial ou acometido de acidente de qualquer natureza, ficando isento de carência. Nestes casos, sugere a aposentadoria por invalidez pela gravidade da incapacidade, pois se verifica ser uma incapacidade definitiva, por constatar que o quadro é irreversível. Foram levantadas também as hipóteses que o segurado não faz jus ao benefício de auxílio-doença, quando o mesmo já filiar se portador de doença, exceto se a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento. Portanto, conclui-se, mediante afirmação que o auxílio-doença é um poderoso instrumento de proteção a todos os segurados que se encontrarem incapacitados, devendo ser prestados sempre que for averiguada a sua incapacidade para o exercício da atividade laborativa. 38 Ibidem, p. 144.

REFERÊNCIAS CUTAIT NETO, Michel. Auxílio-Doença. São Paulo: editora J. H. Zuno, 2006. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2008. MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário, tomo II: previdência social. 2 ed. São Paulo: LTr, 2003. ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JUNIOR, Jose Paulo. Comentários à lei de benefícios da previdência social : Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. 8 ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora: Esmafe, 2008. SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário. 4 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008.