Relatório de Avaliação dos Sistemas Judiciais Europeus. CEPEJ (dados referente a 2008)

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Transcrição:

Relatório de Avaliação dos Sistemas Judiciais Europeus CEPEJ - 2010 (dados referente a 2008) Análise dos resultados mais relevantes registados por Portugal 1

Pontos fortes registados por Portugal Sistema judicial bem financiado Quando se compara o orçamento alocado aos tribunais, por habitante, seja em termos absolutos ou em percentagem do PIB per capita, Portugal encontrava-se, em 2008, entre os países líderes (8ª posição), registando 48,4 por habitante face a uma média global de 37,0 e 0,31% do PIB per capita face a uma média global de 0,24. Acesso à justiça Em 2008, em matéria de apoio judiciário, Portugal era um dos poucos países europeus, a par da Bulgária, França, Holanda e Eslováquia, que previa a sua extensão à resolução alternativa de litígios. Portugal era também um dos únicos 5 países onde não era possível recusar a concessão de apoio judiciário por inexistência de fundamento da pretensão em processos não criminais. O montante médio do apoio judiciário concedido por caso ( 331) colocou Portugal na 16.ª posição, numa situação equivalente a países como a Itália, Luxemburgo, Finlândia, Macedónia, Escócia, Eslovénia, Bélgica, França e Espanha. Entre 2006 e 2008, este montante sofreu um aumento de +51%, face a uma média global de +27%. Apoio às vítimas de crime Portugal, tal como a maioria dos países analisados, registou, em 2008, um sistema público de informação e apoio a vítimas de crime, mas integrou o grupo restrito de 13 países (28%) em que existe um fundo público para compensação às vítimas de crimes violentos ou especialmente graves. A CEPEJ registou ainda que Portugal prevê a possibilidade de indemnização por força da morosidade dos processos judiciais, por não execução das decisões judiciais, por detenção indevida ou por condenação indevida. Informatização Portugal é um dos países na linha da frente da modernização informática, apresentando-se, em 2008, no grupo de países com a pontuação mais elevada ao nível da implementação de equipamentos informáticos para uso directo por parte de juízes e funcionários dos tribunais e ao nível global de informatização dos tribunais. Apresentou 2

ainda bons níveis de disponibilidade de equipamento informático que permite comunicação entre os tribunais e as partes. Resolução alternativa de litígios Neste domínio, a posição de Portugal em 2008 era amplamente positiva e tem vindo a reforçar-se. Por um lado, Portugal é um de apenas 13 países em que a mediação, arbitragem e conciliação coexistem simultaneamente como mecanismos de resolução alternativa de litígios. Por outro lado, a mediação abrange um conjunto vasto de tipos de processos (processos civis e comerciais, processos tutelares, processos laborais, processos administrativos e processos penais). O relatório da CEPEJ coloca ainda Portugal no grupo de países que concede apoio judiciário em processos de resolução alternativa. Processos crime Ao nível dos processos crime, Portugal apresentou, em 2008, uma litigiosidade criminal reduzida: 1.364,3 processos entrados na 1ª instância por 100.000 habitantes (pouco mais de metade da média global de 2.573,5). No que concerne à taxa de resolução processual (clearance rate), Portugal apresentou um valor bastante favorável: 112,7% para os processos crime em fase de julgamento (para os restantes países, o valor médio rondou os 100%). Já a nível do conjunto de processos crime (em fase de julgamento ou outra), este resultado foi ainda mais favorável, cifrando-se nos 146%, sendo o 2º valor mais elevado a nível europeu. Estes valores superiores a 100% indicam que se operou uma redução da pendência a nível destes processos. Estes resultados não deixam de ser consequência da implementação do Plano de Acção para o Descongestionamento dos Tribunais (PADT), que levou a uma taxa de resolução processual muito favorável no ano de 2006. Divórcio litigioso Nos processos relacionados com divórcios litigiosos, Portugal registou o 6º valor mais reduzido a nível europeu, com 87,5 processos entrados na 1ª instância por 100.000 habitantes, apresentando ainda uma taxa de resolução processual (clearance rate) bastante favorável de 105%. Este valor superior a 100% significa que se operou uma redução da pendência a nível destes processos. Outros processos em tribunais superiores Em Portugal, a duração de um processo por roubo num tribunal superior foi de 78 dias (2º valor mais baixo). Verificou-se também que a nível dos processos por homicídio doloso, a 3

duração de um destes processos num tribunal superior foi de 92 dias (3º valor mais baixo). Outros pontos de destaque Portugal foi um dos poucos países nos quais o relatório da CEPEJ identificou a existência de procedimentos específicos e/ou simplificados em processos cíveis, criminais e administrativos de natureza urgente. Execução das decisões judiciais Portugal é um dos países do grupo da frente, a nível dos agentes de execução. Não só por requerer formação e exame inicial para acesso à profissão, mas também por ser um dos países em que os agentes de execução podem apresentar um estatuto misto (público ou privado). Em 2008, o número de agentes de execução por cada 100.000 habitantes foi, para Portugal, 7,9 (o 9º valor mais elevado da Europa, face à média global de 7,5). Mais ainda, entre 2004 e 2008 foi feito um esforço de aumento do número de agentes de execução, sendo que o aumento registado de 31,1% foi o 3º maior a nível europeu (face a uma média global inferior a 10%). É ainda importante referir que Portugal é um dos poucos países com mecanismos específicos para executar decisões judiciais proferidas contra entidades públicas e, simultaneamente, com um sistema de monitorização das execuções. 4

Análise por capítulo Capítulo 1 O processo de avaliação da CEPEJ O último relatório apresentado pela CEPEJ, relativo aos sistemas judiciários europeus, corresponde ao terceiro ciclo de avaliação, depois de um primeiro estudo piloto (exercício piloto, 2002-2004; exercício de 2006, referente a 2004; exercício de 2008, referente a 2006; exercício de 2010, referente a 2008). Apenas a Alemanha e Liechtenstein não forneceram dados para o presente relatório. Capítulo 2 Gastos públicos: tribunais, procuradorias e acesso ao direito e aos tribunais Tribunais Em termos orçamentais, os indicadores apresentados por Portugal relativos a 2008 colocam o país a meio da tabela dos restantes países europeus. Entre 2006 e 2008, o orçamento para todo o sistema judicial cresceu ligeiramente abaixo da média do conjunto dos países (24,5%, face a 27,7% da média global). A parte do orçamento do sistema judicial destinado aos tribunais apresentou também um valor ligeiramente abaixo da média do conjunto dos países (37,0%, face a 39,9% da média global). Quando se compara o orçamento alocado aos tribunais, por habitante, seja em termos absolutos ou em percentagem do PIB per capita, Portugal encontra-se entre os países líderes (8ª posição), registando 48,4 por habitante face a uma média global de 37,0 e 0,31% do PIB per capita face a uma média global de 0,24 ). Salários Portugal é um dos países com uma melhor posição relativa (11ª posição) em termos da percentagem do orçamento dos tribunais alocado a salários (77,7%, face a uma média global de 69%), tendo, no entanto, apresentado um aumento moderado desse mesmo montante entre 2006 e 2008 (+15,1% face a uma média global de +30,3%). 5

Capítulo 3 Acesso ao direito e aos tribunais Em 2008, em matéria de apoio judiciário, Portugal era um dos poucos países europeus, a par da Bulgária, França, Holanda e Eslováquia, que previa a sua extensão à resolução alternativa de litígios. Portugal era também um dos únicos 5 países onde não era possível recusar a concessão de apoio judiciário por inexistência de fundamento da pretensão em processos não criminais. O montante médio do apoio judiciário concedido por caso ( 331) coloca, em 2008, Portugal na 16.ª posição, numa situação equivalente a países como a Itália, Luxemburgo, Finlândia, Macedónia, Escócia, Eslovénia, Bélgica, França e Espanha. Entre 2006 e 2008, este montante sofreu um aumento de +51%, face a uma média global de +27%. A percentagem do orçamento dos tribunais com origem nas taxas e custas processuais pagas em 2008 (25,8%) coloca Portugal em linha com a média global de 25,9%. Contudo, entre 2006 e 2008, Portugal foi o 3º país que registou um maior aumento do contributo das taxas e custas processuais pagas para o orçamento dos tribunais (aumento de 47,6% face a um decréscimo global de 1,6%). Capítulo 4 Utilizadores dos tribunais: direitos e confiança do público Em Portugal, não existe obrigatoriedade de prestar a informação às partes acerca da duração previsível dos processos. É, no entanto, importante referir que se encontra actualmente a decorrer um estudo de avaliação de impacto sobre a divulgação das durações médias das acções em tribunal que aborda possíveis soluções para esta questão. Assinale-se, ainda, que esta informação já se encontra disponível para consulta no âmbito do Sistema de Informação das Estatísticas da Justiça (SIEJ). Portugal, tal como a maioria dos países analisados, apresenta um sistema público de informação e apoio a vítimas de crime, mas integra o grupo restrito de 13 países (28%) que dispunham, em 2008, de um fundo público para compensação às vítimas de crimes violentos ou especialmente graves. A CEPEJ registou ainda que Portugal prevê a possibilidade de indemnização por força da morosidade dos processos judiciais, por não execução das decisões judiciais, por detenção indevida ou por condenação indevida. 6

Capítulo 5 Tribunais Número No que concerne ao número de tribunais de 1ª instância por cada 100.000 habitantes, Portugal apresentava em 2008 um resultado de 2,2, pertencendo ao grupo de países como a Islândia (2,5) ou a Espanha (4,7). Já no que se refere ao número de localizações geográficas desses mesmos tribunais por cada 100.000 habitantes, Portugal apresentou um resultado de 3,2, pertencendo ao grupo de países como a Bélgica (3,0) e a Grécia (3,9). Informatização Portugal é um dos países na linha da frente da modernização informática, apresentando-se, em 2008, no grupo de países com a pontuação mais elevada ao nível da implementação de equipamentos informáticos para uso directo por parte de juízes e funcionários dos tribunais e ao nível global de informatização dos tribunais. Apresentou ainda bons níveis de disponibilidade de equipamento informático que permite comunicação entre os tribunais e as partes. Gestão A par da maioria dos países, Portugal possui sistemas que permitem monitorizar o número de processos pendentes, existindo indicadores de desempenho e um sistema de avaliação regular dos tribunais. No entanto, ao nível da gestão dos tribunais, o relatório da CEPEJ regista que Portugal pode ainda efectuar um conjunto de melhorias, como sejam: A definição de padrões de qualidade e a alocação de pessoal especializado aos sistemas de qualidade; A introdução de metas de desempenho quer para juízes, quer para tribunais; A monitorização do número de processos suspensos/adiados ou a monitorização da duração das várias fases processuais no decurso dos processos em tribunal. Estas questões estão actualmente a ser estudadas e analisadas ao nível da definição e implementação faseada do Mapa Judiciário. 7

Capítulo 6 Resolução alternativa de litígios Neste domínio, a posição relativa de Portugal em 2008 era amplamente positiva e tem vindo a reforçar-se. Por um lado, Portugal é um de apenas 13 países em que mediação, arbitragem e conciliação coexistem simultaneamente como mecanismos de resolução alternativa de litígios. Por outro lado, a mediação abrange um conjunto vasto de tipos de processos (processos civis e comerciais, processos tutelares, processos laborais, processos administrativos e processos penais). A CEPEJ coloca ainda Portugal no grupo de países que já em 2008 concedia apoio judiciário no âmbito de processos de resolução alternativa de litígios. Capítulo 7 Juízes A média de 18,0 juízes por cada 100.000 habitantes, apresentada por Portugal em 2008, encontra-se ligeiramente abaixo da média global de 20,6. Não obstante, é de frisar que 50% dos países analisados apresentou médias inferiores a 17,4 juízes por cada 100.000 habitantes, isto é, inferiores à média portuguesa. É ainda importante salientar o importante esforço desenvolvido entre 2004 e 2008, com aumentos anuais médios de 3,8% no número de juízes por cada 100.000 habitantes, quando a média para o conjunto de países foi de 3,0%. Capítulo 8 Funcionários judiciais/de Justiça Apesar de um decréscimo anual médio de 8,8% no número de funcionários do tribunal por juiz, entre 2004 e 2008 (na globalidade dos países registou-se um aumento anual de 2,4%), Portugal apresentava em 2008 ainda um número de funcionários por juiz de 3,6, a par de países como a Bélgica, a Áustria, a França ou a Itália. O número de funcionários por cada 100.000 habitantes é apenas ligeiramente inferior à média global (63,9 face a 67,5). Do relatório da CEPEJ resulta, por fim, que Portugal tem ainda um caminho a percorrer na aproximação à média dos restantes países em termos da distribuição de tarefas dos funcionários dos tribunais. Em Portugal, os dados de 2008 revelam que 90,5% dos 8

funcionários dos tribunais tinham por tarefa auxiliar os juízes (face a uma média global de 51,3% nos 45 países analisados), apenas 5,3% tinham por tarefa a administração e gestão dos tribunais (face a uma média global de 28,2% nos 45 países analisados) e apenas 4,3% tinham tarefas técnicas (face a uma média global de 19,8% nos 45 países analisados). Capítulo 9 Julgamento justo e actividade dos tribunais Acções declarativas Ao nível das acções declarativas, Portugal era em 2008 o 11º país com maior litigiosidade, apresentando 2.964 processos entrados na 1ª instância por 100.000 habitantes (face a uma média global de 2.203). Contudo, foi também o 11º país com maior número de acções findas na 1ª instância por cada 100.000 habitantes, apresentando 2.937 processos findos por 100.000 habitantes (face a uma média global de 2.289). No que concerne à taxa de resolução processual (clearance rate), Portugal encontrava-se sensivelmente a meio da tabela, com um valor de 99,1% (o número de processos findos em 2008 representa 99,1% dos processos entrados). O decréscimo de 11,6% verificado neste indicador entre 2006 e 2008 justifica-se com os resultados muito positivos obtidos com a implementação do Plano de Acção para o Descongestionamento dos Tribunais (PADT), que levaram a uma taxa de resolução processual muito favorável no ano de 2006. O número médio de dias para que uma acção declarativa cível pendente seja resolvida num tribunal português foi em 2008 de 430 (8º valor mais elevado) face ao valor médio europeu de 282 dias. Acções executivas Ao nível das acções executivas, Portugal foi em 2008 o 9º país com maior litigiosidade, apresentando 2.429 processos entrados na 1ª instância por 100.000 habitantes. Contudo, foi também o 9º país, com maior número de acções findas na 1ª instância por cada 100.000 habitantes, apresentando 2.192 processos findos por 100.000 habitantes. No que concerne à taxa de resolução processual (clearance rate), Portugal encontrava-se entre a maioria dos países que apresenta valores inferiores a 100%. Em 2008, o número de processos findos registados em Portugal representou 90,2% dos processos entrados. O número médio de dias para que uma acção executiva cível pendente seja resolvida num tribunal português foi de 1.588 (2º valor mais elevado) face ao valor médio europeu de 9

418 dias. A par da Espanha (1.176 dias) e da Bósnia Herzegovina (2.668 dias), Portugal foi um dos países que apresentou um valor superior a 1.000 dias. Processos não penais No que concerne à taxa de resolução processual (clearance rate), Portugal encontra-se no grupo de países que apresentaram valores entre 90% e 100% (face a uma média global de 106%). Entre 2006 e 2008, Portugal registou um decréscimo de 7,9% na taxa de resolução processual dos processos não penais. Contudo, e mais uma vez, este decréscimo acentuado justifica-se com os resultados muito positivos obtidos durante a implementação do Plano de Acção para o Descongestionamento dos Tribunais, que levaram a uma taxa de resolução processual muito favorável no ano de 2006. O número médio de dias para que uma acção não penal pendente seja resolvida num tribunal português foi de 925 (3º valor mais elevado). Processos crime Ao nível dos processos crime, Portugal apresentou, em 2008, uma litigiosidade criminal reduzida: 1.364,3 processos entrados na 1ª instância por 100.000 habitantes (pouco mais de metade da média global de 2.573,5). No que concerne à taxa de resolução processual (clearance rate), Portugal apresentou um valor bastante favorável: 112,7% para os processos crime em fase de julgamento (para os restantes países, o valor médio rondou os 100%). Já a nível do conjunto de processos crime (em fase de julgamento ou outra), este resultado foi ainda mais favorável, cifrandose nos 146%, sendo o 2º valor mais elevado a nível europeu. Estes valores superiores a 100% indicam que se operou uma redução da pendência a nível destes processos. Também aqui registou-se um efeito positivo do Plano de Acção para o Descongestionamento dos Tribunais. Divórcio litigioso Nos processos relacionados com divórcios litigiosos, Portugal registou o 6º valor mais reduzido a nível europeu, com 87,5 processos entrados na 1ª instância por 100.000 habitantes, apresentando ainda uma taxa de resolução processual (clearance rate) bastante favorável de 105%. Este valor superior a 100% significa que se operou uma redução da pendência a nível destes processos. O número médio de dias para que uma acção de divórcio litigioso pendente seja resolvida num tribunal português de 1ª instância foi de 354 (3º valor mais elevado). A par da Itália 10

(696 dias) e de São Marino (416 dias), Portugal foi um dos países que apresentou um valor superior a 300 dias. Já num tribunal superior, esse valor desce para 101 dias. Processos relacionados com despedimentos A nível dos processos laborais relacionados com despedimentos, Portugal apresentou, em 2008, o 12º valor mais reduzido a nível europeu, com 39,0 processos entrados na 1ª instância por 100.000 habitantes, registando, contudo, uma taxa de resolução processual (clearance rate) de 68% (a 3ª pior a nível europeu). O número médio de dias para que uma acção laboral relacionada com despedimentos pendente seja resolvida num tribunal português de 1ª instância é de 648 (2º valor mais elevado apenas superado pelo Mónaco com 885 dias). Já num tribunal superior, a duração do processo desce para 154 dias. Outros processos em tribunais superiores Em Portugal, a duração média de um processo por roubo num tribunal superior foi em 2008 de 78 dias (2º valor mais baixo). No que diz respeito aos processos por homicídio doloso, a duração média destes processos num tribunal superior foi de 92 dias (3º valor mais baixo). Outros pontos de destaque Portugal foi um dos poucos países nos quais o relatório da CEPEJ identificou procedimentos específicos e/ou simplificados em processos cíveis, criminais e administrativos de natureza urgente. Capítulo 10 Magistrados do Ministério Público Número A média de 12,6 magistrados do Ministério Público por cada 100.000 habitantes, apresentada por Portugal em 2008, encontra-se ligeiramente acima da média global de 10,4. É ainda importante salientar o importante esforço desenvolvido entre 2004 e 2008, com aumentos anuais médios de 5,0% no número de magistrados do Ministério Público por cada 100.000 habitantes, quando a média para o conjunto dos países foi de 1,5%. Funcionário associados aos magistrados do Ministério Público 11

O número de funcionários associados aos magistrados do Ministério Público por cada 100.000 habitantes, em Portugal, foi, relativamente a 2008, de 15,8 (média global de 12,2). A média destes funcionários por magistrado do Ministério Público está também em linha com a média europeia de 1,4 (Portugal está na metade superior da tabela, com 1,2). Actividade Em Portugal, o número de processos criminais de 1ª instância, recebidos por magistrados do Ministério Público, foi em 2008 de 406,2, abaixo da média global de 501,7. Contudo, entre 2006 e 2008, o número de casos recebidos pelos magistrados do Ministério Público por cada 100.000 habitantes aumentou 10,3%, muito acima da média de 1,7% registada globalmente, pelo que se caminha no sentido do ajustamento necessário. Em Portugal, o número de casos levados a tribunal por magistrado do Ministério Público, em 2008, foi de apenas 56,3, face a uma média global de 131,1. Por outro lado, o número de casos levados a tribunal pelos magistrados do Ministério Público por 100.000 habitantes, foi de 711,2, face a uma média global de 1.105,6. E mais preocupante ainda é a queda de 11,7% deste último valor, entre 2006 e 2008, quando na Europa se registou um aumento médio de 4,1%. Capítulo 11 Estatuto e carreira de juízes e magistrados do Ministério Público Em Portugal, em 2008, o salário anual bruto de juízes e magistrados do Ministério Público em início de carreira foi de 34.693, equivalendo a 1,7 vezes o salário nacional médio anual bruto (19.00 ). A média global foi de 2,5 vezes o salário anual médio bruto para os juízes e 2,0 vezes o salário anual médio bruto para os magistrados do Ministério Público. Contudo, estes valores não incluem subsídios financeiros e de alojamento auferidos pelos magistrados em Portugal. Entre 2004 e 2008, registou-se aumento anual médio de 3,7% do salário anual bruto de juízes e magistrados do Ministério Público em início de carreira. A variação anual média do salário anual bruto de um juiz ou magistrado do Ministério Público em início de carreira face ao salário anual médio bruto nacional foi de -14,6% (face a reduções generalizadas na maioria dos restantes países). Já no Supremo Tribunal de Justiça ou noutras instâncias mais elevadas, o salário anual bruto, em 2008, de juízes e magistrados do Ministério Público aí colocados foi, respectivamente, de 83.401, equivalendo a 4,2 vezes o salário nacional médio anual 12

bruto, e de 80.972, equivalendo a 4,1 vezes o salário nacional médio anual bruto (face a uma média global de 4,6 vezes o salário anual médio bruto para os juízes e 3,9 vezes o salário anual médio bruto para os magistrados do Ministério Público). Mais uma vez, estes valores não incluem subsídios financeiros e de alojamento auferidos pelos magistrados em Portugal. Entre 2004 e 2008 registou-se aumento anual médio de 3,7% salário anual bruto de juízes e magistrados do Ministério Público na mais alta instância. A variação anual média do salário anual bruto de um juiz ou magistrado do Ministério Público na mais alta instância face ao salário anual médio bruto nacional foi também de - 14,6%, como aconteceu para juízes e magistrados em início de carreira. Portugal integrava em 2008 o grupo de 5 países que atribui subsídios de alojamento e financeiros de outra natureza a juízes e magistrados do Ministério Público. Capítulo 12 Advogados Número O número de advogados por 100.000 habitantes foi em 2008 o 8º mais elevado da Europa, com 260,2, sendo mais do dobro da média global de 120,1. Já a média de advogados por juiz encontra-se em linha com a média global de 14,6. O número de advogados em Portugal cresceu também, entre 2004 e 2008, a uma taxa anual muito próxima da média global de 10,3% (11,0%). Monopólio Apesar de em Portugal, tal como na grande maioria dos países, os advogados deterem o monopólio de representação legal do réu em processos criminais e de, nestes tipos de processos, Portugal ser em 2008 um dos 2 únicos países em que os advogados detêm o monopólio de representação da vítima, também é verdade que Portugal é um dos países em que os advogados não detêm o monopólio de representação legal em processos cíveis e administrativos. Honorários Portugal era em 2008 um dos países em que os padrões de qualidade para os advogados são formulados pela Ordem dos Advogados e pelo legislador. Já os honorários dos advogados são regulados pela Ordem dos Advogados, sendo que apesar dessas linhas de orientação, os honorários dos advogados podem ser negociados livremente. Portugal foi 13

considerado um dos países em que os utilizadores não conseguem facilmente determinar os honorários dos advogados. Capítulo 13 Execução das decisões judiciais Portugal é um dos países do grupo da frente, a nível dos agentes de execução. Não só por requerer formação e exame inicial para acesso à profissão, mas também por ser um dos países em que os agentes de execução podem apresentar um estatuto misto (público ou privado). Em 2008, o número de agentes de execução por cada 100.000 habitantes foi, para Portugal, 7,9 (o 9º valor mais elevado da Europa, face à média global de 7,5). Mais ainda, entre 2004 e 2008 foi feito um esforço de aumento do número de agentes de execução, sendo que o aumento registado de 31,1% foi o 3º maior a nível europeu (face a uma média global inferior a 10%). É ainda importante referir que Portugal é um dos poucos países com mecanismos específicos para executar decisões judiciais proferidas contra entidades públicas e, simultaneamente, com um sistema de monitorização das execuções. Capítulo 14 Notários Não obstante a apresentação de uma média de notários por cada 100.000 habitantes de 4,1 em 2008 (face a uma média global de 6,6 notários por cada 100.000 habitantes), Portugal destacou-se em 2008 como sendo um de apenas 3 países que apresenta um estatuto misto para os notários (publico e privado). É ainda registar, entre 2004 e 2008, o aumento do número total de notários (+13,1%, correspondendo ao 6º maior aumento, justificado pela implementação da reforma do estatuto dos notários). Capítulo 15 Intérpretes nos tribunais Ao nível dos intérpretes nos tribunais, Portugal apresentou uma posição intermédia face aos seus pares. Foi um de 22 países que assinalaram que o título de intérprete de 14

tribunal é protegido e que a função é regulada, embora a qualidade dos mesmos nos processos judiciais careça ainda de regulamentação. Capítulo 16 Reformas judiciais O relatório da CEPEJ refere que Portugal apresenta reformas nas seguintes áreas: Juízes nomeadamente ao nível de modificações estruturais Implementação gradual do mapa judiciário. Gestão e métodos de trabalho dos tribunais Desenvolvimento de ferramentas de gestão; Tribunais centrais para lidar com processos com elevado nível de especialização. Tecnologias de informação Acesso à Internet em banda larga para os tribunais e adopção de aplicações informáticas mais seguras, úteis e fiáveis; Consolidação, fortalecimento e expansão das aplicações informáticas disponíveis para os agentes da Justiça. Reformas das leis civis, criminais, administrativas convenções internacionais Reforma do processo civil. Processo executivo processual). Simplificação das acções executivas cíveis (introdução de mecanismos de celeridade Mediação e resolução alternativa de litígios litígios. Nova lei da arbitragem que pode facilitar e encorajar a resolução alternativa de Capítulo 17 Rumo a uma maior eficiência e qualidade no sistema judicial Europeu Não são feitas menções expressas, neste capítulo, a nenhum país. 15