Palavras-chave: Educação Especial, Educação Infantil, Autismo, Interação. 1. Introdução

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Transcrição:

HABILIDADES DE INTERAÇÃO DE ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO NA ESCOLA Bianca Sampaio Fiorini Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Marília. Débora Deliberato Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Marília. Eixo Temático: Práticas pedagógicas inclusivas Palavras-chave: Educação Especial, Educação Infantil, Autismo, Interação. 1. Introdução Com o passar dos anos, o autismo vem gerando grandes discussões acerca de suas características, sua etiologia e diagnóstico. Atualmente, é denominado como transtornos do espectro do autismo (TEA), classificado como um Transtorno do Neurodesenvolvimento, assim descrito pela quinta versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) publicado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) (APA, 2013). De acordo com Klin (2006), o autismo apresenta-se de forma precoce e acomete o desenvolvimento de habilidades sociais e comunicativas. Sendo classificado como um distúrbio do neurodesenvolvimento, há disfunções cerebrais que acarretam distúrbios nas habilidades físicas, sociais e de linguagem (GAUDERER, 1993; DSM-5, 2013). Schwartzman (2003) aponta que entre os déficits relacionados à interação social da criança com autismo, há prejuízos relacionados às formas de comunicação, sendo variáveis em cada indivíduo. Desta forma, o mesmo autor afirma que alguns podem não apresentar nenhuma fala e outros que a possuem, não conseguem iniciá-la ou manter uma conversação, é neste contexto que outras modalidades alternativas de comunicação atuam. Há também disfunções diante de estímulos sensoriais; fala e comunicação ausentes ou deficitárias; relações incomuns com as pessoas, comportamentos restritos, repetitivos e estereotipados, interesses em tarefas ou atividades restritas e a criança pode não utilizar de modo funcional os objetos ou brinquedos (GAUDERER, 1993).

De acordo com Camargo e Bosa (2012), houve aumento de crianças com autismo matriculadas em escolas regulares, indicando que a luta pela inclusão ganhou força durante os anos, contudo, ainda torna-se necessário e imprescindível o conhecimento fundamentado sobre as especificidades e desenvolvimento da criança com TEA, para que haja com efetividade a construção de ações pedagógicas que possibilitem a potencialidade das habilidades que elas possuem. Ao se pensar nos diferentes campos sociais que se fazem presentes na vida da criança, Lemos, Salomão e Agripino-Ramos (2014) consideram que a escola configura-se também como um ambiente favorecedor para o desenvolvimento da criança, dando-lhe oportunidades de se relacionar com seus pares e com o professor, sendo este essencial no que concerne à mediação que por sua vez contribui para a aprendizagem de diferentes habilidades. Em virtude das informações mencionadas, é essencial também abordar sobre o contexto escolar, sendo este um importante ambiente para o campo de socialização da criança (BORGES; SALOMÃO, 2003), principalmente quando se trata das crianças com transtornos do espectro do autismo (TEA). 2 Objetivos Objetivo Geral: Identificar o perfil comunicativo e interação social do aluno com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) tendo como referencial o ambiente escolar, nas escolas municipais de Educação Infantil da cidade de Marília-SP. Objetivos Específicos: Identificar as habilidades dos alunos com TEA segundo a opinião do professor; descrever as habilidades de interação dos alunos com TEA na rotina escolar; identificar a participação do aluno com autismo na rotina das atividades pedagógicas. 1. Material e método

Considerando os objetivos supracitados, a pesquisa desenvolvida apresenta delineamento metodológico de caráter descritivo e qualitativo. Trata-se de uma pesquisa de mestrado, a qual se encontra em andamento. Questões éticas O projeto tem aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Filosofia e Ciência, Unesp campus de Marília sob o parecer nº 1.329.716/2015. Todos os participantes receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido contendo os objetivos da pesquisa, bem como as especificações devidas. Participantes Participam da pesquisa sete alunos com diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) matriculados na Educação Infantil da rede municipal de uma cidade do interior de São Paulo. Os critérios de seleção foram: a) ser criança e apresentar diagnóstico de autismo ou ter a hipótese de TEA; b) frequentar sala regular de Educação Infantil da rede municipal de ensino. Também participaram professores da Educação Infantil da rede municipal de ensino de uma cidade do interior de São Paulo. Instrumentos de coleta de dados Foram realizadas observações das crianças em contexto escolar utilizando o registro contínuo por meio de diário de campo para identificar a participação do aluno na tarefa proposta na rotina escolar e para identificar situações de interação do aluno durante as atividades escolares. Foi elaborado um roteiro de entrevista semiestruturado que foi utilizado com os professores dos alunos com TEA ou hipótese de TEA. O roteiro passou por juízes pesquisadores da área, com o objetivo de melhor estruturação das perguntas. Também foi realizada uma entrevista piloto para verificar sua adequação e posteriormente foi transcrita.

Também foi utilizada a Escala de Traços Autísticos (ATA) com objetivo de identificar as habilidades dos alunos com TEA. A escala foi construída em Barcelona por Ballabriga e colaboradores (1994), que posteriormente foi traduzida, adaptada e validada por Assumpção Jr. et al. (1999). 2. Resultados e procedimentos de análise As entrevistas realizadas com os professores estão em processo de transcrição, posteriormente, serão incorporadas às informações obtidas da observação em texto único para análise segundo Triviños (1992). Após esta organização das informações e dos dados coletados, serão estabelecidas categorias temáticas referentes aos objetivos propostos. O material será enviado a juízes, com experiência na área, para melhor verificação das categorias. A seguir, segue um excerto de uma entrevista com algumas considerações: Pesquisadora: como era a comunicação do A (aluno) na escola? E quais comportamentos de comunicação você percebia dele? Professor: olha, no início ele falava assim só monossílabos e não fazia frases inteiras, ele chegou assim com a turma que ele estava, com o passar do tempo, das atividades, ele foi assim, se soltando vamos dizer, e essa linguagem foi aprimorando, até que no final do ano ele conseguia falar nome dos colegas por inteiro, frases por inteiro... mas além da escola que proporciona bastante, essa linguagem, essa comunicação, ele tinha atendimentos fora da escola, com terapia ocupacional fonoaudiologia, tudo isso. A partir do trecho é possível observar a percepção do professor em relação à comunicação sendo representada na maioria das vezes somente pela utilização da fala, sendo que a comunicação também pode ser transmitida por meio de outras habilidades, assim como afirmam Del Prette e Del Prette (2001), segundo os autores apesar de a sociedade estar acostumada a se comunicar de acordo com a utilização das palavras que são organizadas para transmitir uma informação intencional e estruturada, ainda há outras formas de comunicação que sucedem nas relações interpessoais, sendo assim, há componentes não verbais que estão

presentes nas relações sociais, como por exemplo, o olhar ou contato visual, o sorriso, expressões faciais e de gestos, a postura que o corpo apresenta, o contato físico e o que se relaciona na distância e proximidade entre as pessoas. 3. Considerações finais Até o momento, foi possível perceber que os professores apresentam muitas angústias em relação a entender o aluno com autismo, principalmente no que diz respeito à comunicação daqueles que não apresentam a comunicação oral. Isso também influencia no planejamento pedagógico e das atividades que serão realizadas na escola. Percebe-se ainda que em relação à comunicação, alguns professores ainda não a percebem além da sua utilização oral, o que demonstra que há a necessidade de auxiliá-los a perceber que a comunicação daquele aluno pode ser transmitida através de outras habilidades. Referências American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5th ed. Arlington, VA: APA; 2013. BORGES, L. C.; SALOMÃO, N. M. R. Aquisição da linguagem: considerações da perspectiva da interação social. Psicologia: Reflexão e Crítica, Rio Grande do Sul, v. 16, n. 2, p. 327-336. 2003. CAMARGO, S. P. H., BOSA, C. A. Competência social, inclusão escolar e autismo: um estudo comparativo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 28, n. 3, p. 315-324, jul/set. 2012. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais: terapia e educação. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. GAUDERER, E. Christian. Autismo. [S.I]: Atheneu, 1993. KLIN, A. Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral. Rev. Bras. Psiquiatria. v. 28, n. 1, p. 3-11, 2006. LEMOS, E. L. M. D.; SALOMÃO, N. M. R. ; AGRIPINO-RAMOS, C. S. Inclusão de crianças autistas: um estudo sobre interações sociais no contexto escolar. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 20, p. 117-130, 2014.

OMS - Organização Mundial da Saúde. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. 331 p. SCHWARTZMAN, J. S. Autismo infantil. São Paulo: Memnon, 2003. 162 p. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1992.