Análise dos conceitos básicos de eletroquímica à luz da epistemologia de Bachelard. Santos, J. E 1 ; Silva, F. J. S 2

Documentos relacionados
Bachelard. A Ciência é contínua?

IDENTIFICANDO OBSTÁCULOS EPISTEMOLÓGICOS EM CONTEÚDOS DE CINÉTICA QUÍMICA

ASPECTOS DAS RELAÇÕES ENTRE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE NO ENSINO DAS CIÊNCIAS NATURAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

As contribuições das práticas laboratoriais no processo de Ensino-Aprendizagem na área de Química

LINGUAGEM CIENTÍFICA QUÍMICA: UM DESAFIO PARA O PROFESSOR NA SUA CARREIRA DOCENTE. 2

INVESTIGAÇÃO DO APRENDIZADO SOBRE MODELOS ATÔMICOS DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE CAXIAS-MA

Natália Sarmento 1 Ednaldo de Paiva Pereira 2. Doutor em Ciências em Planejamento Energético PPE/COPPE/UFRJ.

MELHORIA DO ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DE NOVAS ABORDAGENS PARA AS AULAS PRÁTICAS DE QUÍMICA GERAL EXPERIMENTAL

RELAÇÃO ENTRE A CONTEXTUALIZAÇÃO E A EXPERIMENTAÇÃO ACERCA DAS QUESTÕES DO ENEM EM QUÍMICA

A CONCEPÇÃO DE PROFESSORES DE QUÍMICA SOBRE OS OBSTÁCULOS EPISTEMOLÓGICOS

METODOLOGIADO TRABALHOACADÊMICO

Sabrinna Aparecida Rezende MACEDO Licenciada em Física; Pós-Graduanda em Educação em Ciências e Matemática - UFG

ENSINO E CONCEPÇOES DE ALUNOS SOBRE TRANSFORMAÇÃO QUÍMICA

A IMPORTÂNCIA DAS AULAS EXPERIMENTAIS PARA O ENSINO DE FÍSICA

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de ciências, Metodologias, Palestra educativa.

DIDÁTICA E PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO: INVESTIGANDO PRÁTICAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM UMA ESCOLA PÚBLICA

A PRÁTICA DA CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE BIOLOGIA

História da Matemática na Educação Matemática: espelho ou pintura? Cristina Dalva Van Berghem Motta

DIFICULDADES DOS ALUNOS DE 8º ANO COM RELAÇÃO À COMPREENSÃO DO CONCEITO DAS INCÓGNITAS. Educação Matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental

O TRABALHO DO DOCENTE DE MATEMÁTICA NO PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL (6º AO 9º ANO) EM PARÁ BATINS CURRAIS-PI

APLICAÇÃO DA FÍSICA EXPERIMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO JOSÉ GONÇALVES DE QUEIROZ

O PENSAMENTO TEÓRICO NO ENSINO TÉCNICO

A INTERPRETAÇÃO DO FENÔMENO DA OXIDAÇÃO DO MAGNÉSIO: UM OLHAR A PARTIR DA EPISTEMOLOGIA DE BACHELARD

ESTABILIDADE QUÍMICA: UM OBSTÁCULO PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM LIGAÇÕES QUÍMICAS

DIDÁTICA DA MATEMÁTICA. Profª Violeta Maria Estephan

A TABELA PERIÓDICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA

Concepção dos Alunos de Ciências Biológicas Sobre as Atividades de Monitoria

O PIBID DIVERSIDADE NA ESCOLA DO CAMPO: O CASO DAS ATIVIDADES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS VOLTADAS PARA A OBMEP

EXPERIMENTOTECA: UM RECURSO DIDÁTICO PARA AUXILIAR A APRENDIZAGEM NO ENSINO DE QUÍMICA

A Reconstrução/Reorganização do Conhecimento na Educação de Jovens e Adultos e a Organização do Trabalho Pedagógico

OFICINA INTERATIVA: UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA O CONTEÚDO DE ELETROQUÍMICA

A PROFISSIONALIDADE DO BACHAREL DOCENTE NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Formação inicial de professores de ciências e de biologia: contribuições do uso de textos de divulgação científica

CONCEPÇÕES DOS DISCENTES DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (CFP/UFCG) SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC S) NA EDUCAÇÃO INFANTIL

ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ATRAVÉS DE MAPAS CONCEITUAIS 1 Ricardo Emanuel Mendes Gonçalves da Rocha. Graduando em Licenciatura em Matemática

PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DA REDE PÚBLICA DE ENSINO SOBRE O DESCARTE INDEVIDO DE ÓLEO DE COZINHA COM ÊNFASE NA PROBLEMÁTICA AMBIENTAL

Material Para Concurso

UMA PRÁTICA DIFERENCIADA NO ESTUDO DA TABELA PERIÓDICA COM ALUNOS DA 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE

TRABALHOS ACADÊMICOS

Palavras-chave: Ensino de Química; Contextualização; Laboratório de Química; Conceitos Científicos; Experimentação. 1. INTRODUÇÃO

Letícia da Silva¹; Jéssica Oliveira Chaves¹; Marirlan dos Reis Santos¹; Régia Maria Reis Gualter¹; ¹Waldirene Pereira Araújo

Palavras-chave: Formação e Profissionalização docente; Estado da arte; ANPEd

LINGUAGENS COMUM E MATEMÁTICA EM FUNCIONAMENTO NO ENSINO DA FÍSICA. Maria José P.M. de Almeida 1 gepce FE UNICAMP

A importância da avaliação no processo de ensino da matemática

DESENVOLVIMENTO DE UM MANUAL PARA O LABORATÓRIO DE FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO

A percepção de inclusão dos discentes numa escola regular do Ensino Médio na cidade de Matinhas-PB

O PIBID-FÍSICA NA VISÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA PAULO ZIMMERMANN

DIDÁTICA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE MATEMÁTICA

FÍSICA ELÉTRICA, CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA O ENSINO DE ELETROQUÍMICA

INOVAÇÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO DE FÍSICA NO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I

Janaildo Soares de Sousa Universidade Federal do Ceará UFC

ABORDAGEM HISTÓRICA DA TABELA PERIÓDICA NO 9º ANO: PERCEPÇÔES NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III

SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DE LIGAÇÕES QUÍMICAS

A teoria genética de Piaget. Professora Cibelle Celestino Silva IFSC USP

CARTOGRAFIA E ENSINO: PERSPECTIVAS DA REALIDADE

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DAS FUNÇÕES INORGÂNICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE ESPERANÇA- PB

DIFICULDADES DOS ALUNOS DE ORIGEM POPULAR NO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de História, Currículo, Currículo do Estado de São Paulo.

ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS: AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA EMÍLIA COSTA DAS TURMAS DO 5º ANO

Epistemologia de Gaston Bachelard. Prof Rodrigo Volcan Almeida Profª Ariane Leites Larentis

APRENDENDO E ENSINANDO NO ESTAGIO SUPERVISIONADO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

O PAPEL DO LABORATÓRIO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

MONITORIA ACADÊMICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA DISCIPLINA FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS, METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL II

O ESTÁGIO EM ENSINO DE BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: fitoterapia e chás naturais

Palavras-chave: Formação de professor. Ensino de Química. Ensino Médio.

O USO DE VÍDEOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA NA SEGUNDA FASE DO ENSINO FUNDAMENTAL

LETRAMENTO DIGITAL: A INFORMÁTICA NA ESCOLA. Jarbas Oliveira (UFCG); Wilho da Silva Araújo (UFCG)

Influência das atitudes dos professores em relação à matemática

Ingrid Janaína dos Santos Ferreira 1 ; Paulo Cézar Pereira Ramos 2 ; Maria Aparecida dos Santos Ferreira 3 INTRODUÇÃO

A AULA COMO FORMA DE ORGANIZAÇÃO DO ENSINO

ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO INVESTIGATIVO COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO EXPERIMENTAL DE QUÍMICA

anped 25ª reunião anual

Concepções dos alunos do 9 Ano do Ensino Fundamental sobre a Indisciplina Escolar

VIABILIDADE E ACEITAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA COMO RECURSO DIDÁTICO NAS AULAS DO ENSINO MÉDIO DE MATEMÁTICA

OBJETOS DIDÁTICOS PARA ENSINO DE ASTRONOMIA COM ALUNOS CEGOS

Faculdades Integradas do Vale do Ivaí Instituto Superior de Educação - ISE

A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA A DISTÂNCIA UAB/ IFMT SOBRE O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

CONCEPÇÃO DOS ESTUDANTES EM FORMAÇÃO NA LICENCIATURA EM QUÍMICA DO IFCE IGUATU- SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA.

O ENSINO DE BIOLOGIA E AS RELAÇÕES ENTRE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE: O QUE PENSAM OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

EDUCAÇÃO E GÊNERO: HOMENS NA DOCÊNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

O USO DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA POR PROFESSORES NO ENSINO FUNDAMENTAL

O PAPEL DAS CRENÇAS NA ORGANIZAÇÃO DO PENSAMENTO HUMANO

O OLHAR DISCENTE DO MOMENTO DE INÉRCIA PAUTADO EM CONHECIMENTOS PRÉVIOS

O ENSINO DA QUÍMICA NAS TURMAS DE 2º ANO DO ENSINO MÉDIO EM UMA ESCOLA PROFISSIONALIZANTE DO MUNICIPIO DE IGUATU/CE.

ENSINO DE ASTRONOMIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: SABERES DOS ALUNOS E PRÁTICAS DOCENTES

RELATO DE EXPERIÊNCIA RELATO DE EXPERIÊNCIA DA REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV

Palavras-chave: Formação docente; Ensino de Ciências; Pluralismo metodológico.

A História da Química como Instrumento de Motivação nas Aulas do Primeiro Ano do Ensino Médio

AS AULAS PRÁTICAS NO ENSINO DE QUÍMICA: COMPREENDENDO O CONTEXTO DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO SERTÃO DA PARAÍBA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

SITUAÇÃO DE DIFICULDADE EM MATEMÁTICA: ESTUDO DE CASO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

AULA PRÁTICA SOBRE MORFOLOGIA E HISTOLOGIA VEGETAL: UM INCENTIVO PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Uso da massa de modelar como alternativa didática para construção de modelo atômicos.

REFLETINDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA PARA O ENSINO DOS POLÍGONOS

LITERATURA DE CORDEL COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O TRABALHO NA SALA DE AULA.

SITUAÇÃO DE ESTUDO: UMA ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO DOCENTE NO MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO

A INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA: PERSPECTIVAS DA UNIDADE ESCOLAR E O PAPEL DO CUIDADOR

O QUE É ESCRITA? PROFESSORES EM INÍCIO DE FORMAÇÃO E SEUS CONCEITOS. NEVES, Jose Mabel Pereira Lopes das¹;rosa, Cristina Maria²

Transcrição:

Análise dos conceitos básicos de eletroquímica à luz da epistemologia de Bachelard Santos, J. E 1 ; Silva, F. J. S 2 1 UFCG CFP - UACEN Cajazeiras. E-mail: jestrela@cfp.ufcg.edu.br 2 Licenciatura em Química UFCG Cajazeiras. Palavras-Chave: Obstáculos epistemológicos, Bachelard, eletroquímica 1. Introdução De um modo geral, observa-se que o conhecimento sobre os conceitos relacionados à unidade eletroquímica, por parte dos alunos, é muitas vezes vago e superficial. Os alunos memorizam os conceitos e não conseguem relacioná-los a fenômenos observáveis no seu dia-a-dia, ou os conceitos prévios não interagem com a exposição ao conhecimento científico. Partindo desse pressuposto, Bachelard afirma que tais dificuldades na aprendizagem do conhecimento científico estão relacionadas ao que ele chama de obstáculos epistemológicos (BACHELARD, 1996). Os obstáculos epistemológicos são inerentes ao processo de conhecimento, constituem-se em acomodações ao que já se conhece, podendo ser entendidos como anti-rupturas. Na visão de Bachelard (1996) os obstáculos preenchem a ruptura entre o conhecimento comum e o conhecimento científico e restabelece a continuidade ameaçada pelo progresso do conhecimento científico, podem aparecer na forma de um contra-pensamento ou como inércia do pensamento. Muito dessa problemática, deve-se ao fato dos docentes não levarem em conta o conhecimento que os educando já possui. Além disso, normalmente esses conhecimentos não científicos oferecem uma satisfação imediata à curiosidade, o que indiferente de seu caráter, não se constitui em benefícios, ao contrário passa-se a admirar as imagens e a contentar-se simplesmente com resultados (LOPES, 1992). Segundo Bachelard, superar os obstáculos ao conhecimento é fundamental para que ocorra o aprendizado. Esse rompimento tem que começar em relação ao real imediato. Para o senso comum, a realidade é aquilo que pode ser

2 tocado, manejado; mas, para apreender o conhecimento científico atual é necessária a ruptura com essa realidade imediata e adentrar num mundo onde o real é uma construção e não se constitui num mundo dado (BACHELARD, 1996) Ao se buscar o conhecimento cientifico, alguns empecilhos deverão ser superados, e Bachelard por sua formação química pode a partir da análise destes empecilhos, por ele denominados obstáculos epistemológicos, indica uma mudança de perfil conceitual. Tomando como base a epistemologia de Bachelard, esse trabalho tem como objetivo investigar possíveis obstáculos epistemológicos em alunos do ensino médio a partir dos conceitos abordados na unidade eletroquímica. 2. Metodologia A metodologia do trabalho foi seguida em três etapas: primeiro foi feito um levantamento bibliográfico sobre as contribuições de Bachelard no ensino de química. Em seguida, foram aplicados questionários com alunos do 3º ano do ensino médio da rede publica a fim de investigar o grau de conhecimento dos alunos acerca dos conceitos de eletroquímica. Por ultimo após a coleta dos dados por meio dos questionários foi feita à análise e discussão das respostas dadas pelos alunos. 3. Resultados e discussão Os questionários foram aplicados em escolas da rede publica do ensino médio da cidade de Cajazeiras PB com o intuito de verificar o grau de conhecimento dos alunos acerca dos conceitos relacionados com a unidade eletroquímica. Em nossa análise, buscamos primeiramente a organização dos dados extraídos das respostas dos estudantes e assim lemos e relemos várias vezes os questionários até chegarmos a uma primeira noção de respostas semelhantes procurando-se compreender e dar sentido às explicações dos alunos. Para nós foi fundamental levar em consideração todas as informações passadas pelos estudantes, sem classificá-las como certas ou erradas, pois dessa maneira deixouse de classificar como erro uma resposta que não estivesse de acordo com a visão cientificamente aceita.

3 A principal dificuldade encontrada na análise dos questionários foi que ao aplicá-los nos deparamos com um fato que não estávamos esperando para nossas análises. Em duas das três escolas investigadas os alunos relataram que o professor não tinha ministrado o conteúdo de eletroquímica naquela série. Percebemos que metade desses alunos entrevistados nem mesmo chegou a ver o conteúdo de eletroquímica. Uma pequena parcela de alunos respondeu apenas que estudou conceitos ligados a esta unidade em casa ou em cursinhos. Neste ponto, observa-se que o despreparo dos alunos não esta só relacionada à falta de interesse desses, mas também ao descaso que é dado ao ensino público brasileiro. Reconhecemos que o ensino de química apresenta uma deficiência estrutural desde a falta de material didático, infra-estrutura, baixos salários até a formação do professor. O ensino de química de boa qualidade no Brasil ainda é um ideal a ser alcançado. Esses problemas no ensino são decorrentes de que no Brasil ensinase ciência de forma abstrata e descompromissada e, esse tipo de ensino não promove a alfabetização científica muito menos, alunos com pensamento crítico capazes de participarem ativamente da sociedade, tornando-se cidadãos e cidadãs críticos. A dificuldade em conceituar termos aparentemente simples, como oxidação aparece na maioria dos questionários. Percebemos o despreparo dos alunos em conceituar os termos básicos da eletroquímica. A maioria dos alunos chegou ao ponto de devolver os questionários sem nenhuma resposta. Percebemos que uma pequena parcela dos alunos respondeu corretamente os conceitos referentes a unidade eletroquímica. Isto significa que, a grande maioria ainda apresenta dificuldade em compreender os conceitos de oxidação, redução, agente oxidante, agente redutor, entre outros relacionados, dificultando assim a compreensão do conhecimento científico. Apesar dos questionários apresentarem respostas vagas e superficiais, pôde-se evidenciar a existência de alguns obstáculos epistemológicos no ensino de eletroquímica. É possível que esses obstáculos sejam como afirma Bachelard, 1996, de assimilações, de noções inadequadas ou advindas do conhecimento empírico que o educando vivencia em seu cotidiano e/ou adquirida na escola.

4 Um dos obstáculos evidenciados pelos alunos foi o realista, e ele esta relacionado com a experiência primeira (impressões prévias no campo concreto colocadas antes e acima da crítica de determinados assuntos). Algumas evidências do perfil realista é observada na resposta do aluno 1, 2 e 3 quando abordado sobre o conceito de oxidação. Aluno 1: Quando ocorre oxidação em metais (ferrugem) Aluno 2: é quando um metal entra em contato com a água Aluno 3: é o tipo que acontece com o ferro... Por ter visto aquele fenômeno no seu dia-a-dia ou até mesmo em alguma aula na própria escola, o aluno mostra dificuldade em superar essa idéia achando que oxidação é apenas o que acorre com o ferro (ferrugem). A experiência primeira obstaculariza a abstração necessária à construção da racionalização do fenômeno. A maioria das respostas obtidas é demasiadamente vaga, fixa, segura e geral a qualquer questionamento. Estas respostas foram identificadas em alguns dos questionários nos quais os alunos remetiam a respostas simples, sem detalhes, dando definições gerais a respeito dos conceitos de oxidação, redução, agente oxidante e agente redutor. Por exemplo, o conceito de oxidação é sempre descrito pelos alunos como algo que perde e, redução algo que ganha. Estas idéias gerais se tornam certezas, que imobilizam a razão, privando-os de uma motivação real para questionarem sobre aspectos particulares dos mesmos fenômenos. 4. Conclusão A intenção desse trabalho foi identificar as concepções alternativas e, alguns dos possíveis obstáculos epistemológicos propostos por Bachelard presentes na unidade de eletroquímica. Assim, após sua realização, pôde-se evidenciar a existência de alguns obstáculos epistemológicos no ensino de eletroquímica. E esses obstáculos podem ser como afirma (Bachelard, 1996) de assimilações de noções inadequadas, sejam elas advindas dos conhecimentos empíricos que o educando vivencia em seu cotidiano ou adquiridas na escola. Há uma grande objeção na superação dessas concepções alternativas, pois a aprendizagem de um novo conhecimento é um processo de mudança de

5 cultura, sendo necessário, para tal, que suplantemos os obstáculos epistemológicos existentes nos conhecimentos prévios do aluno. Percebemos que os alunos mostram grande dificuldade na aprendizagem dos conceitos de eletroquímica e, esse problema pode vir justamente da não importância dada às concepções alternativas dos alunos. 4. Referências bibliográficas BACHELARD, G. A formação do espírito científico. Trad. Estela dos Santos Abreu. 1. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996, 316p. LOPES, A. R. C. Livros didáticos: obstáculos ao aprendizado da ciência química: obstáculos animistas e realistas. Revista Química Nova, n.15, p. 254-261, jul. 1992a.. Contribuições de Gaston Bachelard ao Ensino de Ciências. Cad. Cat. Ens. Fís., Florianópolis, v.13, n.3, p.248-273, dez. 1996d.. Contribuições de Gaston Bachelard ao ensino de Ciências. Enseñanza de lãs Ciências, Barcelona, Universidade Autônoma de Barcelona, v. 11, n.3, p. 324-330, 1993. PARENTE, Letícia T. de S. Bachelard e a Química no ensino e na pesquisa. Fortaleza: EUFC / Stylus, 1990.