Desenvolvimento do Software para Gerenciamento de Rejeitos Radioativos em Pesquisa Biológica e Assistência Clínica Bianca Maciel 1, Maria Fernanda S.S. Mattos 1, José Antônio de França Júnior 2, Regina B. Medeiros 1 1 Núcleo de Proteção Radiológica, Departamento de Diagnóstico por Imagem - Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP/EPM 2 Divisão Sistema de Informação, Departamento de Tecnologia da Informação Universidade Federal de São Paulo-UNIFESP/EPM Av. Sena Madureira, 1500 Vila Clementino, CEP: 04021-001, Brasil E-mail: biancams@hotmail.com, fernanda@cfhr.epm.br, rbitelli@cfhr.epm.br, jafjunior@unifesp.br Abstract. A gerência dos rejeitos radioativos gerados nas atividades de pesquisa e assistenciais envolve ações técnico-administrativas e controle do processo desde a aquisição do radioisótopo até o descarte final do rejeito já caracterizado como resíduo de serviço de saúde. O desenvolvimento de um software facilita a automatização deste processo por meio da elaboração do Relatório de Análise de Segurança (RAS) gerando banco de dados que permite análise estatística e a elaboração do inventário dos rejeitos radioativos. O Software foi desenvolvido em Linguagem PHP e as informações são armazenadas em um banco de dados gerado em ORACLE e organizado em diferentes tabelas que permitem calcular o tempo de armazenamento do rejeito e registrar as especificidades dos radioisótopos, dados cadastrais dos profissionais que os manuseiam, bem como características dos laboratórios de manuseio. Esta ferramenta colabora para um controle efetivo sobre o uso dos radioisótopos tanto em laboratórios de pesquisa quanto em áreas assistenciais. 1 Introdução O software foi baseado em uma proposta de desenvolvimento de um banco de dados originada em uma dissertação de mestrado que objetivava auxiliar o gerenciamento dos rejeitos radioativos gerados nas atividades de pesquisa da área das ciências biológicas [1]. O software Gerenciamento de Rejeitos Radioativos foi desenvolvido com o apoio da equipe Divisão Sistema da Informação da UNIFESP com a preocupação de manter os dados da instalação radiativa atualizados, agilizar a gerencia dos rejeitos e atender os requisitos estabelecidos nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Resolução RDC 306 da ANVISA.[2,3,4] Diante das características das instalações radiativas, do volume de dados referentes a gerencia dos rejeitos e da complexidade destes dados foi necessário desenvolver um software no qual as informações seriam armazenadas de forma a possibilitar o
gerenciamento on-line dos rejeitos pelo próprio usuário do radioisótopo por meio de interfaces dinâmicas. Para tal foram consideradas particularidades técnicas operacionais dos geradores de rejeitos originando um relatório de análise de segurança (RAS) nos moldes requeridos pela CNEN para obtenção da renovação da licença de operação da instalação e concomitantemente obter o consentimento do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) para a utilização do radioisótopo para fins de pesquisa biomédica e clínica.[2,5,6] 2. Metodologia 2.1 Ferramentas O software foi criado em linguagem de desenvolvimento PHP, uma linguagem livre e dinâmica que permite ao usuário fácil interação com tabelas e formulários. As informações são armazenadas em um banco de dados gerado em ORACLE 10g, ferramenta que suporta grande volume de dados.[7] 2.2 Tabelas O Banco foi dividido em áreas para melhor organizar a inserção de dados. Nessas áreas foram criadas tabelas para alimentação dos dados. As áreas são: Cadastros Auxiliares, Laboratórios, Ocorrências, Pesquisador, Relatório de Análise de Segurança e Quantificações. Nos Cadastros Auxiliares podem ser registrados todos os radioisótopos utilizados na instituição, com suas características específicas, seus fornecedores, seus radioligantes, as técnicas radioisotópicas mais utilizadas e os materiais utilizados durante o manuseio dos radioisótopos e que serão classificados como rejeitos radioativos. São também registradas as técnicas radioisotópicas e suas especificidades quanto à porcentagem de adsorção dos radioisótopos nos vários tipos de materiais, bem como a classificação das operações estabelecidas pela CNEN. [8,9,10] Na área Laboratórios podem ser cadastrados os laboratórios e respectivas classificações junto a CNEN, os monitores e contadores disponíveis e a freqüência de aquisição de radioisótopos. Em Ocorrências é possível relatar acontecimentos que originem o apoio técnico da equipe do Núcleo de Proteção Radiológica (NPR) gerando ações que poderão ser registradas na forma de relatórios técnicos. Em Pesquisador é possível cadastrar os pesquisadores que manipulam radioisótopos e incluir dados pessoais, como número de licença pessoal junto a CNEN com data de expiração. O sistema permite enviar um alerta ao pesquisador sobre a necessidade de renovação de sua licença 2 meses antes de sua expiração [5]. Neste cadastro são informadas as linhas de pesquisas nas quais utiliza os radioisótopos relacionando-as às técnicas radioisotópicas e local de manuseio que não é necessariamente o laboratório em que o pesquisador está cadastrado.[8,9] Em Relatório de Análise de Segurança são cadastradas as informações que permitirão a elaboração dos planos de proteção radiológica que serão enviados a CNEN para concessão de licença de operação e ao Comitê de Ética em Pesquisa para obtenção de autorização do desenvolvimento do projeto.[4,5,6]
Em Quantificações é possível extrair dados relativos ao tempo necessário para acondicionamento dos rejeitos gerados e dados relativos a gerencia dos rejeitos inventariados.[2] 2.3 Consultas A partir das tabelas preenchidas podem ser realizadas consultas com as quais é possível cruzar os dados para que sejam elaborados relatórios e inventários agilizando assim o registro das atividades e facilitando a gerência de rejeitos radioativos para usuários e equipe do NPR. 2.4 Acesso O Acesso do usuário ao banco de dados é disponibilizado com base em premissas estabelecidas pela equipe do NPR. Pode variar entre simples consultas, onde não pode haver inclusão ou alteração de dados até modificação de dados cadastrais. O usuário é cadastrado por meio do registro funcional e mediante autorização hierárquica terá acesso a informações e tabelas de inserção de dados pertinentes a sua área de ação. A efetivação do cadastro se dá após envio de uma mensagem eletrônica. 2.5 Exemplos de tela de interface e tabela. Figura 1. Tela Inicial. Tela de interface inicial com a área Laboratórios aberta
Figura 2. Tabela Radioisótopos. Tabela onde estão armazenados os dados sobre os radioisótopos utilizados nas atividades de pesquisa biológica e assistência clínica da instituição 3. Resultados e Conclusão A ferramenta foi testada pela equipe técnica do NPR e está em fase de produção. Nesta fase será disponibilizado aos pesquisadores da UNIFESP - campus Vila Clementino - São Paulo para verificação e minimização das dificuldades de adesão. Posteriormente será utilizado nos demais campi da UNIFESP.
Figura 3 Tabela RAS/CEP. Tabela de consulta para a elaboração do Relatório de Análise de Segurança para ser encaminhado a CNEN e para aprovação do CEP. O software deverá ser revisado para atender aos novos padrões de dispensa estabelecidos pela CNEN assim que a nova norma, Gerência de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação, seja sancionada. A equipe do NPR realizou simulações on-line e obteve resultados que confirmam que se trata de uma ferramenta que agilizará a gerencia dos rejeitos radioativos além de facilitar os controles administrativos. O software facilita o levantamento de dados estatísticos facilitando a elaboração de inventários e permite o controle efetivo sobre o uso dos radioisótopos desde a aquisição até o descarte final quando passa a ser classificado como resíduos de serviço de saúde. Referências 1. Bianca Maciel dos Santos, Desenvolvimento de um Banco de Dados para o Gerenciamento dos Rejeitos Radioativos Gerados no Complexo Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal de São Paulo. São Paulo:2005 2. Comissão Nacional de Energia Nuclear, Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radiativas. Rio de Janeiro: CNEN, 1985. [CNEN-NE-6.05]
3 Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Regulamento Técnico Para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde Diretrizes Gerais, Brasil: ANVISA, dezembro de 2004. [RDC-306] 4. Comissão Nacional de Energia Nuclear, Diretrizes Básicas de Radioproteção. Rio de Janeiro: CNEN, 2005. [CNEN-NN-3.01] 5. Comissão Nacional de Energia Nuclear, Licenciamento de Instalações Radiativas. Rio de Janeiro: CNEN, 1998. [CNEN-NE-6.02] 6. Mattos MFSS, Medeiros RB.Contribuição do Comitê de Ética em Pesquisa para o aprimoramento do gerenciamento dos rejeitos radioativos provenientes das atividades de pesquisa.ictr 2004 Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável & NISAM 2004 Ciclo de Conferências sobre Política e Gestão Ambiental. Florianópolis, [resumo de congresso] 2004. 7. Castagnetto J, Rawat H, Schumann S, Scollo C, Veliath D. Professional PHP Programming, Wrox Press Ltd. 1999 8. International Atomic Energy Agency. Radioactive Waste Management Glossary. Vienna: IAEA, 1993 9 Sociedad Nuclear Española. Generación y Gestión de resíduos de Baja Radiactividad, Exención y desclasificación Monografia de la Sociedad Nuclear Espanõla, com la colaboración de la Sociedad Española de Protección Radiológica. Madrid: Senda Editorial, S.A; 1994. 10 Xavier AM,Wieland P, Filho PFLH, Ferreira RS. Programa de Gerenciamento de rejeitos Radioativos em Pesquisa PROGER. Rio de Janeiro: Comissão Nacional de Energia Nuclear, Superintendência de Licenciamento e Controle Coordenação de Rejeitos Radioativos, 1 edição 1998, 81p