ATRIBUTOS BIOMÉTRICOS E PRODUTIVIDADE DA CULTURA DA BATATA, VARIEDADE ÁGATA, CULTIVADA NA REGIÃO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ-SC SOB APLICAÇÃO DE DOSES DE BORO Guilherme VITÓRIA 1, Rodrigo SALVADOR 2, Francieli WEBER 2, Herberto José LOPES 2, Sidinei Leandro Klöckner STÜRMER 3, Romano Roberto VALICHESKI 4 1. Bolsista CNPq, aluno do curso de Engenharia Agronômica do IFC Campus Rio do Sul; 2. Alunos do curso de Engenharia Agronômica do IFC Campus Rio do Sul; 3. Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFC - Campus Rio do Sul (Orientador); 4. Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFC - Campus Rio do Sul Introdução A cultura da batata (Solanum tuberosum) é considerada um alimento universal, juntamente com as culturas do arroz, do trigo e do milho. Atualmente é uma das hortaliças de maior importância no país. Tem grande destaque nutricional, uma vez que possui alto conteúdo protéico, é fonte importante de fósforo, vitaminas e minerais, além de ser importante fonte energética (REIFSCHNEIDER, 1987). Além da importância como fonte de alimento a batata se destaca no cenário agrícola em função da quantidade produzida ser muito superior por unidade de área e tempo, quando se compara a outras diversas culturas. As áreas de cultivo de batata no Brasil estão concentradas nos estados da região Sul (Paraná Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) (IBGE, 2005). No estado de Santa Catarina a batata é cultivada em grande parte dos municípios, sendo que as regiões do Planalto Norte e Sul, do Litoral Centro e Sul além da região do Alto Vale do Itajaí são destaque. A maior parte dos produtores Catarinenses cultiva áreas de 1 a 2 hectares, onde a produtividade média destas lavouras gira em torno de 11 a 15 ton ha -1. No Brasil, a produtividade média de batata é de aproximadamente 20 toneladas por hectare. No entanto, algumas regiões têm obtido rendimentos de mais de 30 ton ha-1, enquanto em outras o rendimento não supera as 15 toneladas. Como se pode perceber o potencial produtivo de batata ainda está longe de ser alcançado. As principais limitações à produção de batata estão relacionadas ao nível tecnológico adotado pelos produtores, refletindo principalmente em uso inadequado de doses de fertilizantes. Nesse sentido há a necessidade de se estabelecer qual a dose correta de fertilizantes a serem fornecidos às plantas, mormente nitrogênio, fósforo e potássio, objetos de estudos prévios do grupo, assim como de boro, objeto desta pesquisa, para a obtenção de elevadas produtividades desta cultura e manejo mais racional/sustentável dos recursos minerais utilizados.
Material e Métodos O experimento foi conduzido em um Argissolo, alocado no campo experimental do curso de Engenharia Agronômica do Instituto Federal Catarinense Câmpus Rio do Sul, localizado na região fisiográfica do Alto Vale do Itajaí. O clima da região, segundo a classificação de Köppen é o Cfb, caracterizado como temperado úmido, ou sub-tropical com verão temperado, apresentando chuvas bem distribuídas durante o ano e verões brandos. A cultivar utilizada foi a Ágata, essa é originária da Holanda. Suas plantas apresentam hastes finas, folhas moderadamente grande de coloração clara, não possui uma floração intensa, tem como característica ciclo precoce a muito precoce. Seus tubérculos em geral são grandes e ovais, com película amarela e lisa. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com cinco níveis de adubação no plantio e três repetições por tratamento. Os níveis de adubação foram compostos pela aplicação de 0; 1,10; 2,20; 3,30; e 4,40 kg de boro por hectare, na forma de bórax. As parcelas experimentais constituíram-se de quinze plantas distribuídas em três sulcos espaçados 0,6 m entre sulcos e 0,3 m entre plantas. Os dados foram submetidos a análise estatística por meio do software Assistat e a comparação de médias foi realizada através do teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade de erro. De modo geral, a condução da cultura ocorreu de acordo com as recomendações técnicas para o cultivo de batata, estabelecidas pelos órgãos oficiais de pesquisa. Foram aplicados inseticidas e fungicidas recomendados para o controle de pragas e doenças quando detectada a sua necessidade. A amontoa, bem como a adubação de cobertura, foram realizadas aos 30 dias após o plantio. A colheita ocorreu quando ocorreu a senescência total das ramas através do arranquio manual com auxílio de enxada, na mesma época para todas parcelas. Aos 40 dias após o plantio foi avaliado o número absoluto de hastes principais emitidas (provindas do tubérculo) por planta, sem considerar a brotação lateral, além de avaliar a altura das plantas, em cm, da base da haste até o ápice e avaliou-se também o número de folhas por planta. Essa contagem foi efetuada em 3 plantas de cada parcela, desconsiderando-se as linhas e as plantas que estavam localizadas nas extremidades das unidades experimentais, totalizando 3 plantas por parcela. Após a senescência das plantas, por ocasião da colheita, foi avaliado o número absoluto de tubérculos por planta. Essa contagem foi efetuada em 3 plantas por linha em cada parcela, desconsiderando-se as linhas e as plantas que estavam localizadas nas extremidades
das unidades experimentais. Utilizando-se dos tubérculos das mesmas plantas descritas anteriormente, foi realizada após a remoção do excesso de solo aderido aos tubérculos (Figura 3), a classificação dos mesmos em relação ao seu menor eixo. Os tubérculos foram classificados em Comerciais: maior que 45 mm; não comerciais: < 45 mm, sendo avaliada sua respectiva massa. Resultados e discussão As distintas doses de fertilizante bórico que foram aplicadas no solo para a cultura da batata, cultivar Ágata, promoveram pequena alteração nos atributos biométricos da planta (Tabela 1). Tabela 1. Biometria da parte aérea das plantas de batata, cultivar Ágata, cultivadas sob diferentes doses de fertilizante bórico. Componente Dose de B (kg ha -1 ) Nº de Folhas 24,6 25,8 29,7 24,6 22,1 Nº de Hastes 2,4 2,7 3,1 2,6 2,4 Altura (cm) 34,6 32,3 35,3 34,3 32,9 Quando avaliamos o número de folhas percebe-se que houve um aumento nesse atributo até a dosagem de 2,2 kg/ha de boro, sendo que em seguida ocorre um decréscimo nesse. O maior número de folhas também é obtido com a dosagem de 2,2 /ha de boro. Essa mesma tendência é observada para o número de hastes que apresenta um acréscimo até a terceira dose (2,2 Kg/ha) onde nas dosagens seguintes o mesmo apresenta uma leve redução desse atributo, sendo que na testemunha (0 Kg/ha) o número de hastes é igual ao da dosagem máxima de 4,4 Kg/ha. Em relação a altura de plantas a mesma também encontra o seu valor máximo com a dosagem de 2,2 Kg/ha, porém a mesma apresenta valor superior na testemunha quando comparados com as dosagens de 1,1, 3,3 e 4,4 Kg/ha. Já quando nos referimos ao número de tubérculos totais e comerciais (Figura 1), podemos perceber uma maior variação no número de tubérculos totais, variando de 4,8 a 8 tubérculos/planta das doses de 3,3 a 1,1 kg/ha de Boro, já para os tubérculos comerciais a variação foi de 1,1 tubérculo/ planta, pois os valores ficaram todos entre 2,2 a 3,3 tubérculos/planta.
Nº de Tubérculos/Planta Figura 1. Número de tubérculos totais e comerciais da batata cultivar Ágata, submetida a distintas doses de fertilizante bórico. 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 Nº Tubérculos Totais Nº Tubérculos Comerciais 1,0 0,0 Dose de B (kg ha-1) A eficiência de cada tratamento em transformar seus tubérculos totais em comercias foi de aproximadamente 44%, 42%, 49%, 47% e 47% para as respectivas doses de boro 0, 1,1, 2,2, 3,3, 4,4 kg/ha. Porém podemos destacar que apesar da menor eficiência nessa produção de tubérculos comerciais a dosagem de 2,2 kg/ha de Boro foi a que mais se destacou tanto em produção de tubérculos totais e comerciais. Com tudo isso podemos dizer que houve um problema no enchimento do tubérculo, pois assim foram poucos que conseguiram atingir a classificação comercial. Na Figura 2 podemos acompanhar a produtividade total e comercial dos respectivos tratamentos, a primeira perspectiva que podemos ter é que na dose de 1,1 kg/ha de Boro obteve-se a maior produtividade tanto total como comercial, ficando em torno de 32 e 21,7 ton/ha respectivamente, sendo que 68% da produção total foi classificada como comercial. A produção comercial de tubérculos encontra-se distante à produção total, ou seja, um número considerável de tubérculos acabam sendo perdidos. Nas doses de 0, 2,2, 3,3 e 4,4 cerca de 66%, 74%, 80% e 70% respectivamente, da produção total acaba sendo convertida em produção comercial. Outro aspecto que podemos observar que a produção total sofreu maior variação entre os tratamentos quando comparada com a comercial, já que está ficou entre 17 a 22 ton/ha aproximadamente. Para finalizar o maior potencial produtivo da batata cultivar Ágata,
Produtividade (Kg.ha -1 ) foi atingido na dose de 1,1 kg/ha, pois apresentou uma boa produtividade comercial ficando acima da média brasileira de produção que gira em torno das 20 ton/ha. Figura 2. Produtividade total e comercial da batata cultivar Ágata, submetida a distintas doses de fertilizante bórico. 35000,0 30000,0 25000,0 20000,0 15000,0 10000,0 5000,0 0,0 Dose de B (kg ha -1 ) Produtividade Total Produtividade Comercial Conclusão As diferentes doses de fertilizante bórico não proporcionaram grande incrementos na biometria das plantas, sendo que quando esta ocorreu logo se estabilizou na dosse de 2,2 kg.ha -1. Houve uma baixa eficiência de cada tratamento transformar seus tubérculos totais em comerciais, acarretando num elevado descarte de tubérculos. Em vista o tratamento com a respectiva dose de 2,2 kg.ha -1 de Boro apresentou a melhor transformação de tubérculos totais em comerciais cerca de 49%. Porém o maior potencial produtivo da batata cultivar Ágata girou em torno das 20 ton.ha -1 com uma dose respectiva de 1,1 kg.ha -1. Referências INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Levantamento sistemático da produção agrícola. 2005. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso: 15 de agosto de 2011. REIFSCHNEIDER, F. J. B. (Coord). Produção de batata. Brasília, Linha Gráfica, 1987. 239 p. REIS, J. C. S. Cultivo de batata cv. Ágata sob diferentes fontes e concentrações de adubação potássica. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Vitória da Conquista, Bahia, pag. 62, 2008.