ENSINANDO CONCEITOS DE QUÍMICA INSERIDOS EM SEU CONTEXTO DE APLICAÇÃO. Prof. Edilberto Felix da Silva Etec Alberto Santos Dumont Guarujá SP

Documentos relacionados
UTILIZAÇÃO DE JOGOS DE TABULEIROS COMO MOTIVADOR PARA UM ENSINO EM GRUPO

DIFICULDADES RELATADAS POR ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NO PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA: ESTUDO DE CASO DE ESCOLAS ESTADUAIS EM GRAJAÚ, MARANHÃO 1

A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO DOS PROFESSORES DE TRÊS ESCOLAS MUNICIPAIS DE IMPERATRIZ-MA 1

QB77J Instrumentação Para O Ensino De Química 2 Nota/Conceito E Frequência

MATEMÁTICA, AGROPECUÁRIA E SUAS MÚLTIPLAS APLICAÇÕES. Palavras-chave: Matemática; Agropecuária; Interdisciplinaridade; Caderno Temático.

Programa Analítico de Disciplina QUI344 Instrumentação para o Ensino de Química II

O USO DE JOGOS APLICADOS EM ATIVIDADES ESCOLARES

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DOS EXPERIMENTOS DEMONSTRATIVOS NAS AULAS DE QUÍMICA

UTILIZANDO OS MATERIAIS DIDÁTICOS: MARCADOR TRIGONOMÉTRICO E QUADRO CIDEPE NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE TRIGONOMETRIA EM ESCOLAS DA CIDADE DE GOIAS

PIBID - RECURSOS DE ATIVIDADES LÚDICAS PARA ENSINAR APRENDER HISTÓRIA

Mary Lúcia Pedroso Konrath, Liane Margarida Rockebach Tarouco e Patricia Alejandra Behar

ENSINO DE GEOMETRIA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS DE ORIENTAÇÃO CURRICULAR NO ENSINO MÉDIO: BREVE ANÁLISE

O ENSINO DE BOTÂNICA COM O RECURSO DO JOGO: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS.

ABORDAGEM DE EXPERIMENTOS EM LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA DA SEGUNDA SÉRIE DO ENSINO MÉDIO

O MEIO LÚDICO COMO ESTRATÉGIA EM SALA DE AULA: JOGO EDUCATIVO SOBRE FONTES DE ENERGIA NO COTIDIANO

Programa Analítico de Disciplina QUI343 Instrumentação para o Ensino de Química I

4 Ano Curso Bacharelado e Licenciatura em Enfermagem

EDUCAÇÃO 4.0: conheça quais são as mudanças da nova educação

Palavras-chave: História, conhecimento, aprendizagem significativa.

Aluno(a): / / Cidade Polo: CPF: Curso: ATIVIDADE AVALIATIVA ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA

INTERDISCIPLINARIDADE COM O USO DE WEBQUEST. GT 05 Educação Matemática: tecnologias informáticas e educação à distância

PROGRAMA DE DISCIPLINA

PLANEJAMENTO DE ENSINO

RECURSOS PEDAGÓGICOS NO ENSINO DE QUÍMICA: TRILHA ATÔMICA

EXPERIMENTANDO A PRÁTICA E A APLICAÇÃO DE JOGOS NO UNIVERSO INFANTIL NO MÊS DA CRIANÇA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

A IMPORTÂNCIA DA CARTOGRAFIA ESCOLAR PARA ALUNOS COM DEFICIENCIA VISUAL: o papel da Cartografia Tátil

O JOGO COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

MEC-UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO DECANATO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Palavras-chave: Competências; habilidades; resolução de problemas.

As contribuições das práticas laboratoriais no processo de Ensino-Aprendizagem na área de Química

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA DOCENTE: ALESSANDRA ASSIS DISCENTE: SILVIA ELAINE ALMEIDA LIMA DISCIPLINA: ESTÁGIO 2 QUARTO SEMESTRE PEDAGOGIA

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO EIXO NORTEADOR NO ENSINO DE BIOLOGIA.

Plano de Trabalho Docente Ensino Médio

Aula 5 OFICINAS TEMÁTICAS NO ENSINO MÉDIO. Rafael de Jesus Santana Danilo Almeida Rodrigues

FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Educação de qualidade ao seu alcance

Aula 1 O processo educativo: a Escola, a Educação e a Didática. Profª. M.e Cláudia Benedetti

Analisando os conteúdos conceitual, atitudinal e procedimental em Livros de Didáticos de Ciências nas séries iniciais do Ensino Fundamental

Palavras-chave: Mapa Conceitual, Currículo, Gastronomia

LABORATÓRIO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA: UM AMBIENTE PRÁTICO, DINÂMICO E INVESTIGATIVO

Aula 5 OFÍCINA TEMÁTICA NO ENSINO DE QUÍMICA

AS DIFICULDADES DO PROFESSOR NO ENSINO DA GEOMETRIA ESPACIAL NAS ESCOLAS ESTADUAIS NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO EM ITAPETINGA-BA: FORMAÇÃO INICIAL EM FÍSICA

O que é EAD? Quais as competências necessárias ao professor e tutor para a EAD?

PERCURSO FORMATIVO CURRÍCULO PAULISTA

A CONCEPÇÃO DA CONTEXTUALIZAÇÃO E DA INTERDISCIPLINARIDADE SEGUNDO OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

Uma Experiência de Interdisciplinaridade na Disciplina de Seminário Integrado 1

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Conteúdos e Metodologia de Ciências. Carga Horária Semestral: 80 Semestre do Curso: 6º

ENSINO DE INGLÊS PARA TÉCNICOS EM QUÍMICA: A IMPORTÂNCIA DO MATERIAL DIDÁTICO ESPECÍFICO - PESQUISA E PRODUÇÃO

A ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM: PORTFÓLIO REFLEXIVO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Gilmara Teixeira Costa Professora da Educação Básica- Barra de São Miguel/PB )

Zaqueu Vieira Oliveira Sala 128 do bloco A

Plano de Ensino. Curso. Identificação UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO. Câmpus de Bauru. 1604L/1605L Física.

UMA VISÃO SOBRE JOGOS LÚDICOS COMO MÉTODO FACILITADOR PARA O ENSINO DE QUÍMICA

AULAS DE INFORMÁTICA E INGLÊS PARA CRIANÇAS

- estabelecer um ambiente de relações interpessoais que possibilitem e potencializem

O USO DO JOGO LÚDICO COMO UMA ALTERNATIVA DIDÁTICA PARA O ENSINO DA TABELA PERIÓDICA NA ESCOLA ESTADUAL ORLANDO VENÂNCIO DOS SANTOS

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Conteúdos e Metodologia de Alfabetização. Carga Horária Semestral: 80 horas Semestre do Curso: 5º

O ENSINO DA MATEMÁTICA EM SALA DE AULA: UM ESTUDO DIDÁTICO-REFLEXIVO COM UMA TURMA DO 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ALFABETIZADORES EM FOCO

Palavras-chave: Ensino de Química; Contextualização; Laboratório de Química; Conceitos Científicos; Experimentação. 1. INTRODUÇÃO

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: IMPORTÂNCIA DA EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA

Pró-Reitoria de Graduação. Plano de Ensino 2º Quadrimestre de Caracterização da disciplina Práticas de Ensino de Biologia l NHT

INSTITUTO DE PESQUISA ENSINO E ESTUDOS DAS CULTURAS AMAZÔNICAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO ACRIANA EUCLIDES DA CUNHA

Inserir sites e/ou vídeos youtube ou outro servidor. Prever o uso de materiais pedagógicos concretos.

A IMPORTÂNCIA DOS LIVROS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA: UMA ANÁLISE DOS LIVROS DE QUÍMICA NA ESCOLA ESTADUAL ORLANDO VENÂNCIO DOS SANTOS

Campus de IFC - Araquari. Nº de bolsas de supervisão 3

JOGOS UTILIZADOS COMO FORMA LÚDICA PARA APRENDER HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO

SISTEMA MONETÁRIO BRASILEIRO: O USO DE ATIVIDADES LÚDICAS COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

A ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL CONGÊNITA E ADQUIRIDA ATRAVÉS DE JOGOS PEDAGÓGICOS.

RELAÇÃO ENTRE A CONTEXTUALIZAÇÃO E A EXPERIMENTAÇÃO ACERCA DAS QUESTÕES DO ENEM EM QUÍMICA

Resumo expandido A IMPORTANCIA DO DOCENTE NO PROCESSO EVOLUTIVO DO ESTUDANTE, NO CONTEXTO DE SUA APRENDIZAGEM

Plano de Ensino. Curso. Identificação UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO. Câmpus de Bauru. 1604L Física.

Palavras chave: Monitoria; Relato de Experiência; Educação de Jovens e Adultos; Projeto de TCC.

AVALIAÇÃO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE ENSINO PARA O CONTEÚDO DE POLARIDADE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TECNOLOGIAS: EXPERIÊNCIAS RELACIONADAS À EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DE UM JOGO DIDÁTICO PARA TRABALHAR O CONTEÚDO DE TABELA PERIÓDICA COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

UMA PRÁTICA DIFERENCIADA NO ESTUDO DA TABELA PERIÓDICA COM ALUNOS DA 1º SÉRIE DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO

O PIBID DE QUÍMICA E PESQUISA NO COTIDIANO ESCOLAR: DIÁLOGO ENTRE UNIVERSIDADE, O PROFESSOR E A ESCOLA

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Planejamento e Avaliação Educacional. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 6º

Ensino Técnico Integrado ao Médio

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO: 2010

Ensino e Aprendizagem: os dois lados da formação docente. Profª. Ms. Cláudia Benedetti

O SABER PEDAGÓGICO E A INTERDISCIPLINARIDADE COMO PRÁTICA DE ENSINO APRENDIZAGEM 1

O CURRÍCULO ESCOLAR EM FOCO: UM ESTUDO DE CASO

TÍTULO: AS ATIVIDADES PRATICAS NOS LIVROS DE CIENCIAS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) Centro de Ciências Exatas e Tecnologia (CCET) Curso de Licenciatura em Química

Da Educação Infantil ao Simulados Pré-vestibular, o Sistema de Ensino Poliedro oferece coleções de livros didáticos elaborados por autores

POSSIBILIDADES DE USO DE OBJETOS DE APRENDIZAGEM NAS AULAS DE QUÍMICA. Apresentação: Pôster

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 7º

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS DIDÁTICOS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NAS AULAS DE BIOLOGIA

Plano de Trabalho Docente Ensino Médio

CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ANÁLISE DE ERROS: UMA ABORDAGEM POR MEIO DO JOGO BINGO DAS FUNÇÕES

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

O USO DA MODELAGEM PARA CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS SOBRE ELEMENTO QUÍMICO E SUBSTÂNCIA NO ENSINO DE QUÍMICA RESUMO

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DAS FUNÇÕES INORGÂNICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE ESPERANÇA- PB

ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO INVESTIGATIVO COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO EXPERIMENTAL DE QUÍMICA

Objetivo: Apresentar o Caderno V de modo a compreender sua concepção metodológica a partir de oficinas.

EMPREENDEDORISMO E EDUCAÇÃO: Uma proposta para aplicação na Educação Básica

Transcrição:

ENSINANDO CONCEITOS DE QUÍMICA INSERIDOS EM SEU CONTEXTO DE APLICAÇÃO Prof. Edilberto Felix da Silva Etec Alberto Santos Dumont Guarujá SP Relato de Experiência RESUMO A Química é uma ciência que deve ser estudada através de experiências e de pesquisa. Assim, o ensino de conceitos químicos a partir do seu contexto é uma estratégia metodológica que possibilita uma participação ativa dos alunos nas aulas, além da maior compreensão destes, havendo uma aproximação entre os conceitos químicos e a vida do aluno. Nessa perspectiva, que tipos de contextos devem ser propostos e como aplica-los para que ocorra uma melhora na aprendizagem dos conhecimentos químicos? Para responder a essa pergunta, levou-se em consideração a necessidade de trabalhos lúdicos, de caráter interdisciplinar, onde o conhecimento fosse construído pelo aluno por processos de investigação e procura, proporcionando um aprendizado mais significativo e eficaz, construído através da interpretação do mundo e de problemas reais. De acordo com PCNEM (2000, p. 240) o aprendizado deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos químicos em si quanto da construção de conhecimento científico em estreita relação com as aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas. Objetivando proporcionar uma aprendizagem significativa e desenvolver atividades que visem à formação global do aluno, propõe-se um ensino de conteúdos químicos relacionados com o contexto social e que sejam significativamente aprendidos (GEPEQ, 1998). Utilizando-se práticas de ensino diversificadas, as atividades foram aplicadas em diferentes séries do ensino médio. De acordo com relatos dos estudantes, o aprendizado é facilitado quando se inicia a partir de uma atividade prática, contextualizada, tornando-se muito mais divertido aprender. PALAVRAS-CHAVES: conceitos químicos; contexto; aprendizagem significativa; ensino.

1. JUSTIFICATIVA/MOTIVAÇÃO Tendo em vista que um ensino tradicional é baseado em uma aprendizagem passiva de formato expositivo, onde o discurso do professor é tomado como dogma de fé não preparar o aluno para os desafios que devem ser enfrentados neste século, já que nos dias de hoje o mercado de trabalho exige mais que conhecimento especializado, é necessário também que os profissionais sejam capazes de aplicar seu conhecimento, resolver problemas, planejar, monitorar e avaliar seu desempenho e comunicar suas ideias a públicos variado (BIE, 2008), o ensino de conceitos químicos a partir de um contexto é uma estratégia metodológica que possibilita uma participação ativa dos alunos nas aulas, além da maior compreensão destes, pois o há uma aproximação entre os conceitos químicos e a vida do aluno. 2. INTRODUÇÃO A Química é uma ciência que deve ser estudada através de experiências e de pesquisa, a utilização de atividades práticas para o ensino de conceitos e fatos químicos, torna o método válido e eficaz, pois, possibilita uma participação ativa dos alunos nas aulas, além da maior compreensão dos conceitos químicos. Essas atividades são elaboradas baseando-se na realidade do educando e de temas socialmente relevantes, fazendo com que a aquisição do conhecimento químico seja mais prazeroso e significativo, onde o aprendiz desenvolve uma percepção global do mundo a sua volta e passa estabelecer relações entre a Química, suas aplicações e implicações. A utilização de atividades práticas contextualizadas se justifica quando consideramos que a Química pode ser um instrumento de formação humana que amplia os horizontes culturais e a autonomia no exercício da cidadania, se o conhecimento químico for promovido como um dos meios de interpretar o mundo e intervir na realidade, se for apresentado como ciência, com seus conceitos, métodos e linguagens próprios ao desenvolvimento tecnológico e aos muitos aspectos da vida em sociedade (PCN +, 2002, p. 87). Contextualização no ensino de química A ênfase na memorização e a falta de correlação entre o conteúdo químico e a vida diária do aluno têm sido uma das principais características do ensino de química no Brasil, embora a química esteja relacionada a quase tudo na vida das pessoas alimentação, vestuário, saúde, moradia, transporte etc esses contextos tem sido pouco explorados, tornando as aulas desmotivantes, pois o aluno não consegue fazer relação entre o que se estuda na sala de aula, a natureza e a sua própria vida (BELTRAN; CISCATO, 1991). De acordo com LIMA, et. al. (2000, p. 26) a não contextualização da química pode ser responsável pelo alto nível de rejeição do estudo desta ciência pelos alunos, dificultando o processo de ensino-aprendizagem. Quando se utiliza atividades elaboradas com base na realidade do educando e de temas socialmente relevantes, isso faz com que a aquisição do

conhecimento químico seja mais prazeroso e significativo, pois o aprendiz desenvolve uma percepção mais global do mundo a sua volta e passa estabelecer relações entre a Química, suas aplicações e implicações, conforme relatado nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM. 2000. p. 240) o aprendizado deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos químicos em si quanto da construção de conhecimento científico em estreita relação com as aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas. Acreditando que o papel do professor desponta como sendo o de facilitador da aprendizagem de seus alunos. Seu papel não é ensinar, mas ajudar o aluno a aprender; não transmitir informações, mas criar condições para que o aluno adquira informações; não é fazer brilhantes preleções para divulgar a cultura, mas organizar estratégias para que o aluno conheça a cultura e crie cultura (Abreu; Masetto, 1990). A utilização de atividades práticas contextualizadas proporciona uma aprendizagem significativa, onde as informações e conceitos interagem com a estrutura cognitiva do aluno de maneira a aprimorar o educando como pessoa humana; possibilitar o prosseguimento de estudos; garantir a preparação básica para o trabalho e a cidadania; dotar o educando dos instrumentos que o permitam continuar aprendendo, tendo em vista o desenvolvimento da compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos (PCN, 2000). 3. MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho relata algumas possibilidades didáticas para o aprendizado de conteúdos de química e o desenvolvimento de competências e habilidades através de atividades práticas contextualizadas, proporcionando ao educador uma alternativa a ser utilizada em suas aulas. As atividades foram elaboradas de maneira a proporcionar uma aprendizagem significativa, onde as informações e conceitos interajam com a estrutura cognitiva do aluno. Várias ferramentas foram utilizadas para que os estudantes pudessem se apropriar do conhecimento que está sendo proposto, tais como, construção de modelos, experimentação, dinâmicas de leitura de textos, músicas, softwares, resolução de problemas, projetos, conforme ilustra a figura 1. Desta maneira procurou-se incentivar nos alunos as habilidades necessárias ao estudo e desenvolver competências em consonância com os temas e conteúdos do ensino.

Figura 1: Atividades práticas utilizadas Desenvolver os conhecimentos próprios da disciplina articulados às competências e habilidades permite que esses saberes sejam construídos de maneira mais significativa pelo aluno, pois este se torna agente do processo de aprendizagem. A contextualização dos conceitos facilita o processo de ensinoaprendizagem, pois a aprendizagem parte de situações reais, que são ou estão sendo vivenciadas pelo aluno, possibilitando-o relacionar a Ciência Química com a Ética, a Moral e Valores, que devem ser discutidos, compreendidos e vivenciados, fazendo da aula um momento de reflexão em que se procura ativar as funções de inteligência, mostrando ao educando a ciência como uma construção humana, sujeita a influências de fatores sociais, econômicos e culturais de seu tempo. Dessa maneira, os conhecimentos da disciplina são abordados a partir de temas reais, vinculados a questões sociais, econômicas, ambientais e éticas, que são de interesse do aluno, já que fazem parte da sua realidade. Através dessas metodologias, o lúdico esteve sempre presente. Os alunos visualizaram e realizaram experimentos com materiais comuns de uso doméstico e/ou de fácil aquisição (figura 2); utilizaram softwares para elaboração de mapas conceituais (figura 3); fizeram inferências sobre conceitos químicos a partir de músicas e textos diversos (figura 4 e 5); construíram modelos moleculares (figura 6). Figura 2.

Figura 3.

Figura 4. Figura 5. Figura 6. Para elaborar atividades que estivessem de acordo com os conteúdos previstos no plano de curso, foram feitas pesquisas em livros, periódicos e na internet. Levou-se em consideração a necessidade de trabalhos lúdicos, de caráter interdisciplinar onde o conhecimento seja construído pelo aluno por processos de investigação e procura, proporcionando um aprendizado mais significativo e eficaz, construído através da interpretação do mundo e de problemas reais. As atividades proposta foram testadas e adaptadas para execução em sala de aula e em escolas com poucos recursos didáticos, que não possuem um laboratório de química, com o objetivo de auxiliar os alunos na compreensão dos fenômenos e conceitos químicos, além de aumentar a sua motivação e o envolvimento com a matéria, proporcionando assim, uma participação ativa nas aulas, favorecendo sua formação e possibilitando sua interação de forma mais consciente e ética com o mundo em que vivem. Foram elaborados protocolos das atividades, com orientações para o aluno e para o professor que queira fazer uso das mesmas, sendo possíveis novas adaptações e inferências de acordo com a situação vivenciada pelo professor. 4. RESULTADOS ALCANÇADOS Com a utilização de atividades práticas contextualizadas há uma maior interação entre professor e aluno além motivar o interesse pela disciplina. Através de situações concretas, que estão presentes no cotidiano do aluno o aprendizado dos conceitos químicos é mais eficiente, pois aquilo que se está aprendo faz sentido. As atividades foram aplicadas em diferentes séries do ensino médio, de acordo com as programações do plano de curso. De acordo com relatos dos estudantes, o aprendizado é facilitado quando se inicia a partir de uma atividade prática, contextualizada, torna-se muito mais divertido aprender. Nas observações diretas durante o desenvolvimento das tarefas nota-se uma participação e uma motivação muito maior do que nas aulas tradicionais e, nas avaliações é

verificada uma melhora de desempenho no aprendizado de conceitos e na aplicação dos mesmos. 5. CONCLUSÕES A utilização de um ensino contextualizado é um desafio para os professores, principalmente porque os cursos de formação não dão ênfase às metodologias de ensino inovadoras que favorecem a participação ativa dos alunos nas aulas, nesses cursos o que prevalece é a aprendizagem passiva de forma expositiva. Embora seja um desafio, a utilização de atividades práticas contextualizadas é uma forma de proporcionar ao aluno uma participação ativa nas aulas, favorecendo a formação de indivíduos que saibam interagir de forma mais consciente e ética com o mundo em que vivem. Essas ferramentas favorecem um aprendizado significativo e o desenvolvimento de competências e habilidades pelos estudantes, transformando a sala de aula em um espaço constante de investigação e busca pelo conhecimento. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Maria Célia de; MASETTO, Marcos T. O professor universitário em aula: práticas e princípios teóricos. 11ª ed. São Paulo: MG Ed. Associados, 1990. AMBROGI, Angélica; VERSOLATO, Elena F.; LISBÔA, Julio Cezar Foschini. Unidades Modulares de Química. São Paulo: Gráfica Editora Hamburg, 1987. BELTRAN, N. O.; CISCATO, C. A. M. Química. São Paulo: Cortez, 1991. Coleção Magistério. BORDENAVE, Juan Díaz; PEREIRA, Adair Martins. Estratégias de Ensino- Aprendizagem. 26ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2005. DIAS, Genebaldo Freire. Atividades interdisciplinares de educação ambiental: práticas inovadoras de educação ambiental. 2ª ed. São Paulo: Gaia, 2006. FUNBEC. Laboratório básico polivalente de ciências para o 1º grau: manual do professor. 3ª ed. Rio de Janeiro: FAE, 1987. GEPEQ. Interações e transformações I: Química Livro do aluno e Guia do professor. 4ª ed. São Paulo: Ed. da USP, 1998. GEPEQ. Interações e transformações II: Química Livro do aluno e Guia do professor. 3ª ed. São Paulo: Ed. da USP, 2002. GEPEQ. Interações e Transformações III: Química Livro do aluno e Guia do professor. 2ª ed. São Paulo: Ed. da USP, 2003. GEPEQ. Química e sobrevivência: Hidrosfera fonte de materiais. São Paulo: Edusp, 2005. MATEUS, Alfredo Luis. Química na cabeça. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001. MEC; SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Coleção explorando o ensino - Química: ensino médio. v. 4 e 5. Brasília, 2006. MEC; SEMTEC. PCN+ Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, 2002. RANGEL, Mary. Dinâmicas de leitura para sala de aula. Petrópolis: Vozes, 1990

RONCA, Paulo Afonso Caruso; TERZI, Cleide do Amaral. A aula operatória e a construção do conhecimento. 19ª ed. São Paulo: Editora do Instituto Esplan, 1995. RUIZ, Andoni Garritz; GUERRERO, José Antonio Chamizo. Química. São Paulo: Person Education do Brasil, 2002.