PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=375>.

Documentos relacionados
ENUMERAÇÃO DE MICRORGANISMOS INDICADORES DA QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA EM QUEIJO COLONIAL

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA CARNE BOVINA COMERCIALIZADA IN NATURA EM SUPERMERCADOS DO MUNICÍPIO DE ARAPONGAS-PR

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS FRESCAL PRODUZIDOS POR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA E REGIÃO

Disciplina: Controle de Qualidade Série: 2ª Turmas: L/N/M/O. Curso: Técnico em Agroindústria. Professora: Roberta M. D.

Introdução. Graduando do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 3

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DE UMA LANCHONETE UNIVERSITÁRIA NA CIDADE DE PELOTAS, RS.

Pesquisa de microrganismos indicadores de condições higiênico sanitárias em água de coco

PROJETO DE PESQUISA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS COMERCIALIZADOS NAS FEIRAS LIVRES DO MUNICÍPIO DE UNAÍ, MG, BRASIL

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Controle de qualidade na produção leiteira: Análises Microbiológicas

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE CARNE BOVINA MOÍDA COMERCIALIZADA EM LIMOEIRO DO NORTE-CE

Avaliação da qualidade microbiológica do leite pasteurizado tipo C produzido na região de Araguaína-TO

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Quantificação de coliformes totais e termotolerantes em queijo Minas Frescal artesanal

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE BISCOITOS E EMPANADOS PROCESSADOS COM E SEM GLÚTEN A PARTIR DE FILÉ DE CARPA HÚNGARA (CYPRINUS CARPIO)

TÍTULO: QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DE PESCADO COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO DE VOLTA REDONDA RJ

PESQUISA DE SALMONELLA EM MOLHOS PRODUZIDOS E COMERCIALIZADOS EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO NA CIDADE DE MONTES CLAROS MG

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE MÃOS DE MANIPULADORES, MÁQUINAS DE MOER CARNE E FACAS DE CORTE, EM SUPERMERCADOS DA CIDADE DE APUCARANA- PR

ENUMERAÇÃO DE COLIFORMES A 45 C EM LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADO EM CAXIAS, MA

IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS DO GRUPO COLIFORMES EM CARNE MOÍDA COMERCIALIZADA EM SUPERMERCADOS DO MUNICÍPIO DE CUIABÁ MT

André Fioravante Guerra NMP/g ou ml de Coliformes a 35 e 45 C Valença, 1ª Edição, p. Disponível em:

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE MELÃO (Cucumis( melon var. inodorus) MINIMAMENTE PROCESSADO EM FUNÇÃO DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO

AVALIAÇÃO DE COLIFORMES EM ÁGUA MINERAL COMERCIALIZADA NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/RN

10º ENTEC Encontro de Tecnologia: 28 de novembro a 3 de dezembro de 2016 QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUA MINERAL DO TRIANGULO MINEIRO

Análise microbiológica de cebolinha (Allium fistolosum) comercializada em supermercado e na feira-livre de Limoeiro do Norte-CE

OCORRÊNCIA DE COLIFORMES TERMOTOLERANTES E SALMONELLA spp. EM SUSHIS COMERCIALIZADOS NAS CIDADES DE JOÃO PESSOA E CAMPINA GRANDE/PB

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DAS ÁGUAS DE ABASTECIMENTO DE DOIS LATICÍNIOS LOCALIZADOS NO MUNICÍPIO DE QUIXERAMOBIM-CE

ANÁLISE COMPARATIVA DA POPULAÇÃO VIÁVEL DE BACTÉRIAS LÁTICAS E QUALIDADE HIGIÊNICA INDICATIVA DE TRÊS MARCAS DE LEITES FERMENTADOS

PROBLEMATIZAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS: ANÁLISE DA PRESENÇA DE COLIFORMES NO LAGO DO JABUTI

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE SANDUÍCHES NATURAIS COMERCIALIZADOS EM ARAPONGAS PARANÁ SILVA, M.C; TOLEDO, E

Instrução normativa 62/2003: Contagem de coliformes pela técnica do NMP e em placas

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE SURURU

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS FARINHAS DE MESA TIPO SECA COMERCIALIZADAS EM BELÉM PARÁ

AVALIAÇÃO BACTERIOLÓGICA EM AMOSTRAS DE AÇAÍ NA TIGELA COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE CARUARU PE

CONDIÇÕES MICROBIOLÓGICAS DE ALFACES COMERCIALIZADAS EM FEIRAS-LIVRES DA CIDADE DE MARINGÁ-PR.

Avaliação da Qualidade Microbiológica de Manteigas Artesanais Comercializadas no Estado de Alagoas

AVALIAÇÃO HIGIÊNICO-SANITÁRIA EM AMOSTRAS INDICATIVAS DE QUALIDADE DE MORANGOS COMERCIALIZADOS EM TRÊS CIDADES DO MEIO OESTE CATARINENSE

QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR: AVALIAÇÃO MICROBIOLOGICA DE CARNE DE FRANGO IN NATURA COMERCIALIZADA NA CIDADE DE PATOS-PB.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE CONSUMO NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DE UM FRIGORÍFICO NO SERTÃO DA PARAÍBA

PESQUISA DE COLIFORMES FECAIS E PSEUDOMONAS AERUGINOSA EM LEITE HUMANO ORDENHADO PROVENIENTE DE BANCO DE LEITE LOCALIZADO NO AGRESTE PERNAMBUCANO

ANÁLISES DE COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES EM PRODUTOS DERIVADOS LACTEOS E SORVETES

PERFIL MICROBIOLÓGICO DE AMOSTRAS DE LEITE PASTEURIZADO DE ACORDO COM AS ESPECIFICAÇÕES MUNICIPAIS (SIM) E ESTADUAIS (IMA)

QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DE LANCHES COMERCIALIZADOS NO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFPEL, RS

PALAVRAS-CHAVE Ensino Técnico. Engenharia de Alimentos.

XI Encontro de Iniciação Científica do Centro Universitário Barão de Mauá

Biologia NATURA COMERCIALIZADOS EM LANCHONETES DA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ (UVA)

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO CALDO DE CANA EM FEIRAS LIVRES DO ESTADO DE RONDÔNIA

Análise de coliformes totais e termotolerantes em leites in natura do comércio informal no município de Currais Novos.

6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO GELO UTILIZADO NA CONSERVAÇÃO DE PESCADO MICROBIOLOGICAL QUALITY OF THE ICE USED IN THE CONSERVATION OF SEAFOOD

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUA DE COCO (Cocos nucifera) COMERCIALIZADA POR AMBULANTE NA CIDADE DE SÃO LUÍS MA.

Condições higiênico-sanitárias de cenouras minimanente processadas. Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, MG, Brasil (UFU- MG).

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO SANITÁRIAS E FÍSICAS DE ABATEDOUROS E MERCADOS PÚBLICOS MUNICIPAIS DA PARAÍBA, BRASIL

CONTAMINAÇÃO POR BACTÉRIAS MESÓFILAS AERÓBIAS NA CARNE MOÍDA COMERCIALIZADA EM CAXIAS MA

POTENCIAL ANTIBIÓTICO DE EXTRATO AQUOSO DE CASCAS DE CAJUEIRO SOBRE BACTÉRIAS DO GRUPO COLIFORMES PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

Ana Paula L. de Souza, Aluna do PPG Doenças Infecciosas e Parasitarias (ULBRA); Gabriela Zimmer (Médica Veterinária);

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADO EM JUIZ DE FORA NO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM QUEIJO MINAS FRESCAL¹

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE HORTALIÇAS SERVIDAS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UFPEL, CAMPUS CAPÃO DO LEÃO. 1. INTRODUÇÃO

Departamento de Zoologia da Universidade de Coimbra. Método do Número Mais Provável

Contagem de coliformes totais e coliformes termotolerantes em alimentos. Prof a Leila Larisa Medeiros Marques

DIFERENÇAS NA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA CARNE BOVINA COMERCIALIZADA NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ SC

Alves, E.N.; Henriques, L.S.V.; Azevedo, H.S.; Pinto, J.C.C.; Henry, F.C.

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE HORTALIÇAS MINIMAMENTE PROCESSADAS NA REGIÃO DE OURO PRETO MG

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM POLPAS DE FRUTA CONGELADA

Análise da presença de Coliformes Totais em caldo de cana comercializados em quatro municípios goianos

Análises de coliformes em queijo coalho comercializado em Manaus-AM. Resumo

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUAS MINERAIS COMERCIALIZADAS EM BOA VISTA-RR

Avaliação da qualidade microbiológica de queijo Minas Padrão produzido no município de Januária - MG

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LINGUIÇAS MISTAS COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE LIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ

FACULDADE ASSIS GURGACZ FAG MARIA INEZ LAUTERT

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE FORMULAÇÕES LÁCTEAS INFANTIS PREPARADAS EM LACTÁRIOS HOSPITALARES DO MUNICÍPIO DE CAMPINAS (SP) E REGIÃO

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE CACHORROS QUENTE COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE UBERABA, MG.

Revista Eletrônica Acervo Saúde/ Electronic Journal Collection Health ISSN

Pró-Reitoria de Graduação. Curso de Nutrição CONTAGEM DE COLIFORMES EM QUEIJO MINAS FRESCAL COMERCIALIZADO EM UM HIPERMERCADO TAGUATINGA - DF

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO CALDO DE CANA COMERCIALIZADO NO CENTRO DO MUNICÍPIO DE TERESINA-PI

INDICADORES DE CONDIÇÕES HIGIÊNCICO SANITÁRIAS EM PREPARAÇÕES ORIENTAIS SERVIDAS EM RESTAURANTES NA CIDADE DE SALVADOR - BA

PROGRAMA DE DISCIPLINA

AVALIAÇÃO HIGIÊNICO-SANITÁRIA DE LINGUIÇAS SUÍNAS DO TIPO FRESCAL COMERCIALIZADAS NA REGIÃO DE PELOTAS-RS

Avaliação microbiológica da carne maturada de bovinos

MICRO-ORGANISMOS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

A QUÍMICA PRESENTE NAS INDÚSTRIAS ALIMENTÍCIAS

Detecção de Coliformes e Listeria momocytogenes nos Tanques de Produção de Queijos em Laticínios no Sul de Minas Gerais

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO EM BEBEDOUROS DE ÁREAS PÚBLICAS, NO MUNICÍPIO DE CAMPINAS (SP) E REGIÃO

REB Volume 8 (1): , 2015 ISSN DETERMINAÇÃO DE COLIFORMES TERMOTOLERANTES E TOTAIS PRESENTES NAS MÃOS DE PESCADORES AMADORES

XI Encontro de Iniciação à Docência

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO COALHO COMERCIALIZADO NA CIDADE LUÍS GOMES/RN.

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS POLPAS E SUCOS DE FRUTAS, UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE DOCE DE LEITE COMERCIALIZADO NA CIDADE DE NOVO ITACOLOMI PR. Discentes do Curso de Ciências Biológicas FAP

AVALIAÇÃO DE MICRO-ORGANISMOS INDICADORES HIGIÊNICO-SANITÁRIOS EM QUEIJOS PARMESÃO RALADOS COMERCIALIZADOS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES RJ

FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS: n s u m o. A b a t e d o u r. n s u m i d. Alterações da Microbiota. Alteração da Qualidade Microbiológica

(83)

CONDIÇÕES HIGIENICO-SANITÁRIAS DOS LOCAIS E DAS COMIDAS DE RUA VENDIDAS NO MUNICIPIO DE AÇAILÂNDIA MA

MO cuja presença ou ausência proporciona uma evidência indireta referente a uma característica particular do histórico da amostra

RBCA AVALIAÇÃO DO PERFIL MICROBIOLÓGICO DO PEIXE E TAMBAQUI), COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA, TENDO EM FOCO A SAÚDE PÚBLICA

Qualidade microbiológica de saladas de frutas comercializadas em três municípios do Cariri Cearense

Grupo: Andressa, Carla e Thalita. Sequência lógica de aplicação do sistemas de APPCC

TÍTULO: APLICAÇÃO DE TÉCNICAS DE MICROBIOLOGIA PREDITIVA EM PATÊ DE PEITO DE PERU PARA BACTÉRIAS LÁTICAS

Transcrição:

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=375>. Enumeração de coliformes termotolerantes em pescados frescos e congelados Vera Lúcia Mores Rall 1, Karen Franco de Godoi Cardoso 2, Camila Xavier 3 1 Departamento de Microbiologia e Imunologia do Instituto de Biociências da UNESP/Botucatu. 2 Departamento de Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP/Botucatu 3 Departamento de Microbiologia e Imunologia do Instituto de Biociências da UNESP/Botucatu. Resumo A carne do peixe é um alimento extremamente perecível e requer adequadas condições sanitárias desde o momento de sua captura (pesca) até a preparação, comercialização e consumo. Diante disso, foi realizada a enumeração de coliformes termotolerantes em 70 amostras de peixes, sendo 37 congeladas e 33 de peixe fresco, comercializados na cidade de Botucatu, segundo metodologia da APHA. A presença de coliformes termotolerantes ocorreu em 7 (21,2%) das 33 amostras de peixe fresco analisadas, com variações de < 3 a 93 NMP/g. Já nas amostras congeladas, 4 (10,8%) das 37

amostras foram positivas para esse indicador, em concentrações que variaram de < 3 a > 2,4x10 3 NMP/g. Palavras - chave: pescados, qualidade, coliformes termotolerantes List of thermotolerant coliforms in fresh and frozen fish Abstract The meat of the fish is a highly perishable food and requires adequate sanitary conditions since the time of their catch (fish) to the preparation, marketing and consumption. Given that, he was held the enumeration of thermotolerant coliforms in 70 samples of fish, frozen with 37 and 33, fresh fish, marketed in the city of Botucatu, according methodology of APHA. The presence of coliform thermotolerant occurred in 7 (21.2%) from 33 samples of fresh fish examined, with variations of <3 to 93 NMP/g. Already in the frozen samples, 4 (10.8%) from 37 samples were positive for this indicator, at concentrations ranging from <3 to> 2.4 x10 3 NMP/g. Key - Words: fish, quality, thermotolerant coliforms 1. Introdução O peixe e seus derivados têm uma grande importância na dieta de todo o mundo (Feldhusen, 2000). Ele contribui com ¼ da oferta mundial de proteína de origem animal (Kent, 1997; Josupeit, 2004). Na Europa e na Ásia, o pescado é a principal fonte de proteína animal (Huss et al., 2000). As características nutricionais dos frutos do mar e peixes fazem deles um alimento benéfico à saúde, pois é rico em proteínas, vitaminas, micronutrientes e gorduras insaturadas. A carne do peixe é um alimento extremamente perecível e requer adequadas condições sanitárias desde o momento de sua captura (pesca) até a preparação, comercialização e consumo. Durante os estágios de

armazenamento, transporte, comercialização ou nas etapas do processamento industrial onde haja espera é fundamental que o pescado permaneça sempre refrigerado (Ceredas e Sanches, 1983). Imediatamente após a retirada da água, o peixe começa a sofrer deterioração. Semelhante a qualquer carne, o peixe sofre autólise, oxidação e atividade bacteriana. A diferença entre as demais carnes e a carne de peixe é que os músculos dos peixes são mais susceptíveis ao processo autolítico do que os músculos dos mamíferos. Deste modo, a reação é mais rápida e menos ácida favorecendo a proliferação bacteriana (Vieira et al., 2004). Além da autólise, as características nutricionais do peixe fornecem um meio nutritivo que facilita ainda mais o desenvolvimento das bactérias (Munkundun et al. 1986). O pescado pode ser um veiculador de diversos microrganismos patogênicos para o homem. Essa contaminação pode ocorrer nas várias etapas do processamento conforme Tabela 1. Este quadro foi elaborado com base nos princípios da HACCP para a atividade de pesca. Durante o beneficiamento, o peixe pode ser eviscerado, preparado em files e postas, onde pode ocorrer contaminação se não forem adotadas boas praticas de manipulação, higienização e sanitização (Huss et al., 2000). A água em contato com os alimentos de origem animal, inclusive a usada para higienização de equipamentos e indústrias, deve ter o mesmo padrão microbiológico e de potabilidade da água para consumo humano. As normas legais exigem que a água usada pelas indústrias apresente ausência de coliformes termotolerantes (Brasil, 2003). Os coliformes termotolerantes são um subgrupo dos coliformes totais com capacidade de fermentar a lactose e produzir gás quando incubados a uma temperatura de 45 C por no máximo 48 horas. A Escherichia coli tem como habitat exclusivo, o intestinal humano. Por apresentar uma origem estritamente fecal são utilizadas como indicador de contaminação fecal (Silva et al., 2001; Franco & Landgraf, 2003).

Tabela 1 - Perigos e Pontos de Controle Crítico (PCC) na produção de pescado fresco e congelado Fluxo do produto Perigo Medida preventiva Peixe vivo Captura e manuseamento Contaminação Proliferação bacteriana Vigilância do ambiente PCC Refrigeração Proliferação bacteriana PCC Descarga Recepção da matéria prima no estabelecimento Armazenagem da matéria prima Lavagem Filetagem Despelagem Todas as etapas do processamento Embalagem Excesso de contaminação e/ou proliferação bacteriana Produto de qualidade inferior admitido no fabrico Presença de parasitas Proliferação bacteriana Contaminação Deterioração (oxidação) Higiene no manuseamento PCC Verificar a fonte de aprovisionamento análise sensorial Inspeção visual com iluminação PCC Higiene da fabrica Qualidade da água Medidas sanitárias Material de embalagem a vácuo Refrigeração Proliferação bacteriana PCC Congelamento Deterioração química/autolítica PCC A resolução RDC n 12 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, de 12 de janeiro de 2001, não estabelece enumeração de coliformes termotolerantes como parâmetro microbiológico em pescados, no entanto, essa pesquisa foi realizada pelo fato desses microrganismos serem utilizados como indicadores da presença de bactérias patogênicas. Assim sendo, o

objetivo deste trabalho foi a enumeração de coliformes termotolerantes em amostras de pescados comercializados na cidade de Botucatu/SP. 2. Material e Métodos 2.1. Coleta das Amostras para Análise Foram coletadas 70 amostras de peixes, sendo 37 congeladas e 33 de peixe fresco em supermercados e peixarias do município de Botucatu/SP, no período de março a outubro de 2007. As amostras foram mantidas dentro das próprias embalagens vendidas e armazenadas dentro de bolsas térmicas com gelo e termômetro para serem transportadas para o Laboratório de Microbiologia de Alimentos da UNESP-Botucatu. As análises foram realizadas num prazo máximo, entre a coleta e a chegada no laboratório, de duas horas. Entre as amostras coletadas estavam peixes frescos e peixes congelados dentro do prazo de validade. 2.2. Análise Microbiológica 2.2.1. Preparo das amostras e suas diluições As análises foram realizadas de acordo com o American Public Health Association (2001). Para tal, 25 gramas de amostra foram pesados e homogeneizados em 225 ml de água peptonada tamponada, em sacos plásticos apropriados, que foram levados ao Stomacher Lab Blender 400 por 30 segundos. A partir desta diluição inicial de 10-1, foram preparadas várias diluições decimais, utilizando-se o mesmo diluente. 2.2.2. Determinação do Número Mais Provável (NMP) de coliformes termotolerantes Para a determinação do Número Mais Provável de colifomes termotolerantes foi utilizado o método descrito por Kornacki & Johnson (2001), onde cada diluição da amostra foi inoculada em volumes de 1 ml, em série de

três tubos por diluição, contendo 10 ml de caldo lauril sulfato (Difco) com um tubo de Durham invertido. Os tubos foram incubados a 35ºC, por 24-48 horas. Nos inóculos positivos foi observada a produção de gás no tubo de Durham. A seguir, três alçadas de cada tubo positivo foram repicadas em tubos de ensaio contendo 5 ml de caldo E.C. (Difco), para a confirmação de coliformes termotolerantes (CT) que foram incubados a 45ºC, por 24 horas. Após o período de incubação, foi realizada a leitura pela observação da presença de gás no tubo de Durham invertido. A seguir, utilizou-se a tabela de Hoskins para determinação do Número Mais Provável, NMP, e foram calculados os NMP de CT por grama de amostra analisada. 3. Resultados e Discussão A presença de coliformes termotolerantes (CT) ocorreu em 7 (21,2%) das 33 amostras de peixe fresco analisadas, com variações de < 3 a 93 NMP/g. Já nas amostras congeladas, 4 (10,8%) das 37 amostras foram positivas para esse indicador, em concentrações que variaram de < 3 a > 2,4x10 3 NMP/g. Ocorreu um maior número de amostras de peixe fresco contaminadas por coliformes termotolerantes (21,2%) em relação ao congelado (10,8%), pois em baixas temperaturas há uma redução ou inibição do crescimento de microrganismos. Entre as amostras de peixes, fresco ou congelado, coletadas como filé ou posta, observou-se que a contaminação por bactérias termotolerantes eram maiores em filé, pois o preparo deste inclui evisceração, retirada da pele e filetagem. O preparo do pescado em filé exige maior manipulação quando comparado ao peixe fatiado em postas, assim como relataram Munkundun et al. (1986) e Vieira et al. (2004). No Brasil, a contaminação de alimentos é um problema sério de saúde pública. A análise microbiológica dos alimentos envolvidos em surtos de intoxicação alimentar, juntamente com avaliações sanitárias e epidemiológicas, são ferramentas indispensáveis para elucidar a origem e as condições que possibilitaram a veiculação dos microrganismos e seus produtos. Desta forma,

os estudos de surtos apresentam relevante importância para a saúde pública, mostrando a necessidade da implantação de práticas que garantam a qualidade dos alimentos produzidos. 4. Conclusão Apesar da resolução RDC n 12 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, de 12 de janeiro de 2001, não estabelecer enumeração de coliformes termotolerantes como parâmetro microbiológico em pescados, a contaminação destes por esse grupo de microrganismo pode representar risco a saúde de seus consumidores. 5. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Regulamento Técnico sobre "Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Aprovado a Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997 e regulamentado pela Resolução RDC nº 175, 08 de julho de 2003. Brasília, DF, 2003 BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n 12, de 02 de janeiro de 2001. Aprova o Regulamento Técnico sobre os padrões microbiológicos para alimentos. ANVISA. Disponível em< http://www.anvisa.gov.br/ > Acesso em: 8 mar.2007 CEREDA, MP; SANCHES, L. Manual de armazenamento e de embalagem de produtos agropecuários. Botucatu: Fundação de Estudos e Pesquisa Agrícolas e Florestais, 1983, 263p. FRANCO, BDGM; LANGRAF, M. Microbiologia de Alimentos. São Paulo: Atheneu, 2003 FELDHUSEN, F. The role of seafood in bacterial foodborne diseases. Microbes and Infections, v.2, p. 1651 1660, 2000. HUSS, H. H.; REILLY, A.; Embrakeb, P.K.B. Prevention and control of hazard in seafood. Food Control, v. 11, p. 149-156, 2000. JOSUPEIT, H. Future demand of fish and impact on trade, 2004. Disponível em <http://www.globefish.org> Acesso em: 20 ago. 2007 KENT, G. Fisheries, food security and the poor. Food Policy Journal, v. 22, p. 393-404, 1997. KORNACKI, J.L.; JOHNSON, J.L. Enterobacteriaceae, coliforms, and Escherichia coli as quality and safety indicators. In: DOWNES F. P; ITO, K. (Eds). Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods. Washington: Apha, 69-80, 2001.

MUNDUNKUN, M.K.; ANTONY, P.D.; NAIR; N.R. A review on autolysis in fish. Fisheries Research, v.4, p. 259-269, 1986. SILVA, N; JUNQUEIRA, VCA; Silveira, NF de A. Manual de métodos de analise microbiológico de alimentos. 2 edição. São Paulo: Varela, 2001, 295p. VIEIRA, R.H.S.F. et al. Microbiologia, higiene e qualidade do pescado. São Paulo: Livraria Varela, 2004, 380p